Antes de mais nada, uma aulinha de história. Você sabe quem foi Catarina Von Bora?
Se pá cê nem sabe quem é Martinho Lutero, o esposo dela, né? Imagina ela então.
"Oras João, o Lutero é o cara da Reforma!"
Tá, mas tem uma grande chance de você nem ter lido as 95 Teses dele, muito menos outros livros dele, para entender bem a importância dele para a igreja cristã como um todo. Pois é... Se brincar, católicos sabem melhor quem ele é do que protestantes - ainda que o que saibam seja "aquele padreco bêbado que dividiu a Igreja!", sem nem saberem que ele nem queria dividir a Igreja, nada disso, só que a falta de diálogo levou a essa situação.
Ah sim, Lutero gostava de tomar umas cervejinhas. NÃO SABIA DESSA NÉ! Pois é, e a mestra cervejeira dele foi uma jovem que um dia fora uma freira, mas que viraria a Primeira-dama da Reforma, Katharina von Bora Luther, nascida em 29 de janeiro de 1499 e falecida em 20 de dezembro de 1552. Sua história de como fugiu com suas companheiras de um convento para Wittenberg e posterior casamento com Lutero depois de alguns pretendentes que deram errado é de certo inspiradora, o próprio Lutero se mostrava um marido feliz e orgulhoso dela como esposa e mãe.
Tão inspiradora história que levou o baterista paraibano Daniel Alves formar a banda de mesmo nome, junto com o guitarrista Caio Raoni e a vocalista Maria Liz, com essa formação chegaram a gravar e lançar um EP no dia 31 de outubro de 2020, o 503º da Reforma Protestante, juntamente com o lançamento da banda pernambucana Hipona.
Posteriormente a banda mudaria de formação para a atual, com o também paraibano guitarrista Matheus Farias e a cantora e tecladista pernambucana Karis Liszt, e também junto ao Coletivo Candiero (que um dia com certeza falaremos aqui no blog com mais detalhes) segue fazendo trabalhos fantásticos na linha do pop rock e música nordestina.
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Catarina Von Bora EP (2020)
01 - Janeiro, 1499
02 - Margarida, A Moça do Palácio
03 - Marcolina, A Moça da Praia
04 - Samaritana, A Moça do Poço
O disco começa com uma ambiência incrível (eu que toco - ou finjo que toco - teclado) abobalhei-me ouvindo a intro que é uma homenagem óbvia (pra quem conhece a Catarina Von Bora do Lutero, claro kkkk) ao mês e ano de nascimento da musa inspiradora da banda e que lhe emprestou o nome.
Daí "do nada" um riff fantástico anuncia "Margarida" anunciando enquanto acende seu candeeiro que existe um Rei maior que os reis dessa Terra (em especial o rei "eu") e que salvação não advém de obras e sim só e somente só através da fé. Esse jeito poético da lírica da banda é de deixar qualquer um chocado, pois é tão incrível quanto o que Marcos Almeida e Fábio Sampaio fazem (o primeiro na carreira solo e antes no Palavrantiga e o segundo na Tanlan).
E esse deslumbramento com o sotaque forte de Maria segue em "Marcolina" e seu ritmo tão suave, ao mesmo tempo marcante, e com uma letra que traz o encantamento de encontrar Deus na criação, no sol num dia de praia, e a esperança que todo cristão deve de ter de que o Noivo virá para nos buscar para o matrimônio celestial.
Por fim, "Samaritana" traz um exemplo diretamente da Bíblia, de João 4, da mulher de Sicar, a samaritana que foi buscar água no poço e acabou conhecendo uma água mais profunda, a do Messias, quando Jesus lhe revelou quem ela era e quem Ele era, tal como Cristo revela quem somos para nós mesmos e por fim se revela para mostrar n'Ele a solução para o nosso eu tão vazio quanto um poço seco. E quando ele nos enche das águas vivas que nunca mais nos deixam com sede, mas que jorram de nós para a vida eterna, é hora de espalhar essa mesma água para todos ao nosso redor. E como essa samaritana entendeu isso bem! Que entendamos também!
Canção pra me Lembrar (single, 2021)
Canção feita em parceria com João Manô, bem mais pop/balada que as canções do EP, com uma letra que faz questão de fazer igual Paulo Cesar dizia em "Situações" do Grupo Logos (que eu já falei aqui no blog, procurem aí!), lembrar daquilo que as vezes nosso eu tenta esquecer: "Nem olhos viram nem ouvidos ouviram, nem jamais penetrou no entendimento humano o que Deus tem preparado para os que o amam." (I Coríntios 2.9)
Acústico Catarina (EP, 2021)
01 - Marcolina, a Moça da Praia
02 - Samaritana, a Moça do Poço
03 - Margarida, a Moça do Palácio
04 - Maltrapilho
Zero bateria, só voz e violão, esse EP é fantástico, com rearranjos de canções lançadas previamente no EP de estreia da banda, além da canção "Maltrapilho", do Northon Pinheiro, que inclusive faz uma baita participação nas duas últimas canções. "Samaritana" ganha uma dinâmica bem melhor aqui, com o diálogo de Daniel e Maria. "Maltrapilho" ficou também muito boa nessa versão, até melhor que a original (desculpa aí Northon kkkk).
Esse EP foi lançado aos poucos como singles, até que por fim foi totalmente lançado pela banda. E vale demais a ouvida, demais mesmo!
Visita (pra fazer nossa canção) (single, 25/12/2021)
Belíssima canção natalina que tal como uniu três mulheres (além da Maria, Ana Heloysa e Juliana Tavares participam dessa) para fazer essa canção, Maria Madalena, Maria, mãe de Tiago (provavelmente Tiago o Menor) e Joana se juntaram para visitar o que seria só uma visita ao túmulo do Cristo, e acabaram por ver o Cristo ressurreto antes de todos, como um cântico do retorno Dele à vida. A esperança do novo amanhecer apareceu para elas três. E "para todos nós... para todos nós..."
Os arranjos dessa canção são bem fora de série, o que torna ela dissonante a diversas canções natalinas que geralmente ouvimos por aí. A prometida paz raiou para todos nós, e é hora de cantar essa canção em louvor a Ele!
EDIT: O noob aqui não se ligou que a música na verdade falava de Maria, mãe de Jesus, Isabel e Ana, as três primeiras pra quem Jesus se revelou. Foi mal, eu sou besta demais as vezes nas minhas análises kkkkkkkkkk
Domingo do Senhor (single, 3/7/2022)
Nova formação, a mesma qualidade sonora e lírica. O vocal de Karis se mostra mais melódico, mas ainda bem marcante e caiu como uma luva na banda. E mais uma vez, uma letra que traz uma reflexão do dia do Senhor, o dia em que Cristo, que antes tinha dado pra morte um novo fim na sexta-feira que nos atravessou, no domingo a esperança retornou no seu amanheceu. Não é de forma alguma uma veneração ao dia da semana (nem um chamado a guardar ele, porque não temos mais dias a guardar - TODOS DIAS são de Deus atualmente, não há mais sábados, pois todos os dias são sábados agora!), mas sim, é uma reflexão sobre a importância de buscarmos a Cristo em comunidade (Igreja somos nós - mas não nós no "bloco do eu sozinho" de Los Hermanos e sim "NÓS REUNIDOS EM NOME DO SENHOR JESUS!") todos juntos sempre em todos domingos. E seria tão incrível se, tal como na Igreja Primitiva, sempre fosse com uma ceia, uma Eucaristia, pois aí sim nos domingos relembrariamos d'Ele, de Seu sacrifício, Sua ressurreição e Sua iminente volta. Santo é o domingo do Senhor!
A capa é uma obra de arte! Já falei até pra Karis para fazerem camiseta dessa capa hahaha é maravilhosa demais!
OBS: O disco "Colcha de Retalhos", bem como outros feats com a galera do Candiero, aparecerão no momento certo aqui no blog, por ora vou destrinchar aos poucos essa galera fabulosa por aqui.
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