sábado, 6 de novembro de 2021

Grupo Logos

Grupo Logos é um projeto musical feito pelo pastor Paulo Cezar da Silva e sua saudosa esposa Nilma em 1981, após o fim do Grupo Elo, grupo formado por eles e pelo casal Jayro Trench Gonçalves (Jayrinho) e Hélia, que faleceram tragicamente num acidente automobilístico a 14 de abril daquele ano. O Grupo Logos deu sequência ao trabalho do Grupo Elo, porém com uma linguagem mais brasileira, elementos não só do pop rock e do louvor e adoração, mas também de MPB. Em pouco tempo o grupo tornou-se um dos mais populares e amados grupos musicais cristãos do Brasil, e suas músicas em todas épocas se tornaram comuns em cantos congregacionais pelo país afora. Canções como "Situações", "Expressão de Louvor", "Rosa", "Autor da Minha Fé" (essa resgatada do Grupo Elo), "Portas Abertas", "Não Temas" e diversas outras foram regravadas por diversos artistas e são inesquecíveis e amadas por cristãos de todas as gerações. O grupo é parte integrante da Missão Evangélica Logos (MEL), e Logos vem de João 1.1, e significa do grego "verbo", "palavra viva", referente a Jesus Cristo.

Desde 2015 o grupo deixou de ser uma banda e passou a ser somente o duo Paulo Cézar e Nilma. Infelizmente em 19 de maio de 2020 a esposa de Paulo Cézar, Nilma Soares, faleceu após uma longa batalha contra o câncer.

Acompanhe a review ouvindo AQUI.

COMENTÁRIO: As capas originais dos discos costumam representar em sua maioria paisagens incríveis da natureza, mostrando a beleza da criação divina. Uma escolha estética fabulosa.

Caminhos (1982)

01 - Caminhos
02 - Salmo 127
03 - Mundo Vão
04 - Vai Contar
05 - In Memoriam
06 - A Graça de Cristo
07 - Não Estejais Ansiosos
08 - Glória a Ti Senhor
09 - Fala-me Senhor
10 - Você Pode Estar Sorrindo
11 - Caminhos (reprise)

"Caminhos", eleito pelo site Supergospel com colaboração de diversos historiadores e fãs de música cristã (eu incluído) 14º melhor disco cristão brasileiro dos anos 1980 em 2019, é um disco de transição, com elementos de jazz rock, country e soft rock bem na linha do Grupo ELO, porém já com elementos de bossa nova e MPB, como dá pra conferir já de cara em Salmo 127. As letras são bastante influenciadas diretamente em passagens bíblicas, mas também em experiências pessoais, como é o caso da faixa título e "Mundo Vão". "In Memoriam" foi escrita em homenagem ao casal Jayrinho e Hélia, amigos de Paulo Cézar e companheiros do Grupo ELO, grupo antecessor do Grupo Logos. "Não Estejais Ansiosos" foi regravada no ano seguinte pelo grupo Vencedores por Cristo com o nome "Lancemos Sobre Deus" no álbum Tudo ou Nada.

CANÇÕES INDISPENSÁVEIS: Caminhos, Vai Contar, Salmo 127, Não Estejais Ansiosos, Você Pode Estar Sorrindo.

OBS: Esse disco, bem como diversos outros da banda ao longo dos anos, seriam relançados em CD como "Logos Collection" e capa reformulada com distribuição da gravadora Line Records em meados dos anos 1990, além de um novo relançamento de toda discografia em plataformas digitais com arte de capa refeita. Essa observação é válida para diversos discos da banda ao longo dos anos.

Um Novo Dia (1983)

01 - Um Novo Dia
02 - A Paz
03 - Não Temas
04 - Volte
05 - Restaurador Fiel
06 - O Mesmo Deus
07 - Razão Pra Viver
08 - Se Jesus Comigo Estiver
09 - Que Bom Será
10 - Quero Cantar
11 - Um Novo Dia (reprise)

Soft rock e MPB em união perfeita. Canções como a faixa título, Paz e Restaurador Fiel viraram clássico que até hoje podem ser encontrados em algumas igrejas como parte do cancioneiro. O disco foi eleito em 2019 pelo Supergospel o 76º melhor disco dos anos 1980, merecidamente, com uma qualidade inquestionável. A faixa "Não Temas" foi regravada no início dos anos 1990 por Rod Mayer e Mingo em seu disco "Momentos Incríveis" com o nome "Meu Servo" (apesar do título, a letra teve uma leve modificação, com o refrão ficando "meu filho" invés de "meu servo". Se Jesus Comigo Estiver foi a primeira faixa infantil do grupo, que futuramente influenciaria o disco "Minhas Mãozinhas".

CANÇÕES INDISPENSÁVEIS: Não Temas, Um Novo Dia, Restaurador Fiel, Que Bom Será, A Paz

Situações (1984)

01 - Situações 
02 - Frente a Frente
03 - Pra Que Servimos Nós?
04 - Que Diferença Faz
05 - Nossas Vidas
06 - Igual a um Menino
07 - Vida que Vale a Pena
08 - Agrada-te do Senhor
09 - Ele me Ama/Vinde a Mim
10 - O Fim da Espera


Pra muitos o melhor disco do grupo, com uma variedade musical incrível, com elementos de soft/jazz rock, country, pop e MPB. Boa parte de suas canções são lembradas até hoje e fazem parte do cancioneiro cristão. A faixa-título é provavelmente a canção-assinatura da banda, já tendo sido regravada por diversos artistas, entre os quais Kim e Marcos Antônio. "Pra que Servimos Nós?" é a primeira música mais reflexiva da banda, mostrando uma bela admoestação e alerta a todos nós para não sermos cristãos conformados e relapsos com o caos ao nosso redor e o sofrimento do próximo em todos os âmbitos (carnal e espiritual). "Nossas Vidas" foi a primeira canção romântica do Grupo Logos, cantada de maneira linda por Paulo e Nilma. 

Essa qualidade toda levou o disco a ser eleito em 2015 o sétimo melhor disco da música cristã brasileira, além de 11º melhor disco da década de 1980 em 2019, ambas listas do site Supergospel e que eu ajudei a elencar em ambos casos.

CANÇÕES INDISPENSÁVEIS: Difícil elencar uma, o disco é perfeito, mas Situações, Pra que Servimos Nós, Frente a Frente e Agrada-te do Senhor estão entre as mais tocadas do disco.


Mão no Arado (1985)

01 - Mão no Arado
02 - Consagrai-vos
03 - Plena Luz
04 - Senhor, Tu És o Meu Viver
05 - Vem Cantar
06 - Livro Aberto
07 - Conquista a Vitória
08 - Espinho
09 - Pra Teu Louvor
10 - Vem Cantar


Dono de uma das capas mais belas da história da música cristã e da música em si (e infelizmente estragada em releituras desse disco), Mão no Arado é um dos meus discos prediletos da banda Logos. Não só pela antológica faixa título, regravada a exaustão por diversos artistas, entre eles Carlinhos Félix, e sua letra conscientizadora da missão cristã de evangelismo sem jamais poder desistir desse encargo, mas pela beleza incrível desse disco em fundir tão bem elementos do pop rock, country e da MPB, o que é observável em faixas com Plena Luz, Conquista a Vitória e a clássica eterna Espinho, inspirada no espinho da carne do apóstolo Paulo citado em II Coríntios 12. O disco foi mais um dos contemplados na lista de melhores álbuns dos anos 1980 do site Supergospel, ocupando a 56ª posição na lista, e teve a participação de músicos de diversos grupos musicais importantes na música cristã contemporânea brasileira, como o Grupo Semente, Vencedores por Cristo, Água Viva (MILAD), Jovens da Verdade, entre outros.

CANÇÕES INESQUECÍVEIS: Além das citadas acima, Consagrai-vos e Livro Aberto valem muito a ouvida.

Minhas Mãozinhas (1986)

01 - O Trenzinho
02 - Depois do Inverno
03 - Equilíbrio
04 - O Amigo Melhor
05 - Dorme em Paz
06 - Honrar
07 - Grande Deus
08 - Unidade
09 - Canção de Amor
10 - Minhas Mãozinhas


Blues, pop, jazz rock e MPB com sonoridade e temáticas voltadas para o público infantil. Em meio a tantos grupos infantis cristãos como Turma do Printy, Turma do Barulho, Aline Barros, Cristina Mel, Crianças Diante do Trono, Marilene Vieira, Mara Maravilha e outros, nenhum pra mim conseguiu se equiparar ao trabalho feito nesse disco pelo Grupo Logos. Inclusive pela participação de várias crianças cantando junto com o grupo.

A faixa-título posteriormente foi regravada por Alex Gonzaga (Novo Som).

CANÇÕES INESQUECÍVEIS: O Trenzinho, O Amigo Melhor, Equilíbrio, Minhas Mãozinhas.


Portas Abertas (1987)

01 - Portas Abertas
02 - Sonhadores
03 - Redenção
04 - Barquinho
05 - Ruas de Cristal
06 - Meu Senhor
07 - Quem Vencer
08 - Hino de Adoração
09 - Velho
10 - Se Não Fosse o Senhor
11 - Para o Louvor de Deus

Um clássico, em especial pela faixa-título, amada por cristãos de diversas épocas. Foi eleito 18º melhor disco cristão brasileiro e o 25º da década de 1980 pelo Supergospel, mantendo o Grupo Logos com quase todos seus discos da década na lista dos anos 1980, mas mostrando o quão épico esse disco é, também constando entre os maiores de todos os tempos.

CANÇÕES INESQUECÍVEIS: Todas, mas as quatro primeiras são impossíveis de se passar por elas sem ouvir.


Uma Nova Canção (1988)

01 - Uma Nova Canção
02 - Teu Perdão
03 - Vivo Cada Dia
04 - Agradecer a Deus
05 - Meu Amparo
06 - Parece um Sonho
07 - Sou Feliz
08 - Senhor, Para Onde Vou?
09 - Ponto de Partida
10 - Toma a Direção
11 - Uma Nova Canção (reprise)

Um ótimo disco de soft rock e MPB, mas que infelizmente não teve o mesmo sucesso de seus antecessores. Uma pena, já que "Uma Nova Canção" é uma bela canção.

CANÇÕES INESQUECÍVEIS: Uma Nova Canção, Ponto de Partida


Expressão de Louvor (1989)

01 - Expressão de Louvor
02 - Senhor, Tu Estás Comigo
03 - Sim, Eu Sou Feliz
04 - Existe um Lugar
05 - Rosa
06 - Por Amor de Mim
07 - Se Confessarmos
08 - Deus Será Louvado

Fechando a década de 1980 com o 27º melhor disco cristão dessa década no Brasil, Expressão de Louvor só tem um problema: é um disco curto, com apenas oito músicas contra a média de dez dos discos anteriores (descontando as reprises que eles costumam ter). Porque de resto é um disco fantástico, e aqui o lado MPB é bem forte, além de letras fabulosas como sempre é de praxe da banda.

CANÇÕES INESQUECÍVEIS: Todo o álbum, mas principalmente Expressão de Louvor, Rosa e Deus Será Louvado.


Grandes Momentos (coletânea, 1990)
Mais uma coletânea da coleção Grandes Momentos da gravadora Continental
que também lançou discos dessa coleção do Ozeias de Paula, Marina de Oliveira,
Álvaro Tito e Rebanhão.
Posteriormente relançado pela Line Records com o título "Melhores Momentos". 




Novo Chão (1991)

01 - Novo Chão
02 - Vinde a Mim
03 - Começar de Novo
04 - Coroado
05 - José de Arimatéia
06 - Que Mais Quero
07 - Venha a Cristo
08 - Não Há Outro
09 - Ressuscitou

Se há algo do Grupo Logos que é fácil chegar a uma conclusão é que é um grupo musical que é constante em sua proposta. Tanto lírica como instrumental, sempre trazendo novos elementos aqui e ali nesse último âmbito, como é possível ver na faixa "Começar de Novo", com toques de rock progressivo, ou de pop nos teclados de "Coroado". Infelizmente, tal qual "Uma Nova Canção", esse disco não teve a devida atenção àquela época.

FAIXAS INESQUECÍVEIS: Novo Chão, José de Arimatéia, Coroado, Começar de Novo, Que Mais Quero.


Onze Anos (coletânea, 1992)
Disco de estreia do Grupo Logos na Line Records
Contém músicas menos conhecidas do grupo, e outras
até conhecidas, mas não tão valorizadas até então, como Rosa e Espinho



Autor da Minha Fé (1993)
Capa original
01 - Cortando o Céu
02 - Perfeita Paz
03 - Semente e Fruto
04 - Mudança
05 - Eu Te Louvarei
06 - Digno de Louvor
07 - Obreiro Aprovado
08 - Coerência
09 - Pra Fazer Diferença
10 - Genuíno Amor
11 - Autor da Minha Fé


Primeiro disco de estúdio da banda pela Line Records, letras incríveis, uma delas a incrível "Mudança", atual crítica contra a politicagem insensível e despreocupada com o povo brasileiro. "Autor da Minha Fé", embora seja originalmente do Grupo Elo, acabou por ganhar sua versão definitiva aqui, de tal forma que dificilmente alguém lembre que a música não é do Grupo Logos.

CANÇÕES INESQUECÍVEIS: Autor da Minha Fé, Cortando o Céu, Mudança, Coerência, na real esse disco inteiro é uma obra prima.


Logos Collection (1995, 12 discos)
Todos os discos da banda foram relançados esse ano, em LP e em especial em CD
Praticamente todas as versões em CD que se encontra dos discos dos anos 80
e início dos 90 são dessa coleção, sempre com a capa original em miniatura
e nesse formato especial.
Algumas versões de relançamento vinham sem o logo da Line Records, ainda que mantendo o código de lançamento (ver mais em Catálogo de Discos Cristãos)
O disco em destaque é o Melhores Momentos, que é o mesmo "Grandes Momentos" renomeado.


Conteúdo (1996)

01 - Pode Ir
02 - Iguais
03 - O Evangelho
04 - Conteúdo
05 - Servos
06 - Meu Resgatador
07 - Deus Está Presente
08 - Meu Povo
09 - Chamado
10 - Compromisso
11 - Mais que Vencedores

Nos anos 1990 o Grupo Logos foi bem menos prolífico em lançamentos do que nos anos 1980. Em compensação a maturação musical e lírica nesse disco chegaram ao auge. Não a toa foi elencado como 21º melhor disco da década de 1990 pelo Supergospel em 2018. Liricamente inclusive eles passaram a traçar temas bastante atuais em sua época - e incrivelmente atuais até hoje, pro pior dos motivos. "Iguais", relatando a tola divisão de igrejas, "O Evangelho" falando das diversas formas de doutrinas fracas e sem solidez dentro do que se prega em boa parte do que se diz cristianismo, e "Conteúdo", sobre a necessidade de equilíbrio de falar de fato sobre tudo que nosso mundo se passa, sem jamais deixar de apontar de alguma forma a única resposta e saída que está na "Viva Palavra" da Bíblia e não nas nossas ideologias, teologias ou achismos - uma crítica velada ao crescente movimento gospel com o qual o grupo convivia nesse período. Um disco indispensável para todos cristãos refletirem suas próprias vivências no Evangelho e na vida.

CANÇÕES INESQUECÍVEIS: O disco todo, mas em especial as cinco primeiras faixas, verdadeiros hinos diretos ao ponto.


Marcas (2001)

01 - Marcas de Valor
02 - Nada
03 - Minha Oração
04 - Tuas Águas
05 - Quero Voltar
06 - Ele Pode
07 - Eu o Louvarei
08 - Coração
09 - Céu Azul
10 - Homem Natural
11 - Quem Será?
12 - Marcas
13 - Cúmplices Eternos

Seguindo a mesma ideia de seu antecessor, Marcas enfatiza já na faixa de abertura uma letra reflexiva acerca dos heróis da fé e mártires ao longo da história que abandonaram tudo e seguiram ao Cristo. A ideia é retomada de maneira mais intimista na faixa-título do disco, já na penúltima faixa.

Musicalmente esse é o álbum mais "suave" do grupo até então, com só faixas mais suaves, ainda assim mantendo uma qualidade instrumental fantástica. Um tanto pop, um tanto MPB, esse disco, mesmo sendo o primeiro da banda novamente lançado independente - com uma ajuda de distribuição do selo VPC, que iria ajudar a promover outros trabalhos do grupo -, fez um sucesso significativo dentro do mercado.

CANÇÕES INESQUECÍVEIS: Marcas de Valor, Quero Voltar, Marcas, Ele Pode, Eu o Louvarei, Coração

Tributo Ao Vivo (20 Anos ou 22 Anos, depende da mídia kkkk - CD, VHS e DVD) (2002)

CD 1: 01 - Deus Será Louvado/Expressão de Louvor
02 - Caminhos
03 - Ponto de Partida (faixa bônus no DVD)
04 - A Paz
05 - Portas Abertas
06 - Medley I (Rosa/Agrada-te/Salmo 127/Espinho/Um Novo Dia)
07 - Marcas de Valor (nomeada Marcas nessa versão)
08 - Meu Povo
09 - Não Estejais Ansiosos
10 - Situações
11 - Que Mais Quero

CD2: 01 - Conquista a Vitória
02 - Não Temas
03 - Medley II (Foi Assim/Frente a Frente/O Fim da Espera/Senhor, Para Onde Vou?/A Graça de Cristo/Pra Teu Louvor/Quero Cantar)
04 - Não Há Outro
05 - O Evangelho (faixa bônus no DVD)
06 - Mão No Arado
07 - Por Amor de Mim
08 - Medley III (Iguais/Consagrai-vos/Que Bom Será!) (faixa bônus no DVD)
09 - Autor da Minha Fé

Maravilhoso show ao vivo, com diversos sucessos do grupo ao longo dos anos, além de alguns medleys. Inclui músicas de todos os discos do grupo, exceto "Minhas Mãozinhas", o que torna esse um dos mais incríveis registros ao vivo da carreira de um grupo musical cristão brasileiro. 


Pescador (2006)

01 - Pescador
02 - Jardins
03 - No Seu Amor
04 - Distantes Próximos
05 - Tome a Cruz
06 - Distantes de Deus
07 - A Grande Chance
08 - Eu Preciso Saber
09 - A Olhos Nus
10 - Adorador

Grupo Logos é um grupo que pode facilmente levar-nos a redundância, com a capacidade musical simples, soft rock, pop, MPB e jazzística do grupo, assomado com a lírica direta e ao mesmo tempo poética. A faixa-título deixa isso claro, sem medo de falar uma verdade pouco lembrada atualmente de que o chamado autêntico de Cristo passa longe de ser as facilidades prometidas pelo falso evangelho da prosperidade e da teonomia, não importa a variação triunfalista falsificada que se apresente, tudo isso é pura fantasia. E se trazem um evangelho pobre desses, não é de se espantar que se tornam reféns de um farisaísmo, que cobra dos que não são cristãos santidade e moralismo, mas são relativistas com seus próprios males. 

E o grupo segue o disco com belas canções, como "Distantes Próximos" e seus arranjos percussivos fabulosos, ou Jardins, fazendo comparação do Jardim do Éden com o Getsêmani, o primeiro onde falhamos e o segundo onde Ele, o Cristo, renunciou em definitivo a si mesmo e se entregou por nós, como lição para nossas vidas. Com essas influências, garantiu mais um disco do grupo numa lista de melhores, dessa vez da década de 2000, em 27º lugar

CANÇÕES INESQUECÍVEIS: Pescador, A Olhos Nus, Adorador, Distantes Próximos, Jardins


Ao Vivo no Theatro da Paz (CD e DVD, 2007)


Linha do Tempo (Acústico) (2013)

01 - Mão no Arado
02 - Espinho
03 - Portas Abertas
04 - Novo Chão
05 - Expressão de Louvor
06 - Rosa
07 - Situações
08 - Tuas Águas
09 - Pai
10 - O Grande Deus
11 - Obreiro Aprovado
12 - Autor da Minha Fé

Diversos clássicos do grupo em formato acústico. Ótimas repaginações, um disco indispensável para amantes de uma sonoridade mais simplista e desplugada. Infelizmente foi o último lançamento do grupo como banda, e desde 2015 não houve mais nenhum lançamento, apenas apresentações do duo Paulo Cézar e Nilma.

terça-feira, 14 de setembro de 2021

King's X


 
Provavelmente uma das mais criativas e únicas bandas de hard rock da história, King's X surgiu em 1979, num show do Petra e do Phil Keaggy (isso mesmo!), uma power trio formada por Doug "Dug" Pinnick (baixo e vocais principais), Ty Tabor (guitarras e vocais) e Jerry Gaskill (bateria e vocais) em Springfield, Missouri. A banda originalmente chamava-se Sneak Preview e com esse nome chegaram a lançar um único álbum em 1984. Já no final dos anos 1980 a banda, já com o nome King's X, mostrou-se uma das mais promissoras da história, arrebatando não só cristãos como também fãs de rock não cristãos, tendo aberto shows para grandes bandas como AC/DC, Cheap Trick, Scorpions, Pearl Jam, Iron Maiden, Mötley Crue, entre outras, além de ter participado da edição de 1994 do festival Woodstock. Sua incrível combinação sonora, com influências de rock e metal progressivo, groove rock, funk, soul, gospel, rock britânico/beatlesque nos vocais, dentre outros estilos, tornando eles curiosamente essenciais não só no desenvolvimento do metal progressivo e do groove metal/alternative como também de um estilo bem similar ao que a banda já praticava, bem como seus parceiros do Texas, Atomic Opera, The Awful Truth/Galactic Cowboys e Tellus faziam, um proto-grunge. Não a toa, foram citados como influência de diversos artistas e diversos gêneros, como Pearl Jam, Soundgarden, Alice in Chains, The Smashing Pumpinks, Pantera, Devin Townsend, Dream Theater, Soil, dentre outros. Até Juninho Afram, do Oficina G3, já confessou curtir os trampos da banda.

Os músicos da banda são conhecidos pela participação em diversos grupos e projetos solo, como Poundhound, Supershine, Platypus, The Jelly Jam e até mesmo produzindo discos de outros artistas, como o album "Lament" da banda Rez, produzido pelo Ty Tabor. A despeito da fé cristã dos músicos, inclusive transparecida nos quatro primeiros discos da banda principalmente em suas letras, a banda jamais se identificou ou quis ser chamada de "White Metal" ou "Rock Cristão" nem nada do gênero, uma decisão aliás que se revelou um tanto quanto acertada quando da polêmica revelação da homoafetividade do Dug Pinnick em 1998, o que não impediu que muitos cristãos passassem burramente a abominar a banda e destruir tudo que eles tinham deles. Definitivamente um passo de religiosidade estúpida e falta de amor cristão que grande parte da mídia e sociedade "cristã" possui, levando-os a atacarem sem dó artistas e pessoas comuns que fazem esse tipo de revelação, como também ocorreria com Jennifer Knapp, Ray Boltz, Tonéx, entre outros. Orar e cuidar das pessoas independente do que sejam importaria mais do que um ato de "piedade" e "santidade" fingida e desproporcional. Quem sabe um dia a gente (Igreja como um todo) aprenda...

Nota do redator: dUg me inspira bastante quando lembro que ele tinha 34 anos quando saiu o primeiro disco, ainda como Sneak Preview, e 38 anos quando a banda explodiu em "Out of the Silent Planet". Hoje com 71 anos, continua na ativa, provando que NUNCA é tarde, nem para viver seu sonho musical, nem para seguir nele, mesmo com todas dificuldades possíveis.

LEIA OUVINDO A  BANDA AQUI!

Sneak Preview (ainda como Sneak Preview), 1983/4

01 - Media Man
02 - You're the Only One
03 - Hang On
04 - Together
05 - The Door
06 - Linda
07 - Inside Outside
08 - Full Scale
09 - Where's Everybody Going?


Depois de umas participações como banda de apoio em uma demo da banda Servant gravado entre 1979-1980, o Sneak Preview finalmente mandou seu primeiro disco, totalmente independente, em 1984. Sonoramente é um disco bem mais numa linha britânica do final dos anos 1979, tendo elementos de post-punk na linha do U2 dos primeiros discos, reggae (Hang On), hard rock, dentre outros. É uma, como diria o próprio nome da banda, "amostra grátis" (ou quase) do que a banda faria aposteriori, quando conseguiram contrato com a clássica gravadora Megaforce Records.

KILLER TRACKS: Media Man, Together, The Door, Inside Outside.


Out of the Silent Planet (1988)

01 - In the New Age
02 - Goldilox
03 - Power of Love
04 - Wonder
05 - Sometimes
06 - King
07 - What is This?
08 - Far, Far Away
09 - Shot of Love
10 - Visions


Um dos melhores discos de lançamento de uma banda de metal da história, Out of the Silent Planet (nome tirado do título de um dos três livros da Trilogia Cósmica do escritor cristão C.S. Lewis - que também inspiraria uma música da banda do disco seguinte e também o nome da banda de metalcore Silent Planet) possui músicas fora de série completamente, usando bastante o chamado "beatle-esque". A banda a essa altura já tinha se estabelecido em Houston, Texas, tornando-se os pais do "prog metal texano", de onde também viriam bandas como Tellus, Galactic Cowboys, Atomic Opera, Poundhound e outras. Um disco que musicalmente serviu de inspiração para muitos, e liricamente possui momentos fantásticos, com uma descrição de fé forte, mas sem proselitismos, tendo o carro chefe principal dessa lírica em "King" ("He's coming!").

Para mim é um disco 100% indispensável e é peça obrigatória de ouvir-se para todos nós.

KILLER TRACKS: O disco todo, mas principalmente In the New Age, Power of Love, Goldilox e King.


Gretchen Goes to Nebraska (1989)

01 - Out of the Silent Planet
02 - Over My Head
03 - Summerland
04 - Everybody Knows a Little Bit of Something
05 - The Difference (In the Garden of St. Anne's-on-the-Hill)
06 - It's Never Been the Same
07 - Mission
08 - Fall on Me
09 - Pleiades
10 - Don't Believe It (It's Easier Said than Done)
11 - Send a Message
12 - The Burning Down

Abrindo com uma música com uma pegada ambiente meio hindu (remetendo aos sons dos Beatles fase "Sgt. Peppers"), GGTN é um senhor disco, dando continuidade com muita propriedade e talento ao disco antecessor, com muito art rock, groove (principalmente na principal faixa de trabalho, o sucesso magistral da banda, "Over My Head", inspirada sem dúvidas na música "Up Above My Head" da avó do rock Sister Rosetta Tharpe, até uns versos são parecidos), letras com muito personalismo, intimistas, ao mesmo tempo vibrantes, e musicalmente esses dois discos (o GGTN e o OOTSP) foram os maiores precursores da onda grunge e alternative rock/metal dos anos 1990.

Esse disco tem uma mistura sonora difícil de explicar. Você começa com uma faixa mais ambiente inspirada no livro "Além do Planeta Silencioso" do C.S. Lewis, vai para a agitada Over my Head, passa por um momento mais balada em Summerland, depois vai para o progressivismo de "Everybody Knows...", que encontra ecos facilmente em "Take the Time" do Dream Theater, lançada anos mais tarde. Enfim, só dá para entender o pipoco sonoro desse disco quem se deleitar em o ouvir.

KILLER TRACKS: Todas, mas as quatro primeiras e "Mission" e "It's Never Been the Same" já valeriam o disco todo.

CURIOSIDADE: No final da última faixa há uma brincadeirinha em que os músicos, com a voz modificada para ficar fininha comentam sobre o disco, inclusive o nome dele haha


Faith Hope Love (1990)

01 - We Are Finding Who We Are
02 - It's Love
03 - I'll Never Get Tired of You
04 - Fine Art of Friendship
05 - Mr. Wilson
06 - Moanjam
07 - Six Broken Soldiers
08 - I Can't Help It
09 - Talk to You
10 - Everywhere I Go
11 - We Were Born to be Loved
12 - Faith Hope Love
13 - Legal Kill

Art rock em sua essência, um dos melhores discos de todos os tempos, sendo difícil separar uma música apenas para comentar. Com a participação especial dos caras do Galactic Cowboys nos back vocais, além de trompas, órgão de tubos, violoncello, sim, é um enorme espetáculo sonoro digno de ser apreciado até o fim de nossos dias. Os riffs de Ty Tabor aqui estão mais afiados do que nunca, podendo ser experimentado bem isso na veloz "Moanjam". Six Broken Soldiers tem o Jerry pela primeira vez se arriscando nos vocais principais de uma faixa. No geral, é um álbum de deve ser admirado e ouvido diversas vezes para entender bem o fenômeno que a banda trouxe para o mundo da música, principalmente nas letras bem sacadas e desafiadoras e numa criação harmônica advinda provavelmente de algum outro mundo que não conhecemos ainda.

O disco foi o maior sucesso comercial da banda, alcançando vendas de disco de ouro, e colocado na 52ª posição dos 100 maiores discos de Música Cristã Contemporânea pela revista CCM americana em 2001. Nem precisa de muita explicação, esse enorme disco é um achado fantástico.

KILLER TRACKS: Todo o disco, mas principalmente It's Love, We are finding..., Six Broken Soldiers, Moanjam, Faith Hope Love, Legal Kill e Mr. Wilson.


King's X (1992)

01 - The World Around Me
02 - Prisioner
03 - Big Picture
04 - Lost in Germany
05 - Chariot Song
06 - Ooh Song
07 - Not Just for the Dead
08 - What I Know about Love
09 - Black Flag
10 - Dream in my Life
11 - Silent Wind

Mesma fórmula dos três antecessores, o auto intitulado continua a trazer inovações que são típicas da banda, como "Big Picture" e seu vocal bem suave em várias partes dessa canção. A despeito da sonoridade permanecer firme no progressivo e no art rock, aqui e ali já é possível ver a banda tentando fazer algumas canções mais "comerciais" como "Lost in Germany" e a fantástica "Black Flag", tudo isso sem perder sua essência em nenhum momento.

E mantendo a tradição de belas capas, essa é provavelmente a mais fantástica da banda, mesmo sem dar nenhuma indicação de ser um disco deles na capa frontal, é uma cena simplista e bela demais. Foi o último dos quatro discos produzidos por Sam Taylor, e daí pra frente a banda seguiria um caminho próprio.

KILLER TRACKS: Chariot Song, The World Around Me, Lost in Germany, Black Flag

CURIOSIDADE: A última faixa também possui uma finalização "engraçadinha" kkkk

Dogman Demos (2005)
Demos do disco de 1994, 12 das 14 faixas presentes aqui



Sim, são quatro versões da capa!
Dogman (1994) 

01 - Dogman
02 - Shoes
03 - Pretend
04 - Flies and the Blues Skies
05 - Black the Sky
06 - Fool You
07 - Don't Care
08 - Sunshine Rain
09 - Complain
10 - Human Behavior
11 - Cigarretes
12 - Go to Hell
13 - Pillow
14 - Manic Depression

Produzido por Brendan O'Brien (que também fora produtor do Pearl Jam e do The Black Crowes), esse disco traz o King's X numa pegada mais pesada do que quaisquer outros discos deles. Essa tendência já é vista de cara na faixa de abertura, a autointulada Dogman. Ao mesmo tempo que mais pesado, é um disco que também não brinca quando o assunto é experimentalismo, como dá pra ver na belíssima Cigarretes ou na quase grindcore/crossover thrash (sem guturais) "Go to Hell", ou na porção a capela extremamente bem executada de "Shoes". 

Liricamente esse disco representou também um salto, pois é o primeiro em que a temática cristã desafiadora é substituída por letras um tanto mais críticas inclusive quanto à fé cristã, não questionando de pronto a fé em Deus, mas sim a prática de muitos ditos cristãos. É o tipo de canção que infelizmente o mercado "gospel" e a igreja parecem meninos demais para entender, o que, como sabemos, costuma só trazer problemas e rupturas nada saudáveis, que inclusive seria o caso da King's X... Temos mesmo um longo caminho por andar como Igreja para sabermos responder ou ao menos compreender os questionamentos invés de os reprimir ou tachar de "ateísmo", rebeldia e similares.

KILLER TRACKS: Dogman, Black the Sky, Flies and Blue Skies (levadinha bem blues), Cigarretes, Go to Hell, Shoes.

Nesse ano também apareceu uma bootleg chamada "Live and Live Some More: Dallas' 94", que ouvi anos atrás e é uma boa pedida. Também é fácil achar na internet a participação da banda no Woodstock '94, onde mais do que nunca eles ficaram ainda mais conhecidos do público do rock e metal.


Bulding Blox (promo, 1994)
Raríssima coletânea, contém uma rara versão acústica de Shot of Love


Ear Candy (1996)

01 - The Train
02 - (Thinking and Wondering) What I'm Gonna Do
03 - Sometime
04 - A Box
05 - Looking for Love
06 - Mississippi Moon
07 - 67
08 - Lies in the Sand (The Ballad of...)
09 - Run
10 - Fathers
11 - American Cheese (Jerry's Pianto)
12 - Picture
13 - Life Going By

Faixa-Bônus: Freedom (originalmente aparecendo no single de "A Box")

Seguindo uma linha mais comercial (bem mais), Ear Candy não conseguiu (infelizmente) o intento de tornar a banda um grande sucesso na cena, mesmo com sua sonoridade que traçava desde os elementos clássicos da banda, além de blues, funk-o-metal, e até músicas reeditadas, como "Picture", que fora antes a música "The Door" da fase Snake Preview, ou Mississippi Moon, releitura de uma faixa nunca gravada pela banda chamada "If I Could Fly", que eles cantavam muito em tempos anteriores. 

É um bom disco, e mesmo mais "comercial", mantém os padrões da banda, tal qual o Falling Into Infinity do Dream Theater tentou fazer no ano seguinte sem sucesso (curiosidade: Doug faz vocais adicionais na faixa "Lines in the Sand" desse disco do Dream Theater). Talvez esse é o maior problema das bandas mais bem elaboradas, podem até serem influência para atos de maior sucesso, mas raramente o alcançam por si próprios de maneira digna. É um disco que merece mais ouvidas.

KILLER TRACKS: A Box, The Train, Mississippi Moon, Lies in the Sand, Run, Picture


Best of King's X (1997)
Ótima compilação, com três faixas bônus (Sally, April Showers,
Lover) e mais a faixa "Over My Head" ao vivo (provavelmente no Woodstock '94)

"Porque o King's X nunca se tornou um grupo de hard rock de enorme sucesso e conhecido permanecerá para sempre um mistério, especialmente depois de ouvir as composições totalmente originais e memoráveis que compõem sua compilação Best of King's X de 1997".

(A partir do próximo disco segue a discografia da banda, ainda que considerada "não-cristã" e não mais vendida em lojas de departamento gospel, uma censura cretina motivada pela revelação da sexualidade do dUg Pinnick, como o conservadorismo cristão costuma fazer até hoje, a "saída mais fácil" que é expulsar e segregar).


Tape Head (1998)

01 - Groove Machine
02 - Fade
03 - Over and Over
04 - Ono
05 - Cupid
06 - Ocean
07 - Little Bit of Soul
08 - Hate You
09 - Higher than God
10 - Happy
11 - Mr. Evil
12 - World
13 - Walter Bela Farkas (Live in New York)

Faixa Bônus japonesa: Two

Um disco bem corajoso e pesado liricamente, "Tape Head" traz a tona uma banda mais madura, ao mesmo tempo que uma situação curiosa ocorria no pessoal dos próprios músicos, em especial o dUg Pinnick. Isso tudo pode ter impactado em letras bem mais abertas. Somado a polêmica pessoal que levou o selo Diamante (distribuidor da Metal Blade para o mercado gospel) a se recusar a distribuir o disco nas lojas, isso pode ter até dado um problema sério no resultado final do disco, mas não impediu dele possuir uma musicalidade forte e trazendo o que fazia o King's X uma banda fabulosa, seja com um som novo como "Groove Machine" (com o riff inspirado em "Slacker" da banda texana Monster Dogs), ou com releituras como "World", originalmente um som da era Sneak Preview. "Happy", originalmente chamada de "Quality Control", bem como outras canções desse disco, foram todas criadas durante as gravações do álbum, o que dá um frescor de som novo e que vale a pena explorar.

A despeito da qualidade inegável, porém não tão grande desse disco, nesse período os membros da banda estavam em projetos paralelos, o que pode explicar em parte a qualidade ambígua desse disco. Ty Tabor trabalhava em seu disco solo "Moonflower Lane" e no primeiro disco da Platypus (banda que ele formou com John Myung e Derek Sherinian - do Dream Theater - e com Rod Morgenstein, que depois viraria o The Jelly Jam), já dUg trabalhava com o Poundhound (seu trampo solo) e com o Supershine, superbanda de doom metal que ele formou junto com Bruce Franklin e Jeff Olson (ambos da Trouble).

KILLER TRACKS: Fade, Groove Machine, Happy, Ocean, Cupid, Over and Over, Higher than God


Please Come Home... Mr. Bulbous (2000)


01 - Fish Bowl Man
02 - Julia
03 - She's Gonna Away
04 - Marsh Mellow Field
05 - When You're Scared
06 - Charlie Sheen
07 - Smudge
08 - Bitter Sweet
09 - Move Me
10 - Move Me (Part Two)

Bem mais "sombrio" que outros discos da banda (um paradoxo quando vemos a capa com um cabeça de lâmpada haha), é um disco feito mais para quem deseja experimentar uma atmosfera mais "calma", porém pesada. Não é dos meus prediletos da banda, mas vale a ouvida pelo clima mesmo, meio "doom" de algumas faixas, meio beatleliana em outra, e pela brincadeirinha que a banda fez ao colocar algumas frases em holandês e em japonês no final de algumas das músicas. Confira e divirta-se se você curte esses easter eggs.

KILLER TRACKS: Nenhum em especial, mas faixas como Julia e She's Gonna Away valem a ouvida.


Manic Moonlight (2001)


01 - Believe
02 - Manic Moonlight
03 - Yeah
04 - False Alarm
05 - Static
06 - Skeptical Wind
07 - The Other Side
08 - Vegetable
09 - Jenna
10 - Water Ceremony

BÔNUS TRACKS JAPONESES: Vegetable e Believe em versão mais longa.

Psicodelia, samples, loops e experimentalismo. Esse é um disco essencial da King's X, trazendo uma faceta muito única e genial. Quando se ouve os samples percussivos de "Static" tem-se aquele ar de música folclórica do Congo, mas não demora para para assumir uma faceta mais pesada. E esse experimentalismo é notório por todo o disco, absurdamente bem trabalhado, mais uma vez buscando nos Beatles fase psicodélica-experimental sua base principal. 

KILLER TRACKS: Skeptical Wind, Believe, Manic Moonlight, Static, Vegetable


(Como todos os outros discos seguem com pouca ou nenhuma referência ao cristianismo, deixo só para os que desejarem ouvir esses, são também muito bons musicalmente e eu recomendo, mas fica ao critério de cada um).

DISCOGRAFIA ADICIONAL:

Black Like Sunday (2003)
Live All Over the Place (ao vivo, 2004)
Ogre Tones (2005)
Live & Live and Some More (ao vivo, 2007)
XV (2008)
Live Love in London (ao vivo, 2010)

terça-feira, 24 de agosto de 2021

AVISO: Sobre a remoção da seção memorial

 Como alguns deverão notar, a partir de hoje (24/08/2021) a seção Memorial será extinta do site. O motivo é que eu não me sinto mais bem em atualizar essa seção, tendo em vista também a quantidade absurda de pessoas que veem falecendo na cena desde o ano passado, muitas vítimas dessa abominação chamada COVID-19. Eu venho me sentindo mal de verdade em ver tantos indo embora, enfim, Deus conhece cada um dos seus e creio que Ele lembrará mais deles que nós mesmos.

segunda-feira, 23 de agosto de 2021

Trouble

 


Trouble é uma das melhores bandas da história, criada em 1978, e tendo sua formação mais afamada Eric Wagner (vocal, também na banda The Skull e Blackfinger), Bruce Franklin (guitarras, também nas bandas Generation e Supershine), Jeff Olson (bateria, também em Supershine, The Skull e outras), Sean McAllister (baixo) e posteriormente Ron Holzner (baixo) e Rick Wartell (guitarras). Pela banda passaram também nomes como Ted Kirkpatrick (sim, ele mesmo, o baterista do Tourniquet) e Kyle Thomas (atual vocalista da banda).

Trouble foi uma das bandas que ajudou na instituição de dois estilos musicais, dois subgêneros do metal: o doom metal e o stoner metal. Curiosamente a banda, que sempre trouxe em suas letras uma temática cristã, jamais se declarou uma banda "cristã" e inclusive ao longo da década de 1990 fez o possível pra se distanciar do terrível rótulo "white metal", que eles tiveram a "honra" (ou seria melhor dizer "desonra") de inaugurar, por culpa da Metal Blade, que também criou o rótulo "black metal" (já falei acerca disso salvo engano no artigo da Horde). A popularidade da banda foi testada (e aprovada) quando da aparição deles na coletânea Metal Massacre 4 (1983).

Infelizmente no dia 23 de agosto de 2021 Eric Wagner nos deixou após uma luta contra a infame COVID-19, doença tão terrível e que ainda assim tantos "cristãos" que até se dizem fãs da banda foram e continuam sendo capazes de serem contra medidas de proteção a essa doença.

A importância da banda foi tamanha que receberam covers do Tourniquet, Sabbatariam, Krig, dentre outras.

LEIA OUVINDO AQUI!

Demo (1980)

01 - Dying Love
02 - Demon's Call
03 - Child of Tomorrow

Demo que já mostra um pouco do potencial do que a banda faria, numa pegada mais speed metal/proto-thrash, que lembra bastante os trabalhos da secular Pentagram. Curiosamente são três faixas raríssimas, que jamais foram usadas em discos posteriores da banda.


Demo 2 (1982)

01 - The Tempter
02 - Revelation (Life or Death)
03 - Wickedness of Man
04 - Assassin


Agora sim uma demo com uma sonoridade doom metal de fato, inclusive com músicas que reapareceriam no primeiro disco da banda. Obviamente a qualidade de produção é bem mais "baixa" do que a de um lançamento completo em estúdio, mas vale muito a ouvida, principalmente para perceber a inconfundível influência de Black Sabbath dos primeiros discos e o vocal "Ozzyosbourniano" do saudoso Eric Wagner.

Demo 3 (1983)

01 - Wickedness of Man
02 - The Last Judgement

"Mais do mesmo" na primeira música (o que não é ruim, aliás) e outra faixa que também entraria no debut album.


Live K7 (1983)

01 - Bastards Will Pay
02 - Gideon
03 - Son of a B**** (Accept cover)
04 - Victim of the Insane
05 - Fear No Evil
06 - Confused (Angel Witch cover)
07 - Assassin
08 - Death Wish I
09 - The Tempter
10 - Wickedness of Man
11 - Psalm 9
12 - Death Wish II
13 - Endtime
14 - Jeff Olson drum solo
15 - Last Judgement
16 - Revelation (Life or Death)

Pra uma gravação rehearsal / demo ao vivo, essa K7 é uma boa pedida. Mas se você é purista cristão, tome cuidado, vai aparecer muito aquelas palavrinhas com F no meio do show haha. Lembre-se, eles acreditam sim em Deus, mas não são os "crentes santarrões" que muita gente pinta. Legal dessa K7 também é ver que eles cantavam já desde então faixas que só apareceriam no segundo disco, como Gideon e Fear No Evil. É legal também ouvir uma versão doom da clássica "Son of a B****" do Accept, com o Eric fazendo um vocal que certeza que o Udo aprovou haha.


Assassin (single) (1984)

01 - Assassin
02 - Tales of Brave Ulysses (Cream cover)



Assassin foi uma bela escolha para música de trabalho, mas o cover alucinante de Tales of Brave Ulysses merece toda exaltação, já mostrando as raízes no psicodélico que a Trouble sempre teve e amplificaria a partir dos anos 1990.


Psalm 9 (1984)

01 - The Tempter
02 - Assassin
03 - Victim of the Insane
04 - Revelation (Life or Death)
05 - Bastards Will Pay
06 - The Fall of Lucifer
07 - Endtime
08 - Psalm 9

BÔNUS: Tales of the Brave Ulysses

Para muitos críticos, esse disco foi quem sacramentou de fato o que seria esse tal de doom metal. Até então já existiam bandas que aqui e ali tinham lançado sons nessa linha como o Black Sabbath, o Pentagram, o Nemesis (futura Candlemass), a Saint Vitus e a Witchfinder General, além de ocasionais outras bandas que faziam um som soturno (dizem que as origens remontam até dos Beatles com a faixa I Want You (She's So Heavy), que realmente é bem doom, ou do Blue Cheer com seu álbum de estreia Vincebus Eruptum), mas foi "Psalm 9" o disco que definiu bem o que é Doom Metal. Temas soturnos e fortes que vinham sendo desenvolvidos desde as primeiras demos, além das guitarras de Bruce e Rick que são incomparáveis.

CURIOSIDADE: Originalmente o nome desse disco era "auto-intitulado". Porém devido às referências ao Salmos 9 na contracapa, acabaram por nomear o disco como Psalm 9 nos lançamentos seguintes.

KILLER TRACKS: O disco inteiro, sem nenhuma em especial porque é uma obra a ser ouvida do início ao fim sem cessar.


The Skull (1985)

01 - Pray for the Dead
02 - Fear no Evil
03 - The Wish
04 - The Truth is What Is
05 - Wickedness of Man
06 - Gideon
07 - The Skull



Não tão aclamado quanto o primeiro disco (eu não faço ideia do porquê, já que é um senhor disco de doom metal). Entre outras coisas, a faixa "The Wish", longa, porém absurdamente bem gravada. Fear no Evil é uma das minhas prediletas da banda Trouble como um todo. Já a faixa título expõe de maneira absurdamente incrível a crucificação de Jesus. É um senhor disco sim, de tão bem construído.

KILLER TRACKS: O álbum como um todo.

CURIOSIDADE: Não só o nome do disco, como também a logo do disco em si é usada para nomear a banda que o Eric Wagner e o Jeff Olson montaram nos anos 2010.

Demo 4 (1985)

01 - The Misery Shows
02 - Thinking of the Past
03 - Run to the Light

Demos de faixas que fariam parte do disco "Run to the Light", ótimo preview do que viria.


Run to the Light (1987)

01 - The Misery Shows
02 - Thinking of the Past
03 - On Borrowed Time
04 - Run to the Light
05 - Peace of Mind
06 - Born in a Prison
07 - Tuesday's Child
08 - The Beginning


Inclusão de teclados deixou esse disco com algumas influências maiores do rock psicodélico, além de um andamento mais blueseiro. Esse disco, junto com o seguinte, podemos considerar como discos de transição, sendo esse mais doom metal e o seguinte mais próximo do stoner. Run to the Light é o último disco a conter letras mais "cristãs", além de conter faixas absurdamente lindas, como "The Misery Shows" e a faixa título. É mais um disco que vale a pena demais ser ouvido sem sombra de dúvidas.

KILLER TRACKS: O disco, mas principalmente a faixa título e The Misery Shows.


Dallas, Texas, Alive! (bootleg, 1990)
Esse show rola até Helter Skelter dos Beatles, uma bela versão aliás
Várias canções são do autointitulado disco lançado nesse ano


Trouble (1990)

01 - At the End of my Daze
02 - The Wolf
03 - Psychotic Reaction
04 - A Sinner's Fame
05 - The Misery Shows II
06 - R.I.P.
07 - Black Shapes of Doom
08 - Heaven on My Mind
09 - E.N.D.
10 - All is Forgiven

Após a saída da banda da banda da Metal Blade e assinando com a Def American, Trouble definiu realmente seu som a partir desse disco, além de letras bem menos "religiosas" e já trazendo elementos de psicodelia, viagens no ácido e outras paradas "controversas". Mas é o disco que mais me dá nostalgia, já que eu conheci Trouble essencialmente ouvindo esse disco. Já comecei bem sim ou claro? Pois é! Esse disco é onde estão boa parte das músicas que mais curto da banda, e as mais marcantes em vários níveis, desde a "balada" Misery Shows II à quase thrash "R.I.P.". Várias dessas músicas renderam singles e clipes das músicas, tornando esse o disco que creio ter sido o mais bem sucedido da banda até hoje.

KILLER TRACKS: TODO O DISCO, do início ao fim!

Manic Frustration (1992)

01 - Come Touch the Sky
02 - 'Scuse Me
03 - The Sleeper
04 - Fear
05 - Rain
06 - Tragedy Man
07 - Memory's Garden
08 - Manic Frustration
09 - Hello Strawberry Skies
10 - Mr. White
11 - Breathe...

Copiando uma frase do Scott Waters em sua review, "se os Beatles tocassem doom metal, seria assim!" Manic Frustration é um disco incrível, com muita viagem no ácido (até na capa - literalmente!) e trouxe diversas canções que estão entre as mais clássicas da banda. "Hello Strawberry Skies" me fez lembrar rapidamente "Strawberry Fields Forever" dos Beatles, uma das primeiras músicas de rock psicodélico.

KILLER TRACKS: Come Touch the Sky, Memory's Garden, Manic Frustration, Hello Strawberry Skies


One for the Road (EP, 1994)

01 - Goin' Home
02 - Window Pain
03 - Requiem
04 - Another Day
05 - Doom Box


EP com faixas raras da banda. Algumas versões bootleg ainda incluem versões de "Tomorrow Never Knows" dos Beatles, Shinin' On do Grand Funk Railroad e Porpoise Song de Carole King e The Monkees.


Plastic Green Head (1995)

01 - Plastic Green Head
02 - The Eye
03 - Flowers 
04 - Porpoise Song (The Monkees e Carole King cover)
05 - Opium - Eater
06 - Hear The Earth
07 - Another Day
08 - Requiem
09 - Below Me
10 - Long Shadows Fall
11 - Tomorrow Never Knows (Beatles cover)
12 - Till The End Of Time (Bonus)

Musicalmente é um ótimo disco, em especial pelos covers, mas liricamente eu sinceramente a partir desse não consigo mais dar atenção direito a nenhum.

KILLER TRACKS: Plastic Green Head, The Eye e os covers

A Trouble passaria um tempo meio parada, só voltando na segunda metade dos anos 2000. Nesse período Bruce Franklin participou de projetos como Generation (industrial metal cristã) e Supershine (junto com seu amigo e companheiro de banda Jeff Olson e com dUg Pinnick do King's X), já Eric Wagner participou do superprojeto Probot com o baterista/guitarrista/vocalista Dave Grohl (da Foo Fighters e ex-Nirvana).


Simple Mind Condition (2007)

01 - Goin' Home
02 - Mindbender
03 - Seven
04 - Pictures of Life
05 - After the Rain
06 - Trouble Maker
07 - Arthur Brown's Whiskey Bar
08 - Simple Mind Condition
09 - Ride the Sky
10 - If I Only Had A Reason
11 - The Beginning Of Sorrows

Liricamente mais introspectivo, musicalmente ainda se mantendo um senhor trampo da banda. Elementos harmônicos mais aproximados dos anos 1970, bem na linha do Led Zeppelin, mas obviamente com muito stoner rock e até sludge metal. Seria o último disco de estúdio com o Eric Wagner, que anos mais tarde partiu para outros projetos, como The Skull e Blackfinger. Ótimo disco, mesmo a mais "festeira" em homenagem ao roqueiro shock rocker Arthur Brown (autor da bizarra, porém incrível música "Fire", que chegou a ser coverizada pelo grupo de electrorock Prodigy).

KILLER TRACKS: Goin' Home, Mindbender, Trouble Maker, Ride the Sky

The Distortion Field (2013)

01 - When The Sky Comes Down
02 - Paranoid Conspiracy
03 - The Broken Have Spoken
04 - Sink or Swin
05 - One Life
06 - Have I Told You
07 - Hunters Of Doom
08 - Glass of Lies
09 - Butterflies
10 - Sucker
11 - The Greying Chill Of Autumn
12 - Bleeding Alone
13 - Your Reflection

Disco de estreia em estúdio de Kyle Thomas, que chegou a acompanhar a banda em turnês no início dos anos 2000. O vocal dele não é definitivamente um clone do Eric, ainda que mantenha aquele tom mais grave e rasgado. Bruce e Rick não dão um minuto de descanso nas guitarras e baixos e o batera novato Mark Lira (que também toca na Wet Animal, banda paralela do Rick Wartell) garante bem a qualidade e a quase imortalidade da Trouble. Longa vida a um dos pais do doom metal!

KILLER TRACKS: When the Sky Comes Down, Paranoid Conspiracy, Hunters of Doom

DISCOGRAFIA ADICIONAL:

- Live in Stockholm (DVD, 2006)
- Unplugged (EP, 2007)
- Live in L.A. (2008)
- Demos and Rarities vol. 1 e 2 (compilações, 2010)

domingo, 15 de agosto de 2021

Memória: Peregrinação nas lojas de discos de Pernambuco



 
Pernambuco, em especial a região metropolitana do Recife, me deu muitas alegrias em discos desde antes de eu me converter ao Evangelho. A Aky Discos, rede de lojas de CDs que tinha em vários Estados do Brasil, é minha mais antiga memória, ia tanto na loja da Rua da Aurora (mesma rua onde tinha a saudosa A Center Vídeo, loja de videogames e cartuchos de jogos) da Boa Vista como na maiorzona na Rua Imperial em São José. Lá eu "comprei" meu primeiro disco com minha mãe, um LP do Roberto Carlos, acho que de 1991 ou 1992, ele com chapéu azul na cabeça, com a música "Luz Divina" entre elas. E foi numa das Aky Discos (ou já Aky Vídeo) que comprei meu primeiro VHS, do Aladdin (inclusive tenho esse até hoje!).






Além da Aky Discos, aqui já teve a Livro 7, que tinha uma seção específica chamada Disco 7, na Rua 7 de Setembro, na Boa Vista. Pertinho dela funcionou uma loja que eu não era vivo quando existiu, a Mausoleum, só de metal extremo e pesado, em contraste com a primeira "loja" de discos de rock do Recife, a casa do saudoso Humberto, na Rua da Matriz, a também chamada "Discos Raros", porque de fato tinham uns discos raríssimos. Nessa mesma 7 de Setembro até hoje dá para encontrar de um lado da rua a Disco de Ouro e do outro a Vinil Alternativo, e por lá já teve também a Lado B. Lá ainda dá pra achar discos também nas Lojas Americanas, que tem algumas filiais por todo o centro do Recife e por vários shoppings da cidade e da região metropolitana, além de umas pelas cidades da região, onde ainda aqui e ali dá pra achar um CD ou um DVD, inclusive cristãos. Já próximo ao cinema São Luiz tem a Flowers e uma loja que não me recordo o nome agora que vende principalmente LPs (em contraste com a Flowers, que não vende nenhum LP). Ali perto já funcionou a B-Side, loja do Marcos CD que chegou a ter uma barraquinha também na 7 de Setembro onde vendia alguns discos de sua coleção, além de outros materiais raríssimos. Na Rua da Imperatriz já funcionou uma filial da finada Lojas Brasileiras, que também vendia discos. E não era difícil achar discos também em hipermercados da rede do Bompreço (atualmente chamados de Super Bompreço). As livrarias Cultura, Saraiva e Jaqueira mantém em seu acervo até hoje discos a venda. E vale também menção às várias praças do Sebo no centro do Recife, à Passadisco na Rua da Hora, no bairro das Graças, além de algumas lojas menores ainda na ativa que vendem material raro e usado no bairro de Santo Antônio e a guerreira Discossauro, além da eterna Blackout na Boa Vista, na Rua do Riachuelo. Menções honrosas às já extintas Banca Elvis, sebos da Rua da Palma, Rock Xpress, Abbey Road, Taverna do Rock, Gramophone, World Rock, Rainbow, Evil Eyes, Cultural Discos, Oficina Armorial (do meu conterrâneo de cidade e bairro Eduardo, que vez por outra ainda abre uma barraquinha lá perto da praça Joaquim Nabuco), Curinga e outras que fazem parte da história, bem como algumas redes de lojas menores que funcionaram na Rua do Hospício e na Conda da Boa Vista, bem como algumas de Olinda e outros bairros. Em todas essas lojas era possível aqui e ali descolar material de bandas e artistas cristãos, principalmente de rock, punk e metal, que as vezes não dava pra descolar em lojas cristãs...




Então, vamos falar das lojas cristãs? Pois é, hoje em dia é bem difícil achar discos nelas. A Luz e Vida (foto acima) é um belo exemplo de uma que parou a mais de cinco anos de vender discos, embora aí na foto aparentemente ainda tivesse uma seção só pra isso. Essa, que é uma das maiores redes de livrarias cristãs da América Latina (famosa por licenciar o personagem Smiliguido) chegou a ter filiais em shoppings, mas por questões da própria rede não manteve essas lojas, isso bem antes da pandemia. A livraria Antares (atualmente chamada Lojão do Estudante) na Rua do Hospício, entre 2003 e 2004 fez uma queima de estoque em todo seu acervo, e desde então não vende mais um CD sequer. A saudosa Manancial fechou as portas recentemente, destino aliás da maioria das lojas que cobriam boa parte da Avenida Dantas Barreto, tendo inclusive algumas no camelódromo que essa avenida possui. Atualmente só umas três se mantém por lá, uma delas, a famosa Casa Sá, também tem cessado de vender discos, num processo de queima de estoque que vem fazendo desde 2004 (e que eu aproveitei um pouco pra minha coleção haha). A Casa Publicadora das Assembleias de Deus atualmente se encontra na Rua da Imperatriz e ainda mantém um relativo acervo de discos a venda. Vale mencionar também uma loja de discos no Shopping Norte, no bairro do Janga, em Paulista, e uma barraquinha que vende discos ainda no Largo da Encruzilhada. Livrarias adventistas como a Casa Publicadora Brasileira e católicas como a Paulinas mantém também um acervo de discos adventistas e católicos por lá, inclusive comprei um do Rosa de Saron por lá. Menções honrosas a lojas como a Livraria BetSalém, Ágape, as redes de lojas da Casa Sá (atualmente só restou a sede), a loja da finada gravadora Som e Louvores na Rua da União, uma loja que se situava no Mercado de Água Fria, os bazares de discos das Igrejas Assembleia de Deus sede, Universal sede e Renascer em Cristo sede (essa última nem existe mais o prédio), a Blessing (loja que chegou a comportar por um tempo a Zadoque Recife - atual Comunidade Extrema Unção, que aliás também mantém uma rede de venda de discos e material underground) e Blodspakt do saudoso Clivson, dentre várias outras.

Os motivos da extinção dessas redes vem desde a pirataria até as plataformas digitais que têm tornado obsoletos para muitos os discos. Entretanto, como sempre tem malucos colecionadores como eu, não acho difícil que algumas redes se mantenham, e como a Vinil Alternativo mesmo demonstrou ao manter vendendo LPs numa época em que todos eliminavam esse material do mercado em 1995, essa ideia uma hora seria lucrativa, tanto que esse material tem vendido mais até que CDs (e até as K7s têm seguido esse rumo!).

Então, vai saber né, capaz de daqui uns anos aparecerem lojas novas desse tipo de material? Quem sabe... mas vale a pena lembrar como eram bons esses tempos por aqui.