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terça-feira, 24 de agosto de 2021

AVISO: Sobre a remoção da seção memorial

 Como alguns deverão notar, a partir de hoje (24/08/2021) a seção Memorial será extinta do site. O motivo é que eu não me sinto mais bem em atualizar essa seção, tendo em vista também a quantidade absurda de pessoas que veem falecendo na cena desde o ano passado, muitas vítimas dessa abominação chamada COVID-19. Eu venho me sentindo mal de verdade em ver tantos indo embora, enfim, Deus conhece cada um dos seus e creio que Ele lembrará mais deles que nós mesmos.

segunda-feira, 23 de agosto de 2021

Trouble

 


Trouble é uma das melhores bandas da história, criada em 1978, e tendo sua formação mais afamada Eric Wagner (vocal, também na banda The Skull e Blackfinger), Bruce Franklin (guitarras, também nas bandas Generation e Supershine), Jeff Olson (bateria, também em Supershine, The Skull e outras), Sean McAllister (baixo) e posteriormente Ron Holzner (baixo) e Rick Wartell (guitarras). Pela banda passaram também nomes como Ted Kirkpatrick (sim, ele mesmo, o baterista do Tourniquet) e Kyle Thomas (atual vocalista da banda).

Trouble foi uma das bandas que ajudou na instituição de dois estilos musicais, dois subgêneros do metal: o doom metal e o stoner metal. Curiosamente a banda, que sempre trouxe em suas letras uma temática cristã, jamais se declarou uma banda "cristã" e inclusive ao longo da década de 1990 fez o possível pra se distanciar do terrível rótulo "white metal", que eles tiveram a "honra" (ou seria melhor dizer "desonra") de inaugurar, por culpa da Metal Blade, que também criou o rótulo "black metal" (já falei acerca disso salvo engano no artigo da Horde). A popularidade da banda foi testada (e aprovada) quando da aparição deles na coletânea Metal Massacre 4 (1983).

Infelizmente no dia 23 de agosto de 2021 Eric Wagner nos deixou após uma luta contra a infame COVID-19, doença tão terrível e que ainda assim tantos "cristãos" que até se dizem fãs da banda foram e continuam sendo capazes de serem contra medidas de proteção a essa doença.

A importância da banda foi tamanha que receberam covers do Tourniquet, Sabbatariam, Krig, dentre outras.

LEIA OUVINDO AQUI!

Demo (1980)

01 - Dying Love
02 - Demon's Call
03 - Child of Tomorrow

Demo que já mostra um pouco do potencial do que a banda faria, numa pegada mais speed metal/proto-thrash, que lembra bastante os trabalhos da secular Pentagram. Curiosamente são três faixas raríssimas, que jamais foram usadas em discos posteriores da banda.


Demo 2 (1982)

01 - The Tempter
02 - Revelation (Life or Death)
03 - Wickedness of Man
04 - Assassin


Agora sim uma demo com uma sonoridade doom metal de fato, inclusive com músicas que reapareceriam no primeiro disco da banda. Obviamente a qualidade de produção é bem mais "baixa" do que a de um lançamento completo em estúdio, mas vale muito a ouvida, principalmente para perceber a inconfundível influência de Black Sabbath dos primeiros discos e o vocal "Ozzyosbourniano" do saudoso Eric Wagner.

Demo 3 (1983)

01 - Wickedness of Man
02 - The Last Judgement

"Mais do mesmo" na primeira música (o que não é ruim, aliás) e outra faixa que também entraria no debut album.


Live K7 (1983)

01 - Bastards Will Pay
02 - Gideon
03 - Son of a B**** (Accept cover)
04 - Victim of the Insane
05 - Fear No Evil
06 - Confused (Angel Witch cover)
07 - Assassin
08 - Death Wish I
09 - The Tempter
10 - Wickedness of Man
11 - Psalm 9
12 - Death Wish II
13 - Endtime
14 - Jeff Olson drum solo
15 - Last Judgement
16 - Revelation (Life or Death)

Pra uma gravação rehearsal / demo ao vivo, essa K7 é uma boa pedida. Mas se você é purista cristão, tome cuidado, vai aparecer muito aquelas palavrinhas com F no meio do show haha. Lembre-se, eles acreditam sim em Deus, mas não são os "crentes santarrões" que muita gente pinta. Legal dessa K7 também é ver que eles cantavam já desde então faixas que só apareceriam no segundo disco, como Gideon e Fear No Evil. É legal também ouvir uma versão doom da clássica "Son of a B****" do Accept, com o Eric fazendo um vocal que certeza que o Udo aprovou haha.


Assassin (single) (1984)

01 - Assassin
02 - Tales of Brave Ulysses (Cream cover)



Assassin foi uma bela escolha para música de trabalho, mas o cover alucinante de Tales of Brave Ulysses merece toda exaltação, já mostrando as raízes no psicodélico que a Trouble sempre teve e amplificaria a partir dos anos 1990.


Psalm 9 (1984)

01 - The Tempter
02 - Assassin
03 - Victim of the Insane
04 - Revelation (Life or Death)
05 - Bastards Will Pay
06 - The Fall of Lucifer
07 - Endtime
08 - Psalm 9

BÔNUS: Tales of the Brave Ulysses

Para muitos críticos, esse disco foi quem sacramentou de fato o que seria esse tal de doom metal. Até então já existiam bandas que aqui e ali tinham lançado sons nessa linha como o Black Sabbath, o Pentagram, o Nemesis (futura Candlemass), a Saint Vitus e a Witchfinder General, além de ocasionais outras bandas que faziam um som soturno (dizem que as origens remontam até dos Beatles com a faixa I Want You (She's So Heavy), que realmente é bem doom, ou do Blue Cheer com seu álbum de estreia Vincebus Eruptum), mas foi "Psalm 9" o disco que definiu bem o que é Doom Metal. Temas soturnos e fortes que vinham sendo desenvolvidos desde as primeiras demos, além das guitarras de Bruce e Rick que são incomparáveis.

CURIOSIDADE: Originalmente o nome desse disco era "auto-intitulado". Porém devido às referências ao Salmos 9 na contracapa, acabaram por nomear o disco como Psalm 9 nos lançamentos seguintes.

KILLER TRACKS: O disco inteiro, sem nenhuma em especial porque é uma obra a ser ouvida do início ao fim sem cessar.


The Skull (1985)

01 - Pray for the Dead
02 - Fear no Evil
03 - The Wish
04 - The Truth is What Is
05 - Wickedness of Man
06 - Gideon
07 - The Skull



Não tão aclamado quanto o primeiro disco (eu não faço ideia do porquê, já que é um senhor disco de doom metal). Entre outras coisas, a faixa "The Wish", longa, porém absurdamente bem gravada. Fear no Evil é uma das minhas prediletas da banda Trouble como um todo. Já a faixa título expõe de maneira absurdamente incrível a crucificação de Jesus. É um senhor disco sim, de tão bem construído.

KILLER TRACKS: O álbum como um todo.

CURIOSIDADE: Não só o nome do disco, como também a logo do disco em si é usada para nomear a banda que o Eric Wagner e o Jeff Olson montaram nos anos 2010.

Demo 4 (1985)

01 - The Misery Shows
02 - Thinking of the Past
03 - Run to the Light

Demos de faixas que fariam parte do disco "Run to the Light", ótimo preview do que viria.


Run to the Light (1987)

01 - The Misery Shows
02 - Thinking of the Past
03 - On Borrowed Time
04 - Run to the Light
05 - Peace of Mind
06 - Born in a Prison
07 - Tuesday's Child
08 - The Beginning


Inclusão de teclados deixou esse disco com algumas influências maiores do rock psicodélico, além de um andamento mais blueseiro. Esse disco, junto com o seguinte, podemos considerar como discos de transição, sendo esse mais doom metal e o seguinte mais próximo do stoner. Run to the Light é o último disco a conter letras mais "cristãs", além de conter faixas absurdamente lindas, como "The Misery Shows" e a faixa título. É mais um disco que vale a pena demais ser ouvido sem sombra de dúvidas.

KILLER TRACKS: O disco, mas principalmente a faixa título e The Misery Shows.


Dallas, Texas, Alive! (bootleg, 1990)
Esse show rola até Helter Skelter dos Beatles, uma bela versão aliás
Várias canções são do autointitulado disco lançado nesse ano


Trouble (1990)

01 - At the End of my Daze
02 - The Wolf
03 - Psychotic Reaction
04 - A Sinner's Fame
05 - The Misery Shows II
06 - R.I.P.
07 - Black Shapes of Doom
08 - Heaven on My Mind
09 - E.N.D.
10 - All is Forgiven

Após a saída da banda da banda da Metal Blade e assinando com a Def American, Trouble definiu realmente seu som a partir desse disco, além de letras bem menos "religiosas" e já trazendo elementos de psicodelia, viagens no ácido e outras paradas "controversas". Mas é o disco que mais me dá nostalgia, já que eu conheci Trouble essencialmente ouvindo esse disco. Já comecei bem sim ou claro? Pois é! Esse disco é onde estão boa parte das músicas que mais curto da banda, e as mais marcantes em vários níveis, desde a "balada" Misery Shows II à quase thrash "R.I.P.". Várias dessas músicas renderam singles e clipes das músicas, tornando esse o disco que creio ter sido o mais bem sucedido da banda até hoje.

KILLER TRACKS: TODO O DISCO, do início ao fim!

Manic Frustration (1992)

01 - Come Touch the Sky
02 - 'Scuse Me
03 - The Sleeper
04 - Fear
05 - Rain
06 - Tragedy Man
07 - Memory's Garden
08 - Manic Frustration
09 - Hello Strawberry Skies
10 - Mr. White
11 - Breathe...

Copiando uma frase do Scott Waters em sua review, "se os Beatles tocassem doom metal, seria assim!" Manic Frustration é um disco incrível, com muita viagem no ácido (até na capa - literalmente!) e trouxe diversas canções que estão entre as mais clássicas da banda. "Hello Strawberry Skies" me fez lembrar rapidamente "Strawberry Fields Forever" dos Beatles, uma das primeiras músicas de rock psicodélico.

KILLER TRACKS: Come Touch the Sky, Memory's Garden, Manic Frustration, Hello Strawberry Skies


One for the Road (EP, 1994)

01 - Goin' Home
02 - Window Pain
03 - Requiem
04 - Another Day
05 - Doom Box


EP com faixas raras da banda. Algumas versões bootleg ainda incluem versões de "Tomorrow Never Knows" dos Beatles, Shinin' On do Grand Funk Railroad e Porpoise Song de Carole King e The Monkees.


Plastic Green Head (1995)

01 - Plastic Green Head
02 - The Eye
03 - Flowers 
04 - Porpoise Song (The Monkees e Carole King cover)
05 - Opium - Eater
06 - Hear The Earth
07 - Another Day
08 - Requiem
09 - Below Me
10 - Long Shadows Fall
11 - Tomorrow Never Knows (Beatles cover)
12 - Till The End Of Time (Bonus)

Musicalmente é um ótimo disco, em especial pelos covers, mas liricamente eu sinceramente a partir desse não consigo mais dar atenção direito a nenhum.

KILLER TRACKS: Plastic Green Head, The Eye e os covers

A Trouble passaria um tempo meio parada, só voltando na segunda metade dos anos 2000. Nesse período Bruce Franklin participou de projetos como Generation (industrial metal cristã) e Supershine (junto com seu amigo e companheiro de banda Jeff Olson e com dUg Pinnick do King's X), já Eric Wagner participou do superprojeto Probot com o baterista/guitarrista/vocalista Dave Grohl (da Foo Fighters e ex-Nirvana).


Simple Mind Condition (2007)

01 - Goin' Home
02 - Mindbender
03 - Seven
04 - Pictures of Life
05 - After the Rain
06 - Trouble Maker
07 - Arthur Brown's Whiskey Bar
08 - Simple Mind Condition
09 - Ride the Sky
10 - If I Only Had A Reason
11 - The Beginning Of Sorrows

Liricamente mais introspectivo, musicalmente ainda se mantendo um senhor trampo da banda. Elementos harmônicos mais aproximados dos anos 1970, bem na linha do Led Zeppelin, mas obviamente com muito stoner rock e até sludge metal. Seria o último disco de estúdio com o Eric Wagner, que anos mais tarde partiu para outros projetos, como The Skull e Blackfinger. Ótimo disco, mesmo a mais "festeira" em homenagem ao roqueiro shock rocker Arthur Brown (autor da bizarra, porém incrível música "Fire", que chegou a ser coverizada pelo grupo de electrorock Prodigy).

KILLER TRACKS: Goin' Home, Mindbender, Trouble Maker, Ride the Sky

The Distortion Field (2013)

01 - When The Sky Comes Down
02 - Paranoid Conspiracy
03 - The Broken Have Spoken
04 - Sink or Swin
05 - One Life
06 - Have I Told You
07 - Hunters Of Doom
08 - Glass of Lies
09 - Butterflies
10 - Sucker
11 - The Greying Chill Of Autumn
12 - Bleeding Alone
13 - Your Reflection

Disco de estreia em estúdio de Kyle Thomas, que chegou a acompanhar a banda em turnês no início dos anos 2000. O vocal dele não é definitivamente um clone do Eric, ainda que mantenha aquele tom mais grave e rasgado. Bruce e Rick não dão um minuto de descanso nas guitarras e baixos e o batera novato Mark Lira (que também toca na Wet Animal, banda paralela do Rick Wartell) garante bem a qualidade e a quase imortalidade da Trouble. Longa vida a um dos pais do doom metal!

KILLER TRACKS: When the Sky Comes Down, Paranoid Conspiracy, Hunters of Doom

DISCOGRAFIA ADICIONAL:

- Live in Stockholm (DVD, 2006)
- Unplugged (EP, 2007)
- Live in L.A. (2008)
- Demos and Rarities vol. 1 e 2 (compilações, 2010)

domingo, 15 de agosto de 2021

Memória: Peregrinação nas lojas de discos de Pernambuco



 
Pernambuco, em especial a região metropolitana do Recife, me deu muitas alegrias em discos desde antes de eu me converter ao Evangelho. A Aky Discos, rede de lojas de CDs que tinha em vários Estados do Brasil, é minha mais antiga memória, ia tanto na loja da Rua da Aurora (mesma rua onde tinha a saudosa A Center Vídeo, loja de videogames e cartuchos de jogos) da Boa Vista como na maiorzona na Rua Imperial em São José. Lá eu "comprei" meu primeiro disco com minha mãe, um LP do Roberto Carlos, acho que de 1991 ou 1992, ele com chapéu azul na cabeça, com a música "Luz Divina" entre elas. E foi numa das Aky Discos (ou já Aky Vídeo) que comprei meu primeiro VHS, do Aladdin (inclusive tenho esse até hoje!).






Além da Aky Discos, aqui já teve a Livro 7, que tinha uma seção específica chamada Disco 7, na Rua 7 de Setembro, na Boa Vista. Pertinho dela funcionou uma loja que eu não era vivo quando existiu, a Mausoleum, só de metal extremo e pesado, em contraste com a primeira "loja" de discos de rock do Recife, a casa do saudoso Humberto, na Rua da Matriz, a também chamada "Discos Raros", porque de fato tinham uns discos raríssimos. Nessa mesma 7 de Setembro até hoje dá para encontrar de um lado da rua a Disco de Ouro e do outro a Vinil Alternativo, e por lá já teve também a Lado B. Lá ainda dá pra achar discos também nas Lojas Americanas, que tem algumas filiais por todo o centro do Recife e por vários shoppings da cidade e da região metropolitana, além de umas pelas cidades da região, onde ainda aqui e ali dá pra achar um CD ou um DVD, inclusive cristãos. Já próximo ao cinema São Luiz tem a Flowers e uma loja que não me recordo o nome agora que vende principalmente LPs (em contraste com a Flowers, que não vende nenhum LP). Ali perto já funcionou a B-Side, loja do Marcos CD que chegou a ter uma barraquinha também na 7 de Setembro onde vendia alguns discos de sua coleção, além de outros materiais raríssimos. Na Rua da Imperatriz já funcionou uma filial da finada Lojas Brasileiras, que também vendia discos. E não era difícil achar discos também em hipermercados da rede do Bompreço (atualmente chamados de Super Bompreço). As livrarias Cultura, Saraiva e Jaqueira mantém em seu acervo até hoje discos a venda. E vale também menção às várias praças do Sebo no centro do Recife, à Passadisco na Rua da Hora, no bairro das Graças, além de algumas lojas menores ainda na ativa que vendem material raro e usado no bairro de Santo Antônio e a guerreira Discossauro, além da eterna Blackout na Boa Vista, na Rua do Riachuelo. Menções honrosas às já extintas Banca Elvis, sebos da Rua da Palma, Rock Xpress, Abbey Road, Taverna do Rock, Gramophone, World Rock, Rainbow, Evil Eyes, Cultural Discos, Oficina Armorial (do meu conterrâneo de cidade e bairro Eduardo, que vez por outra ainda abre uma barraquinha lá perto da praça Joaquim Nabuco), Curinga e outras que fazem parte da história, bem como algumas redes de lojas menores que funcionaram na Rua do Hospício e na Conda da Boa Vista, bem como algumas de Olinda e outros bairros. Em todas essas lojas era possível aqui e ali descolar material de bandas e artistas cristãos, principalmente de rock, punk e metal, que as vezes não dava pra descolar em lojas cristãs...




Então, vamos falar das lojas cristãs? Pois é, hoje em dia é bem difícil achar discos nelas. A Luz e Vida (foto acima) é um belo exemplo de uma que parou a mais de cinco anos de vender discos, embora aí na foto aparentemente ainda tivesse uma seção só pra isso. Essa, que é uma das maiores redes de livrarias cristãs da América Latina (famosa por licenciar o personagem Smiliguido) chegou a ter filiais em shoppings, mas por questões da própria rede não manteve essas lojas, isso bem antes da pandemia. A livraria Antares (atualmente chamada Lojão do Estudante) na Rua do Hospício, entre 2003 e 2004 fez uma queima de estoque em todo seu acervo, e desde então não vende mais um CD sequer. A saudosa Manancial fechou as portas recentemente, destino aliás da maioria das lojas que cobriam boa parte da Avenida Dantas Barreto, tendo inclusive algumas no camelódromo que essa avenida possui. Atualmente só umas três se mantém por lá, uma delas, a famosa Casa Sá, também tem cessado de vender discos, num processo de queima de estoque que vem fazendo desde 2004 (e que eu aproveitei um pouco pra minha coleção haha). A Casa Publicadora das Assembleias de Deus atualmente se encontra na Rua da Imperatriz e ainda mantém um relativo acervo de discos a venda. Vale mencionar também uma loja de discos no Shopping Norte, no bairro do Janga, em Paulista, e uma barraquinha que vende discos ainda no Largo da Encruzilhada. Livrarias adventistas como a Casa Publicadora Brasileira e católicas como a Paulinas mantém também um acervo de discos adventistas e católicos por lá, inclusive comprei um do Rosa de Saron por lá. Menções honrosas a lojas como a Livraria BetSalém, Ágape, as redes de lojas da Casa Sá (atualmente só restou a sede), a loja da finada gravadora Som e Louvores na Rua da União, uma loja que se situava no Mercado de Água Fria, os bazares de discos das Igrejas Assembleia de Deus sede, Universal sede e Renascer em Cristo sede (essa última nem existe mais o prédio), a Blessing (loja que chegou a comportar por um tempo a Zadoque Recife - atual Comunidade Extrema Unção, que aliás também mantém uma rede de venda de discos e material underground) e Blodspakt do saudoso Clivson, dentre várias outras.

Os motivos da extinção dessas redes vem desde a pirataria até as plataformas digitais que têm tornado obsoletos para muitos os discos. Entretanto, como sempre tem malucos colecionadores como eu, não acho difícil que algumas redes se mantenham, e como a Vinil Alternativo mesmo demonstrou ao manter vendendo LPs numa época em que todos eliminavam esse material do mercado em 1995, essa ideia uma hora seria lucrativa, tanto que esse material tem vendido mais até que CDs (e até as K7s têm seguido esse rumo!).

Então, vai saber né, capaz de daqui uns anos aparecerem lojas novas desse tipo de material? Quem sabe... mas vale a pena lembrar como eram bons esses tempos por aqui.

sábado, 7 de agosto de 2021

Review: Mortification - A História de Steve Rowe


Eu sei que estava devendo uma review desse livro fantástico que sim, eu conto em minha coleção (e quem sabe logo logo eu também conte com o Honestly, mas creio em Deus que uma hora sai haha). E então, inaugurando uma categoria nova, quem sabe crescente, de reviews de livros.

E inaugurando em alto estilo. "Mortification: A História de Steve Rowe", tem uma grande história inserida nele, não só contando com o plano de fundo das origens da vida do vocalista e baixista, como seu amor pela música, influências musicais de artistas como Iron Maiden e Motörhead e também o quanto a Resurrection Band foi importante, juntamente com outras bandas de rock e metal cristãs, para o reconectar com o Evangelho. 

Além dessas, é muito legal ver ele falar de bastidores de sua carreira tanto com o Light Force (banda onde ele começou efetivamente a carreira artística e que já fizemos review por aqui) como com o Mortification e o Wonrowe Vision, obviamente focando mais no Mortification. E aqui sabemos de bastidores na produção de discos, da própria sugestão do nome Mortification, de algumas das mudanças de formação e também de sonoridade, e obviamente da luta que o Steve empreendeu contra uma leucemia que quase lhe tirou a vida, mas que a misericórdia divina triunfou sobre sua vida e o manteve nesse plano existencial por mais tempo, continuando seu trabalho fantástico musical e ministerial.

E o livro também traz informações importantíssimas de outros aspectos da vida do Steve, como seu casamento com Kate e o filho deles, Leighton, o ministério underground Metal Kingdom, a gravadora Rowe Productions e a promoção de bandas australianas e do mundo todo por ela, problemas com o mercado e a indústria fonográfica - em especial a dita "cristã" -, além de problemas da própria cena metálica - não só com os "tr00s from hell" que o ameaçavam principalmente na época que a banda estava na gravadora secular Nuclear Blast, como também dentro da "cena cristã", com pirataria, problemas financeiros e pessoais, a parceria com a Soundmass, entre outros elementos que valem muito a pena serem esmiuçados pelos leitores.

Para mim foi uma leitura reconfortante principalmente porque me fez conhecer ainda mais a figura incrível que é o Steve, seu exemplo para artistas os mais diversos - não só cristãos, mas principalmente esses - de um compromisso muito mais sério não só com sua fé, mas com os que te escutam, com seu público, família e todos ao redor. Traçando paralelos, a história do Steve me trouxe ecos dos saudosos Keith Green e Janires Magalhães Manso (Rebanhão e Banda Azul), tirando o fato destes terem partido um tanto cedo demais em nosso pensamento humano limitado, mas todos exibindo as marcas de um compromisso vigoroso com o Evangelho que não torna o homem um religioso hipócrita ou um santarrão, um poltrão caga-regras, e sim uma pessoa que, embora jamais anulando o compromisso superior com o Cristo e com a santificação, nunca deixa os seus na mão, sempre pronto a servir ao próximo, independente das debilitações e sequelas físicas que a doença deixou em seu corpo, Steve Rowe não parou um segundo de cumprir o chamado que Deus o enviou. É esse o exemplo que eu realmente espero que eu, e todos nós, de alguma forma que o Nosso Deus nos guiar para tanto, possamos cumprir.

Soli Deo Glori.