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domingo, 29 de setembro de 2019

As I Lay Dying



História complicada is coming hahaha. As I Lay Dying, ou AILD (nome baseado na novela de mesmo nome de Willian Faulkner) surgiu em 2000 em San Diego, California, como um trio formado por Tim Lambesis (vocais, Austrian Death Machine e Pyrithion), Jordan Mancino (bateria, Wovewar e da secular Killswitch Engage) e Evan White (guitarras e baixo). Com essa formação em trio lançaram o brutalíssimo death melódico de "Beneath the Encasing of Ashes" (2001). Posteriormente a banda seguiu fazendo uma mudança sensível no seu estilo, inserindo influências do hardcore, criando aquele que é considerado por muitos o disco que define o gênero "metalcore melódico" no mundo todo: "Frail Words Collapse" (2003). Daí pra frente tornaram-se provavelmente uma das mais famosas bandas de metalcore da história, não só dentro do cristianismo. Curiosamente a banda nunca realmente se definiu como uma banda de "metal cristão", e suas letras sempre foram mais sugestivas ao falar da fé deles do que propriamente um monte de letras religiosas de fato. Mas o peso da fama e algumas outras questões foram levando a banda a se distanciar da temática (e também da fé!), em especial Tim, que após o álbum "Awakened" (2012) ficou claro que a banda havia perdido sua essência. Tim em 2013 acabou passando por um sério problema pessoal (e criminal!) quando contratou uma pessoa para dar cabo de sua ex-esposa Meggan, mas esse "matador profissional" na realidade era um policial disfarçado e ele acabou preso e condenado a alguns anos de prisão. Em vista desse fato Jordan e cia decidiram por fim ao grupo em 9 de abril de 2014, em seguida formando a banda Wovewar com os vocais de Shane Blay (Oh, Sleeper!). Após sua soltura em 02/09/2017 Tim planejou com os outros membros o retorno do projeto, realizado em 07/06/2018 com a formação clássica (Tim, Mancino, Phil Sgrosso - guitarras -, Nick Hipa - guitarras -, e Josh Gilbert - baixo e vocais limpos). Desde então seguem carreira e têm, como declararam a um tempo atrás, "curado as feridas". Em 2019 Shaped by Fire é lançado, mostrando que sim, eles voltaram e com tudo!




Beneath the Encasing of Ashes (2001)

01 - Beneath the Encasing of Ashes
02 - Torn Within
03 - Forced to Die
04 - A Breath In The Eyes Of Eternity
05 - Blood Turned to Tears
06 - The Voices that Betray Me
07 - When the World Fades
08 - Surrounded
09 - A Long March
10 - Refined by Your Embrace
11 - The Innocence Spilled

Brutal e fora de série, bem diferente de todos os outros lançamentos da banda praticamente, afinal esse é um som muito mais na linha do death metal melódico, bem próximo do que bandas como Becoming the Archetype e In Flames faziam (só que bem mais bruto, diga-se de passagem). As letras da banda aqui eram bem mais voltadas à fé cristã que geralmente eles fariam no resto de sua discografia.  Por muito tempo o meu predileto da banda por não conter nada de metalcore (sim, eu nunca fui fã mesmo do gênero, confesso!), atualmente é um dos meus três prediletos (junto com An Ocean Between Us e Shaped by Fire).


As I Lay Dying / American Tragedy (Split, 2002)

AILD:
01 - Illusions
02 - The Beginning
03 - Reinvention
04 - The Pain of Separation
05 - Forever

American Tragedy
06 - "-"
07 - Choking of a Dream
08 - World Intruded
09 - Spite and Splinter
10 - Porcelain Angels
11 - Moments and in Between

Aqui no site eu quero colocar os splits na seção de compilações, mas nesse caso dá pra abrir uma exceção porque não sei nada do American Tragedy (nem sei mesmo se algum dia vou inserir eles aqui mesmo kkkkk) (NOTA: descobri depois que a split foi a ÚNICA coisa que lançaram, o que torna ainda mais óbvia a inclusão aqui mesmo). Então vamos lá: AILD segue fazendo um som bem bruto na linha do primeiro disco, porém já aqui nota-se a inserção de riffs mais puxados pro hardcore, como dá pra notar nos arranjos de "Reinvention" e "Pain of Separation". É dessa split uma das faixas mais famosas da banda: "Forever".

American Tragedy já segue uma sonoridade mais próxima do post-hardcore, me lembrando bastante bandas como Underøath e Blindside. Não me empolgou muito, apesar de tocarem bem o bastante pra não se passarem por mais uma dessas cópias do gênero. A melhor faixa é a última, com vocais limpos bem melódicos no refrão.



Frail Words Collapse (2003)

01 - 94 Hours
02 - Falling Upon Deaf Ears
03 - Forever
04 - Collision
05 - Distance is Darkness
06 - Behind Me Lies Another Fallen
07 - Undefined
08 - A Thousand Steps
09 - The Begining
10 - Song 10
11 - The Pain of Separation
12 - Elegy

01/07/2003: Nasce o Metalcore Melódico. O subgênero que acabou tornando-se a cara geral do estilo de fusão do groove metal com o hardcore (haja vista que as origens mesmo do metalcore remontam os anos 1990 com bandas como Living Sacrifice, ZAO e a secular Earth Crisis, dentre outras). Mas a mistura do hardcote com o death melódico executada pelo As I Lay Dying aqui tornou-se praticamente uma "receita mágica" similar ao que Killswitch Engage e Shadows Fall fariam. Essas três bandas mais Avenged Sevenfold acabaram definindo os rumos do gênero (bem como o criticado por muitos número de bandas "imitadoras" quase clones delas). O contrato com a gigante Metal Blade ajudou muito no aumento de popularidade da banda, mas obviamente a qualidade do disco também ajudou muito. Frail Words Collapse é um verdadeiro petardo nas primeiras faixas, mas com o passar do disco começa a ficar um tanto "repetitivo". A partir de Collision o disco parece meio que repetir a fórmula, embora mantenha a qualidade e arranjos fascinantes (basta ver a intro de "Distance is Darkness" ou os riffs insandos de "A Thousand Steps", ou o instrumental de Song 10).  Um ótimo disco, porém nada que me empolgasse tanto.



Shadows are Security (2005)

01 - Meaning in Tragedy
02 - Confined
03 - Losing Sight
04 - The Darkest Nights
05 - Empty Hearts
06 - Reflection
07 - Repeating Yesterday
08 - Through Struggle
09 - The Truth of my Perception
10 - Control Is Dead (Feat. Dan Weyandt)
11 - Morning Waits
12 - Illusions (Feat. Jason Moody)

Segundo disco do AILD que ouvi na vida, e nesse a banda começou a inserir muito mais elementos melódicos. É bem legal essa variação dos vocais mais pesados do Tim Lambesis com os vocais limpos do convidado David Arthur (da banda Kings to You). Ainda contou com a participação especial dos vocais de Jason Moody (da conterrânea banda de HC No Innocent Victim) na faixa 12 e de Daniel Weyandt (da ZAO) na faixa 10. A sonoridade mais elaborada desse disco é fantástica. Embora ainda mantenha uma dose um tanto incômoda de repetitividade sonora entre as músicas, é impossível ignorar o potencial que esse disco tem, mostrando o caminho que a banda tomaria a seguir, quando enfim a formação clássica iria se juntar. Odeio copiar falas de outros revisionistas, mas baseando-me no dito por Evangelion2014 no site Encyclopaedia Metallum, "você sabe o que há em comum no gênero metalcore? Breakdowns pra caramba, vocais limpos irritantes, estrutura básica de pop music e a vergonhosa adoração repetitiva ao death melódico de Gothenburg? Bem, na maior parte desse disco esses abismos são ignorados e assim formando uma sólida experiência na ouvida".


A Long March: The First Recordings (2006)
Contém todas faixas do primeiro disco e da split com a American Tragedy
além de versões regravadas das faixas desse split.
Uma curiosidade: a intro de "Beneath..." foi removida, tornando essa versão
mais curta que a original de 2001.



An Ocean Betweeen Us (2007)

01 - Separation (intro)
02 - Nothing Left
03 - An Ocean Between Us
04 - Within Destruction
05 - Forsaken
06 - Comfort Betrays
07 - I Never Wanted
08 - Bury Us All
09 - The Sound of Truth
10 - Departed (instrumental)
11 - Wrath Upon Ourselves
12 - This is Who We Are


Com esse disco eu fui apresentado ao mundo da AILD. Eu me lembro como se fosse hoje, eu chegando na casa do meu amigo Alessandro Rodrigues (Alex) e ele me apresentando esse disco que havia acabado de sair do AILD, banda que era a segunda de metalcore que ele conhecia na vida (e eu também - a primeira de ambos tinha sido Demon Hunter). Confesso que eu nem imaginava o impacto que esse disco teria sobre a cena do metal a nível mundial, inclusive na cena cristã. O disco trazia a formação clássica da banda (Lambesis, Mancini, Hipa, Sgrosso e Gilbert) e uma avalanche de caos que ia do metalcore simples - porém direto - de Nothing Left ao death melódico de Within Destruction, passando ainda pela ultramelódica "Forsaken". Peças instrumentais, piano (magistralmente tocado por Sgrosso), vocais limpos eficazes e nem um pouco "melosos", tudo a mais que os discos anteriores, e tudo muito melhor. As letras muito mais "crípticas" no entanto geram uma estranheza em muitos "religiosos" de plantão. Essa questão de "cantar letras mais diretamente cristãs X letras mais positivas e sugestivas" é um tema que sempre gerará controvérsia (Nota do editor: Em breve vou tentar escrever minha opinião acerca desse assunto). Sem dúvidas um dos meus prediletos da banda pra sempre, além de conter o aspecto de "saudosismo" por ter sido onde eu comecei minha vida de fã "não assumido" da banda, "An Ocean..." é um marco sem sombra de dúvidas pra muita gente. Infelizmente acabou meio que esteriotipando o gênero, tal qual algumas outras grandes como Killswitch Engage fariam inadvertidamente com uma sequência monstruosa de clones deles - uma lástima na minha opinião.



This is Who We Are (DVD triplo, 2009)
Contém no primeiro DVD um doc sobre a banda,
no segundo DVD músicas de alguns shows - incluíndo o primeiro Wacken da banda e no Cornerstone,
e no terceiro DVD videoclipes e conteúdo bônus.
Sim, ao vivo o Mancino toca ISSO TUDO!



The Powerless Rise (2010)

01 - Beyond Your Suffering
02 - Anodyne Sea
03 - Without Conclusion
04 - Parallels
05 - The Plague
06 - Anger And Apathy
07 - Condemned
08 - Upside Down Kingdom
09 - Vacancy
10 - The Only Constant Is Change
11 - The Blinding of False Light

Considerado juntamente com o "Awakened" um dos 24 discos para entender o que é o Metalcore Melódico pelo site Whiplash.Net, "The Powerless Rise" é verdadeiramente um petardo de brutalidade impressionante. Muito mais pesado que o disco anterior, embora não desfrute por mim do mesmo fator "nostálgico", aqui os vocais de Lambesis estão com um vigor inacreditável, muito mais rasgados, menos groove e bem mais death metal (relembrando os vocais dos primórdios da carreira), mas além disso tem os fatores básicos como alguns breakdowns (Anodyne Sea por exemplo) e os vocais limpos de Gilbert que mais uma vez não decepcionam nem ficam na linha "screamo" como é o caso de muitas bandas do gênero. Entretanto a partir desse disco é possível notar e ter um certo cuidado no quesito lírico. Letras como a de "The Plague", criticando os fariseus da modernidade com seus sepulcros caiados é algo plenamente aceitável, justo e correto, mas uma letra como a de "The Blinding of False Light" me deixou um tanto confuso. Acredito ser também uma crítica ao sistema em si, mas à primeira mão me deixou preocupado. Fato é que nesse tempo já a banda parecia cada vez menos "religiosa" por assim dizer, mas o maior problema mesmo da discografia da banda ainda estava por vir...


Decas (EP, 2011)

01 - Paralyzed
02 - From Shapeless To Breakable
03 - Moving Foward
04 - War Ensemble (Slayer cover)
05 - The Hellion (Judas Priest cover)
06 - Electric Eye (Judas Priest cover)
07 - Coffee Mug (Descendents cover)
08 - Beneath The Encasing Of Ashes (Re-Recorded Medley)
09 - The Blinding of False Light (Innerpartysystem Remix)
10 - Wrath Upon Ourselves (Benjamin Weinman Remix)
11 - Confined (Kelly "Carnage" Cairns Remix)
12 - Elegy (Big Chocolate Remix)

Sem dúvidas o "EP" maior que já vi em minha vida, pela quantidade de músicas e extensão dessas. OK, tecnicamente só deveria contar com as 7 primeiras faixas, as três primeiras inéditas e muito boas, além dos covers (inclusive um controverso cover pra Slayer que até hoje dá o que falar). As faixas finais da 8 pra 12 são remixes e um medley do primeiro disco da banda num estilo mais próximo ao metalcore melódico. Ítem de colecionador, com a qualidade esperável pro AILD.

Curiosidade: O cover de War Ensemble originalmente saiu na trilha sonora do jogo Homefront, chamada "Homefront: Songs of Resistance", e originalmente podia ser baixada no site oficial do game.


Awakened (2012)

01 - Cauterize
02 - A Greater Foundation
03 - Resilience
04 - Wasted Words
05 - Whispering Silence
06 - Overcome
07 - No Lungs to Breathe
08 - Defender
09 - Washed Away (instrumental)
10 - My Only Home
11 - Tear Out My Eyes

OBS: A versão deluxe contém como faixas-bônus "Unwound" (demo) e "A Greater Foundation" (demo).

Hora da polêmica e do caos! Awakened mostra o lado mais obscuro e controverso da banda, na época mais confusa da vida deles. Liricamente é o menos cristão de todos - até meio anticristão, como a letra de "A Greater Foundation". É terrível ver dessa forma a perda de fé de alguém, algo muito parecido com o que aconteceu com Blessthefall e anos mais tarde com Underøath, só pra citar as mais próximas do estilo do AILD.

Confesso que dói ouvir esse disco, mais ainda quando lembro que ele já mostrava o caos interior que Tim Lambesis estava vivendo, que se amplificou até o ato estúpido de 2013, que o conduziu à prisão. Nesse período ele estava, segundo a ex-esposa, obsecado por fisioculturismo e tatuagens, além de ter tornado-se um pai ausente pros três filhos adotivos. Realmente assustador retrato do caos que um homem pode chegar. No dia 07 de maio de 2013 Tim acabou preso depois que a polícia, já o investigando a um tempo sob suspeita de estar atrás de um matador profissional pra dar cabo da ex-mulher, colocou um detetive particular disfarçado que acabou o pegando "com a boca na botija". Pouco tempo depois a banda encerrou as atividades devido a prisão do seu vocalista. Foi condenado em 2014 a seis anos de prisão, mas cumpriu apenas metade da pena, sendo solto em 2017, e nesse ano chegou a publicamente pedir perdão pela barbaridade que ele tentou cometer. Chegou-se a especular que ele iria conduzir a banda sem os antigos integrantes, mas em 7 de junho de 2018 a banda finalmente se reuniu, botando fim aos problemas do passado e se preparando pro petardo que iriam lançar como cartão de visitas de seu retorno...

"Não consigo descrever por palavras o quão lamento a dor que causei. Não existe desculpas para o que fiz e olho para quem me tornei com o mesmo desdém com que muitos de vocês olham... A quem se inspirava em mim como artista, eu os decepcionei de tantas maneiras. Tentei mostrar o meu melhor lado para o público, mas alimentando um horrendo monstro por trás do olhar de todos."

- Tim Lambesis, 17 de dezembro de 2017.


Shaped by Fire (2019)

01 - Burn to Emerge (intro)
02 - Blinded
03 - Shaped by Fire
04 - Undertow
05 - Torn Between
06 - Gatekeeper
07 - The Wreckage
08 - My Own Grave
09 - Take What's Left
10 - Redefined
11 - Only After We've Fallen
12 - The Toll it Takes

Retorno em ALTO ESTILO! Isso é tudo que se pode falar pra resumir o que representa Shaped by Fire. Já apresentando um bocado do disco na turnê de 2019 (que passou inclusive pelo Brasil), o AILD trouxe essa brutalidade anormal, lírica e musicalmente, consigo. Sem dúvidas um dos melhores discos de 2019 e um dos três melhores discos da banda em minha opinião - quiçá o melhor, mostra que a banda estava realmente querendo voltar, e tudo que representou esse tempo, em especial pro próprio Lambesis. Sua péssima experiência entre 2013 a 2017 realmente o ensinou que ele estava "cego pela dor... e só focando em si mesmo", precisou de realmente passar pelo fogo (como a faixa título sugere) pra poder ver onde ele havia caído. Brutalidade é realmente uma palavra bem pequena pra definir o poder de fogo desse disco!

Oremos pelos caras, eles realmente estão na luta para não mais cair nos erros do passado, e antes que alguém tente, como alguns "fãs" revoltados que abandonaram a banda depois de 2013 fazem, fazer críticas vazias a eles, olhemos pra nossas vidas: somos tão propensos ao mal quanto eles, se não vigiarmos. Acredite, existiram e ainda existem (e talvez ainda existirão) muitos "Lambesis" por aí afora que torturam psicológica, moral e fisicamente suas esposas e esposos, alguns até mesmo os matando ou contratando alguém pra fazer isso caso ela ou ele se separe ou faça algo que eles não gostam - e isso se dizendo cristãos ou até mesmo pastores. Vigiai e orai, e não façamos juízos temerários e condenatórios, pois essa mesma medida que usamos pra condenar alguém pode se voltar contra nós! Que Deus abençoe o As I Lay Dying e a todos os seus servos!

quinta-feira, 26 de setembro de 2019

Corpse




Sem dúvidas uma das mais iradas - e curiosamente pouco lembradas - bandas de death metal clássico com temática cristã, Corpse surgiu em Owensboro, Kentucky, EUA, em 1992. A sua trajetória foi relativamente acidentada, tendo estado em atividade entre 1992 e 1993, depois voltando em 1996 até 1999, voltando em 2011 e por fim de 2013 até hoje. Os membros mais ativos sem dúvidas foram os membros fundadores Jeff Hoskins (bateria) e Joe Cox (guitarras e vocal, e mais recentemente também baixo), além do retorno de Kirk Jones, que tocou guitarra nos primórdios e voltou em 2013 tocando baixo. O vocalista atual é Michael Maddox, que os acompanha desde 2013, mas sem dúvidas o mais marcante é o saudoso James "Eric" Massie, que gravou com a banda o clássico "From the Grave" de 1997. Eric nos deixou em 2009.

Curiosidade: Daniel Corpse, vocalista brazuca conhecido por seu trabalho nos vocais das bandas Krig, Sabbatarian e Mercy, dentre outras, tirou seu "sobrenome artístico" dessa banda - e você achando que foi do Cannibal Corpse né bobinho kkkkk. Aliás, seu mais recente projeto, o Corpse Carcass homenageia essa banda e também a secular Carcass no nome da banda.


Demo 1993 (1993)

01 - Rotting Nature
02 - Dead to the World
03 - One Living God








Demo bem bruta, cantada por Joe Cox, vocal bastante bruto e sonoridade bem na linha do Grave e Cannibal Corpse na fase original do Chris Barnes. Apesar de uma demo curta, é bem feita.


You Must Die (1993, demo nunca lançada oficialmente)

01 - Rotting Nature
02 - Dead to the World
03 - Arise
04 - One Living God
05 - Drowning
06 - Locked in a Casket

Só recentemente quatro das faixas dessa demo vieram a tona no MySpace da banda. Seguindo o que tinha sido feito na demo anterior, uma sonoridade bem death oitentista, com um vocal gutural rasgado de Joe Cox. "Locked in a Casket" me surpreendeu com uma sonoridade bem sombria, meio arrastada, lembrando um pouco "God of Emptyness" da Morbid Angel. De resto são faixas fantásticas, anunciando o poder que a banda tinha - ainda que tivessem parado abruptamente ainda nesse ano de 1993 e só voltado em 1996...


Lançamento independente
Relançamento pela Cling
já com o nome Drowning
Corpse for President - ou Drowning (demo, 1996)

01 - Rotting Nature
02 - Dwell In
03 - Dead to the World
04 - Drowning
05 - One Living God
06 - Diversions


A estreia de Eric Massie nos vocais foi no mínimo inusitada. Seu vocal era bem sujo e até "estranho" pros padrões do death metal nessa demo. Comparar ele cantando "Rotting Nature" (curiosamente uma das melhores faixas da fase demo e que nunca foi usada num lançamento em disco) com as versões do Joe Cox já dá pra notar as diferenças nos vocais. Jason Matingly substituiu nessa demo o Joe Cox nas guitarras e deu um resultado relativamente similar aos dos arranjos de outras demos anteriores, embora bem mais "seco" eu diria. "Dwell In", uma das novidades dessa demo, me lembrou no refrão um bocado o estilo de composição do Mortification - uma referência óbvia naquela época pra várias bandas cristãs.


Demo 2 (1997)


01 - Left to Die
02 - So Called Unity
03 - Black Death






Essas são as únicas informações que tenho dessa demo, infelizmente nunca consegui nenhum arquivo musical dela (se você tiver e puder repassar, pode ter certeza que amarei muito!)




Original da Cling Records
From the Grave (1997)
Versão de 2015 da Martyrdom

01 - Left to Die
02 - Regret
03 - Diversions
04 - Deceived
05 - In Doubt
06 - Black Death
07 - So Called Unity
08 - Faith
09 - The Will
10 - Dwell In
11 - One Living God
12 - Elimination
13 - Get Behind Me

Versão de 2015: Inclui o EP Among the Dead remixado e o relançamento é dedicado a Eric Massie.

Depois de várias demos, enfim Hosking, Massie e cia lançam uma das maiores obras primas do death metal cristão. Massie aqui aparece com seu vocal indubitavelmente superior ao que ele tinha feito na demo "Corpse for President", aqui ele pega bastante influências de George Fischer "Corpsegrinder", o vocalista da segunda fase de Cannibal Corpse que se mantém até hoje na banda. Se bem diferente dos seus quase homônimos a Corpse nunca teve muito reconhecimento nem mesmo na cena underground cristã, isso não retira de forma alguma a qualidade sonora dessa obra, com influências notáveis de Grave e Dismember. A pegada death em alguns momentos se encontra com o thrash metal, como em "Diversions". Noutros momentos, como em "In Doubt", a banda segue em um lado mais "arrastado" e soturno.

Curiosidade do redator: eu mesmo cheguei em 2015 a fazer uma versão de "One Living God", no caso colocando meus vocais em cima da versão original. Por incrível que pareça essa minha experiência chegou aos ouvidos do Joe Cox, que elogiou bastante meus vocais (!). Confiram abaixo kkkk





Among the Dead (EP, 2013)

01 - Intro
02 - King of Tyre
03 - Among the Dead
04 - Chilling Fear
05 - Open Mind, Straight to Hell

OBS: A versão da Martyrdom Records inclui um Disco 2 contendo 4 faixas do Corpse for President, 2 da demo de 1993 e 4 de You Must Die.


Depois de mais de uma década de silêncio, os "cadáveres" voltam dos mortos como mortos-vivos! Jeff e Joe de volta e com os vocais irados de Michael Maddox (além do retorno de Kirk Jones, agora no baixo). A sonoridade da banda segue fiel ao que faziam, bem no ponto em que pararam lá em 1997 e as letras permanecem enfatizando não só a fé cristã, como também o destino da humanidade nessa vida terrena - a morte - e a vida por vir, pois que a vida que tomamos aqui na Terra determinará o rumo de nossas almas. Por isso, ser "mente aberta" demais pras facilidades que as ideologias e conceitos humanos tentam nos empurrar goela abaixo é realmente um caminho bem espaçoso e direto pro inferno!


From the Dead (compilação, 2018)
Basicamente apenas os discos From the Grave e Among the Dead num disco só.



Treasure Seeker


Discos tributos a bandas cristãs não são tão comuns quanto a bandas seculares - infelizmente, diga-se de passagem -, mas há alguns bons exemplos por aí afora (e outros nem tão bons assim). Mas nada se compara em nível de qualidade com o Treasure Seeker, projeto do vocalista alemão Olaf Hayer (Lord Byron, Seventh Avenue e outros projetos cristãos e seculares) com membros da Chryztyne e da Lightmare como Andi Gutjahr (guitarra) e William Hieb (baixo). Sem dúvidas um dos projetos mais impressionantes no que tange a homenagear bandas cristãs. Pena que ficou num único disco.


A Tribute to the Past (1998)

01 - A Tribute to the Past
02 - Too Late for Living (Saint)
03 - To Hell With the Devil (Stryper)
04 - Flames of Fire (Leviticus)
05 - Out of the Darkness (Bloodgood)
06 - Silence Screams (Resurrection Band)
07 - Rebels of Jesus Christ (Jerusalem)
08 - Warrior of Light (Force 3)
09 - Heroes (Bride)
10 - Meet Again (Creed)


Seguindo a sonoridade de bandas de power metal da escola alemã como Gamma Ray, Helloween, Stratovarius e obviamente as bandas que eles vieram (Chryztyne, Seventh Avenue e Lightmare), a faixa autoral deles é uma baita homenagem por si só, mas aí vem as versões e... meu amigo! Algumas aí demolem até as versões originais! Warrior of Light mesmo, da obscura Force 3, aqui tá turbinada pra caramba. Os caras conseguiram o que eu mesmo julgava impossível: um cover animal pra To Hell With the Devil, já que igualar o agudo de Michael Sweet é quase inacreditável, mas Olaf consegue sem tirar nem por. Algumas ficaram muito próximas da original, como Flames of Fire e Meet Again (lembrando que a Creed - alemã, não a americana, claro - foi uma das primeiras de power metal germânico cristã, logo a sonoridade é bem próxima mesmo). Mas o que fizeram em faixas como Silence Screams e Rebels of Jesus Christ é de deixar qualquer um bobo. Uma lástima nunca terem feito um Tributo ao Passado Parte 2, incluindo bandas como Whitecross, Barren Cross, Petra e Daniel Band, teria sido tão estrondoso quanto esse, sem dúvidas.

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Ver também

Lightmare
Chryztyne
Seventh Avenue
The Preachers
Lord Byron

terça-feira, 24 de setembro de 2019

7th Heaven



Power trio de hard rock/AOR cristã de pouca repercussão. Sei pouquíssimas informações acerca deles, sei que dois de seus membros (Doug Basler e Dennis Bush) vinham da banda Eyewittness. Lançaram somente um disco com esse novo nome e formação:


Planet Under Siege (1992)

01 - Planet Under Siege
02 - Shout
03 - Watching and Waiting
04 - Get so Mad
05 - Child's Eyes
06 - Cross the Border
07 - Rapture
08 - Giants in the Land
09 - Daybreak
10 - Stay

A pegada da banda é muito genial, bem na linha da banda secular White Lion (em especial pelos vocais de Dennis Bush que lembram bastante os do Mike Tramp) e um bocado também o Europe na fase pós "The Final Countdown". As músicas enfatizam bastante em letras a fé cristã e também o retorno iminente de Cristo em meio a um mundo cercado pelas forças do mal (a capa enfatiza bem essa ideia). Algumas músicas são numa pegada mais hard, como Get so Mad e Cross the Border, outras mais AOR como a faixa título e Child's Eyes, e outras como Rapture vão pra balada como saída. É uma bela joia esquecida do hard rock/AOR cristão.

sábado, 21 de setembro de 2019

Melhores letristas/compositores do rock cristão


Uma coisa que me incomoda cruelmente é a acusação leviana que música cristã (em especial rock cristão) é um "plágio mal feito" do secular (em primeiro lugar é bom lembrar que o rock, como já mostrei em várias ocasiões nesse blog, nasceu feito por cristãos e inclusive - como no caso da Sister Rosetta Tharpe - usado no contexto religioso). Outra acusação boba é de que rock cristão, bem como toda música cristã, tem apenas letras ou composições de quinta categoria, "mantras" e falta de criatividade. Bem, essa acusação até tem suas razões quando pegamos infelizmente o que a mídia dita "gospel" tem empurrado nas pessoas, colocando letras fracas e sem criatividade alguma, ou pior, colocando argumentos heréticos descaradamente. Contra essa maré, muitos escritores cristãos fugiram das mesmices e ao mesmo tempo não descambaram pro lado da heresia. Esse post dedico a esses que fizeram história (alguns ainda fazem) com letras que quebraram os paradigmas na música cristã.

JANIRES MAGALHÃES MANSO

O saudoso ex-vocalista da Rebanhão e da Banda Azul sempre esteve a frente do seu tempo, de uma forma que até hoje não se encontrou um igual no nível de genialidade. Ele usava tudo que tinha ao seu redor para suas músicas, referências do dia a dia e da cultura popular, como "trocar os jeans pelas vestes brancas do Senhor" (Ano 2000), "Jesus não precisou de prancha de surfe pra andar sobre o mar nem máquina xeróxe pra multiplicar peixe e pão" (Para Dançar / Discoteca), "Jesus Cristo é nosso super-herói, com ele... não tenho medo de bruxas nem bandidos" (Jesus Cristo Super-herói), "Quando criança sonhei ser Flash Gordon, Super-Homem, Robin Hood..." (Hoje Sou Feliz), "Jesus é o único caminho pra quem quer morar no céu, quem quiser atalhar vai pro beleléu" (Baião), "atrás desse monte tem uma cidade, casinhas brancas, casarões..." (Casinha), "foi por você que gosta de futebol, ou de rock 'n' roll, ou de ficar batendo papo com a tchurma lá na esquina..." (Foi por Você), "o sertão pode até virar mar, mas de uma coisa vocês fiquem certos, em água o mundo não vai mais acabar" (Baião Eletrônico), até mesmo novelas e programas da Rede Globo como "Planeta dos Homens", "Os Trapalhões", "Direito de Nascer", "Fantástico" e "Pai Herói" (Pai Herói / Cara a Cara). Homenageava seus amigos e irmãos ("Baltazar, o Artilheiro de Deus", "Helena", "Alex, o Baixinho Voador", "Arca / Festa de Arromba no Céu" e "Trem da Amizade"), os pais e familiares ("Mamãe", "Papai" e ele planejou músicas pra família inteira, inclusive a curiosa "Homenagem à Sogra"), teve até a coragem de santificar sem medo o rock: "Como já ensinava o velho profeta, se a tristeza tentar pegar o teu coração pegue a guitarra e cante um Rock pra louvar Jesus" (Salas de Jantar, pra mim uma de suas melhores composições) e também bater de frente com a hipocrisia e mesmice cega de muitos cristãos da época (Etc e Tal / Ponte, sua melhor composição e sem dúvidas a mais atual de todas). Uma curiosidade foram suas muitas canções falando do céu, do lar futuro de todos nós, como "UAI (Unidos no Arrebatamento da Igreja)", "Baião", "Baião Eletrônico", "Arca", "O Espetáculo Mais Lindo / Arco-Íris", "Trem da Amizade", e a quase premonitória "Espelho nos Olhos". Até hoje, como diria meu amigo Sandro Baggio, as composições de Janires são um desafio enorme para todos os compositores cristãos.


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LARRY NORMAN


O saudoso "pai do rock cristão" (se ele foi o pai, Elvis Presley foi o avô e Sister Rosetta a bisavó haha) sempre surpreendeu pela linguagem de suas músicas, voltadas a princípio para a galera hippie de sua época nos primórdios da carreira. Letras geniais falando contra a religiosidade cega ("Why Should the Devil Have All the Good Music?"), contra o misticismo (Forget Your Hexadram), sobre o arrebatamento (I Wish We'd All Been Ready) e questionando muito aqueles que procuravam respostas em locais que não em Cristo ("Why Don't You Look Into Jesus?"). O cara teve peita até mesmo de mandar "aquele" pra cima dos ex-Beatles John Lennon e Paul McCartney em "Reader's Digest" ("Querido, quem é o mais popular agora? Eu escuto algumas das músicas atuais dele, as vezes penso que ele realmente está morto!" - citando a vez que John falou que os Beatles eram mais populares que Jesus e também a lenda de que Paul está morto). Algumas de suas letras foram escritas em conjunto com o outro mestre Randy Stonehill, seu parceiro de quase toda a vida na caminhada cristã.


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BRUCE COCKBURN

O cantor canadense Bruce Cockburn começou no country, mas rapidamente tornou sua música universal, atingindo os mais diversos estilos. Suas letras evocam elementos os mais diversos da vida humana, numa singeleza para mostrar o poder de Deus e do seu amor, até nos momentos mais inóspitos (Lovers in a Dangerous Time), do poder criador e soberano do Senhor (Creation Dream, Lord of the Starfields) e da presença do Senhor em todos momentos, mesmo os que não conseguimos o enxergar (No Footprints). Até mesmo Bono Vox (U2) rendeu-se ao talento de Cockburn, ao citar no filme Rattle and Hum a belíssima (embora meio controversa) faixa "If I Had a Rocket Launcher". Aliás, dizem que ele é o artista predileto de Papai. Pelo menos o Papai que é a representação de Deus no livro e filme "A Cabana". Na verdade eu não tenho nem como discordar, quando a gente ouve "Oh Senhor, os raios do sol me incendeiam por dentro!"




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MARK HEARD

Outro que começou no country, o saudoso Mark Heard foi membro da Infinity Plus Three e também teve um projeto solo curioso chamado iDEoLA. Desde "Second Best Friend", uma das melhores faixas do disco único da Infinity+3, que fala de amizade sincera e do maior amigo de todos (Jesus), Mark desbravou até sua prematura morte no início dos anos 1990 por diversos estilos e letras geniais, como "Stuck in the Middle" (em que ele fala do dilema que é pra muitos de nós que sabemos como cristãos que, não mais escravos do pecado, ainda assim pecamos e com isso atraímos desconfiança dos "santos" e dos pecadores), "Orphans of God", "Call me the Fool", "One of the Dominoes", "I am an Emotional Man" (como iDEoLA), "Another Day in Limbo" e "Talking in Circles", Mark não fugiu em nenhum momento de sua fé, nem abdicou de sua criatividade lírica abordando temas por vezes espinhosos pros cristãos até hoje. Só veja a letra de "Orphans of God" do último disco que ele lançou em vida (Satellite Sky de 1992) pra ver essa crítica forte e ainda tão atual a muitos dos maneirismos da sociedade atual.




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STEVE TAYLOR

Produtor musical, diretor de cinema, dono da gravadora Squint, músico e um dos seres mais controvertidos da indústria musical cristã, Steve Taylor perturba até hoje as mentes menos preparadas - e até as mais preparadas - com suas canções desafiadoras, seja solo ou nas bandas que já participou (Chagall Guevara e The Perfect Foil). Dificilmente você já tenha ouvido falar de um cantor capaz de escrever letras contra os "clones" que a instituição "cristã" força através da subcultura "dominante" (I Want to Be a Clone), contra igrejas "legaizinhas demais" (This Disco (Used to be a Cute Cathedral)), contra a visão da galera da "teologia" da prosperidade e mostrando que Jesus é pros perdidos como eu, ele e você (Jesus is for Losers), atacando clínicas de aborto - e também alguns ditos cristãos que faziam ataques terroristas contra elas - (I Blew Up the Clinic Real Good), contra o racismo (We Don't Need no Colour Code), contra a religiosidade forçada que via pecado em tudo, normalmente usando a famosa falácia da "culpa por associação" (Guilt by Association), sem entretanto negar o pecado humano como muitas instituições "boazinhas" faziam já naquela época ("Whatever Happened to Sin?"). Seu sarcasmo em muitos momentos me remete a alguns dos escritos de Lutero contra seus adversários da então completamente corrupta igreja católica romana, e suas músicas continuam atuais até demais da conta.





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ROD MAYER

Um dos mais obscuros dessa lista, o mais velho dos filhos de Reynaldo Mayer, que passou por Oficina G3, Passaporte, Troad, Vencedores por Cristo, Renascer Praise, Marcha para Jesus e uma pouco lembrada parceria com o ex-Incríveis Mingo, sempre trouxe uma musicalidade magistral, passando por diversos estilos, além de escrever letras delicadas e fortes como "Renascer", "Águas", "Árvores", "Ideias Erradas", "Identificar-se", "Grito de Guerra", "Herói", "Capital", "O Senhor é a Minha Luz", "Buscar-me-eis", "Eu Sei que Estás Comigo", "Louvamos Senhor", "Atitude", "Sim Sim", "Circunstâncias", "Pés na Areia", dentre muitas outras. Sempre prezando por uma linguagem simples, porém criativa ao extremo, chega a ser até lamentável pensar que sua fama na música "gospel" durou até meados dos anos 1990, quando praticamente foi jogado na obscuridade que outros mestres como Sérgio Pimenta, João Inácio, Jayrinho e Guilherme Kerr Neto acabariam sendo legados pela indústria dita cristã. Uma das coisas mais legais de suas composições é que muitas delas não foram interpretadas por ele, o que o torna um compositor muito mais do que um simples músico ou cantor.




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BROTHER SIMION

O ex-vocalista do Katsbarnea e também membro do Renascer Praise e da banda Inesquecível (Estevam Hernandes) é outro que é famoso por letras e músicas criativas, seja solo ou com a companhia de Estevam Hernandes, que junto com ele fez algumas de suas faixas mais famosas. Faixas sobre o perigo das drogas e da vida desregrada na "farra" e prostituição Simion é campeão, tendo entre elas "Extra" a mais famosa de todas, sem esquecer de sua resposta "Johnny", além de "Consumo", "Crack", "Fumaça Arisca", "Remédio prá Dormir", "10 'Real'", além de também falar de problemas sociais ("Justiça do Céu", "Revolução", "Congestionamento"), religiosidade hipócrita e fingimento social ("Fariseu", "Sepulcro Caiado", "Orgulho", "Parede Branqueada", "Paraíso", "Semideus"), cuidados com a natureza ("Terra", "SOS Terra", "Tempestade"), canções em homenagem à natureza criada por Deus ("Jabuticaba" e "Viva Jesus que Plantou o Mamão no Jardim do Éden"),  fim dos tempos e volta de Cristo ("Apocalipse Now", "Profecia", "Esperança", "Extra", "Armagedom"), até mesmo músicas mais poéticas e em louvor a Deus como "Gênesis", "Etéreo", "Ondas Agitadas", "Asas", "Sede" e a belíssima canção romântica "Sinfonia de Amor em Ré Maior". Embora vivendo na Europa a anos em missão e esporadicamente vindo ao Brasil ou produzindo novos trabalhos, como seu mais recente trampo, "Legado" de 2016. Algo também muito interessante são as várias canções que ele fez como testemunho da própria vida, como "Extra"/"Johnny", "Jeff" e "Por que Você Continua Me Olhando Stereo?", além de um disco testemunho em 2005.




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GLENN KAISER

Ex-líder da mítica Resurrection Band (REZ) e líder da Glenn Kaiser Band, além de fazer parcerias com Larry Howard e Darrell Mansfield, Kaiser sempre teve em suas letras uma preocupação em ir bem além das letras de louvor, adoração e evangelísticas. Dono da primeira canção ocidental da história a abordar sobre o maldito sistema de Apartheid na África do Sul (na canção Afrikaans de 1979, quatro anos antes da famosa "Biko" de Peter Gabriel), ele retomaria o tema anos depois em Zuid African. Mas além de falar acerca do preconceito nessas faixas, ele também aborda o assunto em "Colours", além de diversos outros assuntos como a religiosidade fingida e manipulação social (Silence Screams, Altar of Pain, Babylon, American Dream), suicídio (Shadows), divórcio (Mommy Don't Love Daddy Anymore, abordando aliás uma história pessoal que o vocalista viveu com seus pais), superficialidade na industria musical (Elevator Muzik), escravidão (80,000 Underground), drogas e cigarro (The House is on Fire), criminalidade (Crimes), crimes "passionais" (Empty Hearts - essa foi escrita pelo Roy Montroy, mas teve ajuda do Glenn e da Wendy, porque foi baseado num crime que REALMENTE aconteceu no apartamento ao lado do deles!), guerras e ódio entre povos ("Irish Garden", "Military Man"), dentre outros muitos assuntos, uma verdadeira complexidade que torna o trabalho de Glenn, com a Rez ou fora dela um verdadeiro desafio para outros compositores se igualarem ou ao menos chegar perto.




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KIM (JOAQUIM CÉZAR MOTTA)

Poesia e letras inteligentes, isso é o que pode se esperar do trabalho do líder da banda Catedral, seja com a banda ou em sua carreira solo. A despeito do seu famigerado hábito de se considerar "melhor", não há como negar que o cara realmente é bom de letras. Como negar o poder de letras tão singelas ao falar do Senhor como "Você", "Criação", "Cotidiano", "Teu Amor", "Voz do Coração", "Chame a Deus", "Fonte" e "Espírito Santo", dentre outras? Mas a capacidade poética de Kim leva a canções mais profundas e íntimas como "O Jardim e o Corpo", "Eterno", "Todos os Dias", "Aos Ouvidos dos Sensíveis de Coração", "Além do Nosso Olhar", "Carpe Diem", "O Silêncio" e "Miragens Urbanas", além de letras que batiam de frente com os problemas sociais, tais quais "Terra de Ninguém", "Mundo Vazio", "Pelas Ruas da Cidade", "Ladrão", "No Meu País", "Num Outro País", "Terceiro Mundo", "Na Casa do Lado", "Drogas", "Rio de Janeiro a Dezembro", "Contra Todo Mal", a lista é imensa. Letras refletindo a função da Igreja, como "O Jardim e o Corpo", "Pedro Zé, Um Nordestino", "O Silêncio", "A Revolução" e "Fingir" causaram - e ainda causam - polêmica pra muitos críticos. Kim também é mestre em letras românticas, e aí com certeza a lista vai muito longe, já tendo embalado vários casamentos até com "Amor Verdadeiro", mas também com "Ver Estrelas e Sorrir", "Quem Me Dera", "Quando o Amor Bate no Peito", "Tarde de Outono", "Quem Disse que o Amor Pode Acabar?", "A Felicidade", "Grande Amor", "Quando o Verão Chegar", "Uma Canção de Amor Pra Você", "A Poesia e Eu", "Eu Amo Mais Você", e por aí vaaaaiii...



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LENILTON

Muita gente dentro do rock costuma ignorar o trabalho do Novo Som - por pura ignorância inclusive! -, banda em que o baixista e compositor Lenilton fundou e passou a maior parte de sua carreira. Apesar de a muitos anos fora do grupo (e também com algumas rixas com o pessoal da banda) e seguindo com o grupo de rock Rota 33 e em carreira solo, Lenilton ficou famoso por fazer canções pop de nível fantástico. Quem nunca se emocionou ao ouvir as baladas "Pra Você", "Acredita" ou "Venha Ser Feliz" deve ser por nunca ter ouvido (kkkk). Lenilton também foi responsável (só ou com a ajuda de Mito - tecladista do Novo Som e também ótimo compositor) por letras como "Elo de Amor", "Jesus Cristo Vem", "Deixa Brilhar a Luz", "Herói dos Heróis" e "Bandido ou Herói", letras mais agitadas e com mais pegada rock. Também criou poesias e músicas românticas fantásticas como "Escrevi", "Eu e Você", "Te Amo", "Nossa História", "No Meu Coração", "Voz do Coração", dentre outras. Também marcam as canções "Meu Universo", "Além do Céu Azul", "Infinitamente...", "Luz", "Não me Deixe te Deixar", "Pra te Conduzir" e minha predileta do Novo Som, "Pra Não Esquecer".




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MARCOS ALMEIDA

Líder do Palavrantiga, Marcos Almeida é sem dúvidas a maior voz do "Novo Movimento" ou "Crossover" pra alguns, uma tendência musical que surgiu no Brasil no início dos anos 2000 com a banda Aeroilis (embora alguns tracem Catedral e outros como precursores). As letras do Palavrantiga são geniais, com alusões óbvias à fé cristã, mas sem aquele "evangeliquês" que ficou muito forte principalmente com a ascenção do "worship & praise" no Brasil. Letras como "Amor que nos faz um", "Sobre o Mesmo Chão", "Rookmaker", "Casa", "Esperar é Caminhar", "Rio Torto", dentre outras, influenciaram bandas e artistas como Tanlan, Quarto Fechado, Os Oitavos, Lorena Chaves e Marcela Taís. Aliás, influenciou até gente mais antiga, basta ver os trabalhos da banda Resgate desde 2010...





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Outros grandes compositores do Rock Cristão:

- Fábio Sampaio (Tanlan)
- Zé Bruno/Hamilton "Mito" Gomes (Resgate)
- Michael Knott (L.S.U., Idle Lowell, Aunt Beans, Michael Moret)
- Rodrigo Bizoro (Saint Spirit)
- Juninho Afram (Oficina G3)
- Matt Slocum (Sixpence None the Richer)
- Neal Morse
- Doug Pinnick/Ty Tabor/Jerry Gaskill (King's X)
- Jyro Xhan/Jerome Fontamillias (Mortal/Fold Zandura)
- Keith Green
- Marco Antônio (Fruto Sagrado)
- Bob Hartman (Petra/Classic Petra/2 Guys of Petra)
- Paulo Cézar (Grupo ELO/Grupo Logos)
- Jayro Trench Gonçalves "Jayrinho" (Grupo ELO)
- Sérgio Pimenta (Vencedores por Cristo/Grupo Semente)
- Maurão
- Wolô

Obviamente existe uma infinidade de outros grandes compositores de rock cristãos, mas decidi dar um destaque em alguns dos que mais me inspiram até hoje.

quinta-feira, 12 de setembro de 2019

Sacred Warrior





Os anos 1980 foram profícuos num gênero musical que estava surgindo: o Power Metal. Naquela época surgiram oficialmente duas vertentes do gênero: a europeia (ou germânica, já que a maioria das bandas do gênero surgiram na Alemanha), seguindo o estilo de Helloween, Running Wild e Mercyful Fate, dentre outras; e a americana, que ia desde alguns atos de speed metal com power (como Attacker e Warrior), power/thrash (como Metal Church, Metallica no início e Pantera nos primeiros discos) e o power/progressivo. Esse último teve diversas representantes, tanto seculares como Queensrÿche (a principal banda dessa trupe e uma das que mais inspiraram, com os vocais impressionantes de Geoff Tate), Fates Warning, Screamer e Crimson Glory, como cristãs, tais quais Haven, Recon, Malachia/Vision, Siam, Veni Domine (essa última na Suécia e com influências também do doom metal épico do Candlemass), mas sem sombra de dúvidas a mais afamada de todas foi e é até hoje a Sacred Warrior. Formada em 1986 em Chicaco, Illinois, a banda ganhou fama na década como a definitiva "Queensrÿche" cristã. Os vocais de Rey Parra (que posteriormente também cantaria nas bandas Recon, Worldview e Deny the Fallen) tavam a tônica pra banda, juntamente com Tony Velasquez (bateria), Bruce Swift (guitarras), Steve Watkins (baixo) e o saudoso Rick Macias (teclados, posteriormente substituído por Joe Petit). Em meados dos anos 1990 a banda deu uma parada, voltando em 2001 e chegou a mudar de vocalista com a chegada de Eli Prinsen (que também canto na The Sacrificed e se apresentou ao vivo as vezes na Deliverance), mas logo os vocais clássicos de Rey estariam de volta.



Demo (ou 12 Track Demo, 1987)

01 - Intro
02 - Heavens are Calling
03 - Nailed Down
04 - Master of Lies
05 - Instrumental
06 - Spiritual Warfare


Heavy melódico na medida certa, essa demo já mostra a qualidade sonora da banda, duas dessas faixas acabariam sendo reaproveitadas pela banda no álbum seguinte. Um ótimo começo sem sombra de dúvidas.


Demo 2 (1987)

01 - Heaven's Are Calling
02 - Stay Away from Evil
03 - Rebellion


Não consegui muitas informações sobre essa demo.


Versão de 2009 da Retroactive
Rebellion (1988)

01 - Black Metal
02 - Mad, Mad World
03 - Stay Away from Evil
04 - He Died
05 - Children of the Light
06 - Rebellion
07 - Day of the Lord
08 - The Heaven's Are Calling
09 - Famine
10 - Master of Lies
11 - Sword of Victory

Bônus da demo de 2001 pra versão de 2009:

12 - Day by Day
13 - Prince of Peace

A sonoridade era bem na linha do disco "The Warning" do Queensrÿche, uma qualidade musical fora de série. Destoando de tudo que rolava no cenário cristão à época (as bandas nesse tempo iam muito num som mais hard glam e heavy tradicional, como Stryper, Guardian, Bloodgood e Whitecross; ou numa pegada mais thrash como Deliverance, Heaven's Force, Believer e Vengeance Rising), "Rebellion" influenciou toda a cena com um som que fundia elementos de metal melódico e rock progressivo, tal qual a trinca do metal progressivo americano dos anos 1980 (Queensrÿche, Crimson Glory e Fates Warning - Dream Theater só apareceria de verdade em 1989 com uma pegada bem mais progressiva que power). A única música desse disco que eu não curto tanto assim é He Died, apesar da letra fantástica falando da morte de Cristo, eu achei uma balada melosa até demais da conta. As outras faixas seguem com a qualidade esperada pro Sacred Warrior, dando gosto demais de ouvir desde músicas mais prog como a faixa título e Mad, Mad World, até faixas mais velozes como Master of Lies, Heaven's Are Calling e Black Metal (essa última inclusive foi a primeira música dessa banda que ouvi na vida, na coletânea Trendsetters Metal de 2000), bem mais próximas de um Metal Church. Liricamente não há nem o que se falar, a banda foge de temas de fantasia ou "satanismo de feira" e mostra sua fé corajosamente, sem dar nenhuma folga pra turminha "du devil". Foi elencado em 39º lugar nos 100 melhores do metal cristão da Heaven's Metal.


Versão Bootleg, não sei o ano kkkk
(mas amei essa capa, na boa!)
Master's Command (1989)

01 - Intro/Master's Command
02 - Beyond the Mountain
03 - Evil Lurks
04 - Bound in Chains
05 - Unfailing Love
06 - Paradise
07 - Uncontrolled
08 - Many Will Come
09 - Onward Warriors (instrumental)
10 - The Flood (feat. Roger Martinez e Larry Farkas)
11 - Holy, Holy, Holy

Rey Parra e Roger Martinez cantando "The Flood"

Sem dúvidas esse disco é um massacre sonoro! Muito melhor que o primeiro disco, com um pouco mais de inclusão dos teclados (porém nada invasivo, dá pra notar na intro, em Paradise e na faixa Evil Lurks durante o solo), e o trabalho da banda em arranjos deu uma evoluída fora de série. Faixas como Bound in Chains mostram isso, com mudanças de tempo e quebradas bem acertadas. A faixa título é outro ótimo exemplo da evolução sonora (a segunda música que ouvi da banda na vida, e a que fez eu me apaixonar de vez por eles), mais na linha de um Rage from Order do Queensrÿche. A instrumental é mais uma prova do talento inigualável da banda no que tange a qualidade musical deles. Unfailing Love é a balada da vez, e essa eu considerei bem mais consistente que He Died. Holy Holy Holy é aquele canto tradicional "Santo, Santo, Santo", só que em estilo power/prog. O ponto forte para os fãs de um som mais variado por parte da banda é The Flood, com os vocais mais thrash/death de Roger Martinez e o auxílio da guitarra de Larry Farkas, ambos à época no Vengeance Rising. Deram uma pegada um pouco mais death pra faixa, meio a lá Children of Bodom (banda que nem existia naqueles tempos inclusive haha), apesar que os vocais eram divididos com o Rey Parra, mantendo portando o lado mais power/prog em atividade plena. Sem dúvidas o melhor disco da banda.


Wicked Generation (1990)

01 - No Happy Endings
02 - Little Secrets
03 - Standing Free
04 - Are You Ready?
05 - Minister by Night
06 - Miss Linda
07 - In The Night
08 - Warriors
09 - Wicked Generation
10 - War Torn Hero


Mais pesado que os outros discos, Wicked Generation consegue tornar até a balada do disco "Miss Linda" num petardo progressivo aos moldes de "Eyes of a Stranger" de Queensrÿche, mas sem dúvidas os momentos mais pesados ficam por conta de "Are You Ready", "Warriors" e "Minister by Night", verdadeiros speed metal em meio ao som mais elaborado e cheio de camadas progressivas desse discaço. O disco é um dos primeiros álbuns conceituais do metal cristão, tendo como temática básica a vida de um jovem que seguiu os passos dessa "geração perversa" do título do disco, e assim segue até perceber seu engano e voltar-se para Deus (numa comparação, se os anteriores foram o "The Warning" e o "Rage for Order", esse sem dúvidas foi o "Operation: Mindcrime" kkkk). Esse disco tem simplesmente minha faixa predileta do SW: "No Happy Endings", com sua letra cabulosa sobre as consequências de uma vida sem Deus e os atos cometidos em meio a essa busca insana por felicidade onde não há. Nesse disco incorporaram pela primeira vez backvocais femininos (cortesia de Kristi Pollock e Alyssa Villareal), que deu um lado ainda mais melódico ao som da banda em momentos como Miss Linda, Little Secrets e Wicked Generation. Esse foi o último disco a contar com os teclados de Rick Macias, que não mais retornaria a banda, infelizmente (nos deixou para a Glória Celeste em 2009).

"Eles não são filhos de Satanás, são aquilo que nós criamos!"


Obsessions (1991)

01 - Wings of a Dream
02 - Sweet Memories
03 - Turning Back
04 - Obsessions
05 - Kamikazi
06 - Remember Me
07 - Fire from Heaven
08 - Temples on Fire
09 - Mad Man



Pra muitos o melhor disco da banda (chega a figurar em SÉTIMO LUGAR na lista dos 100 maiores discos de metal cristão da HM Magazine), é o mais melódico de todos (mais uma vez numa comparação com o Queensrÿche, ele poderia ser o irmão gêmeo do "Empire", já que inclusive saiu com apenas um ano de diferença). Nesse disco os teclados aparecem bem menos (o baixista Steve Watkins assumiu essa função também aqui com a saída de Macias), e a banda ganhou o acréscimo do guitarrista John Johnson fazendo dobradinha com Bruce Swift. Com praticamente todos os membros da banda fazendo vocais de apoio (menos John Johnson) e mais um time de SETE backvocais, Obsessions se tornou realmente o disco mais melódico da banda. Com letras abordando desde uma fé sólida no poder Divino até outras mostrando a louca jornada do homem em busca de saídas e riquezas fora dos caminhos de Deus, Obsessions mantém a qualidade que cabe ao Sacred Warrior. Perfeição total! Cabendo até um flerte com o hard'n'heavy em Mad Man!


Classics (1993)

01 - Temples on Fire
02 - Rebellion
03 - Master's Command
04 - Wicked Generation
05 - Obsessions
06 - He Died
07 - Beyond the Mountain
08 - Minister By Night
09 - Sword of Victory
10 - Evil Lurks
11 - Sweet Memories
12 - Bound in Chains
13 - Warriors

Ótima compilação da Intense Records, porém sem nenhuma faixa bônus (salvo engano em 1991 numa compilação chamada Art for the Ears saiu uma faixa chamada Sacred Warrior, mas essa nunca reapareceu em nenhum outro disco da banda). Eu trocaria fácil He Died por Unfailing Love, e ainda acho que faltaram faixas como The Flood e No Happy Endings, porém de resto é uma boa forma de conhecer o básico do básico do som da banda. Para os que estão chegando agora, recomendo muito.


New World Order (EP, 1994)

01 - C'Mon
02 - Day By Day

Embora tenha saído em 1994, a banda encerrou suas atividades no ano anterior. Nunca encontrei informações sobre a capa desse EP (a tiragem deve ter sido bem escassa naquela época). Se a banda tivesse seguido nesse ponto iríamos ver uma banda bem curiosa: C'Mon tinha uns sons mais funk'o'metal, já Day By Day remete mais ao som clássico da banda, apesar que o tom das guitarras me fez lembrar das bandas de prog rock/metal de Seattle e Texas (King's X, Tinnitus, Atomic Opera e Galactic Cowboys). Um EP bem legal para dar adeus - ou um até logo, já que os veríamos de volta em 2001.


Live at Cornerstone (2001)

01 - Intro
02 - Children of the Light
03 - Remember Me
04 - Rebellion
05 - Holy Holy Holy
06 - Little Secrets
07 - Wicked Generation
08 - Heavens are Calling
09 - Come On
10 - Day by Day
11 - Prince of Peace
12 - Temples on Fire

Live At Cornerstone 2001 sem dúvidas foi um projeto fantástico da M8. Faz falta projetos como esse. Sacred Warrior mandou o seu - uma coisa curiosa é que até então o SW nunca tinha lançado nenhum disco ao vivo. O melhor sabe é ouvir que a voz de Parra continuava maravilhosa, e muito forte, em nada lembrando por exemplo o "Live Evolution" do Queensrÿche (um disco que saiu no mesmo ano e que vimos que o vocal do Tate estava uma porcaria, totalmente burocrática). O som está sem dúvidas fantástico, a banda fez um baita setlist, incluindo aí inclusive as faixas do EP New World Order, que ficaram fantásticas ao vivo, sem falar claro das faixas clássicas dos quatro discos de estúdio.


2001 Demo (2001)

01 - Come Save the Day
02 - Come On
03 - Day by Day
04 - Prince of Peace
05 - Dawn me Closer




Demo fantástica, apesar de nem de longe mostrar quais rumos a banda iria tomar a seguir - devido a mudança de vocalista que ocorreria pouco depois. As versões novas pra Come On e Day by Day e a versão de estúdio de Prince of Peace ficaram fantásticas, bem como as duas novas canções. Uma continuidade do trampo da banda em ótima qualidade como sempre.




Waiting in Darkness (2013)

01 - Desperately Wicked
02 - Waiting in Darkness
03 - Sinking Sand
04 - In Dust and Ashes
05 - Fallen Hero
06 - Fear Me
07 - Long Live the King
08 - Jealous Love
09 - Living Sacrifice
10 - Day of the Lord 2013
11 - Temples on Fire 2013

Joe Petit, Bruce Swift, Steve Watkins,
Eli Prinsen e Tony Velasquez
Um álbum aguardado ansiosamente pelos fãs - inclusive por mim -, Waiting in Darkness marcou o retorno em definitivo da SW. No entanto foi um choque e tanto pra muitos de nós quando as notícias da produção foram chegando e soubemos que o vocalista Rey Parra estava se ausentando da banda, com vistas a entrar na também mítica Recon (no fim esse projeto também não foi bem sucedido e ele formou a Worldwide) e em seu lugar entraria Eli Prinsen, vocalista da banda cristã de power/thrash metal The Sacrificed. Com isso, o resultado final no disco foi bem mais agressivo que o estilo melódico clássico da banda - sem entretanto perder o lado mais melódico, afinal a formação do resto da banda era exatamente a mesma desde os tempos do álbum Obsessions, logo não havia tanto o que mudar aqui. A produção mais apurada desse disco em comparação com os clássicos quatro primeiros discos de estúdio foi um ponto fantástico, pois deixou ainda mais claro a pegada da banda no estilo deles mesmos, sem nenhum tipo de "novidades" ou "misturebas" com outros gêneros aos quais eles não estavam habituados. Nesse ponto os anos de silêncio da Sacred Warrior foram bem mais úteis pra imagem da banda do que curiosamente foram os anos de sua "contraparte" secular, a Queensrÿche, que desde 1997 até justamente o mesmo ano de 2013 estavam numa sequência enorme de trabalhos de qualidade que ia do irregular, passando pelo medíocre até mesmo o duvidoso e o inaceitável (Dedicated to Chaos ARGH!). Só em 2013 quando Geoff Tate - o arrumador de encrencas e que tava aparentemente sendo o culpado dessa bagunça sonora toda - foi substituído pelo ex-Crimson Glory Todd La Torre que as coisas se acertaram enfim pra banda. Curiosamente não só o SW lançou no mesmo ano enfim um novo disco de estúdio como também mudou de vocalista - coincidências loucas do destino. Musicalmente "Waiting in Darkness" em nada deixa a desejar os discos anteriores, muito embora a extensão vocal de Eli não chegue a notas tão altas quanto o Rey Parra, o que faz com que o disco em muitos momentos soe mais como The Sacrificed do que como SW - mas isso mais na parte vocal mesmo, já que o instrumental não nega as raízes. Liricamente a banda persiste em letras diretas de louvor a Deus, sem nenhum rodeio, mesmo em anos como os nossos, onde vários projetos preferem ir numa linha mais "subliminar", eles preferem seguie um rumo realmente nu e claro do que acreditam, e isso não é negativo (na verdade não acho errado nenhum dos caminhos que uma banda venha a levar, desde que, caso vão pro lado do subliminar não se distanciem da Palavra ao ponto de negar a fé; e se numa mensagem mais clara, ela seja criativa e não velhos clichês repetidos como um mantra ou pior, com letras heréticas se passando por cristãs). A cereja do bolo vai para as novas versões de "Day of the Lord" e "Temples on Fire", que ficaram fascinantes e sempre é bom conferir quando rolam essas mudanças de vocalista como os clássicos soam em sua voz.


Slave (single, 2016)
Marcando o retorno de Rey Parra (ainda como vocal convidado).
Uma letra fortíssima contra a exploração e abuso sexual de crianças e adolescentes.
Um fantástico grito de guerra contra essa prática pecaminosa E CRIMINOSA
que é a pedofilia.
Foi feita dedicada a uma campanha de fundos para a Casa Naomi em Chicago
que acolhe vítimas desse terrível crime.

Blood River (single, 2019)
Fantástica letra falando dos tormentos de nossa alma tendenciosa ao pecado,
ao mesmo tempo assinalando o caminho da Salvação no Sangue de Cristo,
o Sacrifício Perfeito!

Aguardando o novo full da banda!

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Sacred Warrior participou de algumas compilações, futuramente abordarei elas.

Ver também:

Recon
Worldwide
Deny the Fallen
The Sacrificed
Sealed Fate






(Odeio meu cachorro, sempre estragando minhas gravações kkkkkkkkkkkkk)

sábado, 7 de setembro de 2019

100% Proof


A New Wave of British Heavy Metal (ou NWOBHM) foi uma forma comercial usada para falar de uma tendência de novas bandas de heavy metal, hard rock e similares que surgiram na Grã Bretanha (e que influenciariam até bandas de outros países e continentes). As mais famosas dessa trupe são Judas Priest e Thin Lizzy (duas precursoras do movimento), Motörhead, Iron Maiden, Girlschool, Def Leppard, Angel Witch, Praying Mantis, Diamond Head, Saxon, Venom, Satan, Demon, Tank, Gogmagog, Jaguar, Urchin, Tygers of Pan Tang e Witchfynder General, dentre uma infinidade de outras. Mas sem dúvidas a mais obscura dessa trupe é um grupo que fugia completamente dos padrões líricos dessa galera, que cantava mais sobre sexo, drogas, fantasia, satanismo e outras temáticas por vezes nada cristãs. 100% Proof fugia completamente dessa tendência. O grupo de Charlie Wilson (futuro Force 3, vocais e guitarra), Steve Wright (guitarras e vocais), Phil Wright (bateria), Steve Harrison (baixo) e futuramente P. Savage (teclados) começou a carreira com o nome Thin Ice, mas logo mudaria pra essa expressão que curiosamente é usada normalmente para uísques e outras bebidas alcoólicas (mas engana-se quem pensa que os caras incentivavam embriaguez: o uso dessa expressão vem de uma passagem de Efésios capítulo 5 versículo 18 que diz para não nos embriagarmos com vinho que causa contendas e sim embriagarmo-nos - enchermo-nos - do Espírito Santo; daí estar 100% Embriagado do Espírito Santo!). Infelizmente o grupo durou pouquíssimo tempo, mas nos deixou um EP e dois discos full em que fizeram um som que mesclava elementos do hard rock, heavy metal britânico/NWOBHM e até mesmo punk Oi!, uma miscelânea muito boa de se ouvir (além de terem participado de uma coletânea secular chamada Battle of the Bands de 1981, com a música "Bad Boy").

Curiosidade minha: A primeira vez que ouvi falar dessa banda, juntamente com os músicos Keith Green, Steve Flashman, Larry Norman e Charlenne, e as bandas Rez Band, The Predators, Barnabas, Salt Rock e Barratt Band, foi no livro "Rock in Igreja?", e ficavam criticando a banda porque diziam que eles usavam o mesmo tipo de propaganda de bandas seculares "blá blá blá", sendo que nada daquelas críticas faziam o menor sentido. 100% Proof em sua existência fez valer mais a pena seu trabalho do que as vazias críticas de John Blanchard e outros ultrarreligiosos hipócritas.


New Way of Livin' (EP, 1980)

01 - New Way of Livin'
02 - Lookin' In
03 - What's the Cost
04 - Resurrection (instrumental)






Pegada na linha do hard rock do AC/DC e do heavy de Diamond Head e Blitzkrieg, esse EP já mostra bem o potencial da banda. Lookin' In é a única que destoa desse padrão, com uma pegada mais na linha do Punk Oi! que estava surgindo naqueles tempos (até os gritinhos de "oi! oi! oi!" aparecem no refrão).


100% Proof (1981)

01 - Back Seat Driver
02 - Midmorning Blues
03 - Tightrope
04 - Rock & Roll
05 - Freedom
06 - No Good Trusting In Money
07 - The Loner (in homage to Bon Scott)
08 - To Be Someone



O disco completo mostra bem as influências da banda, com muitos elementos do AC/DC fase Bon Scott (inclusive os vocais de Charlie, embora mais graves que os do Scott, seguem a linha meio rasgada dos do saudoso vocalista da banda australiana). Eles deixam claro essa influência de vez na faixa "The Loner", um belo blues em homenagem ao Bon Scott (que faleceu em 1980) e tornou-se o maior sucesso da banda nos tempos de internet (muitas pessoas conhecem a banda justamente por essa música). Todo o resto do disco segue nessa linha entre o hard rock e o hard blues, com elementos do heavy metal.



Power and the Glory (1983)

01 - Power and the Glory
02 - Don't You Know
03 - Out of Bounds
04 - Lost Soul (instrumental)
05 - I'm Going to Win
06 - Getting Me Down
07 - Jesus Loves Me
08 - Number Eight



Com uma das melhores músicas de abertura do metal cristão, "Power and the Glory" é um daqueles discos que faz você se perguntar "por que acabaram?" O som da banda aqui chegou ao seu auge, com uma fusão fantástica de heavy metal com hard rock, com vários momentos bem velozes, como "Out of Bounds". Aqui eles lembram muito mais Diamond Head ou Iron Maiden fase Paul DiAnno que o AC/DC, mostrando uma evolução sonora bem precisa. Charlie Wilson levaria essa pegada mais heavy metal pra sua banda seguinte, Force 3, onde inclusive seu vocal ficou bem mais melódico que anteriormente.

Curiosidade: Uns críticos e religiosos insanos inventaram uma lista de "símbolos da Nova Era", lista essa que sempre varia bastante de autor pra autor dessas bobalhadas, mas em geral o símbolo do raio em qualquer parte da mídia é visto como "um símbolo do anjo caído", o diabo. Pois bem, 100% Proof tava nem aí pra essas bobagens e colocou o raio como símbolo sim, mas do poder e glória divinos! Uma verdadeira tapa na cara de bobos que querem ver o diabo em qualquer lugar.

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Ver também:

Force 3