História complicada is coming hahaha. As I Lay Dying, ou AILD (nome baseado na novela de mesmo nome de Willian Faulkner) surgiu em 2000 em San Diego, California, como um trio formado por Tim Lambesis (vocais, Austrian Death Machine e Pyrithion), Jordan Mancino (bateria, Wovewar e da secular Killswitch Engage) e Evan White (guitarras e baixo). Com essa formação em trio lançaram o brutalíssimo death melódico de "Beneath the Encasing of Ashes" (2001). Posteriormente a banda seguiu fazendo uma mudança sensível no seu estilo, inserindo influências do hardcore, criando aquele que é considerado por muitos o disco que define o gênero "metalcore melódico" no mundo todo: "Frail Words Collapse" (2003). Daí pra frente tornaram-se provavelmente uma das mais famosas bandas de metalcore da história, não só dentro do cristianismo. Curiosamente a banda nunca realmente se definiu como uma banda de "metal cristão", e suas letras sempre foram mais sugestivas ao falar da fé deles do que propriamente um monte de letras religiosas de fato. Mas o peso da fama e algumas outras questões foram levando a banda a se distanciar da temática (e também da fé!), em especial Tim, que após o álbum "Awakened" (2012) ficou claro que a banda havia perdido sua essência. Tim em 2013 acabou passando por um sério problema pessoal (e criminal!) quando contratou uma pessoa para dar cabo de sua ex-esposa Meggan, mas esse "matador profissional" na realidade era um policial disfarçado e ele acabou preso e condenado a alguns anos de prisão. Em vista desse fato Jordan e cia decidiram por fim ao grupo em 9 de abril de 2014, em seguida formando a banda Wovewar com os vocais de Shane Blay (Oh, Sleeper!). Após sua soltura em 02/09/2017 Tim planejou com os outros membros o retorno do projeto, realizado em 07/06/2018 com a formação clássica (Tim, Mancino, Phil Sgrosso - guitarras -, Nick Hipa - guitarras -, e Josh Gilbert - baixo e vocais limpos). Desde então seguem carreira e têm, como declararam a um tempo atrás, "curado as feridas". Em 2019 Shaped by Fire é lançado, mostrando que sim, eles voltaram e com tudo!
Beneath the Encasing of Ashes (2001)
01 - Beneath the Encasing of Ashes
02 - Torn Within
03 - Forced to Die
04 - A Breath In The Eyes Of Eternity
05 - Blood Turned to Tears
06 - The Voices that Betray Me
07 - When the World Fades
08 - Surrounded
09 - A Long March
10 - Refined by Your Embrace
11 - The Innocence Spilled
Brutal e fora de série, bem diferente de todos os outros lançamentos da banda praticamente, afinal esse é um som muito mais na linha do death metal melódico, bem próximo do que bandas como Becoming the Archetype e In Flames faziam (só que bem mais bruto, diga-se de passagem). As letras da banda aqui eram bem mais voltadas à fé cristã que geralmente eles fariam no resto de sua discografia. Por muito tempo o meu predileto da banda por não conter nada de metalcore (sim, eu nunca fui fã mesmo do gênero, confesso!), atualmente é um dos meus três prediletos (junto com An Ocean Between Us e Shaped by Fire).
As I Lay Dying / American Tragedy (Split, 2002)
AILD:
01 - Illusions
02 - The Beginning
03 - Reinvention
04 - The Pain of Separation
05 - Forever
American Tragedy
06 - "-"
07 - Choking of a Dream
08 - World Intruded
09 - Spite and Splinter
10 - Porcelain Angels
11 - Moments and in Between
Aqui no site eu quero colocar os splits na seção de compilações, mas nesse caso dá pra abrir uma exceção porque não sei nada do American Tragedy (nem sei mesmo se algum dia vou inserir eles aqui mesmo kkkkk) (NOTA: descobri depois que a split foi a ÚNICA coisa que lançaram, o que torna ainda mais óbvia a inclusão aqui mesmo). Então vamos lá: AILD segue fazendo um som bem bruto na linha do primeiro disco, porém já aqui nota-se a inserção de riffs mais puxados pro hardcore, como dá pra notar nos arranjos de "Reinvention" e "Pain of Separation". É dessa split uma das faixas mais famosas da banda: "Forever".
American Tragedy já segue uma sonoridade mais próxima do post-hardcore, me lembrando bastante bandas como Underøath e Blindside. Não me empolgou muito, apesar de tocarem bem o bastante pra não se passarem por mais uma dessas cópias do gênero. A melhor faixa é a última, com vocais limpos bem melódicos no refrão.
Frail Words Collapse (2003)
01 - 94 Hours
02 - Falling Upon Deaf Ears
03 - Forever
04 - Collision
05 - Distance is Darkness
06 - Behind Me Lies Another Fallen
07 - Undefined
08 - A Thousand Steps
09 - The Begining
10 - Song 10
11 - The Pain of Separation
12 - Elegy
01/07/2003: Nasce o Metalcore Melódico. O subgênero que acabou tornando-se a cara geral do estilo de fusão do groove metal com o hardcore (haja vista que as origens mesmo do metalcore remontam os anos 1990 com bandas como Living Sacrifice, ZAO e a secular Earth Crisis, dentre outras). Mas a mistura do hardcote com o death melódico executada pelo As I Lay Dying aqui tornou-se praticamente uma "receita mágica" similar ao que Killswitch Engage e Shadows Fall fariam. Essas três bandas mais Avenged Sevenfold acabaram definindo os rumos do gênero (bem como o criticado por muitos número de bandas "imitadoras" quase clones delas). O contrato com a gigante Metal Blade ajudou muito no aumento de popularidade da banda, mas obviamente a qualidade do disco também ajudou muito. Frail Words Collapse é um verdadeiro petardo nas primeiras faixas, mas com o passar do disco começa a ficar um tanto "repetitivo". A partir de Collision o disco parece meio que repetir a fórmula, embora mantenha a qualidade e arranjos fascinantes (basta ver a intro de "Distance is Darkness" ou os riffs insandos de "A Thousand Steps", ou o instrumental de Song 10). Um ótimo disco, porém nada que me empolgasse tanto.
Shadows are Security (2005)
01 - Meaning in Tragedy
02 - Confined
03 - Losing Sight
04 - The Darkest Nights
05 - Empty Hearts
06 - Reflection
07 - Repeating Yesterday
08 - Through Struggle
09 - The Truth of my Perception
10 - Control Is Dead (Feat. Dan Weyandt)
11 - Morning Waits
12 - Illusions (Feat. Jason Moody)
Segundo disco do AILD que ouvi na vida, e nesse a banda começou a inserir muito mais elementos melódicos. É bem legal essa variação dos vocais mais pesados do Tim Lambesis com os vocais limpos do convidado David Arthur (da banda Kings to You). Ainda contou com a participação especial dos vocais de Jason Moody (da conterrânea banda de HC No Innocent Victim) na faixa 12 e de Daniel Weyandt (da ZAO) na faixa 10. A sonoridade mais elaborada desse disco é fantástica. Embora ainda mantenha uma dose um tanto incômoda de repetitividade sonora entre as músicas, é impossível ignorar o potencial que esse disco tem, mostrando o caminho que a banda tomaria a seguir, quando enfim a formação clássica iria se juntar. Odeio copiar falas de outros revisionistas, mas baseando-me no dito por Evangelion2014 no site Encyclopaedia Metallum, "você sabe o que há em comum no gênero metalcore? Breakdowns pra caramba, vocais limpos irritantes, estrutura básica de pop music e a vergonhosa adoração repetitiva ao death melódico de Gothenburg? Bem, na maior parte desse disco esses abismos são ignorados e assim formando uma sólida experiência na ouvida".
An Ocean Betweeen Us (2007)
01 - Separation (intro)
02 - Nothing Left
03 - An Ocean Between Us
04 - Within Destruction
05 - Forsaken
06 - Comfort Betrays
07 - I Never Wanted
08 - Bury Us All
09 - The Sound of Truth
10 - Departed (instrumental)
11 - Wrath Upon Ourselves
12 - This is Who We Are
Com esse disco eu fui apresentado ao mundo da AILD. Eu me lembro como se fosse hoje, eu chegando na casa do meu amigo Alessandro Rodrigues (Alex) e ele me apresentando esse disco que havia acabado de sair do AILD, banda que era a segunda de metalcore que ele conhecia na vida (e eu também - a primeira de ambos tinha sido Demon Hunter). Confesso que eu nem imaginava o impacto que esse disco teria sobre a cena do metal a nível mundial, inclusive na cena cristã. O disco trazia a formação clássica da banda (Lambesis, Mancini, Hipa, Sgrosso e Gilbert) e uma avalanche de caos que ia do metalcore simples - porém direto - de Nothing Left ao death melódico de Within Destruction, passando ainda pela ultramelódica "Forsaken". Peças instrumentais, piano (magistralmente tocado por Sgrosso), vocais limpos eficazes e nem um pouco "melosos", tudo a mais que os discos anteriores, e tudo muito melhor. As letras muito mais "crípticas" no entanto geram uma estranheza em muitos "religiosos" de plantão. Essa questão de "cantar letras mais diretamente cristãs X letras mais positivas e sugestivas" é um tema que sempre gerará controvérsia (Nota do editor: Em breve vou tentar escrever minha opinião acerca desse assunto). Sem dúvidas um dos meus prediletos da banda pra sempre, além de conter o aspecto de "saudosismo" por ter sido onde eu comecei minha vida de fã "não assumido" da banda, "An Ocean..." é um marco sem sombra de dúvidas pra muita gente. Infelizmente acabou meio que esteriotipando o gênero, tal qual algumas outras grandes como Killswitch Engage fariam inadvertidamente com uma sequência monstruosa de clones deles - uma lástima na minha opinião.
The Powerless Rise (2010)
01 - Beyond Your Suffering
02 - Anodyne Sea
03 - Without Conclusion
04 - Parallels
05 - The Plague
06 - Anger And Apathy
07 - Condemned
08 - Upside Down Kingdom
09 - Vacancy
10 - The Only Constant Is Change
11 - The Blinding of False Light
Considerado juntamente com o "Awakened" um dos 24 discos para entender o que é o Metalcore Melódico pelo site Whiplash.Net, "The Powerless Rise" é verdadeiramente um petardo de brutalidade impressionante. Muito mais pesado que o disco anterior, embora não desfrute por mim do mesmo fator "nostálgico", aqui os vocais de Lambesis estão com um vigor inacreditável, muito mais rasgados, menos groove e bem mais death metal (relembrando os vocais dos primórdios da carreira), mas além disso tem os fatores básicos como alguns breakdowns (Anodyne Sea por exemplo) e os vocais limpos de Gilbert que mais uma vez não decepcionam nem ficam na linha "screamo" como é o caso de muitas bandas do gênero. Entretanto a partir desse disco é possível notar e ter um certo cuidado no quesito lírico. Letras como a de "The Plague", criticando os fariseus da modernidade com seus sepulcros caiados é algo plenamente aceitável, justo e correto, mas uma letra como a de "The Blinding of False Light" me deixou um tanto confuso. Acredito ser também uma crítica ao sistema em si, mas à primeira mão me deixou preocupado. Fato é que nesse tempo já a banda parecia cada vez menos "religiosa" por assim dizer, mas o maior problema mesmo da discografia da banda ainda estava por vir...
Decas (EP, 2011)
01 - Paralyzed
02 - From Shapeless To Breakable
03 - Moving Foward
04 - War Ensemble (Slayer cover)
05 - The Hellion (Judas Priest cover)
06 - Electric Eye (Judas Priest cover)
07 - Coffee Mug (Descendents cover)
08 - Beneath The Encasing Of Ashes (Re-Recorded Medley)
09 - The Blinding of False Light (Innerpartysystem Remix)
10 - Wrath Upon Ourselves (Benjamin Weinman Remix)
11 - Confined (Kelly "Carnage" Cairns Remix)
12 - Elegy (Big Chocolate Remix)
Sem dúvidas o "EP" maior que já vi em minha vida, pela quantidade de músicas e extensão dessas. OK, tecnicamente só deveria contar com as 7 primeiras faixas, as três primeiras inéditas e muito boas, além dos covers (inclusive um controverso cover pra Slayer que até hoje dá o que falar). As faixas finais da 8 pra 12 são remixes e um medley do primeiro disco da banda num estilo mais próximo ao metalcore melódico. Ítem de colecionador, com a qualidade esperável pro AILD.
Curiosidade: O cover de War Ensemble originalmente saiu na trilha sonora do jogo Homefront, chamada "Homefront: Songs of Resistance", e originalmente podia ser baixada no site oficial do game.
Awakened (2012)
01 - Cauterize
02 - A Greater Foundation
03 - Resilience
04 - Wasted Words
05 - Whispering Silence
06 - Overcome
07 - No Lungs to Breathe
08 - Defender
09 - Washed Away (instrumental)
10 - My Only Home
11 - Tear Out My Eyes
OBS: A versão deluxe contém como faixas-bônus "Unwound" (demo) e "A Greater Foundation" (demo).
Hora da polêmica e do caos! Awakened mostra o lado mais obscuro e controverso da banda, na época mais confusa da vida deles. Liricamente é o menos cristão de todos - até meio anticristão, como a letra de "A Greater Foundation". É terrível ver dessa forma a perda de fé de alguém, algo muito parecido com o que aconteceu com Blessthefall e anos mais tarde com Underøath, só pra citar as mais próximas do estilo do AILD.
Confesso que dói ouvir esse disco, mais ainda quando lembro que ele já mostrava o caos interior que Tim Lambesis estava vivendo, que se amplificou até o ato estúpido de 2013, que o conduziu à prisão. Nesse período ele estava, segundo a ex-esposa, obsecado por fisioculturismo e tatuagens, além de ter tornado-se um pai ausente pros três filhos adotivos. Realmente assustador retrato do caos que um homem pode chegar. No dia 07 de maio de 2013 Tim acabou preso depois que a polícia, já o investigando a um tempo sob suspeita de estar atrás de um matador profissional pra dar cabo da ex-mulher, colocou um detetive particular disfarçado que acabou o pegando "com a boca na botija". Pouco tempo depois a banda encerrou as atividades devido a prisão do seu vocalista. Foi condenado em 2014 a seis anos de prisão, mas cumpriu apenas metade da pena, sendo solto em 2017, e nesse ano chegou a publicamente pedir perdão pela barbaridade que ele tentou cometer. Chegou-se a especular que ele iria conduzir a banda sem os antigos integrantes, mas em 7 de junho de 2018 a banda finalmente se reuniu, botando fim aos problemas do passado e se preparando pro petardo que iriam lançar como cartão de visitas de seu retorno...
"Não consigo descrever por palavras o quão lamento a dor que causei. Não existe desculpas para o que fiz e olho para quem me tornei com o mesmo desdém com que muitos de vocês olham... A quem se inspirava em mim como artista, eu os decepcionei de tantas maneiras. Tentei mostrar o meu melhor lado para o público, mas alimentando um horrendo monstro por trás do olhar de todos."
- Tim Lambesis, 17 de dezembro de 2017.
Shaped by Fire (2019)
01 - Burn to Emerge (intro)
02 - Blinded
03 - Shaped by Fire
04 - Undertow
05 - Torn Between
06 - Gatekeeper
07 - The Wreckage
08 - My Own Grave
09 - Take What's Left
10 - Redefined
11 - Only After We've Fallen
12 - The Toll it Takes
Retorno em ALTO ESTILO! Isso é tudo que se pode falar pra resumir o que representa Shaped by Fire. Já apresentando um bocado do disco na turnê de 2019 (que passou inclusive pelo Brasil), o AILD trouxe essa brutalidade anormal, lírica e musicalmente, consigo. Sem dúvidas um dos melhores discos de 2019 e um dos três melhores discos da banda em minha opinião - quiçá o melhor, mostra que a banda estava realmente querendo voltar, e tudo que representou esse tempo, em especial pro próprio Lambesis. Sua péssima experiência entre 2013 a 2017 realmente o ensinou que ele estava "cego pela dor... e só focando em si mesmo", precisou de realmente passar pelo fogo (como a faixa título sugere) pra poder ver onde ele havia caído. Brutalidade é realmente uma palavra bem pequena pra definir o poder de fogo desse disco!
Oremos pelos caras, eles realmente estão na luta para não mais cair nos erros do passado, e antes que alguém tente, como alguns "fãs" revoltados que abandonaram a banda depois de 2013 fazem, fazer críticas vazias a eles, olhemos pra nossas vidas: somos tão propensos ao mal quanto eles, se não vigiarmos. Acredite, existiram e ainda existem (e talvez ainda existirão) muitos "Lambesis" por aí afora que torturam psicológica, moral e fisicamente suas esposas e esposos, alguns até mesmo os matando ou contratando alguém pra fazer isso caso ela ou ele se separe ou faça algo que eles não gostam - e isso se dizendo cristãos ou até mesmo pastores. Vigiai e orai, e não façamos juízos temerários e condenatórios, pois essa mesma medida que usamos pra condenar alguém pode se voltar contra nós! Que Deus abençoe o As I Lay Dying e a todos os seus servos!
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