Considerada o marco zero do movimento Gospel no Brasil, Katsbarnea surgiu em 1988, fundada na Igreja Renascer em Cristo. Os primeiros ensaios ocorriam num porão, na Rua Vergueiro, e a banda, que tinha entre seus primeiros membros Simion Johnny (futuro Brother Simion, voz, guitarras, violão e gaita - ocasionalmente teclado tbm), Paulinho Makuko (voz e percussão - posteriormente também guitarra), Tchu Salomão (baixo), Andre Mira (guitarra), Marcelo Gasperini (bateria), Maurício Domene (teclados), Sandra Simões e Claudia Bastos (back-vocais), logo participariam de festivais como o FICO (Festival Interno do Colégio Objetivo), onde ganharam o festival de 1988 com a música "Extra", que se tornou um dos marcos da banda (inclusive o "Johnny" da música acabou servindo de inspiração pra mim mesmo como nome artístico). Mudanças de formação e de estilo, e até algumas paradas por algumas vezes não impediram a banda de seguir em frente até hoje, ainda que já não mais com o destaque dos primeiros anos, quando chegaram a ser a principal banda de rock cristão no Brasil.
O Som que Te Faz Girar (1989)
01 - Contato
02 - Congestionamento
03 - Grito de Katsbarnea
04 - Etéreo
05 - Brisa
06 - Extra
07 - Pacote Salvação
08 - Corredor 18
09 - Salve a Tua Paz
10 - Viagem da Oração
Lançado originalmente em K7 apenas, muitas vezes confundido com a fita demo que a banda usou pra se inscrever no FICO (mas definitivamente não é ela, ok?). Essa fita trazia os elementos básicos da sonoridade da banda nos primeiros anos, mais próximo da New Wave e do BRock anos 80, bem próximos do estilo de bandas como Blitz, Gang 90 e as Absurdetes e Arrigo Barnabé, com as back vocais femininas fazendo o preenchimento sonoro. Basicamente todas as músicas desse disco foram depois regravadas pela própria banda Katsbarnea, por Brother Simion e Paulinho Makuko, exceto o reggae "Pacote Salvação" (principalmente pela letra ser meio datada, só quem viveu a época dos anos 80 no Brasil vão manjar essas informações sobre planos econômicos, moedas e também a fome que pegou nosso país pelo desastroso Plano Cruzado). "Extra" também foi regravada por Código C muitos anos depois, e até pelo Apóstolo Estevam Hernandes com sua banda Inesquecível. Cheguei a tirar cover dessa música com a F.P.A. e até no meu canal de covers, mostrando meu amor pela música. Estilisticamente o som da banda nesse disco era bem variado, com folk, funk, hard rock, new wave, reggae, surf rock e até um MPB em "Brisa". E se "Extra" virou marca registrada na voz do Brother Simion (a época assinando ainda sem o "Brother" antes), contando um pouco de seu testemunho, "Corredor 18" foi a assinatura de testemunho de Paulinho Makuko, que cantou essa e "Brisa".
Curiosidade: As letras de boa parte das canções foram feitas pelo Estevam Hernandes (à época apenas Pastor Estevam), uma situação que seria comum ao longo dos anos e da carreira da banda e também da carreira solo de Brother, além de ocasionalmente em outros projetos.
"O som que te faz girar" só foi lançado novamente em 2000 na coleção "Série Ouro" da Gospel Records, ainda que originalmente a fita tenha tido lançamento independente, o que tornou essa fita o lançamento número 0 da gravadora - o primeiro disco da mesma sairia no mesmo ano de 1989: "Princípio" do Rebanhão.
Katsbarnea (também chamado "Extra-Extra" ou "Extra", ou "Extra Extra/Revolução", 1990)
01 - Extra-Extra
02 - Sepulcro Caiado
03 - Grito de Katsbarnea
04 - Apocalipse "Now"
05 - Viagem da Oração
06 - Consumo
07 - Fumaça Arisca
08 - Corredor 18
09 - Ver o Sol
10 - Revolução
Lançado em LP pela New Voice (foi o primeiro lançamento da gravadora - e possivelmente o último, já que nunca mais ouvi falar de nenhum outro, além de que o visual da label do LP é idêntico aos lançados pela Gospel Records na época, o que me faz pensar numa gravadora alternativa, como seria depois a Todo Som? Um dia investigo isso a fundo), esse disco trazia clássicos épicos, como as regravadas "Extra-Extra", "Grito de Katsbarnea", "Viagem da Oração" e "Corredor 18", além das novas "Apocalipse 'Now'" (além de uma homenagem ao filme de mesmo nome, é possivelmente uma cutucada em "Apocalipse Não" da banda Blitz), "Sepulcro Caiado" (hardão muito legal de ouvir), "Consumo", "Fumaça Arisca", "Revolução" (música que acabou virando outro hino da banda e que tornar-se-ia um lema pro conjunto) e o blues "Ver o Sol", cantado por um Paulinho Makuko numa entonação que nunca mais se repetiria (nem mesmo quando ele regravou essa canção em sua carreira solo anos depois). As letras persistem não só numa linguagem jovem evangelística, mas também um alerta contra as drogas. Foi o último disco da formação "New Wave" da banda, e a saída de integrantes e mudança de sonoridade nunca foi bem explicada (Sandra Simões chegou a dar uma entrevista anos atrás a respeito, mas nunca esclareceu bem os fatos que levaram a direção da igreja mudar completamente a banda).
Apocalipse Now ganhou versão da banda Resgate, além de também ter ganho uma versão com letra modificada e título novo (Apocalipse somente) pelo Paulinho Makuko (que inclusive regravou depois no próprio Kats).
Curiosidade: Teoricamente nem precisaria de colocar isso nas curiosidades, mas é no mínimo estranho isso, que a Gospel Records relançou o disco por duas vezes (são relançamentos tão raros quanto a versão original da New Voice a um bom tempo já), mas com DUAS MÚSICAS A MENOS, ambas cantadas pelo Paulinho Makuko. Nunca cheguei a perguntar pro Brother ou pro Paulinho as motivações dessa exclusão, mas enfim, se procurar bem em alguns sites de download têm a versão completa.
Curiosidade 2: Já vi em sites de download um suposto bootleg da banda gravado nesse ano de 1990, mas são links fakes - a gravação é do Acústico de 2000 apenas. Mas no Youtube dá pra encontrar shows dessa fase da banda.
Cristo ou Barrabás (1993)
01 - Terra
02 - Parede Branqueada
03 - Shine on Your Face
04 - Congestionamento
05 - Ondas Agitadas
06 - Cristo ou Barrabás
07 - Amor
08 - Remédio Prá Dormir
09 - Meio-Fio
10 - Expressão de Amor
Primeira mudança radical na banda, não só de integrantes (com a entrada do mítico baixista Jader Junqueira "Jadão", que posteriormente viraria membro da Filhos do Homem), mas também de estilo. Musicalmente a banda ficou bem mais pesada, tendo perdido o som new wave, pegando mais influências do hard rock ("Congestionamento", "Cristo ou Barrabás"), heavy metal ("Parede Branqueada" deixa isso claro) e punk ("Meio-Fio"), mas sem perder por completo a essência clássica, podemos ver isso no reggae de "Amor" ou no surf rock de "Ondas Agitadas". A mais experimental das faixas é "Remédio Pra Dormir", um verdadeiro som com um pouco de progressivismo. "Terra" é um hino ecológico nos mesmos moldes de "Criação" de Rebanhão, "Criação" de Catedral e "S.O.S. Terra" do Brother Simion, entre outras canções do gênero. "Parede Branqueada" é a faixa mais heavy metal da história da banda, cortesia da bateria de Fuka Gomes, que junto com Luiz Fernando (LuFe) dividia as baquetas nesse play - ambos músicos de estúdio somente. Aliás isso nos leva à curiosidade do disco... mas antes um comentário sobre a capa: genial, meio que trazendo o contexto da atualidade pro título do disco, "Cristo ou Barrabás", uma das melhores músicas do Kats até hoje.
Curiosidade: Embora conste na ficha técnica como membro da banda já nesse disco - e somente nessa época -, o guitarrista Carlos Nascimento, o "Tomati" (sim, AQUELE Tomati do Jô Soares!) não gravou guitarras no disco. Essa honra ficou com o contratado Maurício Caruso. Mas Tomati chegou a tocar com a banda até por volta de 1993 - além de também ter tocado na banda cristã de curta vida Subsolo (ou Sub Solo Trio) -, quando se afastou da cena gospel e cristã pra sempre - infelizmente.
Armagedom (1995)
01 - Invasão
02 - Alegria
03 - Gênesis
04 - Armagedom
05 - Pra Onde Você Vai, Brother?
06 - 30 Segundos (Intervalo)
07 - Do Céu
08 - Crack (Atos 4:11)
09 - Palavras Simples
10 - Fariseu
11 - Get Out of Babylon
12 - Ele Virá
Por anos o disco mais vendido da banda, e um dos discos de rock cristão mais vendido da década de 1990, considerado por muitos o melhor da época (inclusive pela capa fenomenal), é também o disco mais experimental da banda. Não que isso seja ruim, pelo contrário. A entrada de Déio Tambasco nas guitarras trouxe um impulso irado pra banda, bem como o baterista Flavio Benez (posteriormente do Código C). As pesadas "Invasão", "Armagedom" e "Crack" trazem uma pegada que vai do metal progressivo ao punk/hardcore, em contraste com as baladas "Palavras Simples" e "Gênesis", essa última possivelmente a faixa mais famosa da banda (até minha mãe ama essa música). O reggae tá por aqui também (ainda), com "Pra Onde Você Vai, Brother?" e "Alegria", além do ska de "Do Céu". O blues em inglês (com participação da saudosa Jimena (Rhimena) Abécia, ex-Troad) é um momento que infelizmente poucos recordam desse discaço. Pro lado experimental, "Ele Virá" parece mais uma vinheta, com um teclado (cortesia de Giovanni Bon) absurdamente fantástico, "Fariseu", com a participação de Duca Tambasco (irmão do Déio e baixista do Oficina G3 já na época) fazendo vocais eruditos (!), é uma faixa praticamente inclassificável sobre o estilo. O intervalo é a parada mais louca que uma banda de rock cristão já fez até hoje, em que os músicos simplesmente trocaram de instrumentos e fizeram um verdadeiro noisecore. Tristemente, esse foi o último disco com Brother Simion nos vocais, gerando uma divisão entre os fãs que só curtem essa fase até a saída dele, e os que curtem o Kats até hoje.
Gênesis ganhou versão de Faty e também apareceu no Renascer Praise IV (1997). Já "Crack" ganhou uma versão alucinante crossover por meio da banda pernambucana Proffetos HC.
Curiosidade boba: Esse é o único lugar em que o Gênesis e o Armagedom se separam por uma faixa só, já que uma música vem logo depois da outra.
10 Anos (1998)
01 - Extra-Extra
02 - Alegria
03 - Terra
04 - Viagem da Oração
05 - Armagedom
06 - Corredor 18
07 - Cristo ou Barrabás
08 - Grito de Katsbarnea
09 - Gênesis
10 - Amor
11 - Invasão
12 - Revolução
13 - Congestionamento
14 - Do Céu
15 - Apocalipse Now
16 - Ondas
À época o Kats estava em pausa após a saída do Brother Simion. A escolha das músicas pra coletânea foi feita por Paulinho Makuko, que à época trabalhava na parte artística da Gospel Records, e foi uma escolha brilhante. Curiosamente, nenhuma faixa do disco "O Som que Te Faz Girar" apareceu nessa coletânea, provavelmente por motivos de que a gravadora já estava preparando os relançamentos da Série Ouro naquela época, e o primeiro disco do Kats estava já nos planos - como inclusive foi feito de fato. Mas as faixas dos outros discos selecionadas foram felizes. Foi meu primeiro disco do Katsbarnea, e também meu primeiro contato com a banda, logo é sem dúvidas um clássico eterno pra mim.
Acústico (A Revolução Está de Volta) (2000)
01 - Extra
02 - Grito de Katsbarnea
03 - Congestionamento
04 - Consumo
05 - Cristo ou Barrabás
06 - Amor
07 - Ondas Agitadas
08 - Palavra Apóstolo Estevam Hernandes
09 - Apocalipse
10 - Terra
11 - Meio-Fio
12 - Corredor 18
13 - Viagem da Oração
14 - Revolução
Depois de alguns anos fora do Katsbarnea, e dois anos depois do hiato da banda, Paulinho Makuko ressuscita o conjunto, com o retorno também de Marcelo Gasperini, que junto com Jadão e Déio, mais o percussionista Ari Bahia, trazem um acústico com características muito operísticas, graças a uma verdadeira orquestra sinfônica que acompanhou esse show, tornando esse o acústico cristão com o maior número de músicos. Um verdadeiro festival sonoro, com um repaginamento genial das músicas (algumas dessas versões até hoje são executadas assim pela banda - não acústicas, é verdade, mas com os mesmos arranjos, como é o caso de "Congestionamento"). "Consumo" foi a primeira música de trabalho do disco, que foi bem melhorada perto do quase southern/surf rock da versão original com Brother. "Ondas Agitadas" ficou num clima havaiano soberbo. "Amor" abandonou o reggae simples, virando um samba reggae/axé daqueles. "Corredor 18" ganhou sua versão mais insana de todas, "Viagem da Oração", sua versão definitiva. "Revolução" ganhou ares de Raul Seixas, e a repaginada "Apocalipse" (inclusive no nome e na letra) ganhou a versão mais famosa da música até hoje. Sem dúvidas um clássico inesquecível, mesmo para os que não são muito fãs da fase Makukiana da banda. Da fase do modismo de disco acústico, esse é possivelmente um dos melhores de todos os tempos.
Curiosidade: Saiu também em VHS, porém foi o único dos quatro acústicos ao vivo lançados pela Gospel Records (juntamente com os de Oficina G3, Resgate e DJ Alpiste) que nunca foi relançado em DVD, o que torna o registro em vídeo em formato físico desse show algo bastante raro.
Profecia (2002)
01 - Grito de Alerta
02 - Invasão
03 - Orgulho
04 - Sepulcro Caiado
05 - Parede Branqueada
06 - Fumaça Arisca
07 - Remédio pra Dormir
08 - Gênesis (Assim Sou Eu)
09 - Profecia
10 - Voz do Oriente
Reaproveitando músicas e a sonoridade semierudita, esse disco não contém nenhuma música realmente inédita, exceto pela execução, com mudanças na sonoridade de várias canções. "Parede Branqueada" ficou mais direta, bem como "Sepulcro Caiado" (com seu enorme solo de guitarra). A percussão no final de "Fumaça Arisca" é um festival absurdo de bater cabeça valendo. "Invasão" ganhou uma roupagem mais "radiofônica", diferente da versão original com mais de oito minutos, bem como "Gênesis", que também ficou bem menor. As maiores críticas desse disco pra muitos foi o reaproveitamento de faixas da carreira solo de Brother (Grito de Alerta, Orgulho, Voz do Oriente e a faixa-título), pois pareceu praticamente uma extensão indevida na carreira do ex-vocalista (curiosamente nenhuma música solo de Paulinho Makuko recebera o mesmo tratamento na banda - a exceção muitos anos depois de "Jeremias"). No mais, a sonoridade, inclusive dessas faixas, foi muito boa. A capa e toda a arte do disco, com o clima meio HQ/Gibi, foi uma ótima pedida, deixando o disco fantástico na apresentação visual.
A Tinta de Deus (2007)01 - Primavera
02 - A Tinta de Deus
03 - Caminho
04 - Bom Encontro
05 - Perto de Deus
06 - Seu Doutô
07 - Uma Certeza
08 - Game Over
09 - O Verbo
10 - O Amor Sempre Ganha
O melhor disco da fase Paulinho Makuko nos vocais, marca o fim de 13 anos sem lançar um disco de inéditas. O som do disco, com algumas influências do britpop e do hard rock, foi um renascimento e tanto pra banda. Dá gosto de ouvir um disco só com músicas novas, e que belas músicas. "Perto de Deus" chegou a ganhar videoclipe na época, virou hit de rádios evangélicas e até rendeu uma visita da banda no programa Show da Fé de R.R. Soares. Esse é o primeiro disco da banda sem nenhuma composição do Brother Simion, tendo só composições do Paulinho Makuko, à exceção de "Uma Certeza", composta pelo Apóstolo Estevam Hernandes, e "Game Over", de Claudia Bastos Makuko, esposa do Paulinho e ex-back vocal da banda. Foi elencado como 47º melhor disco de uma lista de 100 discos do site Super Gospel, tamanha a qualidade do disco. Infelizmente esse foi o último grande disco da banda, que depois não lançaria mais materiais com tanta qualidade. A produção de Dudu Borges (ex-Patmus e Resgate) ajudou muito nesse quesito.
O disco teve dois lançamentos. O original pela Gospel Records foi um dos últimos discos lançados pela gravadora antes de sua extinção. Depois passou a ser lançado em nome do próprio Paulinho com a ajuda de uma rede de supermercados de SP.
Ao Vivo (2009)01 - Cristo ou Barrabás
02 - Revolução
03 - A Tinta de Deus
04 - Primavera
05 - Fumaça Arisca
06 - Parede Branqueada
07 - Perto de Deus
08 - O Verbo
09 - Gênesis
10 - Caminho
11 - Seu Doutô
12 - Corredor 18
13 - Congestionamento
14 - Meio fio
15 - Extra
16 - Invasão
17 - Game Over (nos créditos finais)
Show ao vivo gravado em Salvador a 12 de junho de 2008 pra comemorar 20 anos de banda. As músicas são de todos os discos da banda até então. A gravação do show é bem legal, com toda a energia do Paulinho ao vivo. A montagem da capa com as fotos de Paulinho, Déio e Marcelo crianças deu um ar ainda mais legal de nostalgia.
Curiosidade: Ainda bem que em nenhum momento aparece Paulinho com sua famosa síndrome de Tim Maia mandando corrigir todos os equipamentos de som (kkkkkkk). Já ouvi uma entrevista que ele faz isso muito em busca de sempre oferecer o melhor pra Deus, mas em alguns momentos chega a ser chato (digo isso porque presenciei ao vivo esse ato do vocalista kkkkk).
Eis que Estou à Porta e Bato (2013)
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Katsbarnea apareceu em diversas coletâneas da Renascer, confiram na seção de coletâneas.
Fizeram uma participação especial em dois discos do Renascer Praise: O 4, com a faixa "Gênesis", e o 9, com a exclusiva "Nada é Igual", cantada em conjunto com Faty.
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Brother Simion
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Déio Tambasco
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Filhos do Homem