Trouble é uma das melhores bandas da história, criada em 1978, e tendo sua formação mais afamada Eric Wagner (vocal, também na banda The Skull e Blackfinger), Bruce Franklin (guitarras, também nas bandas Generation e Supershine), Jeff Olson (bateria, também em Supershine, The Skull e outras), Sean McAllister (baixo) e posteriormente Ron Holzner (baixo) e Rick Wartell (guitarras). Pela banda passaram também nomes como Ted Kirkpatrick (sim, ele mesmo, o baterista do Tourniquet) e Kyle Thomas (atual vocalista da banda).
Trouble foi uma das bandas que ajudou na instituição de dois estilos musicais, dois subgêneros do metal: o doom metal e o stoner metal. Curiosamente a banda, que sempre trouxe em suas letras uma temática cristã, jamais se declarou uma banda "cristã" e inclusive ao longo da década de 1990 fez o possível pra se distanciar do terrível rótulo "white metal", que eles tiveram a "honra" (ou seria melhor dizer "desonra") de inaugurar, por culpa da Metal Blade, que também criou o rótulo "black metal" (já falei acerca disso salvo engano no artigo da Horde). A popularidade da banda foi testada (e aprovada) quando da aparição deles na coletânea Metal Massacre 4 (1983).
Infelizmente no dia 23 de agosto de 2021 Eric Wagner nos deixou após uma luta contra a infame COVID-19, doença tão terrível e que ainda assim tantos "cristãos" que até se dizem fãs da banda foram e continuam sendo capazes de serem contra medidas de proteção a essa doença.
A importância da banda foi tamanha que receberam covers do Tourniquet, Sabbatariam, Krig, dentre outras.
LEIA OUVINDO AQUI!
Demo (1980)
01 - Dying Love
02 - Demon's Call
03 - Child of Tomorrow
Demo que já mostra um pouco do potencial do que a banda faria, numa pegada mais speed metal/proto-thrash, que lembra bastante os trabalhos da secular Pentagram. Curiosamente são três faixas raríssimas, que jamais foram usadas em discos posteriores da banda.
01 - The Tempter
02 - Revelation (Life or Death)
03 - Wickedness of Man
04 - Assassin
Agora sim uma demo com uma sonoridade doom metal de fato, inclusive com músicas que reapareceriam no primeiro disco da banda. Obviamente a qualidade de produção é bem mais "baixa" do que a de um lançamento completo em estúdio, mas vale muito a ouvida, principalmente para perceber a inconfundível influência de Black Sabbath dos primeiros discos e o vocal "Ozzyosbourniano" do saudoso Eric Wagner.
Demo 3 (1983)
01 - Wickedness of Man
02 - The Last Judgement
"Mais do mesmo" na primeira música (o que não é ruim, aliás) e outra faixa que também entraria no debut album.
Live K7 (1983)
01 - Bastards Will Pay
02 - Gideon
03 - Son of a B**** (Accept cover)
04 - Victim of the Insane
05 - Fear No Evil
06 - Confused (Angel Witch cover)
07 - Assassin
08 - Death Wish I
09 - The Tempter
10 - Wickedness of Man
11 - Psalm 9
12 - Death Wish II
13 - Endtime
14 - Jeff Olson drum solo
15 - Last Judgement
16 - Revelation (Life or Death)
Pra uma gravação rehearsal / demo ao vivo, essa K7 é uma boa pedida. Mas se você é purista cristão, tome cuidado, vai aparecer muito aquelas palavrinhas com F no meio do show haha. Lembre-se, eles acreditam sim em Deus, mas não são os "crentes santarrões" que muita gente pinta. Legal dessa K7 também é ver que eles cantavam já desde então faixas que só apareceriam no segundo disco, como Gideon e Fear No Evil. É legal também ouvir uma versão doom da clássica "Son of a B****" do Accept, com o Eric fazendo um vocal que certeza que o Udo aprovou haha.
01 - Assassin
02 - Tales of Brave Ulysses (Cream cover)
Assassin foi uma bela escolha para música de trabalho, mas o cover alucinante de Tales of Brave Ulysses merece toda exaltação, já mostrando as raízes no psicodélico que a Trouble sempre teve e amplificaria a partir dos anos 1990.
Psalm 9 (1984)
01 - The Tempter
02 - Assassin
03 - Victim of the Insane
04 - Revelation (Life or Death)
05 - Bastards Will Pay
06 - The Fall of Lucifer
07 - Endtime
08 - Psalm 9
BÔNUS: Tales of the Brave Ulysses
Para muitos críticos, esse disco foi quem sacramentou de fato o que seria esse tal de doom metal. Até então já existiam bandas que aqui e ali tinham lançado sons nessa linha como o Black Sabbath, o Pentagram, o Nemesis (futura Candlemass), a Saint Vitus e a Witchfinder General, além de ocasionais outras bandas que faziam um som soturno (dizem que as origens remontam até dos Beatles com a faixa I Want You (She's So Heavy), que realmente é bem doom, ou do Blue Cheer com seu álbum de estreia Vincebus Eruptum), mas foi "Psalm 9" o disco que definiu bem o que é Doom Metal. Temas soturnos e fortes que vinham sendo desenvolvidos desde as primeiras demos, além das guitarras de Bruce e Rick que são incomparáveis.
CURIOSIDADE: Originalmente o nome desse disco era "auto-intitulado". Porém devido às referências ao Salmos 9 na contracapa, acabaram por nomear o disco como Psalm 9 nos lançamentos seguintes.
KILLER TRACKS: O disco inteiro, sem nenhuma em especial porque é uma obra a ser ouvida do início ao fim sem cessar.
The Skull (1985)
01 - Pray for the Dead
02 - Fear no Evil
03 - The Wish
04 - The Truth is What Is
05 - Wickedness of Man
06 - Gideon
07 - The Skull
Não tão aclamado quanto o primeiro disco (eu não faço ideia do porquê, já que é um senhor disco de doom metal). Entre outras coisas, a faixa "The Wish", longa, porém absurdamente bem gravada. Fear no Evil é uma das minhas prediletas da banda Trouble como um todo. Já a faixa título expõe de maneira absurdamente incrível a crucificação de Jesus. É um senhor disco sim, de tão bem construído.
KILLER TRACKS: O álbum como um todo.
CURIOSIDADE: Não só o nome do disco, como também a logo do disco em si é usada para nomear a banda que o Eric Wagner e o Jeff Olson montaram nos anos 2010.
Demo 4 (1985)
01 - The Misery Shows
02 - Thinking of the Past
03 - Run to the Light
Demos de faixas que fariam parte do disco "Run to the Light", ótimo preview do que viria.
Run to the Light (1987)
01 - The Misery Shows
02 - Thinking of the Past
03 - On Borrowed Time
04 - Run to the Light
05 - Peace of Mind
06 - Born in a Prison
07 - Tuesday's Child
08 - The Beginning
Inclusão de teclados deixou esse disco com algumas influências maiores do rock psicodélico, além de um andamento mais blueseiro. Esse disco, junto com o seguinte, podemos considerar como discos de transição, sendo esse mais doom metal e o seguinte mais próximo do stoner. Run to the Light é o último disco a conter letras mais "cristãs", além de conter faixas absurdamente lindas, como "The Misery Shows" e a faixa título. É mais um disco que vale a pena demais ser ouvido sem sombra de dúvidas.
KILLER TRACKS: O disco, mas principalmente a faixa título e The Misery Shows.
Dallas, Texas, Alive! (bootleg, 1990) Esse show rola até Helter Skelter dos Beatles, uma bela versão aliás Várias canções são do autointitulado disco lançado nesse ano |
01 - At the End of my Daze
02 - The Wolf
03 - Psychotic Reaction
04 - A Sinner's Fame
05 - The Misery Shows II
06 - R.I.P.
07 - Black Shapes of Doom
08 - Heaven on My Mind
09 - E.N.D.
10 - All is Forgiven
Após a saída da banda da banda da Metal Blade e assinando com a Def American, Trouble definiu realmente seu som a partir desse disco, além de letras bem menos "religiosas" e já trazendo elementos de psicodelia, viagens no ácido e outras paradas "controversas". Mas é o disco que mais me dá nostalgia, já que eu conheci Trouble essencialmente ouvindo esse disco. Já comecei bem sim ou claro? Pois é! Esse disco é onde estão boa parte das músicas que mais curto da banda, e as mais marcantes em vários níveis, desde a "balada" Misery Shows II à quase thrash "R.I.P.". Várias dessas músicas renderam singles e clipes das músicas, tornando esse o disco que creio ter sido o mais bem sucedido da banda até hoje.
KILLER TRACKS: TODO O DISCO, do início ao fim!
01 - Come Touch the Sky
02 - 'Scuse Me
03 - The Sleeper
04 - Fear
05 - Rain
06 - Tragedy Man
07 - Memory's Garden
08 - Manic Frustration
09 - Hello Strawberry Skies
10 - Mr. White
11 - Breathe...
Copiando uma frase do Scott Waters em sua review, "se os Beatles tocassem doom metal, seria assim!" Manic Frustration é um disco incrível, com muita viagem no ácido (até na capa - literalmente!) e trouxe diversas canções que estão entre as mais clássicas da banda. "Hello Strawberry Skies" me fez lembrar rapidamente "Strawberry Fields Forever" dos Beatles, uma das primeiras músicas de rock psicodélico.
KILLER TRACKS: Come Touch the Sky, Memory's Garden, Manic Frustration, Hello Strawberry Skies
01 - Goin' Home
02 - Window Pain
03 - Requiem
04 - Another Day
05 - Doom Box
EP com faixas raras da banda. Algumas versões bootleg ainda incluem versões de "Tomorrow Never Knows" dos Beatles, Shinin' On do Grand Funk Railroad e Porpoise Song de Carole King e The Monkees.
Plastic Green Head (1995)
01 - Plastic Green Head
02 - The Eye
03 - Flowers
04 - Porpoise Song (The Monkees e Carole King cover)
05 - Opium - Eater
06 - Hear The Earth
07 - Another Day
08 - Requiem
09 - Below Me
10 - Long Shadows Fall
11 - Tomorrow Never Knows (Beatles cover)
12 - Till The End Of Time (Bonus)
Musicalmente é um ótimo disco, em especial pelos covers, mas liricamente eu sinceramente a partir desse não consigo mais dar atenção direito a nenhum.
KILLER TRACKS: Plastic Green Head, The Eye e os covers
A Trouble passaria um tempo meio parada, só voltando na segunda metade dos anos 2000. Nesse período Bruce Franklin participou de projetos como Generation (industrial metal cristã) e Supershine (junto com seu amigo e companheiro de banda Jeff Olson e com dUg Pinnick do King's X), já Eric Wagner participou do superprojeto Probot com o baterista/guitarrista/vocalista Dave Grohl (da Foo Fighters e ex-Nirvana).
Simple Mind Condition (2007)
01 - Goin' Home
02 - Mindbender
03 - Seven
04 - Pictures of Life
05 - After the Rain
06 - Trouble Maker
07 - Arthur Brown's Whiskey Bar
08 - Simple Mind Condition
09 - Ride the Sky
10 - If I Only Had A Reason
11 - The Beginning Of Sorrows
Liricamente mais introspectivo, musicalmente ainda se mantendo um senhor trampo da banda. Elementos harmônicos mais aproximados dos anos 1970, bem na linha do Led Zeppelin, mas obviamente com muito stoner rock e até sludge metal. Seria o último disco de estúdio com o Eric Wagner, que anos mais tarde partiu para outros projetos, como The Skull e Blackfinger. Ótimo disco, mesmo a mais "festeira" em homenagem ao roqueiro shock rocker Arthur Brown (autor da bizarra, porém incrível música "Fire", que chegou a ser coverizada pelo grupo de electrorock Prodigy).
KILLER TRACKS: Goin' Home, Mindbender, Trouble Maker, Ride the Sky
The Distortion Field (2013)
01 - When The Sky Comes Down
02 - Paranoid Conspiracy
03 - The Broken Have Spoken
04 - Sink or Swin
05 - One Life
06 - Have I Told You
07 - Hunters Of Doom
08 - Glass of Lies
09 - Butterflies
10 - Sucker
11 - The Greying Chill Of Autumn
12 - Bleeding Alone
13 - Your Reflection
Disco de estreia em estúdio de Kyle Thomas, que chegou a acompanhar a banda em turnês no início dos anos 2000. O vocal dele não é definitivamente um clone do Eric, ainda que mantenha aquele tom mais grave e rasgado. Bruce e Rick não dão um minuto de descanso nas guitarras e baixos e o batera novato Mark Lira (que também toca na Wet Animal, banda paralela do Rick Wartell) garante bem a qualidade e a quase imortalidade da Trouble. Longa vida a um dos pais do doom metal!
KILLER TRACKS: When the Sky Comes Down, Paranoid Conspiracy, Hunters of Doom
DISCOGRAFIA ADICIONAL:
- Live in Stockholm (DVD, 2006)
- Unplugged (EP, 2007)
- Live in L.A. (2008)
- Demos and Rarities vol. 1 e 2 (compilações, 2010)
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