domingo, 15 de agosto de 2021

Memória: Peregrinação nas lojas de discos de Pernambuco



 
Pernambuco, em especial a região metropolitana do Recife, me deu muitas alegrias em discos desde antes de eu me converter ao Evangelho. A Aky Discos, rede de lojas de CDs que tinha em vários Estados do Brasil, é minha mais antiga memória, ia tanto na loja da Rua da Aurora (mesma rua onde tinha a saudosa A Center Vídeo, loja de videogames e cartuchos de jogos) da Boa Vista como na maiorzona na Rua Imperial em São José. Lá eu "comprei" meu primeiro disco com minha mãe, um LP do Roberto Carlos, acho que de 1991 ou 1992, ele com chapéu azul na cabeça, com a música "Luz Divina" entre elas. E foi numa das Aky Discos (ou já Aky Vídeo) que comprei meu primeiro VHS, do Aladdin (inclusive tenho esse até hoje!).






Além da Aky Discos, aqui já teve a Livro 7, que tinha uma seção específica chamada Disco 7, na Rua 7 de Setembro, na Boa Vista. Pertinho dela funcionou uma loja que eu não era vivo quando existiu, a Mausoleum, só de metal extremo e pesado, em contraste com a primeira "loja" de discos de rock do Recife, a casa do saudoso Humberto, na Rua da Matriz, a também chamada "Discos Raros", porque de fato tinham uns discos raríssimos. Nessa mesma 7 de Setembro até hoje dá para encontrar de um lado da rua a Disco de Ouro e do outro a Vinil Alternativo, e por lá já teve também a Lado B. Lá ainda dá pra achar discos também nas Lojas Americanas, que tem algumas filiais por todo o centro do Recife e por vários shoppings da cidade e da região metropolitana, além de umas pelas cidades da região, onde ainda aqui e ali dá pra achar um CD ou um DVD, inclusive cristãos. Já próximo ao cinema São Luiz tem a Flowers e uma loja que não me recordo o nome agora que vende principalmente LPs (em contraste com a Flowers, que não vende nenhum LP). Ali perto já funcionou a B-Side, loja do Marcos CD que chegou a ter uma barraquinha também na 7 de Setembro onde vendia alguns discos de sua coleção, além de outros materiais raríssimos. Na Rua da Imperatriz já funcionou uma filial da finada Lojas Brasileiras, que também vendia discos. E não era difícil achar discos também em hipermercados da rede do Bompreço (atualmente chamados de Super Bompreço). As livrarias Cultura, Saraiva e Jaqueira mantém em seu acervo até hoje discos a venda. E vale também menção às várias praças do Sebo no centro do Recife, à Passadisco na Rua da Hora, no bairro das Graças, além de algumas lojas menores ainda na ativa que vendem material raro e usado no bairro de Santo Antônio e a guerreira Discossauro, além da eterna Blackout na Boa Vista, na Rua do Riachuelo. Menções honrosas às já extintas Banca Elvis, sebos da Rua da Palma, Rock Xpress, Abbey Road, Taverna do Rock, Gramophone, World Rock, Rainbow, Evil Eyes, Cultural Discos, Oficina Armorial (do meu conterrâneo de cidade e bairro Eduardo, que vez por outra ainda abre uma barraquinha lá perto da praça Joaquim Nabuco), Curinga e outras que fazem parte da história, bem como algumas redes de lojas menores que funcionaram na Rua do Hospício e na Conda da Boa Vista, bem como algumas de Olinda e outros bairros. Em todas essas lojas era possível aqui e ali descolar material de bandas e artistas cristãos, principalmente de rock, punk e metal, que as vezes não dava pra descolar em lojas cristãs...




Então, vamos falar das lojas cristãs? Pois é, hoje em dia é bem difícil achar discos nelas. A Luz e Vida (foto acima) é um belo exemplo de uma que parou a mais de cinco anos de vender discos, embora aí na foto aparentemente ainda tivesse uma seção só pra isso. Essa, que é uma das maiores redes de livrarias cristãs da América Latina (famosa por licenciar o personagem Smiliguido) chegou a ter filiais em shoppings, mas por questões da própria rede não manteve essas lojas, isso bem antes da pandemia. A livraria Antares (atualmente chamada Lojão do Estudante) na Rua do Hospício, entre 2003 e 2004 fez uma queima de estoque em todo seu acervo, e desde então não vende mais um CD sequer. A saudosa Manancial fechou as portas recentemente, destino aliás da maioria das lojas que cobriam boa parte da Avenida Dantas Barreto, tendo inclusive algumas no camelódromo que essa avenida possui. Atualmente só umas três se mantém por lá, uma delas, a famosa Casa Sá, também tem cessado de vender discos, num processo de queima de estoque que vem fazendo desde 2004 (e que eu aproveitei um pouco pra minha coleção haha). A Casa Publicadora das Assembleias de Deus atualmente se encontra na Rua da Imperatriz e ainda mantém um relativo acervo de discos a venda. Vale mencionar também uma loja de discos no Shopping Norte, no bairro do Janga, em Paulista, e uma barraquinha que vende discos ainda no Largo da Encruzilhada. Livrarias adventistas como a Casa Publicadora Brasileira e católicas como a Paulinas mantém também um acervo de discos adventistas e católicos por lá, inclusive comprei um do Rosa de Saron por lá. Menções honrosas a lojas como a Livraria BetSalém, Ágape, as redes de lojas da Casa Sá (atualmente só restou a sede), a loja da finada gravadora Som e Louvores na Rua da União, uma loja que se situava no Mercado de Água Fria, os bazares de discos das Igrejas Assembleia de Deus sede, Universal sede e Renascer em Cristo sede (essa última nem existe mais o prédio), a Blessing (loja que chegou a comportar por um tempo a Zadoque Recife - atual Comunidade Extrema Unção, que aliás também mantém uma rede de venda de discos e material underground) e Blodspakt do saudoso Clivson, dentre várias outras.

Os motivos da extinção dessas redes vem desde a pirataria até as plataformas digitais que têm tornado obsoletos para muitos os discos. Entretanto, como sempre tem malucos colecionadores como eu, não acho difícil que algumas redes se mantenham, e como a Vinil Alternativo mesmo demonstrou ao manter vendendo LPs numa época em que todos eliminavam esse material do mercado em 1995, essa ideia uma hora seria lucrativa, tanto que esse material tem vendido mais até que CDs (e até as K7s têm seguido esse rumo!).

Então, vai saber né, capaz de daqui uns anos aparecerem lojas novas desse tipo de material? Quem sabe... mas vale a pena lembrar como eram bons esses tempos por aqui.

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