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segunda-feira, 10 de abril de 2023

Judeu Marginal


"A última grande novidade do rock cristão".

Eu costumo dizer isso toda vez que escuto o som da Judeu Marginal.

Banda de Rio de Janeiro, terra de bandas que fugiam e muito do padrão do que o gospel paulista fazia, como o romantismo do Novo Som, a criatividade lírica absurda da Comunidade S8 e do Rebanhão, a lírica contestadora de Complexo J e Fruto Sagrado e um misto dos dois em Catedral, e puxando mais pro lado Fruto Sagrado da jogada, Letícia Moraes, Verine e EJ começaram a fazer seu som num dia 13 de julho de 2021 (ironicamente, no dia "mundial" do rock - tão "mundial" que só no Brasil se comemora essa data como dia do rock kkkkkk) e o plano original era, talvez, durar somente um ano a banda.

Ainda bem que certos planos nunca dão certo kkkkkkk

E a banda segue em frente até hoje, com um som hard rock moderno, com elementos do rock alternativo bem presentes também, mas principalmente com letras absurdamente fora de série.

Instagram: @judeumarginal

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A Lista (single, 2022)

O single que me fez virar fã eterno da banda. E lamentar que eles são de tão longe de Olinda kkkkkk (apesar do Verine ser de família pernambucana, então né kkkk).

O single "A Lista" foi basicamente entrar com os dois pés na cena. Não é todo dia que alguém toca na ferida do "amor ao próximo... mas só ao próximo que me seja próximo...", numa época de tanta gente da (in)cultura do cancelamento imbecil, cretina e babaca, da guerrinha dos lacradores e dos mitadores, do puxassaquismo à politicagem, dos que lucram com essa babaquice toda, dos que fazem só para não ficarem "mal na fita", e dos que só amam quando lhes convém, o que lhes convém, pro que lhes convém, é provavelmente o maior tapa na cara que ouvi em anos dentro da música cristã. Lembra muito "Ponte (Etc e Tal)" do Janires pré-Rebanhão e canções como "O Novo Mandamento" e "O Que Na Verdade Somos" do Fruto Sagrado, bem como "Onde Está Seu Coração?" do Catedral, um questionamento vivo e que vale a pena dar replay infinito nessa música tão real e tão cruelmente próxima de todos nós "santos". 

"Faça uma lista de grandes amigosQuem você mais via há dez anos atrásQuantos você ainda vê todo diaQuantos você já não encontra mais"

Sabe aquela lista dos que você "não aguenta mais" nem quer ver nem pintado de ouro? Então... pegue essa "lista negra", jogue no fogo, pois todos é sua OBRIGAÇÃO amar, goste ou não, AME, do mesmo modo que Jesus foi capaz de amar e perdoar até os que o xingavam e cuspiam e agrediam e o crucificaram!

Ninguém falou que era fácil. Mas o fardo continua leve. Não parece? Mas é sim!

O Messias (single, 2022)

Quem você acha que é Jesus? Tem quem veja ele como um gênio da lâmpada que realiza todos nossos sonhos e vontades a nosso bel-prazer. Um guarda-costas infalível que nunca deixará a gente se ferir, machucar com nada. O Exterminador do Futuro massacrando tudo e todos que fazem injustiça (em especial "injustiça" contra nós...). 

Não nessa ordem ou com os termos acima, mas provável que aos judeus, só em analisarmos o Novo Testamento, eles tinham uma expectativa, um hype forte de um Messias superpoderoso, um rei com cetro de ferro que iria mandar os romanos de volta pra Roma desinfectarem da Judeia. Alguns nem pensavam tanto daquele jeito, só que ele viesse para manter o status quo deles (fariseus e saduceus), outros, como os zelotes, provavelmente esperavam um radical anarcoterrorista, comunista ultrarradical, se pá até um Mussolini ou Hitler mesmo, no extremo oposto da moeda, mas ainda assim um "libertador-ditador" ao mesmo tempo

E nem preciso de dizer que O Messias ter como um berço real uma manjedoura, ter como nascedouro real uma estrebaria, ter como consagração de ouro apenas um par de rolinhas (sacrifício dado por pobres), ter como capital real uma "favela" como Nazaré era considerada à época (e - pra piorar - sua cidade real o recebendo mal ao extremo), ter como comitiva um monte de pescadores iletrados, um ex-ladrão capitalista selvagem, um ex-anarcoterrorista zelote e um único e reles judeu com certas posses e conhecimento - mas que era um ladrão e traíra de mão e boca cheia, e lábios bem quentes como o inferno! - e que seu trono real foi uma cruz sobre um morro em forma de caveira, definitivamente não era esse o cumprimento da hype deles. 

E, talvez, nem da nossa. Comemoramos a páscoa (só que mais preocupados em manter tradição de comer peixe e bredo e tomar vinho e não comer carne nem fazer serviço pesado, além de comer ovo de chocolate e se vestir de coelhinho...), celebramos mensamente a ceia (quando deveria ser todo culto, mas né, se eu fosse mostrar a sequência monstruosa de incoerências da igreja institucional como um todo no Brasil e no mundo em comparação com a simplicidade da igreja original iria ser "mandado pro inferno rapidinho") sem entender o sacrifício de Cristo e que isso é o fundamento de nossa fé, foi assim que, como disse Paulo em Filipenses 2, Jesus adquiriu O Nome sobre todo nome, não foi nascendo de uma virgem sem contato masculino, não foi ensinando mestres desde a pré-adolescência, não foi ressuscitando mortos, curando doentes, expulsando demônios, discursando e ensinando grandes verdades e ensinamentos por vezes totalmente ignorados por nós cristãos - sério! Vide a primeira música -, expondo as mentiras do diabo e dos "sacerdotes do Senhor" hipócritas nem desafiando os preconceitos e dogmas humanos das tradições estúpidas de sua época, mas acima de tudo, quando Ele morreu naquela cruz, Ele venceu tudo!

Quem quer ir após Ele, negar-se a si mesmo, tomar a cada dia sua cruz e segui-Lo?



Amor Surreal (single, 2022)


A mais "gospel" talvez dos três singles de 2022 da banda, Amor Surreal também é a mais na linha sonora do rock alternativo, mas ainda mantendo uma lírica de arrepiar, pois continua sendo um baita desafio à lógica do que hoje chamamos de "amor". 

Numa época de tanta gente adepta do "o amor venceu", mas que ao primeiro sinal de contradição aos seus ideais, por mais as vezes imbecis e desgraçados que sejam, o amor é jogado fora na hora, numa época de tantos "amores" que acabam na hora que o dinheiro acaba, numa época de, voltando a "A Lista" de Oswaldo Montenegro, "quantos amores jurados pra sempre, quantos você conseguiu preservar?" de amores fluidos, amores interesseiros, amores que só duram junto com a duração da paixão, do desejo tórrido e sexual, amores que duram até a primeira briga, a primeira discussão, a primeira decepção...

Ainda existe o Ágape!

Ainda existe aquele amor, como diria eu num poema meu, o amor Ágape, aquele "que não teme a nada, nem a morte, nem a vida... o amor que joga fora todo medo". O amor de Deus, como descrito em I Coríntios 13, é o amor supremo, o amor que não tem medo, que não segue o que é injusto, mas que ama e vive na Verdade. O amor que sobrevive a todas guerras, que crê num amanhã melhor, que espera pela volta do Rei e que suporta todas batalhas, não é exclusividade mais de Deus, Ele derramou sobre nós para que sejamos nós portadores desse amor. "Não devais nada a ninguém além do amor!"

Esse amor surreal!