domingo, 29 de março de 2020

Especial Gospel Records (e os primórdios do movimento gospel no Brasil)


É IMPOSSÍVEL falar da história do rock cristão no Brasil sem citar a grande contribuição que a Gospel Records deu pra cena. Já fiz um post ano passado sobre gravadoras que lançaram bandas cristãs de rock, mas acho importante dar destaque especial a esta que mais que qualquer outra contribuiu significativamente pro gênero ser desenvolvido na música cristão nacional, e não só o rock, diga-se de passagem, já que a gravadora deu espaço pra diversos gêneros como rap, MPB, axé, samba & pagode, Worship & Praise, black music, reggae, sertanejo & country, forró, dentre outros gêneros.

A Gospel Records é fruto da Igreja Renascer em Cristo, fundada na Rua Ônix, nº 46, Parque Esmeralda, Barueri - SP, na residência à época do casal Estevam e Sônia Hernandes. Advindos da Presbiteriana, tendo passagem também pela Cristo Salva do Tio Cássio (que curiosamente também começou o ministério na sala de sua casa). Lá se reuniam vários jovens egressos de vida em drogas e sem esperança, dentre os quais podemos citar o Simion (futuro Brother Simion), Paulinho Makuko, Cláudia Bastos e Tchu Salomão, que junto a outros músicos fundariam, com o apoio do Estevam Hernandes, a banda Katsbarnea em 1988. Os ensaios no porão da Rua Vergueiro (acredito que era a do bairro de Cursino, em São Paulo capital) atraiam mais jovens, e logo surgiu o desejo de lançar um disco. A princípio lançaram um K7 chamado "O Som que te Faz Girar" em 1989, de maneira independente (ainda lançariam o primeiro LP "Katsbarnea" em 1990 por um pequeno selo chamado New Voice), mas logo Hernandes, junto a Antônio Abbud, começaram a organizar as famosas "Terças Gospel" na casa de shows Dama Xoc, em São Paulo, famosa por ser palco pra diversas bandas da revolução do BRock oitentista.


O desejo de reunir esses talentos que participavam de seus shows, advindos de diversos locais do Brasil, para realmente revolucionarem a música brasileira, foi assim que em 1989 ainda nasceria a Gospel Records. Antes desse ano, poucas gravadoras cristãs se atreviam a lançar música cristã contemporânea no Brasil, como a Bompastor e a Doce Harmonia, ficando os músicos a lançarem de maneira independente, em selos pequenos como Arca Musical, Music Maker e Pioneira Evangélica, ou em gravadoras seculares como Polygram, Continental, Som Livre e Califórnia. Já de cara lançariam o álbum "Princípio" do Rebanhão em 1990 (nada mais justo que a grande precursora ser a primeira a lançar pela gravadora), dando o pontapé inicial no chamado "movimento gospel" no Brasil (embora hoje em dia o movimento seja mal visto - não pelos mesmos motivos que naquela época, já que se outrora criticavam os estilos musicais e o suposto comprometimento com o "mundo", hoje é mal visto por ter virado algo "comercial demais" - ele ajudou a desenvolver mais a música cristã no Brasil e abriu as portas pra muitas bandas e músicos cristãos até hoje). Só em 1990 mais seis álbuns sairiam: "Arte Final" do Complexo J (banda de RJ de pop rock que já havia lançado o disco independente e o relançou pela gravadora), "Partiu do Alto" de Edson e Tita Lôbo (casal que fazia bossa nova cristã desde os anos 1980), "Humanidade" da Banda Rara (grupo de black music da Igreja Pedra Viva em SP), "Ao Vivo" do Oficina G3 (dispensa apresentações essa né? Mas à época ainda faziam parte da igreja Cristo Salva e fazia um som mais hard rock meio "white metal" - sim, esse era outro nome que hoje em dia quase ninguém por aqui gosta muito de usar kkkk), "Corsário do Rei" da Livre Arbítrio (banda de Brasília que fazia um hard rock bem fascinante, meio progressivo) e "Simplesmente João", disco de estreia da carreira solo de João Alexandre (outro que dispensa apresentações). Em 1991 relançaram o disco do Katsbarnea homônimo, além dos discos "À Capela" do Quarteto Vida (grupo vocal feminino de MPB), "Vida, Jesus e Rock 'n' Roll" (relançamento) do Resgate (banda de rock que vinha da Igreja Batista e que hoje dispensa também apresentações), "Luz no Olhar" de Genésio de Souza (cantor cristão da Igreja Quadrangular, famoso por "Seja Engrandecido"), "Pé na Estrada" do Rebanhão e "Águas" da Troad (grupo de black music e pop rock dos irmãos Mayer advindo de Alphaville). Só nesses dois anos foram treze discos, boa parte de rock. Ampliando sua atuação, a igreja Renascer e a gravadora logo lançariam dois projetos, o primeiro deles uma programação especial só de bandas gospel na rádio Imprensa FM em SP.


O programa Imprensa Gospel, que duraria de 1989 até aproximadamente 1994 (quando a Renascer já transmitia sua programação na saudosa Manchete FM) rendeu uma divulgação maior da cena, além de festivais, como os festivais de música gospel de novas bandas (pela Imprensa Gospel foram salvo engano três festivais, que renderiam até coletâneas - futuramente falarei das coletâneas da Gospel Records que tive contato ao longo da vida). As vencedoras assinavam com a gravadora e participariam do festival maior que estavam organizando (a vencedora de 1992, vale a lembrança, foi a banda Louvor, Art e Cia, com a canção "Criação"). Esse festival beneficente se chamaria:

Folder promocional da segunda edição do festival, em 1992,
saída na Revista Veja de agosto (só não sei precisar a edição)
O S.O.S. da Vida Gospel Festival (um dia falarei acerca dos festivais de música cristã, aguardem!) revolucionou a forma de fazer eventos cristãos no Brasil. Aqui em Pernambuco por exemplo chegou a ter o "S.O.S. Gospel", precursor do S.O.S. da Vida que só pintaria por aqui em 2000 e em 2001. A primeira edição contou com Oficina G3, Resgate e Katsbarnea de São Paulo e Catedral e Complexo J de RJ (todas as apresentações, menos o Complexo J, dá pra encontrar no Youtube). Em 1992 vieram as primeiras atrações internacionais: Recess, Sam Baker, David Quiñones e Melissa Parrick (que inclusive tiveram seus discos - Weird Things, God's In Control, Mi Vida e Breaking the Ice respectivamente - lançados no Brasil pela gravadora em edição especial). Isso se repetiria ao longo dos anos com outros artistas que vieram pro Brasil, como por exemplo o lançamento de "Snakes in Playground" do Bride em 1993, ano em que a banda de heavy metal/hard rock americana aportaria na nossa terrinha pela primeira vez de muitas, maioria delas em S.O.S. da Vida. Inclusive esse, junto com a coletânea importada "Metal Praise", foram os dois primeiros lançamentos de metal cristão em disco no Brasil (nesse mesmo ano a Calvário lançaria pela secular Aqualung o primeiro disco de uma banda brazuca de metal, o "IXOYE" - embora o grupo Pedra de Esquina também já havia lançado um som meio metálico nos anos 1980, até informações precisas desses discos são complicadas de se achar hoje em dia).



A partir de 1992 a Gospel Records praticamente lançaria um disco por mês ou mais. Em 1993 sairia o primeiro de mais de vinte discos do grupo de louvor da Renascer, o Renascer Praise, à época formado por integrantes das bandas Troad, Oficina G3, Katsbarnea, Resgate e Actos 2 (futuro Kadoshi), além da cantora Faty. O grupo de louvor originalmente lançava seus discos em estúdio (os dois primeiros foram assim), mas posteriormente, tal qual outros grupos já existentes à época, como Comunidade da Graça de SP, Comunidade Evangélica de Nilópolis, Comunidade Zona Sul, Projeto Vida Nova de Irajá e Ministério Koinonya de Louvor (das Comunidades Cristãs de Goiânia e Brasília), dentre outros, lançariam só discos ao vivo. Se tornariam também o único grupo presente até hoje em todas edições de um evento importado da Inglaterra que até hoje rola no Brasil - a despeito de algumas críticas sobre o formato dele por parte de alguns setores cristãos até hoje: a Marcha para Jesus.

Disco pra primeira Marcha, em 1993. Ao longo dos anos a Gospel Records
lançaria outros discos, além de um pela Top Music (da sexta edição, em 1998, saído também em DVD!)
e um pela Revista Gospel em 2002 pra décima edição.
Em 1994 a gravadora foi responsável pelo lançamento do disco "Vinde - Atitude e Solidariedade", um projeto que uniu artistas cristãos e não-cristãos, junto ao pastor Caio Fábio e o saudoso ativista Betinho, como parte do projeto "Ação contra a Fome". Diversos artistas, não só da gravadora como de outras gravadoras, participariam do projeto. A partir de 1995 a gravadora passaria a não mais lançar em LP (algo natural pra época - os K7s também sairiam de linha pouco depois), e foi nesse ano que vieram alguns de seus maiores lançamentos, como "On the Rock" do Resgate, "Jeová Jirê" da Banda Canal (banda de axé e música nordestina de Natal, RN), "Juízo Final" da Juízo Final (precursora do rap cristão no Brasil), "Transformação" do DJ Alpiste (dispensa comentários né!), "Sempre te Amarei" de Xand (Alexandre Canhoni, ex-Paquito da Xuxa), "Armagedom" do Katsbarnea e "O que a gente faz fala muito mais do que só falar" do Fruto Sagrado (banda carioca de hard rock que também dispensa apresentações). No início de 1996 ainda viria mais um fenômeno: "Indiferença" do Oficina G3, além do volume III do Renascer Praise, primeiro do grupo ao vivo. Em 1998 viria a edição nacional da CCM, a CCM Brasil (já fiz um artigo sobre revistas e zines cristãs), que vinham com coletâneas de vários artistas, boa parte da própria gravadora (em 2001 ainda lançariam mais uma, a Revista Gospel, e acho que entre 2003 e 2004 viria o Folha Gospel, um semanário em formato jornal). Seguiriam pelo resto da década lançando discos, sendo que em 1999 já tinham lançado mais de 100 títulos, entre artistas da gravadora, relançamentos (como os discos da Hosanna Music lançados por eles) e coletâneas. Nesse ano começaram a lançar discos comemorando os 10 anos da gravadora, os chamados "Série Ouro".

O do Resgate
Diferente das "Seleções de Ouro" da Line Records, que são coletâneas de artistas, a Série Ouro da Gospel Records eram relançamentos dos primeiros discos da gravadora em formato CD e remasterizados. Foram sete contemplados: "Vida, Jesus e Rock'n'Roll" do Resgate, "Ao Vivo" do Oficina G3, "À Capela" do Quarteto Vida, "Humanidade" da Banda Rara, "Luz no Olhar" do Genésio de Souza, "Simplesmente João" do João Alexandre, e pela primeira vez em CD e com o selo da gravadora, "O Som que te faz Girar" do Katsbarnea. Diversos vocalistas e músicos do Renascer Praise nesse ano de 1999 também seriam estimulados a lançar discos solo, como foi o caso de Maurílio Santos com "Um Novo Tempo" (embora esse seja o segundo solo dele), Ana Raia com "Infinito", Jimena (Rhimena) Abécia com "Olhe para o Céu", Benner Jacks com "Rei dos Reis" e Déio Tambasco com "Além do Céu". Com a aquisição - ainda que temporária - da Manchete Gospel FM (atualmente apenas Gospel FM) nesse ano, a rede de divulgação do ministério Renascer Praise, bem como dos artistas da gravadora, ampliou-se significativamente.


Diversos programas ficariam eternizados em nossa memória, como o Overgospel (com lançamentos do Brasil e do exterior), Alô Alô da Manchete (ligava, dava seu recado e pedia música), "Sem João Com Jesus" (só tinha na retransmissora de Pernambuco, a 94,3, posteriormente 91,3 e atualmente inativa), o Programa do CMF (Christian Metal Force, grupo surgido no final dos 1980 por Claudio Tibérius e que nos anos 1990 foi incorporado pela Renascer em Cristo, voltado pra turma do metal, punk, hardcore e gótico - já postei aqui no blog o livro que compilei do Cláudio Tibérius com a história do CMF nos tempos dele, e futuramente farei um post sobre a história do grupo até os dias atuais), o Memória Gospel (que era mais voltado pra sons mais antigos lançados entre os anos 1980 à primeira década de 1990, posteriormente abrangeria toda a década de 1990). Foi nesse ano que eu ingressei à Renascer e conheci muito som cristão que eu jamais imaginaria que existiria. Nesse ano também sairia o que provavelmente foi o disco de maior sucesso da gravadora, a versão ao vivo do acústico do Oficina G3, acredito que até hoje a maior vendagem da Gospel Records. Também nesse ano uma nova campanha surgiria e seria bastante veiculada pela Gospel Records: o "Sou Careta Drogas Bah!"

Nunca tive uma camisa dessas infelizmente, mas ainda descolo uma haha

Essa campanha, que contou até com artistas famosos da TV como Felipe Camargo, Alessandra Scatena, e até o saudoso Gugu Liberato, era um estímulo pra juventude dizer não às drogas. A banda Troad no disco "Por Um Fio", junto com Amaury Fontenele, lançou a faixa "Eletricidade", que fez parte do projeto, inclusive sendo inclusa na coletânea "Show Careta Drogas Bah! 1999" (aliás, esse festival ainda rolaria por anos a fio), e assim o "Sou Careta..." foi uma continuação do que a Renascer já vinha fazendo desde 1993 na Renascer Copan, localizada no Edifício de mesmo nome, em SP. Em 2000 a gravadora daria, através do Renascer Praise, dois passos incríveis: o primeiro disco de um ministério de louvor em espanhol (Ao Vivo La Unción, gravado em 1999 junto com o Renascer Praise 6 - A Pesca) e o primeiro grupo cristão brasileiro a gravar em teatro aberto em Israel (Renascer Praise 7 - Ressurreição, que se não me falha a memória também foi o primeiro lançamento em DVD da música cristã nacional). E continuariam a dar espaço a diversos artistas de rock cristão, incluindo seus medalhões como Resgate e Katsbarnea - apesar disso, músicos como Fruto Sagrado, Brother Simion e Oficina G3 sairiam dos quadros da gravadora e pouco depois ingressariam na MK Publicitá (atual MK Music).


O primeiro acústico de rap da história, em 2004
Os anos 2000 não foram dos melhores pra gravadora, a despeito de ainda ter rolado muitos lançamentos nesse período, dentre eles o primeiro trabalho acústico de rap do Brasil, o acústico do DJ Alpiste (saído pouco antes de Marcelo D2 lançar seu Acústico MTV - e basicamente o do D2 nem é rap realmente, é uma mistureba doida lá kkkk) em 2004. Problemas internos da igreja Renascer, bem como prioridades de investimento bem diferentes do usual (como a torre da TV Gospel - emissora que eles já idealizavam desde os tempos da saudosa TV Manchete, onde eles também apresentaram programas como o Clip Gospel, o Espaço Renascer e o De Bem com a Vida), além do crescimento de concorrentes como MK, Salmus, Top Gospel, Zekap e Line Records, foram minando a quantidade de artistas na gravadora. Lembro que no meu último ano de Renascer em 2005 nos cultos de Oficiais eu ia na banca de CDs da saudosa Renascer Boa Viagem na Rua dos Navegantes 1401 (atualmente um terreno baldio restou do lugar :/ ) e via muitos CDs de ministrações do Estevam Hernandes saindo com o selo da Gospel (só não sei se tinham codificação, contando como parte da discografia da gravadora). Apesar disso, a gravadora continuou até 2010, meio que se arrastando e com pouquíssimos lançamentos, até que encerrou oficialmente as portas nesse ano com o lançamento do CD, Playback e DVD do Renascer Praise 15, muito devido também à pirataria que abatia-se sobre o mercado cristão também (o surgimento do selo Sony Gospel - que curiosamente foi inaugurado pela banda Resgate, ex-Gospel Records - pra mim foi a última pá de cal da gravadora). Infelizmente o fim abrupto da gravadora bem antes da era das plataformas digitais como Spotify, Bandcamp, Youtube Music e Deezer nos privou de muitos discos de bandas e grupos já extintos e discos de circulação limitada ou que venderam pouquíssimo.

Louvor, Art & Cia, um dos muitos grupos revelados pela Gospel Records
quando se apresentaram no Jô Soares Onze e Meia (1992)

Bandas de rock cristão já conhecida que lançaram álbuns pela Gospel Records: Fruto Sagrado, Complexo J, Átrios, Rebanhão, Actos 2, Virtud, Metal Nobre, Paulinho Makuko, João Inácio & Ranúzia, Rod Mayer, Raízes, CUSM, Stauros, Bride (relançamento), Metal Praise (relançamento), Recess (relançamento), Fighter (relançamento), Wayne Watson (relançamento), Newsboys (relançamento).

Bandas de rock cristão reveladas pela Gospel Records: Oficina G3, Katsbarnea, Resgate, Livre Arbítrio, Karpos, F.O., Juízo Final, Praise Machine, Louvor Art & Cia, Anistia, Metanoya, Subsolo Trio, Déio Tambasco, Aghus, Getsêmani, Eliezer Rodrigues, Fernando Cester (ex-Veste Branca), Estação Céu, Troad, Amaury Fontenele, Brother Simion, Patmus, Código C, Rhimena Abécia, RM6, Dose Certa, Militantes e provavelmente diversas outras que participaram de coletâneas ou discos que não tenho em catálogo.

Para conferir um catálogo aproximado de discos lançados pela gravadora, recomendo o trabalho do site Flashback Gospel do meu amigo Lindomar Lemos (lista que eu ajudei a compor) ou o trampo feito por mim em outro blog (lista mais atualizada).


"Gravadora Todo Som"??? kkkk

Curiosidades:

- Até hoje nunca ninguém conseguiu me dar uma explicação do porquê os discos da gravadora começam a ser catalogados com o número 100 (Princípio, do Rebanhão). Originalmente colocavam "LP 100", "CD 100" ou "K7 100", mas posteriormente passaram a usar o código GR antes, pelo que vi apenas nos CDs (tipo GRCD 156, código do "Armagedom" do Katsbarnea), isso até 1998 aproximadamente (último disco que vi com esse código foi o GRCD 171, "Proteção" do RM6, que também creio que foi o primeiro a usar regularmente - tirando relançamentos - o novo código, ERNCD - que seria de Editora Renascer). O último foi o 377, o Playback do Renascer Praise 15. Aliás, isso dá pra fazer outra curiosidade...
- Diferente da MK e da Line Records, os DVDs e Playbacks da gravadora saiam como discos separados, com código diferente. Sendo assim, o Renascer Praise 15 por exemplo foi o 375, o DVD foi o 376 e o Playback foi o 377. Playbacks aliás só Renascer Praise, Soraya Moraes e Marcelo Aguiar acredito que lançaram pela gravadora. DVDs tiveram de diversas bandas, como Oficina G3, Resgate, Renascer Praise, Soraya Moraes, DJ Alpiste, enfim, confiram nas listas que citei acima pra mais informações. Também rolou uns VHS, mas nenhum codificado pelo que vi.
- Algo curioso foi que entre 1995 e 1997 existiu um selo alternativo chamado "Todo Som" (mesmo nome de uma música do Resgate). Nunca foi exatamente explicado o porquê dessa parada. Possivelmente era pra lançar artistas novos, ou algo assim. Por lá passaram Juízo Final com seu disco de estreia, DJ Alpiste com o Transformação, Alan (nem sei quem é esse cara kkkk) com "O que é Viver", Anistia (banda que se não me engano venceu o terceiro concurso de bandas da Imprensa Gospel) com "Vôo Livre", Cidade Levita (axé bem bizarrinho kkkk) com "Poderoso Jeová" e Stauros (genial banda de metal cristão BR) com "O Sentido da Vida" - esse o primeiro disco de metal cristão protestante lançado por uma major cristã (é que Rosa de Saron lançou por uma gravadora católica em 1995 o "Diante da Cruz"). Acredito também que o relançamento de "Vento Forte" do Stauros foi por esse selo. Acredito que por volta de 1998-2000 os discos desse selo foram todos relançados já com a label da Gospel Records. Algo engraçado também era a codificação, que sempre era GRCD 950X, tipo o "Sentido da Vida" da Stauros, que era o 9509. Não sei bem o porquê de começar com um código tão grande, mas como o selo começou em 1995, vai ver relacionaram com o ano e botaram o 95 pra distinguir dos lançamentos da Gospel Records.
- Outros selos curiosos da Gospel Records foi o SCDB (Sou Careta Drogas Bah), como a coletânea Show Careta Drogas Bah 1999 (SCDB 003), RGCD (Revista Gospel), usado pras coletâneas da revista. Teve outros casos que podem ser explorados no meu artigo de listas.
- Endereços da Gospel Records ao longo dos anos: Rua Lisboa, 347; Rua Barata Ribeiro, 246; Rua Pequetita, 145; Rua Helena, 175; Avenida Lins de Vasconcelos, 998 - pertinho da sede da Renascer. Tudo em São Paulo capital.
- A logo original da gravadora (a que aparece acima na postagem) seguiu até 1999 com esse visual curioso, de um disco em vermelho e o nome Gospel estilizado em azul. Em 2000 a logo foi substituída por uma versão que parecia um pássaro branco num retângulo preto. Em 2001 mudou pra um CD azul e o nome Gospel Records na frente, creio que ficou assim até 2005 mais ou menos, quando o disco ficou mais "estilizado", em transparência, sem nenhuma cor além do branco, e ficou assim até 2010, quando a gravadora acabou.
- Alguns artistas participaram também de cargos de direção na gravadora, como Zé e Jorge Bruno (Resgate), Paulinho Makuko (Katsbarnea) e Reynaldo Mayer (o violoncelista pai dos irmãos Mayer da Troad e sogro do Antonio Abbud - casado com a Rosana Mayer Abbud). Mas os mais importantes que passaram pela gravadora foram sem dúvidas Antonio Abbud, Estevam Hernandes e seu saudoso filho primogênito Felipe "Tid" Hernandes.

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Futuramente falarei um pouco mais da história do movimento gospel no Brasil de maneira mais ampla, afinal sigo uma visão similar a de Salvador de Souza de que o movimento existiu de fato por apenas 10 anos (1989-1999), e posteriormente "gospel" passou a ser mais um lance mercadológico mesmo. Enfim, espero que tenham curtido, Soli Deo Glori!

domingo, 22 de março de 2020

No Longer Music



Antes de mais nada... você conhece a Steiger International? É um ministério incrível voltado pra missões urbanas de impacto, treinando pessoas para utilizar-se inclusive de arte e cultura para isso, todas as formas de arte possíveis, com vistas a atingir a sociedade pós-moderna que já vinha se estabelecendo desde o final dos anos 1980. Um dos fundadores desse projeto com bases em vários países, inclusive aqui no Brasil já tem bases em São Paulo (Projeto 242 de Sandro Baggio) e em Curitiba (Comunidade Gólgota de Volmir "Pipe" Bastos) - e até uma banda brasileira filha desse projeto, a Alegorica -, se chama David Pierce. O cantor e músico holandês teve essa visão durante um show do U2 (banda dos cristãos Bono Vox, The Edge e Larry Mullen Jr.), com o desejo de em qualquer show que ele fizesse, onde estivesse, ainda que fosse ameaçado de morte por conta disso, ele sempre falaria algo de sua fé em Cristo. Assim ele formou a No Longer Music, que ganhou esse curioso nome quando pessoas que viram os ensaios do grupo disseram "isso não é mais música", como se dissessem que eles tocavam mal. Ignorando essas críticas iniciais, eles seguiram em frente com o projeto, e assim a NLM chegou a tocar até mesmo em locais como um distrito hippie de Cristiania em Copenhague (local onde a única igreja existente à época era um TEMPLO SATÂNICO!), numa reunião de terroristas do ETA (grupo separatista basco, localizado em Bilbao, na Espanha),  em clubes de satanistas na Holanda, para vários muçulmanos no Cazaquistão, na Sibéria, na Mongólia, enfim, onde houver pessoas que NÃO ESTEJAM DISPOSTAS A OUVIR O EVANGELHO, ELES IRÃO PRA FALAR DELE! Por exemplo, em 1991 eles foram a primeira banda da história saída do Ocidente a tocar na Mongólia e no Uzbequistão, países extremamente fechados pra cultura ocidental cristã e muito voltados ao islamismo. Assim sendo, o NLM continua até hoje, com apresentações chocantes, incríveis, mostrando quem realmente Jesus é a uma geração que só o conhece de ouvir falar e do que ouviram apenas têm nojo. E ainda por cima é multicultural literalmente, já que têm membros dos mais diversos lugares do mundo, como Nova Zelândia, Austrália, Alemanha, EUA, Índia, dentre outros países.

Já a algum tempo todos os anos tá rolando Conferência Steiger em SP, vale a pena conhecer a turma, bem como ministérios correlatos como a JOCUM (Jovens com uma missão) e outros projetos.

PRA OUVIR ENQUANTO LÊ A REVIEW: SPOTIFY DA BANDA!


Bustin Thru' (demo, 1987)
Não consegui ouvir esse em lugar algum kkk

Thank You, Good Night, We Love You!! (1989)

01 - Bustin Thru'
02 - Who's Child?
03 - One Day
04 - I Will Call Upon the Lord
05 - Run
06 - Jesus Says This
07 - I Call
08 - Hey... You Don't Know?
09 - Drone
10 - Fire
11 - God's Not Dead
12 - Yeah Song
13 - God Fixed My Brain
14 - Nothing
15 - Too Dead



Cara, é difícil definir o quão irado é o som desse disco. Mistura genial de elementos do punk clássico, hardcore, pós-punk, gótico e rock alternativo. As letras são bem desafiadoras, como "Hey..." (que fala do uso estúpido de elementos de satanismo por várias bandas pra fazer sucesso, sem nem acreditar no diabo e nem imaginar o quão profundo estão entrando no mal) e "God's Not Dead" (hardcore furioso). O final, uma música em que rola a participação direta do público, deitados no chão como "mortos", bem a ideia de "Too Dead", essa já mostra a ideia da banda de interagir diretamente com as pessoas e mostrar sua mensagem de maneira bem conectada mesmo com todos.


No Sex (1991)

01 - Animal Rights
02 - Truth
03 - Friend
04 - AK 47
05 - Sink
06 - Cry
07 - No Sex
08 - New Age
09 - Thank You
10 - Siberia
11 - Jesus Cheer
12 - Aaron's Song

Mais voltado pro gótico, esse disco contém músicas iradíssimas e desafiadoras (ainda mais né haha). Animal Rights mesmo já mostram a contradição de alguns que defendem direitos pros animais, mas curiosamente são a favor do aborto (lembrando que eu sou a favor dos direitos animais também - não igual vegan, porque eu não consigo deixar de comer uma boa proteína animal kkkk, porém sou contra maus tratos, caça esportiva, uso indevido de peles em moda, maus tratos em circos e zoológicos, dentre outros -, ser a favor de um não deve te levar a ser do outro, e se você é a favor de aborto, sinto muito por você, tá?). E segue com mais canções como "No Sex", "New Age" e "AK 47", mostrando como eles não têm papas na língua mesmo, falam tudo sem dó pra turma.


Hang by Your Feet and Sing (1993)

01 - Freedom
02 - Soft Distorted Music
03 - God We Thank You
04 - At The Movies
05 - Forgiveness (Pain in my Neck)
06 - No Chances
07 - Agony
08 - Join
09 - Singapore
10 - War of the Animals
11 - Cold as Buddha
12 - Whine Like a Mule

Musicalmente esse disco já segue mais a tendência do rock alternativo noventista, embora ainda mantendo elementos mais próximos do punk clássico e do pós-punk, como dá pra ouvir em "God We Thank You For Send Us Jesus". Realmente um senhor disco. Nesse tempo a banda ainda tava mais no formato banda mesmo, mas sem perder o foco desafiador (o nome do disco e a capa deixam isso bem claro, uma homenagem aos mártires que mesmo torturados não negavam a fé nem deixavam de falar do Senhor). A música "Cold as Buddha" é uma das mais geniais sem dúvidas, não só pela obviedade que um ídolo não tem vida e é "gelado", mas ao comparar certas pessoas sendo "tão geladas quanto uma estátua de Buda".


Passion (An Act Of..) (1997)

01 - Turn this Guitar Into Bread
02 - (On Your Knees)
03 - Faithful
04 - Touch It (Baby)
05 - Who Are You?
06 - Runaway
07 - Robot
08 - Faithful (Reprise)
09 - Celebrate Party Time Mardis Gras Happy Hour
10 - Fire
11 - This is Not Jazz
12 - Mother
13 - Rape
14 - Alone
15 - I Love You
16 - Angels
17 - Die Die Die
18 - I Won
19 - Untitled Nº 20
20 - (Come Inside)

Praticamente um disco conceitual sobre a paixão de Cristo de uma maneira bem pouco conceitual. Esse disco tornou-se a principal apresentação da banda, e nesse período é que o grupo chegou ao estilo mais amplo que se tornaram, fundindo com dança, teatro, etc. As representações da banda nos shows tornaram-se muito mais fortes. Vide por exemplo a música "Rape" que mostra bem uma moça sendo estuprada - de maneira cênica, óbvio - pelo próprio pai; e depois "Alone" mostrando o estado de abandono que as vítimas desse crime ficam. A seguir "I Love You" mostra Jesus tomando-a em seus braços, e posteriormente indo à cruz por ela (e a crucificação, nas apresentações do grupo, é sem dúvidas forte ao extremo, de deixar qualquer um sem ar!). Sem dúvidas uma evolução incrível do grupo, servindo como um verdadeiro exército em nome do Senhor pra essa geração atual.



Primordial (1999)

01 - Rat
02 - Dog
03 - Brain
04 - Navel
05 - Virtual
06 - Explode
07 - Inverted
08 - Make
09 - Hate
10 - Escape


Numa linha completamente nova, Primordial apresenta uma No.Longer.Music (usando esses pontinhos pela primeira e única vez pra se identificar) mais próxima do eletrorrock, trip-hop e industrial rock. Esse experimentalismo foi muito bem vindo, trazendo um som mais "ambient" em alguns momentos (como em "Dog"), noutros mais rappeado (como em "Brain"). Esse disco passou a ser muito utilizado em momentos mais "ambient" das apresentações da banda, o que é compreensível, e foi perfeito. Uma curiosidade é que os títulos das músicas todos são formados por uma única palavra, que representa bem a sonoridade de cada música já no seu título.


Live in Stuttgart, Germany (Live EP, 2006)


01 -  Monkey Jumping
02 - White Weeding
03 - Cold as Buddha
04 - Special Love Song
05 - Brainsucker
06 - Love Instead




Não é tão difícil achar no Youtube apresentações ao vivo da banda (como a apresentação em Minneapolis de 2014 que inclusive virou DVD oficial deles), porém esse foi o único que saiu em EP. Com algumas faixas novas, traz consigo um resumo básico do que a banda vinha fazendo ao longo dos anos. Minha única reserva é ser um EP, bom seria um disco completo ao vivo deles!

OBS: Brainsucker é a mesma "Brain" do álbum Primordial, só que com novo título.

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(Pra conferir os diversos EPs e lançamentos do grupo a partir da sua segunda fase, vejam o novo Spotify do grupo: No Longer Music NLM)


Out of Time (EP, 2013)


01 - Lying Dead
02 - One, Two
03 - Take a Chance
04 - I'll Go Too
05 - Come With Me
06 - Carry You




Vários anos sem novos lançamentos, período em que o David e a NLM, juntamente com a Steiger, trabalharam bastante abrindo novas filiais do projeto, expandindo, realizando as Conferências Steiger, as Steiger Schools, etc. Todos esses permanecem ocorrendo atualmente, mas em 2013 eles decidiram lançar um novo disco do grupo. Um novo vocalista e com uma pegada nova, mostram ser realmente versáteis em atingir novos públicos. Com uma pegada indietrônica e dance-pop que remete muito bandas mais recentes no cenário rock, como Foster the People e Daft Punk, uma evolução genial, além de manter a qualidade lírica, ainda desafiadora pacas. Ok, meu lado mais rock clássico e gótico prefere a fase original, mas não dá pra negar, essa nova fase do grupo é tão boa quanto, e vale a pena sacar.

(Abaixo alguns dos singles. Pra sacar todos os outros, vá no novo Spotify deles)


Gonna Give Up (single, 2016)

Single do EP "Set Me Free", que evidencia a renovação da banda, com um novo vocalista inclusive. Misturando elementos de eletrorrock e rock alternativo, traça bem os novos rumos do projeto.


No Getting Any Better (single, 2016)

Oficialmente esse single antecipa o que seria o novo EP da banda, "Set Me Free" (que pode ser visto no site da banda). O som é bem mais alternative rock que qualquer outro lançado antes por eles. Têm duas versões, a original e uma que eles tocam junto com a banda brasileira Medulla (esse último o clipe foi gravado numa comunidade "favela" de São Paulo com a autorização e proteção de um líder de gangue local, mostrando de maneira forte a realidade de nossa nação que os cartões-postais e propagandas do governo sempre esconderão).


What Are We Dying For? (single, 2018)

Single do novo EP de mesmo nome. Muito mais voltada pra electrodance, é um som perfeito para invadir raves com um questionamento "pelo que morreríamos?". Bem ao estilo Moby, esse som é pros amantes de música eletrônica sem sombra de dúvidas.

Rescue My Restless Heart (single, 2018)

Mais uma do single "What Are We Dying For". Musicalmente segue os passos

A Filtered Lie (single, 2019)

Mais uma da safra de canções nova do grupo, com um questionamento que me remete à "Everybody's Fool" do Evanescence: mentiras filtradas, aparência que esconde realidades duras.



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Outras mídias: Os livros "Rock Priest" e "Revolutionary!", ambos do David Pierce, mostrando um pouco de seu testemunho e ministério no primeiro e dicas para bandas cristãs realmente atingirem esse nosso mundo complicado.

"Se você tem uma ideia que acha que é idiota, vai lá e faça!"
- PIERCE, David, Rock Priest.

Conheça mais do ministério dos caras nesse documentário legendado em português.

sábado, 14 de março de 2020

Rótulos, "clones", imitações e plágios (parte 2)

Entre 1991 e 1992, um grupo surgia com o intuito de supostamente fazer death metal cristão. O nome forte de "Satan on Fire" deve ter animado alguns, mas letras como "Devil in my Lunchbox", "Cat in the Hat", "Mosh for Jesus" e um cover descarado de "Justify my Love" de Madonna logo levaram alguns a desconfiar que seria só uma piada de mau gosto. E era. Os responsáveis? Twiggy Ramirez e Brian Hugh Warner, que futuramente seriam mais conhecidos pela banda Marilyn Manson (aliás, o último dos dois é a persona que usaria o nome da banda como pseudônimo). O Brian mesmo afirmaria pouco mais tarde que a ideia era tentar se infiltrar em clubes cristãos pra causar constrangimento.

Corte seco. Ano de 2001, um split chamado Barad é lançado. Apesar da banda principal ser ninguém mais ninguém menos que a lendária Antidemon, indubitavelmente fantástica, a banda a seu lado passava bem longe disso, mas absurdamente demais longe disso. Se anos mais tarde uma "Mountain UnBlack Metal" seria encarada como uma brincadeira de criança (literalmente, os membros eram mesmo pirralhos kkkk) facilmente esquecível, Zen Garden passaria pra história como um dos piores projetos de gothic/black metal da história, apesar de incrivelmente ainda ter lá seus apoiadores.

Corte seco. Ano de 2000, surge a primeira banda de um certo músico da Bahia. A primeira de uma zilhonada de bandas. Essa era pra ser um black metal com elementos de viking e etc. Depois veio uma de death, uma de symphonic black, uma que lembrava muito uma certa banda de um vocalista com nome de "rei diamante", outra de heavy/speed aos moldes do Judas Priest e no total foram umas dez bandas capitaneadas pelo sujeito em questão. Muito celebradas por supostamente enfatizar temáticas sobre esses temas de teoria da conspiração, "nova ordem mundial", temas apocalípticos, Illuminati e outras paradas que visivelmente nasceram de horas e horas assistindo vídeos do Irmão Rubens com certeza (sim, o link é da Desciclopédia porque qualquer pessoa de bom senso nunca levaria à sério o Irmão Rubens, só sendo um crente bem retardado do cérebro!). Ao que tudo indica, em determinado momento dos anos 2010 esse cara chegou a mandar material de uma das ou de todas suas bandas à época pro Steve Rowe (Mortification, Wonrowe Vision, dono da Rowe Productions), que automaticamente identificou que o material era recheado de PLÁGIOS e cópias de outras bandas seculares (tanto musicalmente como nas capas), um verdadeiro trabalho de Frankenstein. Se essa exposição não fosse o suficiente, o cara acabou exposto por uma ex-namorada dele que ele era machista e agressor de mulheres (!), além de antissemita e que nem sequer ia pra igreja, além de que nenhuma de suas bandas jamais fazia um show sequer. O resultado óbvio deveria ser o repúdio completo a ele e a tudo que ele "produziu", mas incrivelmente dentro da cena até hoje tem quem venere a noite escura, digo, a guerra brutal, digo, o congelamento noturno, digo, o pó imperial, ah, entendedores entenderão...

Corte seco. Ano de 2008. Em Mossoró, surgia uma banda misteriosa chamada White Throne, capitaneada por um tal Carlos Moonlight. Lançando duas demos de qualidade impressionante, a banda chegou a aparecer na revista Extreme Brutal Death (que está voltando inclusive!), a maior publicação cristã de metal extremo no Brasil. Porém, com a incrível facilidade que surgiu, ela também sumiu depois de 2010. Em 2019 surge a tenebrosa verdade: a banda era uma fraude completa. O EP "Armageddon" era uma cópia COMPLETA sem tirar nem por de algumas músicas do disco "Womb of Pestilence" da secular finlandesa Warloghe. A única coisa que o indivíduo fez foi trocar a capa e o nome das músicas e disco, mas as canções são exatamente AS MESMAS. Nem plágio ou cópia foi, foi uma apropriação indébita total de um som que na verdade não fala nada sobre Jesus Cristo e sim louvor a satã.

Corte seco. Ano de 2014. Um projeto de noisegrind tenta se enquadrar na cena cristã. Com um nome sugestivo de F*** the Devil (sim, é um palavrão a primeira palavra!), o líder do projeto supostamente cristão (mas que inclui entre seus projetos coisinhas como "Ejaculator / Gore", "MuthaFucha" e outras belezinhas tais) tentou por várias vezes divulgar sem sucesso o projeto na maioria dos grupos cristãos pela internet, haja vista seu nome exdrúxulo. Passou a até mesmo atacar então o "white" metal como "plágio, apropriação cultural" e mostrar claramente que de cristão ele nunca teve nada.

Esses exemplos, bem como alguns outros, mostram a atitude dúbia da cena cristã, em especial dentro do metal. As vezes rápida em detectar farsantes, noutra tão tolerante com cópias descaradas, projetos de qualidade duvidosa e situações tão constrangedoras quanto um indivíduo o tempo todo aparecer no seu Messenger divulgando sua banda "Savage Thrash Metal" (desculpe até a piada, Júnior Agostini, onde quer que cê ande hoje em dia, mas não deu pra aguentar kkkkk).

Meu blog valoriza projetos cristãos ou feitos por cristãos, mesmo os inativos, até mesmo paródias como ApologetiX e Inpinfess, mas sendo eu um historiador é fácil entender isso, ademais sim, as bandas antigas merecem o destaque devido, porém algumas vezes a cena parece engessada, presa nos mais do mesmo do passado que não fazem nada mais a anos ou simplesmente nem existem mais. As vezes valorizando excessivamente trabalhos de cunho duvidoso e qualidade péssima unicamente por se dizerem cristãos (e ai de quem tiver a coragem de criticar, o risco de ser chamado de "inimigo da cruz de Cristo" por algo tão simplório é enorme). As vezes acolhendo qualquer indivíduo sem analisar adequadamente suas intenções. Ok, não estou aqui pra pregar ultraperfeição, qualidade impecável ou santidade excessiva, longe de mim. Mas o que se espera é um mínimo de compromisso sério com a Palavra.

Eu não me esqueço que a Desinfernality, banda que fiz parte, no início o Wyndson Arruda, que do cristianismo conhecia mais o "mormonismo" (!) quis fazer letras inserindo essa temática, no que os outros membros o repreenderam e deram uma cosmo-visão mais sensata nas músicas (que apesar de ainda conterem aqui e ali umas paradas bem viajadonas da "Verdade Metafísica Pura", ao menos não enfia blasfêmias heréticas no meio do som). É isso que falta, o mínimo de acompanhamento e bom senso. Algo que é martelado a anos, lembro bem que o Cássio Antestor numa publicação antiga do site da Extreme Records falava dessa questão de artistas que vinham do black metal secular pra igreja e ao invés de receberem o devido acompanhamento, eram deixados pra fazer a parada "cristã" quase que instantaneamente, sem nenhum discipulado, nenhum ensinamento e mudança e o resultado normalmente era sempre o mesmo: vergonha pra cena, pra Igreja, pro Evangelho como um todo. Seja por trabalhos de qualidade duvidosa, seja por lírica estranha, as vezes até anticristã, seja por plágio absurdo ou até cópia total e criminosa mesmo, como foi a White Throne.

Enfim, esse texto é uma continuação do primeiro, e a despeito do primeiro ser uma defesa à cena de metal cristão e esse ter um tom mais crítico, acho que os dois pontos e dois pesos devem ser avaliados. Embora eu sei bem - e qualquer pessoa realmente inteligente sabe - que a cena cristã não é e nunca foi um plágio ou uma apropriação cultural, como expus já no primeiro texto dessa série, é necessário tomar cuidado pra que algumas acusações desse tipo não encontrarem argumentos sólidos. O caso da White Throne mesmo eu vi pessoas não-cristãs da cena underground usarem a seu favor pra zombar dos cristãos e mostrar que nossa cena é ridícula e realmente uma "cópia barata" deles. Temos que fazer o melhor, temos que ser ativos, temos que mostrar em quem cremos sem medo (mas não necessariamente transformar as músicas em panfletárias - letras poéticas e metafóricas também podem ser usadas por Deus, obviamente sem ser algo forçado ou apenas pra "disfarçar-se" na cena secular e não ser esculachado por eles), mas temos que ser criativos, ligados, em meio ao caos desse mundo e de seus homens lobos de homens "prudentes como a serpente e simples como pombas" (Mateus 10.16).

Soli Deo Glori /w\

sexta-feira, 13 de março de 2020

Bob Dylan



Um certo inimigo da cruz de Cristo travestido de "santo profeta" tinha um costume bem curioso (acho que ainda tem) de xingar todos os roqueiros, em especial os cristãos (pessoas as quais ele deveria as ter como suas irmãs, mas ele as tem como leprosas!). Entre seus adocicados "elogios" um ficou famoso a um tempo atrás em quem conhece esse sujeito: "vagabundo, chifrudo, CURTIDOR DE BOB DYLAN!" O porquê de considerar curtir Bob Dylan um insulto é algo que provavelmente vai me intrigar o resto de minha vida, pois na minha opinião humilde e fecal uma pessoa que curte Bob Dylan não é um insulto e sim um gênio!

Afinal Robert Allen Zimmerman, o Bob Dylan, tem uma grande contribuição na história não só do rock como da música como um todo, até mesmo da música cristã. Nascido em Duluth a 24 de maio de 1941, começou a fazer poesias ainda aos dez anos de idade, tocando piano e guitarra num estilo rock-a-billy na adolescência, mas 1959 na universidade de Minnesota ele voltou-se pra folk music, estilo que ele fundiria ao rock com uma maestria que só ele mesmo saberia fazer, e em 1961 lançou seu primeiro disco homônimo. Daí pra frente ele seguiria revolucionando (e causando polêmicas em alguns momentos), como quando em Highway 61 Revisited (1965) ele abandonou o fardo de "bardo do folk" que carregava junto com a cantora e amiga Joan Baez, e passaria a inserir elementos elétricos no seu som (o que lhe valeu a alcunha de traidor por parte de alguns). Ignorando a multidão de críticas, Bob Dylan seguiu, tal qual David Bowie, sendo um mutante musical, e com isso influenciando diversos músicos até hoje (até John Lennon dos Beatles ainda nos tempos áureos da banda se confessava fã do músico americano). Uma de suas músicas, "Hurricane" de 1976, inspirada no boxeador Rubin "Hurricane" Carter, que foi indevidamente preso por assassinato em 1966 unicamente por ser negro, tornou-se porta-voz de um protesto que seria satisfeito em 1985 com a absolvição de Rubin e anulação da pena. Essa foi só uma das muitas intervenções musicais de Bob em sua carreira (outra bem famosa foi sua participação no projeto USA for Africa em 1985), que lhe renderiam uma gama impressionante de prêmios: além de estar entre os atos musicais que mais venderam, ficou em 2º lugar como artista mais importante pela revista Rolling Stone (perdendo apenas pros Beatles), DEZ Grammys, introdução ao Hall da fama do Rock, dos compositores e dos artistas de Nashville, medalha presidencial da liberdade concedida por Barack Obama e ser o único artista da história a ter Grammy (premiação musical), Pulitzer (jornalismo), Oscar (trilha sonora de filme), Globo de Ouro (trilha sonora de filme) e NOBEL de Literatura! Será que o "voz de pato" é bom? 

Bem, e antes que alguém diga "tá, e o que tem de cristão nisso tudo que tu falou, Johnny?" Então, não é segredo pra ninguém que o Bob é filho de judeus, mas no final dos anos 1970 ele teve um encontro com Cristo em meio ao Movimento de Jesus (tal qual artistas como Pat Boone, B.J. Thomas, Cliff Richards, Mylon LeFevre e tantos outros) e chegou a lançar 3 álbuns com sonoridade mais próxima ao gospel e letras voltadas ao Senhor - e que foram pavoneados por seus antigos fãs e críticos musicais da época. Mesmo após voltar à carreira secular, Bob nunca largou a fé cristã, chegando a declarar por ocasião do lançamento do disco "Christmas in the Heart" de 2009 "sou um crente verdadeiro". Curiosamente muitos atribuem a Bob justamente o contrário, que ele seria um satanista, haja vista que em certa entrevista ele teria dito ter feito um trato com o "chefe-comandante dessa Terra e do mundo que não podemos ver", algo que duvido muito - não da declaração em si, mas sim que ele atribua essa chefatura ao diabo, já que ele é nascido judeu e seguidor do Cristianismo, sabe bem que, como Jesus declarou em Mateus 28.18 "TODA AUTORIDADE ME FOI DADA NOS CÉUS E NA TERRA!" Sim, Jesus é o Senhor de tudo e de todos, aceitando nós ou não! E sei bem que Bob Dylan sabe bem e escolheu servir alguém, não o diabo, mas ao Senhor.

Curiosidade: Um dos filhos de Brother Simion se chama Dylan, óbvia homenagem ao cantor americano.


Slow Train Coming (1979)

01 - Gotta Serve Somebody
02 - Precious Angel
03 - I Believe in You
04 - Slow Train
05 - Gonna Changing My Way of Thinking
06 - Do Right to My Baby (Do Unto Others)
07 - When You Gonna Wake Up
08 - Man Gave Names to All the Animals
09 - When He Returns


Lembro como se fosse hoje quando li o meio-irmão de Elvis Presley, Rick Stanley, na sua biografia comentar que as pessoas, quando não encontram a Deus, sempre servem a alguma coisa, como ele serviu ao irmão Elvis e Elvis serviu a seus fãs, aí ele citou a frase de Dylan na faixa de abertura desse disco fantástico "você sempre servirá a alguém!". A faixa, a melhor na minha opinião de toda a carreira cristã do Bob, ganhou um Grammy de melhor performance vocal masculina - o primeiro aliás de sua carreira - e foi seu primeiro hit número um em três anos, mas também ganhou a fúria de John Lennon, outrora um de seus maiores admiradores, que chegou a escrever e gravar a faixa "Serve Yourself" pouco antes de morrer em 1980 (só sairia numa antologia) e dizendo na música "sirva a si mesmo!" Uma lástima tal desnecessária afronta dele, mas fazer o que né... Fato que Dylan ignorou e seguiu em frente, como em músicas tais quais "Precious Angel", "When He Returns" e o reggae de "Slow Train". A temática cristã transparece demais nesse disco, que curiosamente foi o mais bem aceito da fase cristã pela crítica na época, e foi colocado em 16º lugar entre os 100 mais importantes discos de música cristã contemporânea pela revista americana CCM. Mantendo elementos de country, reggae e gospel, é sem dúvidas um disco genial, que ainda contou com a guitarra do mítico Mark Knopfler (Dire Straits).

Slow Train Coming Tour (ao vivo, 2015)
Depois de muitos anos, saiu o registro desse show gravado entre 18 e 20 de novembro de 1979
em Civic Auditorium, Santa Monica, California. Apresentava inclusive canções do próximo disco.



Capa alternativa
"menos religiosa"
Saved (1980)

01 - A Satisfied Mind
02 - Saved
03 - Covenant Woman
04 - What Can I Do for You?
05 - Solid Rock
06 - Pressing On
07 - In the Garden
08 - Saving Grace
09 - Are You Ready?




Disco com muito mais influência do gospel nos arranjos, e com uma letra como "Saved" como faixa-título, não poderia deixar mais claro a conversão de Dylan. Letras fantásticas e sonoridade mantendo-se numa qualidade fortíssima, entretanto já nesse alguns ditos críticos passaram a criticar a ideia do álbum e do Dylan em falar de sua fé acima de tudo - uma crítica absurdamente vazia como dá pra perceber né. Enfim, a despeito dessas críticas, é um trabalho que vale demais a ouvida. Nesse mesmo ano Dylan daria uma canja no álbum "So You Wanna Go Back to Egypt" do saudoso Keith Green, mostrando que sua ligação com a galera do Jesus Movement seguia forte.

A capa original do famoso ilustrador de capas Tony Wright ilustra bem o conceito de salvação. Uma lástima que a gravadora preferiu uma abordagem "menos religiosa" ao relançar o disco pouco depois, com uma foto simples do Dylan no palco.

Third Day fez uma versão de "Saved" no seu disco "The Offerings Experience Vol. I" (obrigado Márllon pela info!)



Between Saved and Shot of Love (1981, não-oficial)

01 - Is It Worth It?
02 - High Away
03 - Hallelujah
04 - Magic
05 - You're Still a Child to Me
06 - Wind on the Water
07 - All the Way Down
08 - My Oriental Love (instrumental)
09 - We're On Borrowed Time
10 - I Want You to Know I Love You
11 - On a Rocking Boat
12 - Movin' (On the Water)
13 - Almost
14 - Don't Ever Take Yourself Away
15 - Mystery Train
16 - Heart of Mine
17 - Watered Down Love
18 - Shot of Love

Uma série de canções feitas pelo Bob e nunca lançadas oficialmente (algumas até foram parar no disco Shot of Love, outras só numa antologia chamada "The Bootleg Series Volumes 1-3" de 1991). Já nessa é possível ver que Bob Dylan queria incluir números mais "mainstream" e menos religiosos no seu próximo disco (como de fato ocorreria). Vale a ouvida por conter muitas canções raras e igualmente bem produzidas como o Dylan sempre fez.


Shot of Love (1981)

01 - Shot of Love
02 - Heart of Mine
03 - Property of Jesus
04 - Lenny Bruce
05 - Watered-Down Love
06 - The Groom's Still Waiting at the Altar
07 - Dead Man, Dead Man
08 - In the Summertime
09 - Trouble
10 - Every Grain of Sand


Último da trilogia cristã de Dylan. Com uma pegada muito mais rock que os dois trampos anteriores, além de não ser um disco 100% letras religiosas, como é evidenciado por exemplo na homenagem ao humorista Lenny Bruce e no country romântico "Heart of Mine". Aliás essa última teve a ajuda de dois grandes músicos ingleses: Ringo Starr (Beatles) na bateria e Ron Wood (Faces, Jeff Beck Group, Rolling Stones) na guitarra. Acabou por ser um disco muito criativo, embora tenha novamente dividido a opinião dos críticos da época - e do público e companheiros da música também. Keith Richards (também do Rolling Stones, olha só!) chegou a insultar Bob como o "profeta do lucro" e até Caetano Veloso em 1982 soltou a infame "Ele Me Deu um Beijo na Boca" em que diz "Eu sou do clã do Djavan/Você é fã do Donato/E não nos interessa a trip cristã/De Dylan Zimmerman". Na boa turma, cês tão parecendo aquelas criancinhas do black metal de um certo país chamado Brasil que fica macaqueando ódio ao Cristianismo só pra aparecer e fingir que realmente dão valor a isso só pra não serem mal vistos pela turminha que querem andar... ops, acho que falei demais né? kkkk. Enfim, fato é que Bob acabaria por voltar pra carreira mainstream aos poucos até que em 1983 lança "Infidelis" (que nomezinho meio "sugestivo" pra alguns kkkk), onde ele realmente voltou "à velha forma" pros críticos e fãs de plantão, muito embora ali no meio do disco uma faixa como "Man of Peace" com o verso "as vezes satã aparece se fazendo de homem de paz" mantenha uma linha tênue com os trabalhos anteriores e mostrando que a fé de Dylan mantinha-se de pé, mesmo que agora mais "reservada".

Gotta Serve Somebody - The Gospel Songs of Bob Dylan (tributo, 2003)
Cinco faixas do disco Slow Train Coming e seis do Saved (lamentavelmente nenhuma do Shot of Love)
Também gerou um documentário. Vale mencionar que Dylan deu a bênção ao trampo,
inclusive cantando a faixa “Gonna Change My Way of Thinking” com Mavis Stapes
Um dia falarei mais na sessão de Tributos.



Christmas in the Heart (2009)

01 - Here Comes Santa Claus
02 - Do You Hear What I Hear?
03 - Winter Wonderland
04 - Hark the Herald Angels Sing
05 - I'll Be Home for Christmas
06 - Little Drummer Boy
07 - The Christmas Blues
08 - O' Come All Ye Faithful (Adeste Fideles)
09 - Have Yourself a Merry Little Christmas
10 - Must Be Santa
11 - Silver Bells
12 - The First Noel
13 - Christmas Island
14 - The Christmas Song
15 - O' Little Town of Bethlehem

Curioso quando Dylan lançou esse álbum, poucos dos que o questionaram lembraram de sua conversão no final de 1978 ao cristianismo, questionando mais ele ter nascido judeu, e Dylan prontamente respondeu que mesmo quando ainda identificava-se com o judaísmo ele nunca deixara de comemorar o natal em Minnesota. Várias canções tradicionais natalinas, com aquele típico estilo da época, mas obviamente com a instrumentação e arranjos de Dylan, tornando-o bem country. A voz de Bob aqui está bem a lá Louis Amstrong, o que também soou bem demais pra proposta do disco. Vale muito a ouvida, um dos melhores discos natalinos da história. Toda a verba do disco aliás foi doada por Dylan para instituições de caridade, mais uma mostra de sua fé cristã.

Curiosidade: Na produção do disco quem assina é o boneco de neve Jack Frost em pessoa. Não não, kkkk não é o boneco, claro, é só um pseudônimo do Bob Dylan de brincadeira mesmo kkkk.


The Bootleg Series vol. 13 - Trouble No More (1979-1981) (compilação, 2017)
Contém apresentações ao vivo do Dylan com faixas desse tempo,
incluindo inéditas como "Caribbean Wind".
As versões comuns contém apenas 2 CDs, mas as limitadas chegam a até 11 discos,
entre CDs e DVDs, com inclusive material raro nunca lançado em estúdio, como
"Rise Again" e "Cover Down, Pray Through"


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Embora seja um texto feito por uma pessoa não-cristã e com algumas opiniões que não concordo, vale a pena dar uma sacada no texto da Sul21 sobre a fase cristã de Dylan, é bem esclarecedor e legal de sacar.

quinta-feira, 12 de março de 2020

Rodrigo Bueno



Toda cena tem seu começo, ou seus precursores. No Brasil alguns lugares tiveram artistas que poderiam ser chamados como os precursores de cenas locais. Em RJ sem dúvidas VPC, Jovens da Verdade, Cantores de Cristo e Comunidade S8, e pouco mais tarde o Rebanhão. Em SP o Voz da Verdade e o Êxodus, seguido por alguns grupos, pelo Coral Jovem de SP e pelo Som Maior e pela primeira versão do Rebanhão, até a chegada do movimento gospel. Em Minas Gerais a Banda Azul e o MPC. No Paraná a galera de Os Ligados. Em Pernambuco sem dúvidas os Embaixadores de Sião e José Carlos, posteriormente outros grupos como Novo Viver, Pacto, ArteCristã e Candelabro. Já em Brasília alguns corajosos tentavam renovar a música cristã de lá, como o pernambucano João Inácio, junto à sua esposa, a candanga Ranúzia; o guitarrista fantástico Quico Fagundes, o mestre Josué Rodrigues e o pessoal da Comunidade Cristã de Goiânia com seu grupo de louvor Koinonya, que logo se mudaria pra Brasília - e nos mais tarde pro RJ (tendo entre seus membros o genial Silvério Peres, que formaria a pioneira Akza de hard rock). Mas o primeiro a realmente encarar o desafio de gravar rock cristão em BSB foi Rodrigo Bueno, paulista de Jundiaí que acabou fazendo história na capital brazuca. Cristão desde 1978 na igreja Memorial Batista, após uma temporada problemática nos EUA onde chegou a se viciar em cassinos em NY. Ao voltar pro Brasil, dedicou totalmente sua vida a Jesus, e em 1989 lançaria seu primeiro e mais memorável disco, "Salvo-Conduto". Em 1991 lançaria seu último disco em anos, "Novos Rumos", não tão marcante e mais pop que o primeiro, mas que teve suas canções mantidas até hoje no louvor da sua congregação. Em 1992 ele passou a ser capelão do Colégio Batista de Brasília e líder da juventude batista, cargo que desempenhou até 2002. Em 1993 casou-se com Joicilene, a quem conheceu numa das missões da igreja pra São Luís - MA. Recentemente em 2017 Rodrigo voltou à ativa, com o disco Sempre Vou Te Amar, mais voltado pra MPB. Pra conhecer mais dele, veja essa recentíssima entrevista com o músico.

OBS: Não confundir com o finado cantor argentino Rodrigo (Rodrigo Alejandro Bueno), "O Potro" - aliás, alguém explica isso pro Last.FM, que sempre redirecionam as músicas do cara pro argentino -, nem com um jornalista esportivo brasileiro de mesmo nome.


Salvo-Conduto (1989)

01 - Eis-me Aqui
02 - Bom Combate
03 - Colina
04 - Compromisso
05 - Salvo-Conduto
06 - À Porta
07 - Atitudes
08 - Se Você Acreditar
09 - A Humanidade
10 - Peregrino

Pop/Rock com bons elementos de música progressiva, meio AOR, em especial na faixa título, a mais "rock" do disco ("Se Você Acreditar" e "Humanidade" também não deixam muito por menos aliás). O impacto que esse disco teve na cena brasiliense é evidente, como dá pra evidenciar no fato de três faixas desse disco terem ganho versões de bandas de lá: "Salvo-Conduto" e "Bom Combate" foram coverizadas pelo Raízes e "À Porta" pela banda Livre Arbítrio.


Novos Rumos (1991)

01 - Adoração
02 - De Bem com a Vida
03 - Dons e Talentos
04 - Double A (instrumental)
05 - Não me Esqueço de Você
06 - Novos Rumos
07 - Paraíso
08 - Tenho Contra Ti

Musicalmente a sonoridade foi pro pop ainda mais que no disco anterior, embora hajam elementos rock aqui e ali como em "De Bem com a Vida". Infelizmente não encontrei a arte da capa desse disco em lugar algum. Liricamente continuam enfatizando o louvor ao Senhor e até algumas críticas a atitudes confusas dentro da igreja como pode ser ouvido em "Adoração" e "Tenho Contra Ti". "Não me Esqueço de Você" acabou sendo mais uma que ganharia versão por parte da banda Raízes, dividindo vocais com o mestre da MPB cristã João Alexandre (as três músicas que o Raízes coverizou saíram no disco Compasso 3/1 de 2001, essa última também saiu numa coletânea da Salmus Produções). Na versão original não consegui descobri com quem ele dividiu vocais, bem como os vocalistas que dividiram vocais com ele na faixa Novos Rumos (quem sabe se alguém tiver contato com o Rodrigo pergunta ae por favor e me repassa!)


Sempre Vou te Amar (2017)

01 - Olho para os Montes
02 - Pedra de Esquina
03 - Eis-me Aqui
04 - Vida Ligeira
05 - Novos Rumos
06 - Em Todo o Tempo Deus é Bom
07 - Sempre Vou Te Amar
08 - Canção de um Náufrago
09 - Tenho Contra Ti
10 - Confiança

Retorno bem vindo demais! Com diversos elementos musicais, entre eles MPB, pop/rock, blues, dentre outros, com uma pegada bem moderna e conectada com os tempos atuais, mas mantendo uma poética lírica fascinante e qualidade instrumental e vocal impecáveis. Os anos não atrapalharam em nada a qualidade da voz de Rodrigo. Novas versões pra clássicos como "Eis-me Aqui", "Novos Rumos" e "Tenho Contra Ti" que mantiveram a identidade das originais, mas com um inquestionável repaginamento de primeira. Rodrigo Bueno é um desses que fizeram história na música cristã e inacreditavelmente ficaram "à margem" da história da música cristã com o passar dos anos, infelizmente. Redescobrir a obra dele é uma NECESSIDADE, e recomendo começar justamente desse, que está disponível no Apple Music e no iTunes, dê uma conferida assim que terminar essa review. Quer dizer, já cabô, vá conferir agora mesmo!

terça-feira, 10 de março de 2020

Mestres das Seis Cordas - Especial Dia do Guitarrista



Se hoje, dia 10 de março, é dia do guitarrista, hora de falar de alguns dos melhores guitarristas do rock cristão e uma das melhores obras dele pra galera conferir.

* Chris Impellitteri: Eye of the Hurricane
* Carl Johan Grimmack (Narnia, Rob Rock, Fires of Babylon): Into this Game (com o Narnia)
* Michael Sweet e Oz Fox (Stryper): Loud and Clear
* Bob Hartman (Petra): Jekyll and Hyde
* Phil Keaggy: Take me Closer
* Juninho Afram (Oficina G3): Meus Próprios Meios
* José Cézar Motta (Catedral): Pelas Ruas da Cidade
* Bruce Franklin (Trouble): R.I.P.
* Ozielzinho: Under God's Grace (cover do Cézar Motta)
* Roger Franco (Freedom): Não Vou me Calar
* Ricardinho e Alessandro Lucindo (Stauros): Seaquake
* Fábio Rocha (Shining Star): Dangerous Game
* Isaque Soares (Krig, Sabbatariam, Apéiron): Fatality Brutality (com a Krig)
* Joshua Perahia: Reach Up
* Dennis Cameron (Angelica): Keep Pushin' On
* David Zaffiro (Bloodgood): The Messiah
* Rex Carroll (Whitecross, King James, Fierce Heart): Flashpoint (instrumental irado)
* Tony Palacios (Guardian): Time Stands Still
* Stu Heiss (REZ Band): White Noise
* George Ochoa (Recon, WorldWide, Mortification, Deliverance e outras): Dreams (com a Recon)
* Gary Lenaire e Erik Mendez (Tourniquet): A Dog's Breakfast
* Glenn Rogers (Deliverance, Hero, Vengeance Rising, Once Dead e várias outras): No Time (com a Deliverance)
* Larry Farkas e Doug Thieme (Vengeance Rising, Once Dead, Die Happy e outros projetos): White Throne (com a Vengeance Rising)
* Jason Truby (P.O.D., Living Sacrifice): Going in Blind (com o P.O.D.)
* Rocky Gray (Living Sacrifice, Soul Embraced, Evanescence): Rules of Engagement (com o Living Sacrifice)
* Phil Sgrosso e Nick Hippa (As I Lay Dying): Shaped by Fire
* Eduardo Parronchi (Destra): Stronger Light Living Water
* Samantha "Sesca" Scarba (Virgin Black): A Poet Tears of Porcelain
* Jon Noble e John Berry (Jacob's Dream): Kinescope
* Christen Spevoll e Ole Børud (Extol): Confession of Inadequacy
* Rick Renstrom: Ah véi, esse aqui eu tenho que colocar pra ver o vídeo daqui mesmo, esse cara é um exemplo de superação e de fé!





Claro que existem diversos outros grandes guitarristas, mas decidi colocar nessa lista os melhores em minha humilde opinião. Obviamente vocês tão livres pra dar suas sugestões. É isso, se curtiram esse post espalhem e quem sabe no ano que vem role alguma nova lista. Feliz dia do guitarrista pros que manjam das seis (ou mais as vezes) cordas!

domingo, 8 de março de 2020

Especial Dia da Mulher

Christine Steel (Arsenal), Danis (Scarlet Red), Leslie Philips, Nancyjo Mann (Barnabas), Sandy Lee Brock (Servant), Wendy Kaiser (Rez), Margareth Becker, Connie Scott, Cindy Cruse Ratcliff, Amy Wolter (Fighter), Rosana Palmer (Rosanna's Raiders), Geri Baird, Lisa Faxom (Ransom), Lynn Renaud (Messiah Force), Tammy Sheets (Torah), Sharon Keel (Earthen Vessel), Jerri Bionda (The Hounds of Heaven), Rachel Rachel, Dale Kirkland (September), Geri Karlstrom (Karlstrom), Leigh Nash (Sixpence), Cristal Lewis (Wild Blue Yonder), Davia Vallesillo (Dakoda Motor), Nancy Honeytree



Rock e mulher curiosamente tem uma coisa bizarra, pois quase sempre as mulheres foram minoria no rock, o que é estúpido quando se lembra que o rock nasceu pelas mãos de Sister Rosetta Tharpe. O domínio masculino no rock ainda levou a casos bizarros como os excessos sexistas da era glam metal nos anos 1980, representando mulheres quase sempre como objetos sexuais, a despeito de muitas desde os anos 1960 se orgulharem de serem groupies (mulheres que se ofereciam pra músicos de rock - deve ainda ter isso hoje em dia) e sex simbols de roqueiros (marias shampoos haueheauheuh). Mas a verdade é que muitas mulheres romperam essas fronteiras e fizeram parte da história do rock ativamente, e hoje em dia isso é muito mais vívido, tendo ao longo da história até bandas só de mulheres, como as seculares Runaways, Girlschool, Vixen e Nervosa, ou as cristãs Rachel Rachel e Barlow Girl.

Sendo assim, nesse post especial venho falar de nomes de mulheres que fizeram e fazem parte da história do rock cristão (mais de uma semana de pesquisa complicadinha kkkkk). A exceção das que já citei acima, incluindo na legenda, várias outras valem muito a citação que se fará abaixo.

OBS: Participações especiais como Raquel Mello, Fernanda Brum e outras não citei porque ia ficar gigantesco demais e até meio incoerente, sei lá kkkkk

- Mahalia Jackson (voz, artista solo, in memorian)
- Rosana Abbud, Jimena (Rhimena) Abécia (in memorian), Ana Raia (vocais) e Pitita Mayer (bateria): Troad
- Elke e Juliana Batista (bateria): Antidemon
- Soraya Moraes e Katia (vocais): Metanoya
- Judith Kemp, Loide do Amaral, Barbara Kemp, Sonia Rachid, Lucitânea Egg, Janis Pezzato, Elisângela Borges, Carla Verotti, Dione de Moura, Sonia Pezzato, Valeria Verotti, Virgínia Bonfim (vocais) e Barbar Gordon (flauta transversal): Vencedores por Cristo
- Gabi Rox (vocais): Athos-2
- Becky Ugartechea (voz, artista solo)
- Vonda Kay Van Dyke (voz, artista solo)
- Karen Voegtlin (voz, artista solo)
- Jehh (voz): Moryah
- Becki Moore (voz): duo Mickey & Becki Moore
- Jamie Owens-Collins (voz e violão, artista solo)
- Carol Owens (voz): duo Jimmy & Carol Owens
- Jamie Page (voz): Jamie Page and A Band Called Jerusalem
- Priscila Felício Angel e Priscila Maciel (vocais): Actos 2/Kadoshi
- Benner Jack's (voz, artista solo)
- Rafaela Priscila (vocais): Retrieve
- Reba Rambo (voz, artista solo)
- Debbie Rettino (voz): duo Ernie & Debby Rettino
- Christine (voz): Relish
- Linda Rich (voz, artista solo)
- Wendy Balley (voz, artista solo)
- Nedra Ross (voz, artista solo)
- Julie Soares (baixo): Krig
- Mithalie Marques (vocal): Before Ending the Day
- Susan Ashton (voz, artista solo)
- Gleyce Vieira (vocal): Lilium Vitae
- Jéssica Barbosa (baixo): 70x7 Screamo
- Priscila Lira (vocal): Angel's Fire
- Lidiane Salles (teclado): Arcandria
- Célia M. Grays (voz): Trio Maranata
- Susan Connor (voz): Dayspring Trio
- Zilanda Valentim (voz, artista solo)
- Cindy Morgan (voz, artista solo)
- Melissa Parrick (voz, artista solo)
- Abi Cristal (voz, artista solo)
- Dérika Karla (baixo): Desinfernality e Pacto de Sangue
- Nina Cislaghi (vocal): Bloodlined Calligraphy
- Leslie "Sam" Phillips (voz e violão, carreira solo)
- Tess Wiley (voz e violão): Sixpence None the Richer
- Fátima Coutinho (vocal) e Gerlany (bateria): Hagnos
- Johanna Kultalahti e Miia Rautkoski (vocal): HB (a última também na banda Rammas Atas)
- Suellen Rocha (vocal): Over Death
- Michelle Tumes (vocal, artista solo)
- Lady Hanna (teclado) e Lady Seraph (vocal): Margorium
- Patrycja Pyzińska (voz e cordas) e Regina Szlachta (violino): Illuminandi
- Stacie Orrico (voz, artista solo)
- Annie Chapman (voz): Dogwood (não a de punk cristã e sim a de folk dos anos 1970)
- Evelyn Higginbotham (vocal, artista solo)
- Ann Downing e Joy McGuire (vozes): The Downings
- Michelle Braglia Rodovalho (vocal): Perpetual Legacy e Hazeroth
- Debora Musumeci (vocal): Seven Angels
- Amanda e Deborah "Deh" Renck (vocal), Keizi Cavalheiro (guitarra): Hawthorn
- Luciane "Cyane" Cardozo (voz e guitarra, artista solo)
- Korey Cooper (guitarra, tecladista e vocal) e Jennifer "Jen" Ledger (bateria): Skillet
- Lacey Mosley (vocal): Flyleaf
- Melyssah (baixo) e Thais Giglio "Lady Danmaris" (guitarra e vocal): Devotam (a última também na Poems of Shadows)
- Talita Silveira (bateria): Against Death
- Tatiana Barros "Lady Corban" (baixo): Soterion
- Leesa Rose (bateria) e Kalyn Hay (guitarra): Randy Rose Band
- Roberta Di Angelis (vocal, artista solo)
- Nicol Smith (vocal): Selah
- Juliana B. Faustino (bateria): Dead Snake
- Paula (baixo): Juízo Final (de death metal)/Intruder
- Dawn Michelle (vocal) e Wendy Drennen (baixo e voz): Fireflight
- Linda Espinoza e Annete Moreno (vocal): Rojo (a última também solo)
- Annete Olzon (vocal): solo e The Dark Element, ex-vocalista da secular Nightwish
- Nina Llopis (vocal e baixo): The Lead
- Heather Miller (voz, artista solo)
- Hayley Williams (vocal): Paramore
- Amy Lee (vocal e piano): Evanescence
- Cheryl Jewell (vocal), Heli Sterner (guitarras), Brynn Beltran (teclados), Jennifer York e Robin Spours (baixo) e Jennifer "Sparky" Sparks (bateria): Rachel Rachel
- Alyssa (voz, teclado e baixo), Rebecca (guitarra) e Lauren Barlow (bateria): BarlowGirl
- Scarelli (voz) e Vania (baixo): Spirit's Breeze
- Jack (bateria), Tatty (baixo), Viviane (guitarra), Kelly (guitarra) e Andrea (voz e teclado): Ex-Hortation
- Julie Turnbull (voz): Turnbull
- Kelly Willard (voz, piano e teclado, artista solo)
- Gabriela Sepúlveda (vocal): Boanerges
- Lida Manzano (vocal): Soteria
- Christine Wyrtzen (voz, artista solo)
- Miriam López (guitarra e violino), Rocío Del Moral Osnaya (baixo) e Claudia Cano (vocal): Déborah
- Christine Glass (voz, artista solo)
- Kristy MacCoil (voz): Say-So
- Estefania Bonfanti, Sus Gramcianinov e Cinthia Tchy (vocais): Bloodforge
- Johanna Sánchez (voz e teclado), Tabatha Martinez e Erika Santiago (vocais): Death Poems
- Patrícia Silva (vocal): Spiritual Live
- Jennifer Knapp (vocal e violão, artista solo)
- Luciana "Lu" Alone (voz, guitarra e piano, artista solo)
- Wendi Foy Green, Jennifer Hendrix, Deborah Schenelle e Marianne Tutalo (vocais): Sierra
- Jill Philips (voz, artista solo)
- Stephanie Smith (voz, artista solo)
- Maria Muldaur (voz, artista solo)
- Jillian (voz, artista solo)
- Shelley Breen, Denise Jones, Leigh Cappillino, Terry Jones e Heather Payne (vocais): Point of Grace
- Chandelle (voz, artista solo)
- Rebecca St. James (vocal, artista solo)
- Rebecca Sparks (voz e instrumentos que não achei informação): Bash-N-The-Code
- Annelise Macedo, Elizabeth Breder, Elizabeth Marques, Gilda Velloso, Gisele Cordeiro, Ione Mendonça, Kátia Freire, Lizete Damasceno, Lúcia Grael, Lucila Proença, Magda Maldonado (mãe do Bene Maldonado do Fruto Sagrado) e Rosemary Pinheiro (vocais): Comunidade S8
- Ana Maria Avelar (líder e voz): Movimento Jovens Livres (in memorian)
- Isa Moysés (soprano, in memorian), Lílian Moysés (contralto, in memorian), Célia Regina, Rita de Cássia, Sara Moysés, Lydia Moysés, Elizabeth Moysés e Liliani Zanirato (vocais): Voz da Verdade
- Kathleen Cash (filha de Johnny Cash) (voz, artista solo)
- Kate Hudson "Kate Perry" (voz, artista solo, posteriormente saiu dos caminhos da fé =/)
- Amy Grant (voz, artista solo)
- Marina de Oliveira (voz): solo e Voices
- June Carter (esposa de Johnny Cash) (voz, artista solo)
- Debby Boone (esposa de Pat Boone) (voz, artista solo)
- Karyne Oliveira (voz e violão): Veneza Boreal
- Karin Soares (voz): Adorelle (in memorian)
- Lize (voz): Beatrix
- Lara Valim (vocal): Satélite/Trini
- Cláudia Bastos Makuko e Sandra Simões (vocais): Katsbarnea
- Ciça Wurfel (teclados e vocais adicionais): Brother Simion
- Phadrah Hirschfield (vocal): Light Force
- Sandi Patty (vocal, artista solo)
- Bonnie Keen, Mel Tunney e Marabeth Jordan (vozes): First Call
- Annie Herring e Nelly Greisen (vozes): 2nd Chapter of Acts (Annie também se aventurou em carreira solo)
- Grace Miller e Cathy Dunn (voz): Infinity Plus Three
- Debby Kerner (voz, artista solo)
- Cindy Kilpatrick (voz) duo Bob & Cindy Kilpatrick
- Kathy LaChance O'Donnell (voz) The LaChances
- Karen Lafferty (voz e violão, artista solo)
- Paula Kel (voz): Aavah
- Natalia Soto (guitarra e voz), Carolina Sánchez (baixo e voz), Miranda (voz) e Johana Gallego (bateria): Aggelos
- Laurie, Debbie, Lindy e Cherry Boone (vozes): The Boone Girls, as filhas de Pat Boone
- Jaci Velasquez (voz, artista solo)
- Fabrine Schimitt (voz): Filhos do Homem
- Christe Tristão (voz) solo e Asas da Adoração
- Stephanie Boosadha (voz, artista solo)
- Roberta Digilio (baixo): Livres para Adorar
- Solveig Maria (voz): Vaakevandring
- Vera Knyazeva (Vocais femininos, teclados e gaita de foles): Holy Blood 
- Samantha "Sesca" Escarbe (guitarra, violoncello): Virgin Black
- Ada Szarata (voz): Undish
- Sheri e Libby Luckey (voz): Wedding Party (a última também da I-Dragon-I)
- Ivete Lanzeri (voz): Líquens
- Cynthia Clawson (voz, artista solo)
- Kathy Troccoli (voz, artista solo)
- Cecília Neufeld (voz): Power Praise
- Gê (baixo): Distarnish
- Kathy Deasy (voz): duo Mike and Kathy Deasy
- Angel Starz (voz): Rackets and Drapes
- Eva O (voz): Artista solo, ex-membra da secular Christian Death
- Louise Crane (voz): Raven Adore
- Jenni Hazell (baixo): The Awakening
- Sheri Luckey (voz): Dark Valentine
- Veronia Solje (voz e violino): Venia
- Melanie Bolton (voz e teclados): Ashen Mortality e Wintersoul
- Eve Selis (voz): Kings Road
- Nancy Grandquist (voz, artista solo)
- Stormie Omartian (voz): Michael and Stormie Omartian
- Mia Richards (voz e baixo): Gretchen
- Donna Worsham (voz e teclado): Armor of God
- Marge Curtner (baixo) e Annete Cvengros (guitarra): Cryptic Axe/Ordained Fate
- Gena McClure (voz): Towne Cryer
- Mary Howell (voz e baixo): Tellus, Galea
- Maria Gardner (voz): duo Steve & Maria Gardner
- Lilly Green (voz, artista solo)
- Stacy Carrera (voz): Angelic Force
- Jeanne Greene (voz, artista solo)
- Sheila Walsh (voz e violão, artista solo)
- Débora (voz): LampShade
- Janny Grein "Grine" (voz e violão, artista solo)
- Bryn Haworth (voz, artista solo)
- Tami Chere Gunden (voz, artista solo)
- Pamela Deuel Hart (voz, artista solo)
- Bev Sage (voz): Writz e Techno Twins/The Technos
- Melanie Jamias (bateria): Rebel's Mother
- Cristina Gomes Machado (violão e piano elétrico): LaCriMa
- Ranúzia (voz e violão): João Inácio & Ranúzia
- Melodee DeVevo (violino, violoncello e voz): Casting Crows
- Maria McKee (voz, piano e guitarra): Lone Justice e solo
- Vanessa Rafaelly (voz, artista solo)
- Joyce Brito (in memorian) e Aurora Brito (voz): Banda & Voz
- Terra Cay e Kate Becker (voz): Royal Anguish (a última também no projeto Mena Brinno)
- Marivone Lobo (voz): Baixo & Voz
- Andréia Alves (guitarra, back vocais): Kletos
- Francesca Battistelli (voz, artista solo)
- Sancha Guedes (voz e rap): Juízo Final
- Baby do Brasil (voz, artista solo)
- Joanne Hogg (voz): Iona
- Sandra McCracken (voz e violão): artista solo e Indelible Grace
- Lauren Daigle (voz, artista solo)
- Michelle Young (voz, artista solo)
- Brooke Fraser (voz) artista solo e Hillsong United
- Sarah Kelly (voz e piano, artista solo)
- Twila Paris (voz, artista solo)
- Sarah Masen (voz, artista solo)
- Ana Rock (voz): Palankin
- Liza, Rachel Moraes e Danise Valsani (back vocais): Ministério de Adoração Rock
- Kim Boyce (voz, artista solo)
- Faty (voz, artista solo)
- Mancy A'lan Kane (voz, artista solo)
- Vânia Brito (voz): Reluz
- Kelly Minter (voz, artista solo)
- Eliã (voz, artista solo)
- Kim Hill (voz, artista solo)
- Raquel Cordeiro (voz feminina) e Karen Silva (baixo): Khalisys
- Sara e Patrícia (voz): Louvor, Art e Cia
- Jennifer Deibler (voz): FFH
- Kelly e Liza Zampiere (voz): GerD
- Juliane Carvalho (voz): 7th Symphony
- Marcela Taís (voz, ukulele, violão e teclado, artista solo)
- Lorena Chaves (voz, guitarra e violão, artista solo)
- Lory (baixo) e Silvia e Cinzia Rizzo (vocais): Getsemani
- Luciana Willock (baixo e vocal) e Wilden Willock (vocal): Zive
- Jéssica Santos e Paula Monique (vocais de apoio): Improviso Divino (a última também no projeto Beyond the Dreams, que também incluia Crislayne Evanny, Vidan Brandão e Daphine Melyssa, além de nos primórdios Rebeca Francelino, Vanessa Dantas e Renata - a ideia era ser uma banda, mas virou um projeto de fotografia e filmagem de shows que faz uma falta danada aqui em Pernambuco)
- Rebeca (baixo): Empire HC
- Bruna Santos (voz): TernoeSaia
- Ashleigh Semkiw (voz): TULIP
- Ashley Cleveland (voz e guitarra, artista solo)
- Jenny Chisolm Simmons (voz): Addison Road
- Rebeca Lacerda (voz): Megafone
- Jayne Farrell (voz): duo Farrell & Farrell e também solo
- Sarah Anthony (voz): Breaking the Silence/The Letter Black
- Ziza Mohr, Nikita Carter e Talia Jankowski (coro - e alguém aí delas toca baixo e a outra sax também kkkk): Christafari
- Nívea Soares (voz): Muito Mais, Diante do Trono e carreira solo
- Vanessa Moraes (voz, artista solo)
- Dayane Torres (voz, artista solo)
- Rafaela de Vitta (voz e baixo) e Paola de Vitta (bateria e voz de apoio): Nardo
- Mary Dubiel (voz): Dubiel/DuBeel
- Nikki Hassman-Anders, Cherie Paliota-Adams, Melisse Greene (também solo), Amy McBride Richardson, Janna Long e Dani Rocca (vozes): Avalon
- Nilma Soares, Hélia Gonçalves (in memorian), Nancy Torrans e Inaye Gonçalves Schlener (vozes): Grupo ELO
- Tal & Acacia (duo vocal)
- Sharalee Lucas (voz e piano, artista solo)
- Tracy Dawn (voz, artista solo)
- Helen Burgess (baixo): Delirious?
- Danielle Young e Stephanie Ottosen (voz): Caedmon's Call
- Del Currie (guitarra e voz) e Cindy Cate (baixo): Fono
- Tatá Mello (voz): Salvah
- Shannon Woolner (voz): Mayfair Laund
- LeAnn Rimes (voz, artista solo)
- Sooi Groeneveld van der Laan (voz): The Miscellaneous
- Sister Irene O'Connor (voz e diversos instrumentos, artista solo)
- Tiffany Arbuckle Lee "Plumb" (voz): Plumb
- Judy McKenzie (voz) artista solo e duo com Dave Cooke
- Evie Tornquist (voz, artista solo)
- Jenny Gullen (voz): Hoi Polloi
- Monique Lopes "Nick Foxx" (voz, não lembro a banda)
- Banda só de meninas chamada Dádiva de Pernambuco (a primeira com esse nome, a segunda era de garotos)
- Banda Pump (embora essa tava mais pra positive)
- Ann-Mari Edvardsen (vocal lírico): Antestor - não é uma mulher cristã, mas vale a pena citar
- Sharon Mansur (teclados), Miri Milman e Shlomit Levi (vocais femininos): Orphaned Land
- Vocalista que não descobri o nome: Calibre 33
- Vocalista que esqueci o nome: Innocentia
- Ex-vocalista do Odres Novos (não lembro o nome dela kkkk)
- as duas vocalistas do grupo Danny Lee & The Children of Truth
- Tocadora de banjo e mandolin do Zion Mountain Group (não localizei seu nome)
- Cantoras do projeto Scandinavian Metal Praise (não localizei nomes)
- Cantora do Christafari-Brasil (não localizei seu nome)
- Cantora da banda Shabak (não localizei o nome)
- Baixista da CUSM (não encontrei o nome)
- As diversas vozes femininas que passaram pelo Coral Jovem de SP e pelo Som Maior

Obviamente não tenho aqui todas cantoras e musicistas de rock cristão que já apareceram mundo afora mesmo porque seria um trabalho praticamente impossível, mas é um bom apanhado e um grande arquivo para quem quer fazer uma pesquisa sobre o assunto ou apenas explorar mais sobre o trabalho dessas guerreiras. Que sirva para a glória do Senhor e para memorial dessas que persistem em doar seus dons e talentos ao Senhor e dentro do estilo rock em todas suas vertentes e crossovers com outros estilos. Claro que muitas outras cantoras como Cassiane, Aline Barros, Cecília de Souza, Creuza de Oliveira, Shirley Carvalhaes, Kari Jobe, Fernanda Brum, Gabriela Rocha, Perlla (na fase cristã dela, claro), entre outras, valem ser lembradas, mas como meu trampo era falar das que fizeram algum trampo dentro do rock ou ao menos se aventuraram de alguma forma no estilo.

Recomendo aqui sacar vídeos sobre o assunto da Gabi Rox, do Bando de Quadrados (também no site deles) e o do Mundo Bandas de Rock Cristão.