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sexta-feira, 2 de agosto de 2019

Sixpence None the Richer


Sixpence None the Richer ("Seis Centavos Não Tornam Ninguém Rico", em alusão a um trecho de "Cristianismo Puro e Simples" de C.S. Lewis em que ele compara a entrega de nossas vidas a Deus como uma garotinha que dá de presente ao pai míseros seis centavos, que não trazem nenhuma riqueza, mas tornam o pai feliz igualmente) é uma banda de pop/rock alternativo e indie que surgiu em 1992 em New Braufels, Texas, EUA, por Matt Slocum (guitarras e composições, ex-Love Coma) e Leigh Nash (vocais, atualmente também no Fauxliage), além de vários outros músicos que passaram pela banda ao longo dos anos.

A banda sempre prezou por uma lírica bastante criativa, com um som desafiador, que foi amplificado em 1997, quando entraram de cabeça no mainstream, com a famosíssima faixa romântica Kiss Me, coverizada por diversos artistas e participante de diversas trilhas sonoras de filmes e seriados como "Ela é Demais", "Como Perder um Homem em 10 Dias", "Dawson's Creek" e "Smallville". Outras faixas do grupo fizeram relativo sucesso, como "Breathe Your Name", "Love", "Need to be Next to You", além de covers para "There She Goes", "Don't Dream It's Over", "Dancing Queen" e "I Need Love".

Em 2004 o grupo foi desmontado devido a gravidez de Nash, e seguiram rumos diversos até o retorno em 2007, e seguem até hoje em atividade, rompendo fronteiras com seu talento e criatividade ímpares.

Nota meio idiota do resenhista: Sim, Leigh Nash é minha crush perdida. Me julguem! KKKKKKKKKK


Versão original só com 4 faixas
The Original Demos (1992)


01 - Spotlight
02 - The Fatherless and the Widow
03 - Throughs of You (instrumental)
04 - Trust
05 - Meaningless / Falling Leaves (Live)



Uma introdução ótima ao que a banda viria a fazer. Leigh, ainda uma adolescente, traz um vocal bem mais suave aqui, bem melódico. "Spotlight" é um raro momento em que ouvimos o vocal de Matt Slocum como vocal principal. Em "Trust" ele faz o vocal de apoio e deixa essa faixa bem suave, meio me recordando um pouco Nikka Costa (aquela garotinha que cantava com o pai "On My Own"). As duas ao vivo já mostra que ainda no primeiro ano da banda eles já contavam com um relativo carisma.


The Fatherless and the Widow (1994)

01 - Field of Flowers
02 - Spotlight
03 - The Fatherless and the Widow
04 - Musings
05 - Trust
06 - Falling Leaves
07 - Meaningless
08 - Soul
09 - Apology
10 - Trust (reprise)


Simplesmente doce. Nesse disco a voz de Leigh se torna soberana, sem a intervenção de Matt (exceto em Trust), como dá pra perceber na versão de "Spotlight" aqui presente, consagrada na voz dela, aqui soando já um pouco mais forte, mais na linha do que conheceríamos dela mesma. O som da banda aqui varia entre o power pop e o country (este último notável no início de "Field of Flowers", a faixa de abertura), além de influências de jazz e avant-garde. As letras já mostram um compromisso com uma criatividade simples e genial.


Tickets for a Prayer Wheel (EP, 1995)

01 - Within a room somewhere (radio edit)
02 - Within a room somewhere (demo)
03 - Healer
04 - Dresses
05 - Love letters in the sand
06 - Carry You
07 - Alisha's first step
08 - Solomon the mystic
09 - Love, Salvation, the Fear of Death (dance mix intro)
10 - Love, Salvation, the Fear of Death (dance mix)


EP experimental, com faixas flertando com o techno e a dance music. Apesar de ser um EP, é um senhor EP com 9 músicas (sendo que uma delas em duas versões) e uma intro, tornando esse disco bem diferente. "Carry You" por exemplo é uma faixa bem diferente mesmo, experimental até o tutano, meio oriental até. A ajuda da Tess Wiley nas guitarras e back vocais ajudou muito nesse sentido.


The Beautiful Mess (1995)

01 - Angeltread
02 - Love, Salvation, the Fear of Death
03 - Bleeding
04 - Within a Room Somewhere
05 - Melting Alone
06 - Circle of Error
07 - The Garden
08 - Disconnect
09 - Thought Menagerie
10 - Maybe Tomorrow
11 - Drifting
12 - I Can't Explain

Um disco de grande evolução sonora, incorpora elementos como música clássica (um violoncelo nas mãos do Slocum), música latina (Melting Alone tem umas pegadinhas assim) e muito mais pop e alternative. Disco de despedida de Tess Wiley, que deixou a belíssima faixa "Disconnect" para todos nós curtimos muito. A capa, uma homenagem ao cubismo e à avant-garde, ilustra o conceito de Deus pegando nossa vida, uma bagunça enorme, e usando essa imperfeição de maneira bela, nos aperfeiçoando a cada dia, elemento que dá pra ser notado em letras como "Love, Salvation, the Fear of Death" e "Circle of Error". O disco conquistou um Dove Awards em 1996 na categoria "Moderne/Alternative Rock Album of the Year" e as faixas "Within a Room Somewhere" e "I Can't Explain" conseguiram alguma notoriedade em rádios cristãs.

Curiosidade: O nome desse disco inspirou o surgimento de DUAS BANDAS com esse nome (uma de Colorado Springs que pouco depois virou a banda OneRepublic e outra holandesa que mantém esse nome até hoje) e um livro de Rick McKinley de 2006 sobre transformação pessoal e social.


Versão japonesa
Sixpence None the Richer (1997)

01 - We Are Forgotten
02 - Anything
03 - The Waiting Room
04 - Kiss Me
05 - Easy to Ignore
06 - Puedo Escribir (homenagem a Pablo Neruda)
07 - I Can't Catch You
08 - The Lines of my Earth
09 - Sister, Mother
10 - I Won't Stay Long
11 - Love
12 - Moving On
13 - There She Goes (The La's cover) (bônus de relançamento de 1999)

OBS: Na versão limitada em LP Puedo Escribir e Easy to Ignore não aparecem e são substituídas por "Sad But True".

Aqui a banda decidiu lançar-se ao mainstream. E conseguiram! A mudança pro selo da Word chamado Squint (fundada pelo Steve Taylor, ex-Chagall Guevara) foi positiva, pois o selo era especializado em trabalhar com artistas cristãos que queriam romper as fronteiras da música cristã, como Chevelle, Burlap to Cashmere e 38th Parallel. Logo eles conseguiriam também lançar o disco pela secular Elektra, e assim esse disco surgiu. Letras como "We Are Forgotten" e "The Lines of my Earth" mostram que a banda mantinha sua fé firme, mas é óbvio que o destaque principal do disco vai pra uma faixa que causou muito em seu lançamento: Kiss Me. Essa faixa tornou-se um sucesso absurdo, aparecendo em diversos seriados e filmes, sendo regravada por várias bandas seculares como New Found Glory, Avril Lavigne, Olivia Ong e até aqui no Brasil pela cristã Catedral (que à época em 2001 tentava fazer por aqui o que o Sixpence fizera lá fora - romper as fronteiras), além de aparecer até em jogos como Pump It Up e Karaoke Revolution. Apareceu cantada por Janet Devlin, cantora irlandesa que terminou em quinto lugar na oitava edição do X-Factor original. Taylor Swift confessou que essa faixa foi a primeira que ela aprendeu na guitarra com 12 anos de idade. Até Os Simpsons zoaram a canção em um episódio! Sim, olha o alcance absurdo que a faixa ganhou! Levou a banda às suas únicas duas indicações ao Grammy (melhor perfórmance pop de um grupo ou duo pra Kiss Me e melhor disco de rock gospel pra SNTR). Ficou 16 semanas no top 10 das mais pedidas nos EUA (chegou a ocupar o segundo lugar!) em 1998, quando saiu como single, e passou no total 35 semanas entre as mais pedidas, ganhando o sexto lugar de single mais vendido de 1999. Apesar disso tudo, a faixa deixou muitas rádios cristãs com as orelhas em pé e sem saber o que fazer. Muitas rádios cristãs norte-americanas (bem como aqui no Brasil mesmo) simplesmente rejeitaram a faixa, usando o argumento de que ela só fala de beijar, e embora cristãos beijem, eles "fazem necessidades também, nem por isso farei músicas sobre isso" (adaptado de CCM Brasil 8 de Dezembro de 1999, uma matéria sobre os limites musicais nas rádios cristãs norte-americanas - e como esses critérios vinham nas rádios brasileiras também). Uma pena, pois a faixa é belíssima. Além dessa, "There She Goes", uma versão da secular The La's, acabou ganhando o mundo (lembro de tocar até em comerciais aqui no Brasil) e também catapultou a banda pro sucesso. No fim, esse disco é um achado. Único atualmente que possuo da banda original - pretendo um dia corrigir isso! -, o possuo com muito orgulho.

Curiosidade: A Puedo Escribir é a única faixa da banda que tem trechos em espanhol, uma homenagem a Pablo Neruda, pegando alguns versos do famoso poeta chileno.

Kiss Me (single, 1998)
Saiu em diversas versões, com variações da faixa,
como uma remix, uma ao vivo e uma em JAPONÊS!

Versão do Single comum nos EUA
Já indicando que a faixa aparecia em "Dawson's Cleek",
famoso seriado norte-americano

"There She Goes" (single, 1999)
Acredito que essa versão ficou mais famosa
do que a de The La's!

Divine Discontent (2002)

01 - Breathe Your Name
02 - Tonight
03 - Down And Out Of Time
04 - Don't Dream It's Over (Crowded House cover)
05 - Waiting on the Sun
06 - Still Burning
07 - Melody of You
08 - Paralyzed
09 - I've Been Waiting
10 - Eyes Wide Open
11 - Dizzy
12 - Tension Is A Passing Note
13 - A Million Parachutes
14 - Deeper

Gravado entre 1999 e 2002, num longo processo de gestação, Divine Discontent (que nome!) traz uma beleza e suavidade fora de série. Mais pop que quaisquer dos discos anteriores, segue o desejo da banda de manter uma carreira que dialogue entre o mercado cristão e o mercado secular. Os singles do disco refletem isso: Breathe Your Name mantém uma linguagem cristã percepitível, quando os versos mudam de "eu faço minhas escolhas" pra "Você faz a Tua escolha pra mim" do meio pro fim da música (o single ganhou o Dove Awards de melhor canção de rock moderno/alternativo de 2003). Já "Don't Dream It's Over", mais um cover de uma canção famosa, foi no âmago do mainstream, lembro que por um bom tempo nem sabia que era um cover! Os clipes dessas duas, bem como de There She Goes e Kiss Me do disco anterior, passavam a exaustão não só em programas de clipes cristãos, como também na MTV! Além dessas, canções como "Still Burning", "Paralyzed", "Melody of You" e "Waiting on the Sun" mostram bem a beleza desse disco.

Breathe Your Name ganhou um cover curioso da banda Pomplamoose, confiram!

Breathe Your Name (single, 2002)

Don't Dream It's Over (single, 2003)

The Best of Sixpence None the Richer (2004)

01 - Loser Like Me (nova)
02 - Us (nova)
03 - Too Far Gone (nova)
04 - The Ground You Shook (de "Roaring Lambs")
05 - Kiss Me
06 - Breathe Your Name
07 - Melody of You
08 - Dancing Queen (ABBA cover - do filme "Dick")
09 - Don't Dream It's Over
10 - There She Goes
11 - I Need Love (Sam Phillips cover - do filme "Here on Earth")
12 - I Just Wasn't Made For These Times (Beach Boys cover - do disco tributo Making God Smile)
13 - Breathe (do álbum colaborativo Streams)
14 - Brighten My Heart (do álbum colaborativo Exodus)
15 - Angeltread
16 - Within A Room Somewhere
17 - Trust
18 - Kiss Me (versão em japonês)

OBS: Na versão asiática algumas faixas estão em ordem diferente, e ainda inclui uma faixa solo de Leigh Nash chamada Need to Be Next You, da trilha sonora do filme Bounce de 2000. A versão de Taiwan ainda inclui um VCD bônus com os clipes de Kiss Me, There She Goes, Breathe Your Name e Don't Dream It's Over.

Belíssimo presente de despedida da banda - que pararia por alguns anos, na época Leigh estava grávida e iria se dedicar à maternidade por um tempo antes de recomeçar em carreira solo em 2006 e em 2007 retomar a banda com Matt -, com três faixas novinhas em folha, além de várias faixas que a banda tocou em sua carreira, estando aí os maiores singles da banda, mais algumas faixas que gravaram pra trilhas sonoras e discos tributo e colaborativos, incluíndo aí alguns bons covers. Só faltou a versão deles pra "Road to Zion" do Petra que saiu na coletânea tributo "Never Say Dinosaur" de 1996, e também "Bouquet", pro tributo à Steve Taylor "I Predict a Clone". Um ótimo disco pra quem não conhece muito a banda conhecer todo o trampo deles. Só achei que eles menosprezaram os dois primeiros álbuns, mas enfim.

Curiosidade mórbida: Esse disco, embora seja maravilhoso, me traz péssimas recordações kkkkk (sessão confissões de um roqueiro de coração quebrado!): Em 2006 comprei esse disco a duras penas - eu não trabalhava na época - por absurdos 32 reais, pra dar de presente à uma menina que eu estava de compromisso. Ela amou o presente, porém um mês depois ela literalmente me traiu (!) e pouco depois o pastor da gente à época confiscou o disco e QUEBROU (!!!!!!!!!!!) alegando que ele era um disco de uma banda de fé confusa por fazer um disco lotado de músicas de bandas "do capeta" (KKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKK). Enfim, é tão triste ver que ainda tem gente que em pleno 2019 - ou o ano que você ler esse texto - que ainda ficam nessa nóia de "música secular". Pelamor de Deus minha gente! Mas me dói até hoje lembrar de 32 reais literalmente jogados fora =(

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My Dear Machine (EP, 2008)

01 - My Dear Machine
02 - Amazing Grace (Give it Back)
03 - Sooner Than Later
04 - Around







Retorno em alto estilo, esse EP que saiu originalmente pra download pago na NoiseTrade até 2009 foi uma demonstração da banda que mesmo com anos sem se apresentar, eles ainda estavam entrosados. A união de Leigh e Matt é realmente impressionante, conseguem trabalhar bem demais juntos. Mais conectados ao indie do que nunca, esse EP transparece algumas das características sonoras da banda, além de suas letras fantásticas, incluíndo aí uma referência à "Amazing Grace" original de 1779 por John Newton.


The Dawn of Grace (natalino, 2008)

01 - Angels We Have Heard On High (traditional)
02 - The Last Christmas
03 - O Come, O Come, Emmanuel (traditional)
04 - Silent Night (traditional) (feat. Dan Haseltine do Jars of Clay)
05 - Riu Riu Chiu (traditional)
06 - Carol of Bells (traditional)
07 - Christmas Island (Lyle Moraine cover)
08 - River (Joni Mitchell cover)
09 - Christmas for Two
10 - Some Children See Him (Alfred Burt cover)


Discos natalinos são muitas vezes elaborados por artistas seculares só pelo puro propósito comercial. Não a toa aparecem álbuns bizarros, como o álbum natalino de Halford ou o estigado, porém bizarro single natalino da banda Fight (também do Rob Halford!). Sixpence decidiu trazer uma linguagem genuinamente cristã, não só colocando canções tradicionais natalinas - inclusive algumas de artistas populares -, como colocando sua própria cosmovisão nas duas faixas autorais que ficaram com letras geniais, focadas no princípio exposto no título do disco: O alvorecer da Graça, que foi o nascimento de Jesus Cristo. Acho fantástico quando bandas cristãs têm coragem de mostrar que o foco da data simbólica não é a festa, árvore, banquetes, brinquedos ou mesmo "papai noel" e sim aquele que veio, Emanuel, Deus em nós, Jesus Cristo <3

(E isso porque uns críticos furecas ficavam metendo o pau na banda porque tinham ido pro mainstream e feito cover secular, aguentem ae!!!)

A participação do vocalista do Jars of Clay, Dan Haseltine, acrescentou uma beleza singular a versão da banda pra "Noite Feliz". Fantástico! E ouvir Nash cantando em espanhol Riu Riu Chiu é muito doce.


Lost in Transition (2012)

01 - My Dear Machine
02 - Radio
03 - Give it Back
04 - Safety Line
05 - When You Call Me
06 - Should Not Be This Hard
07 - Go You Way
08 - Failure
09 - Don't Blame Yourself
10 - Stand my Ground
11 - Sooner Than Later
12 - Be OK


OBS: No iTunes ainda vinha uma faixa bônus chamada "I Do".

Dez anos depois do último full de inéditas (o Divine Discontent), Sixpence está de volta com um disco só de faixas autorais (três delas, My Dear Machine, Give it Back - com o nome Amazing Grace (Give it Back) - e Stand My Ground, já haviam aparecido no EP de 2008), e mais uma vez um ótimo trabalho com influências de indie, country, pop, rock alternativo e até jazz. A combinação do duo Leigh Nash e Matt Slocum segue mostrando que não envelhece de forma alguma, com os arranjos incríveis de Slocum no violão, guitarra e violoncelo, somado aos talentos de Justin Cary no baixo e guitarra baríntona, Will Sayles na bateria, os teclados de Jason Lehning e Cason Cooley, Jim Scott na percursão, as guitarras adicionais de Greg Leisz e a trompa de John Painter na primeira faixa do disco. Mas sem dúvidas o destaque é pra voz de Leigh que continua, mesmo após tantos anos, doce, suave e afinada como nunca. Impossível não se encantar com essa voz cantando "When You Call Me".









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