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sábado, 20 de julho de 2019

Fruto Sagrado



"Não foram vocês que me escolheram, mas eu que escolhi a vocês para irem, deem frutos e frutos que vinguem!" (Evangelho de João capítulo 15 versículo 16).

Fruto Sagrado é uma banda de rock cristão brasileira de Niterói, RJ, nascida na Igreja Presbiteriana Betânia (onde também nasceu o Grupo Vida Abundante, precursores do rock cristão dos anos 1980), uma das primeiras da cena gospel nacional que surgiu na mesma época que eles (a banda nasceu em 1988) a fazer um som na linha do hard rock. A formação original da banda era Marco "Marcão" Antônio (vocal e baixo, atualmente pastor da Igreja Oceânica), Bênlio Bussinger (guitarras e back-vocais, pouco depois também teclado - atualmente na banda Base Forte), Flávio Amorim (bateria) e Marcos Valério (teclados - não, não é aquele lá do mensalão kkkkkkkkkk - mas saiu bem no início da banda e também acabou servindo de inspiração anos mais tarde pra música "Livre Arbítrio" após sair dos caminhos do Senhor). A banda sofreu por anos com entrada e saída de vários guitarristas até a estabilização com Bene Maldonado (Maldon), mudanças de sonoridade, além de diversas polêmicas e problemas de estrada que levaram a divisões dentro da banda e dificuldades com gravadoras. Atualmente a banda segue sem NENHUM dos membros fundadores - a formação atual conta com Vanjor (vocal e guitarras), Bene (guitarra e baixo) e Sylas Jr. (bateria).

Algo que nunca mudou no FS foi sua coragem em letras fora da caixinha e desafiadoras, uma coisa bem comum da galera do RJ (Rebanhão, Catedral e Complexo J também seguem essa cartilha das bandas de rock cristãs do Estado fluminense).


Versão de Salmus Produções (2000)
Fruto Sagrado (1991)

01 - Base Forte
02 - Prá Acordar
03 - Guerra Interior
04 - Fruto Sagrado
05 - Vazios de Coração
06 - Sem Definição
07 - O Tempo Vai Cessar
08 - Nunca Mais
09 - Não me Deixará



Numa pegada entre o hard rock oitentista e teclados progressivos a lá AOR (visivelmente inspirado em bandas como as brazucas seculares Golpe de Estado, Kamikaze e a cristã americana Petra), o FS em seu debut trouxe já letras fantásticas, como a faixa de abertura, uma crítica aos "apoios" que esse nosso sistema mundano oferece, mas nenhum deles sequer chega aos pés da base forte, a pedra de esquina, Jesus Cristo. Prá Acordar (grafada assim mesmo nessa época) já fazia um desafio aos governantes e também à inércia de setores da igreja que ignoravam o massacre indígena e aos sem-terra e homens do campo em geral (acho aliás que a igreja tá precisando muito de ouvir "Prá Acordar" mais vezes e parar de se acomodar às mentiras ideológicas que enfiam sobre que "intervir na sociedade é coisa de marxista, hur dur mimimi"). Essa faixa foi a primeira da história do rock "gospel" a ganhar um videoclipe bem profissional, com a participação de Rogério Gomes "Papinha", produtor de videoclipes de várias bandas e artistas nacionais como Titãs, Edson Cordeiro e Guilherme Arantes), além de programas da TV Globo como Casseta & Planeta e algumas novelas. "Nunca Mais", uma balada simples, é uma fantástica letra antidrogas. Sem Definição é um interlúdio cabuloso pra faixa seguinte "O Tempo vai Cessar", que já usava as problemáticas de crise climática, desmatamentos e extermínio predatório da fauna pra não só denunciar nossa incapacidade de cuidar do planeta e apatia quanto a isto, mas também pra mostrar que a volta de Cristo se aproxima. A capacidade da banda em criar letras com direcionamento cristão em criticar situações da sociedade, todas obras de Marcão, Marcos Valério e Bênlio (algumas com o Flávio também). Marcos, apesar de ter saído da banda, continuou ajudando tocando teclado em algumas faixas do disco e ajudando na gravação deste (que foi feita em impressionante uma semana pra qualidade genial). Sylas Jr., que anos mais tarde assumiria as baquetas na banda, ajudou também na gravação e tocou bateria também em algumas faixas. As guitarras principais ficaram a cargo de um amigo de infância de Flávio, Wagner Junior "Juninho" (que ajudaria também no terceiro álbum da banda). Pouco depois Bene Maldonado entraria na banda, mas sairia rapidamente por problemas pessoais, só voltando oficialmente bem depois. Tenho a entrevista deles pela White Metal Detonation 7, mostrando o respeito que a banda tinha já no underground. Logo esse respeito transpassaria, já que se na Bompastor não houve tanto apoio assim na divulgação do disco, a Gospel Records seria sem dúvidas bem diferente - e foi! A versão mais conhecida desse disco inclusive é a do relançamento pela Salmus nos anos 2000 e não a original da Bompastor.

Curiosidade: A faixa que dá nome à banda e ao disco, mesmo com sua ótima letra, não é uma das mais lembradas - nem desse álbum mesmo!

Na Contramão do Sistema (1993)

01 - Brasil
02 - Na Contramão
03 - Jimmy
04 - Meninos de Rua
05 - Lobo Mau (incidental: BWV 996: Bourré de J.S. Bach)
06 - Exceção à Regra
07 - Investimento
08 - Involução


Em pé: Paulo, Flávio e Bênlio
Sentado: Marcão

Mais hard rock e meio heavy metal, o que era só uma faisquinha no disco anterior virou um incêndio no que tange à letras críticas e ácidas. Corrupção e problemas nacionais (Brasil e sua tocante intro com as primeiras evocações do hino nacional - e a finalização com o final do hino também, Involução e sua pegada bem forte e teclados progressivos insanos), problemas sociais, drogas e abandono (Meninos de Rua, com uma pegada mais dark que as outras faixas), racismo (e inclusive - acredite - o "racismo reverso", pois "racismo é sempre racismo não importa de que lado está, hey Jimmy, take it easy!") e o mais corajoso dos temas, os já existentes falsos profetas e pastores mercenários (Lobo Mau, com galopadas do baixo de Marcão certeiras e um trechinho da cantoria d'"Os Três Porquinhos" de Walt Disney que eles em vários shows faziam com a guitarra - "quem tem medo do lobo mau, lobo mau, lobo mau!"). "Exceção à Regra" foi a primeira canção romântica da banda, uma música irada que mostraria sempre o estilo de composição da banda nessas temáticas. "Investimento" contou com os vocais de Marcos Valério, única vez na história da banda em que uma música foi cantada totalmente por outro cantor. Infelizmente foi a última participação do Marcos com a banda e também na fé cristã. A voz dele é legal, embora já vi muita gente achando ruim sua interpretação da música. Enfim, cada um com sua opinião. Amo essa faixa, embora alguns de algum modo vejam um pouco de "teologia da prosperidade" em "no melhor investimento, o que dou recebo em dobro", mas como aqui ninguém falou em dinheiro ou bens, interpretar como "satanologia" da prosperidade depende só da limitação mesmo de quem chegar a reduzir tudo a esse nível - o que inclusive seria uma contradição quando lembramos que no mesmo disco tem um petardo chamado Lobo Mau dizendo que pros falsos pastores desse movimento estão garantindo "o seu lugar no Inferno Palace Hotel"...

Muitos dizem que esse é o melhor disco da banda, ou o melhor pelo menos da fase hard rock - eu discordo, prefiro o seguinte, e sem dúvidas o disco fez sucesso e é muito querido pelos fãs, chegando a atingir o 18º melhor disco cristão brasileiro da década de 1990 pelo site Supergospel (lembrando que essa lista inclui discos de todos gêneros musicais). As guitarras principais aqui ficaram à cargo de Paulo de Barcelos, que voltaria a dar uma canja no disco seguinte.

O que a Gente Faz Fala Muito Mais do que Só Falar (1995)

01 - 55221 (intro)
02 - Retórica
03 - Bomba-Relógio
04 - A Missão
05 - Internal War (Guerra Interior em inglês)
06 - Presente
07 - Heaven or Hell
08 - Música
09 - Podridown
10 - Nosso Erro
11 - Amor de Deus
12 - The First Stone

Último disco da "Formação Clássica" (Marcão-Bênlio-Flávio) e o primeiro a finalmente contar com as guitarras de Bene Maldonado (Maldon), ainda que só como participação especial, ainda contou com Paulo de Barcelos e Wagner Juninho, um verdadeiro petardo de guitarras. Tudo isso porque a banda nesse disco decidiu cair de cabeça no progressivismo - até demais de acordo com muitos críticos e até a própria banda acha isso. Dream Theater é referência impossível de não ser detectada aqui - alguns diriam mais que referência, quase cópia cuspida! Não importando muito o que muitos dizem, pra mim essa é a Magnum Opus da banda, um disco completo e perfeito.

A introdução (não, eu não sei o porquê do nome dela ser 55221 kkkk) é uma sequência de guitarras e teclado alucinante de mais de seis minutos, algo que nem bandas de metal cristãs já haviam feito até então - no mundo todo, diga-se de passagem. Liricamente o disco segue a cartilha do anterior, com temáticas variadas, como inércia e discursos vazios de governos e até mesmo cristãos (Retórica, a faixa mais conhecida pelo refrão que dá nome ao disco "o que a gente faz fala muito mais do que só falar", um verdadeiro chamado à ação), AIDS e preconceito imbecil aos soropositivos (Bomba-Relógio), corrupção e sujeira na política (Podridown, com a intro tirada de um discurso do corrupto ex-presidente Collor reclamando que estava sendo "injustiçado" com as acusações a ele feitas - a faixa ganhou um videoclipe irado e no final tanto da música como do videoclipe eles terminaram igual o final do disco "Sociedade da Grã-Ordem Kavernista Apresenta Sessão das Dez", um projeto beeeeem antigo e bizarro do saudoso Raul Seixas, com uma sonora descarga de privada!). "ANDRÉ, SOBE O MORRO!!!" é uma homenagem a um missionário que subia sem medo nenhum o morro Dona Marta (na cidade de Rio de Janeiro) para evangelizar, independente dos problemas que rolavam lá, batidas policiais, tráfico, ele ia sem medo. Com isso "A Missão" vira quase um "Retórica Parte II". "Heaven or Hell", apesar do título, é em português - exceto pelo refrão repetindo a pergunta básica "céu ou inferno?". Em inglês mesmo só "Internal War" (versão da clássica "Guerra Interior" do primeiro disco) e "The First Stone". "Presente" é uma fantástica faixa romântica, em contraste com "Nosso Erro", uma rara música feita por cristãos falando de um relacionamento que deu errado por culpa mútua. "Música" é um som de amor à própria música como meio de louvor, de mensagem e de diversão. "Amor de Deus" é uma balada cristã fantástica, ao ponto de até hoje ser lembrada em shows da banda. Bênlio canta pela primeira vez como primeira voz em "The First Stone", dividindo com Marcão os vocais dessa faixa.

Apesar de ter sido mal recebido na época - seja pela temática, menos "gospel", mais aberta, seja pela complexidade sonora, que afastou muitos ouvintes casuais, tornando o disco mais atrativo aos músicos em si - OQAGFFMMDQSF é um clássico cult que quem realmente curte som sabe que vale demais a pena ouvir e ter em casa uma cópia.


Acústico 10 Anos (ou "10 Anos, 15 Meses e Muitos Dias!") (1998/2000)

01 - Brasil
02 - Missão
03 - Base Forte
04 - Retórica
05 - Nunca Mais
06 - Guerra Interior
07 - Podridown
08 - Bomba Relógio
09 - Pra Acordar
10 - Exceção à Regra
11 - Investimento
12 - Amor de Deus (part. Carlinhos Félix)
13 - Na Contramão
14 - Música
15 - Lobo Mau
16 - Jimmy

 Mais um disco acústico ao vivo naquela época de tantos acústicos. O FS nesse ponto inovou por trazer um disco que foi gravado não em uma única apresentação ou local, mas em diversos momentos acústicos da banda em shows por São Paulo, Brasília e Rio de Janeiro, provavelmente entre 1997 e 1998. A previsão era que o disco saísse de fato em 1998, mas problemas com a gravadora Gospel Records (o primeiro problema da banda com gravadoras) levaram o disco a atrasar bastante seu lançamento, que só se deu em 2000 (apesar de a Wikipédia dizer 1999, a Salmus só lançou nacionalmente o disco no início de 2000). Isso justifica o "sobrenome" do disco "10 Anos, 15 Meses e Muitos Dias!". Bene finalmente já era membro oficial da banda, e esse foi o último com Flávio na batera (ele iria sair devido seu recente casamento e posterior ida pro exterior). Algumas faixas, como "Retórica", "Podridown" e "Base Forte" foram gravadas só trechos das músicas em formato acústico, o que deixa o disco relativamente dinâmico. Algumas músicas eles inseriram um bocado de elementos de samba nos arranjos (mais carioca que isso impossível!), como em "Pra Acordar" e "Missão". Um ponto legal demais desse disco é a participação de Carlinhos Félix (ex-Sinal Verde e Rebanhão) em "Amor de Deus", muito legal mesmo ouvir esse grande cantor dando sua interpretação nessa faixa.

Curiosidade: Por um erro de gráfica, tanto a versão de "caixinha" como a de papelão vieram com a ordem de duas faixas trocadas: Na Contramão e Música aparecem em ordem inversa a que coloquei aqui na embalagem (a ordem que coloquei aqui é a que as faixas realmente aparecem no disco).


O Segredo (2001)

01 - A Mensagem
02 - No Porão da Alma
03 - O Segredo
04 - Livre Arbítrio
05 - O Impossível
06 - Forrock
07 - Love'n'Roll
08 - Essentials (intro)
09 - O Novo Mandamento (part. PG)
10 - A Resposta (part. Marcus Salles)
11 - O Vale das Sombras (intro)
12 - The Time is Over
13 - Tridente Social

Nesse disco o FS entra em sua segunda fase. Sylas Jr. entra na bateria e a sonoridade do grupo começa a inserir elementos de nu metal, metal alternativo e mais elementos de MPB e ritmos nordestinos (esse último representado magistralmente por Forrock). Efeitos sonoros, scratches, trechos "rappeados" e outros elementos do rock e metal alternativo abundam aqui. Novamente lotado de críticas sociais e também ao modo de vida de muitos cristãos e desejo de acordar a sociedade, esse disco é um achado. A Mensagem coloca a missão da banda de cara, e daí vem músicas que falam de problemas interiores e luta interna de nosso viver (No Porão da Alma), pecados "de estimação" (O Segredo), apostasia (Livre Arbítrio, The Time is Over), a situação crítica de desigualdade e corrupção do país (Forrock, uma divertidíssima música que parece uma carta endereçada ao "prezado presidente") e as divisões cada dia maiores e insensatas entre as denominações cristãs por motivos cada vez mais egoístas e imbecis (O Novo Mandamento, com PG (ex-Oficina G3 e Corsário) fazendo um segundo vocal iradíssimo, além de cantarolarem juntos o verso famoso "o que a gente faz fala muito mais do que só falar" no meio da música!). "Livre Arbítrio" é uma faixa dedicada ao Marcos Valério, ex-membro da banda que deixara a fé cristã. Marcus Salles (ex-Quatro por Um) faz uma participação muito boa em "A Resposta". A locução irada de "Tridente Social", evocando versículos de Eclesiastes (Bênlio fica a cargo dessa parte) fecha bem esse disco irado, que eu até hoje lamento ter perdido a chance de comprar na época em que a Top Gospel (que assumiu as dívidas da banda com a Salmus - segunda treta da banda com gravadoras - e acabaria tretando com eles também por conta disso - terceira treta kkkk!) estava vendendo todo seu catálogo com o preço singelo de R$ 5,99. Um dia irei pegar minha cópia e corrigir esse erro!


O Que na Verdade Somos (2003)

01 - Desesperado
02 - A Sanguessuga
03 - Não Quero Mais Acordar Assim
04 - De Deus Não se Zomba
05 - Vício
06 - O Que na Verdade Somos
07 - Uma Noite de Paz
08 - Ser Tão Sertão
09 - Involução 2003
10 - O Sonho do Profeta
11 - Ninguém me Encontrará Entre os Fracos
12 - Diferente dos Anjos
13 - O Sangue de Abel (part. João Alexandre)
14 - A Sanguessuga Heavymix (part. Amaury Fontenele)

Depois de problemas financeiros em suas duas últimas gravadoras, a chegada da banda na MK foi marcada a princípio pela desconfiança - a gravadora é famosa por sua visão muito mais mercadológica que factualmente evangelística -, mas de certo modo as dúvidas a princípio foram sanadas quando a gravadora pagou tudo que a banda devia na Salmus e na Top Gospel. Na seleção de faixas, mais um problema: a faixa "Vai Acabar" foi limada pela própria gravadora, que achou a letra um tanto quanto "pesada demais" (ela só sairia - com a letra modificada - no álbum seguinte). Um trechinho abaixo da versão polêmica:





Musicalmente o disco segue a ideia mais rock/metal alternativo e nu metal, além de fletes com a música eletrônica (em especial no heavymix produzido pelo Amaury Fontenele - ex-Cidadão Instigado) e forró (Ser Tão Sertão/Involução 2003). A MK produziu de cara clipes pras mais calmas "Não Quero Mais Acordar Assim" e a faixa-título, que viraram hits instantâneos - apesar da letra bem crítica e ácida da segunda. "De Deus não se Zomba" vai também nessa lógica, ao bater de frente com a inércia e indiferença, além das guerras e mortes promovidas por muitos ditos cristãos. "A Sanguessuga", evocando Provérbios 30:15, fala da ganância insensata da humanidade, e "Vício" é autoexplicativa. "O Sangue de Abel", com a participação emocionante de João Alexandre (ex-Milad, Pescador e Vencedores por Cristo) aproxima a banda da MPB com o mestre do MPB cristão e também especialista em letras críticas (essa falando do acúmulo de males e pecados que a humanidade vem praticando desde os tempos de Abel). "Uma Noite de Paz" é um tapa na cara do materialismo que virou a data simbólica do Natal.

Boa parte do baixo do disco não foi feita por Marcão e sim pelo músico convidado Francisco Falcon (filho do historiador Francisco Calazans), que participaria também do disco seguinte, dando mais liberdade pra Marcão se concentrar somente nos vocais. A maior polêmica entretanto do disco foi a que levou à saída de Bênlio, acusando os outros integrantes de ter removido a maior parte de seus teclados do disco. Trocas de acusações via internet, processos na justiça e situações bem chatas como essas, e ainda assim, em meio a toda essa turbulência, nascia um disco simplesmente bom o suficiente pra ser considerado 75º maior disco da música cristã brasileira e o 5º maior disco de música cristã brasileira da década de 2000. Realmente um disco inesquecível, apesar de muitos fãs da fase mais hard não serem tão afins a esse, muitos consideram o melhor disco da banda.


Distorção (2005)

01 - Quase
02 - O Preço
03 - Quanto Tempo Ainda Tenho
04 - Vai Acabar
05 - Bateu Asas e Sumiu
06 - Superman
07 - Primo do Macaco
08 - A Volta dos que Não Foram
09 - A Prece
10 - Vontade Solta


O mais pesado da banda, Distorção traz letras que parecem em muitos momentos com respostas aos questionamentos de "O que na verdade somos", mas de maneira bem insana, ao ponto de já ter visto alguns críticos considerarem esse um disco com letras "desconexas com o espírito de uma banda cristã". Bobagem, muitas vezes nossa trupe, os "cristãos", somos uma turminha que odeia demais levar verdades na cara que tirem nosso disfarce. A outra crítica meio insensata que vi foi que o disco seria "triunfalista" (que?). Acho tão pobre essa análise, muito baseada só em "O Preço", uma faixa que de fato é bem esquisita, parece de fato um monte de indiretas dirigidas ao ex-membro Bênlio Bussinguer. A despeito dessa faixa (que eu curto entretanto - sim, a gente precisa de vez enquanto tentar lidar com situações de traição ou supostas traições) e de "Bateu Asas e Sumiu" (que não, não é uma faixa de dor-de-cotovelo igual à clássica "Nosso Erro", e sim provavelmente outra "indireta" ao ex-companheiro), o resto do disco tem letras que não tem em nada de desconexo ao cristianismo. Muito pelo contrário. "Quase" por exemplo, um tapa na cara dos que acham que dá pra viver o Evangelho de "quases"; "Vai Acabar", apesar da censura que aparentemente rolou dentro da MK, continua sendo uma faixa fortíssima, com uma letra ácida e pitadas de thrash metal (o vocal de Henri Passos meio gutural ajuda muito nisso). "Primo do Macaco" é uma crítica não só ao evolucionismo, mas também à involução da sociedade como ser humano social mesmo e a crise de identidade humana e cristã (com participação do pai de Bene, Ernani Maldonado - ex-Comunidade S8 - fazendo locução na faixa); e "A Volta dos que Não Foram" é um recadinho pra muitos ditos cristãos que vivem de qualquer jeito dentro da própria igreja. Sem dúvidas entretanto os maiores sucessos do disco foram as mais suaves "Quanto Tempo Ainda Tenho" (uma das melhores faixas românticas cristãs da história, dando de dez a zero em praticamente todas do Catedral - desculpem-me catedráticos kkkk) e "Superman" (uma autorreflexão que serve pra todos nós de que nenhum de nós é supercrente e precisamos desesperadamente do Senhor para sobreviver ao caos do cotidiano e da vida), ambas ganharam videoclipes que passavam em todo programa do gênero em emissoras cristãs. Lamentavelmente é o último disco de Marcão na banda, que iria a partir daí dedicar sua vida ao pastorado na Igreja Presbiteriana Betânia da região Oceânica (parte integrante do ministério religioso onde o FS começou).

20 Anos (ou "as melhores baladas do Fruto") (saído com o nome da banda "Banda Fruto canta Fruto Sagrado") (2010)

01 - Uma Noite de Paz
02 - Diferente dos Anjos
03 - O que na verdade somos
04 - Ao fim do dia
05 - A sanguessuga
06 - Superman
07 - Não quero mais acordar assim
08 - Escravos do porvir
09 - O sangue de Abel
10 - Ninguém me encontrará entre os fracos


Pra muitos - e até eu me incluo de certo modo nessa estatística - o Fruto Sagrado verdadeiro acabou no dia em que Marcão saiu.  Mesmo com os talentos inegáveis de Bene Maldonado e Sylas Jr. ainda na banda, já começa o problema por a banda não ter NENHUM dos membros fundadores mais. Ok, várias bandas por aí chegaram a esse ponto, como as seculares Napalm Death e Yes, mas aqui temos um outro problema: Vanjor. Não adianta, os vocais dele simplesmente nunca vão me convencer. Ele parece-me adequado pra uma banda de indie rock, mas não pra uma banda de hard rock/nu metal como o Fruto Sagrado. E aí entra o mais grave problema dessa terceira fase da banda: O abandono completo do som mais pesado, na obsessão de se "adaptar ao que está na crista da onda". Numa época em que uma pá de artistas seguiram essa linha, em especial a turminha do Novo Movimento, como Palavrantiga, Tanlan, Aeroilis, Hibernia, Quarto Fechado, Os Oitavos, Lorena Chaves e Marcela Taís, o que faltou pro FS entrar de vez nessa linha? Um ukulele. Ainda bem que não rolou isso kkkkk mas é preocupante que a banda realmente foi pra um lado mais simples. Mas ok, vamos seguir a análise do disco em si.

Sendo um disco comemorativo (e, curiosamente, tal qual como o 10 anos, saído com 2 anos de atraso - devem ter levado a brincadeira adiante kkkk), decidiram aqui enfatizar em faixas dos dois últimos trabalhos, mas apesar da proposta enfatizar baladas, é curioso ver "A Sanguessuga" entre as faixas dessa proposta (embora o rearranjo feito nela de fato a transformou em uma balada). As faixas novas aqui presentes, "ao fim do dia" e "escravos do porvir", me fazem lembrar de cara Marcela Taís ou Aeroilis, confirmando que a banda estava mesmo se lançando pro lado mais indie e pop rock. É no fim um disco legal, mas que prefiro ver como um projeto "em homenagem" ao FS do que o próprio FS. Sério, ouvir esse disco chega um momento que dá agonia e vontade de ouvir qualquer outra coisa. Enfim, segue o baile.

Curiosidade: A banda na época passou por um problema com o uso do nome Fruto Sagrado, que aparentemente tinha expirado a licença de uso. Com isso quem já pegou uma cópia física do disco já deve ter percebido que nesse período eles se nomeavam como "Banda Fruto". Olha, eu acho até que deviam ter mantido a ideia...

Universo Particular - Temporada 1 (EP, 2012)

01 - Universo Particular
02 - Não Invente Alguém pra Amar
03 - Seja o que For
04 - Planeta Vermelho
05 - Onde Ele Está?
06 - Cassino





Universo Particular foi o primeiro projeto que eu vi uma banda fazer de lançar singles virtuais formando um disco ou similar (o Resgate está fazendo isso com o projeto 30 Anos e o Oficina G3 poderia ter feito o mesmo, mas não rolou). Nesse caso, o EP seria como um "seriado" e cada faixa formaria um episódio novo. Musicalmente a banda se aprofundou na aproximação com o pop rock e o indie, além de pegadas de folk rock. O vocal de Vanjor deu uma leve melhorada do disco anterior pra cá, na faixa título tem horas que eu penso estar ouvindo o Marcão com o vocal mais agudo até. As letras são bem fora de série, como a crítica aos "amores" nascidos de carência e idealizações falsas (Não Invente Alguém pra Amar) e a hipocrisia da sociedade e de muitos ditos cristãos (Planeta Vermelho, a melhor faixa sem dúvidas desse EP), mas musicalmente eu ainda considero um som relativamente entediante. O fato de serem singles que foram posteriormente unificados num EP também comprometeu um pouco a qualidade de produção, já que "Não Invente..." por exemplo soa bem mais baixo que "Planeta Vermelho". "Cassino", a última faixa apresentada do disco, ganhou um curta metragem mostrando três situações na vida dos integrantes da banda, entre eles o nascimento do filho de um dos integrantes da banda.

Fé Canibal (single, Dia do Rock de 2015)

01 - Fé Canibal

Boa faixa da banda, pelo que constava faria parte de um novo projeto de disco da banda que até hoje não viu a luz do dia. A crítica fantástica dessa música me faz ver um sopro de esperança nessa terceira fase da banda. Quem sabe se vier um dia esse novo álbum, veremos!

Bootlegs e similares:

Recife Agosto de Rock (VHS e DVD, 2001)
A Mensagem (virtual, 2017)


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Posteriormente conferir algumas coletâneas que a banda participou na vida.

Ver também:

Base Forte








4 comentários:

  1. Muito bom, João. Sem dúvida o FS enquanto banda com o Marcão no vocal é a minha banda favorita do rock cristão BR. Parabéns pelo trampo.

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  2. Só gosto do fruto sagrado até o 3 álbum, parir daí já não gosto

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  3. Olá. Amo suas músicas, Fruto Sagrado. Eu gostaria de pedir um grande favor. O playback da música - uma noite de paz- gostaria de cantá-la na escola com meus alunos. Uma realidade nua e crua do que é o Natal!!! Mas não acho em lugar nenhum.

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