segunda-feira, 28 de outubro de 2019

Horde


Anonymous (Jayson Sherlock), único membro real do Horde

Aula de história do rock/metal básica: O que é BLACK METAL?

O termo surgiu no início dos anos 1980, muitos remetem seu primeiro uso ao segundo disco da banda de speed metal britânica Venom, banda essa que com seus outros dois primeiros discos (Welcome to Hell e At War with Satan) fugiram da sonoridade mais pura e limpa das bandas da NWOBHM - movimento ao qual a Venom nasceu -, forjando um som mais sujo e letras bem voltadas ao mal, ao satanismo e em louvor ao diabo e oposição a tudo que é cristão. A primeira leva dessa trupe foi cunhada principalmente pela gravadora Metal Blade (que também popularizou o termo "antônimo" White Metal, sendo a banda Trouble a primeira vítima dessa designação, criada para bandas que falavam de Jesus e da fé cristã em louvor a Deus). Nessa primeira leva inseriram bandas pela temática e não por estilo, então era possível encontrar sendo inseridas nessa etiquetinha bandas como Slayer (thrash metal), Mercyful Fate (heavy/proto-power metal), Venom (speed metal), Sepultura (thrash/death metal), Sarcófago (death metal), Hellhammer (proto-death metal), Celtic Frost (proto-gothic metal, thrash e uma pá de gêneros - chegaram a virar até GLAM!), dentre um monte de outras. Como dá pra perceber, até então não dava muito pra falarmos em estilos. Não pelo menos até Bathory surgir. A banda sueca comandada por Quorthon já no seu primeiro disco homônimo de 1984 já dava traços do que seria o som da segunda leva, além de estar no lugar exato: a Escandinávia, território de onde também fazia parte o país vizinho da Suécia, a Noruega. Verdade que o Bathory mudaria de estilo outras vezes, indo pra um thrash metal e em 1988 com "Blood Fire Death" montou as bases do que seria o Viking Metal, mas serviu de inspiração pra bandas do país vizinho, em especial uma que surgiu na segunda metade dos 1980, Mayhem, The TRUE Mayhem.

Essa, formada por Necrobutcher (baixo) e Manheim (bateria), mais a entrada de Euronymous (guitarra, RIP 1993), representou realmente essa segunda leva, também chamada de "True Norwegan Black Metal". A princípio seu som mesclava elementos de várias bandas acima, como a sujeira do Venom e do Bathory, a insanidade da bateria de Sarcófago, além dos elementos visuais, como o corpse paint inspirados em Mercyful Fate e Sarcófago e os codinomes inspirados no Mercyful Fate, Hellhammer e Venom. Logo Euronymous formaria sua loja, Helvete, que viraria o ponto de encontro de muitos que formariam o Inner Circle, uma galera bem insana que proclamou, próximo às comemorações do primeiro milênio da chegada do cristianismo ao local (que foi realmente um tanto violenta, lembre-se, na Idade Média infelizmente a igreja tentava impor à força a fé por onde passava), e nessa loucura começaram a atacar igrejas, queimando várias. Nesse ciclo de violência e mídia, bandas como Emperor, Burzum, Immortal e Darkthrone deram prosseguimento a esse ar diabólico e insano que até hoje parece prevalecer num certo país aí chamado Brasil, onde as coisas chegam com um certo atraso - inclusive o curioso respeito que atualmente a própria cena norueguesa atualmente possui com seus atos cristãos como Antestor, Vaakevandring, Morgenroede, Arvinger e Vardøger. O suicídio de Dead (notório vocalista da Mayhem) e o brutal assassinato de Euronymous nas mãos de Varg Vikernes (líder da Burzum e curiosamente estava tocando à época no Mayhem também) marcaram ainda mais a violência e insanidade dessa cena.

Em meio a isso tudo, parecia insano que dentro da fé cristã surgissem atos como a americana Apostasy e as brasileiras Kolapso e Offertorium, tentando fazer algo parecido com o Black Metal, um gênero tido como maldito e impossível de ser usado por cristãos. Mas na Austrália alguém pensou um pouco diferente. O mestre na bateria Jayson Sherlock (ex-Mortification, Paramaecium, InExordium e um monte de outras bandas), assumindo o nome Anonymous (meio que uma zueira com Euronymous) e todos os instrumentos, na coletânea Australian Metal Compilation - Godspeed, lançaria a música "Mine Heart Doth Beseech Thee (O Master)" sob o nome Beheadoth, nome que logo ele mudaria em 1994 mesmo pra Horde, um termo muito mais próximo do que as bandas do gênero se designavam à época - e até hoje, inclusive. Entretanto Jayson jamais aceitou usar o termo "Black Metal" pra designar o que ele fazia, usando o termo cunhado por ele mesmo: UnBlack Metal.

Como banda Horde só existiu em quatro oportunidades: em 1994 quando lançou o primeiro e único disco de estúdio, Hellig Usvart (Sacro UnBlack), em 2006 quando tocou no Nordic Fest em Oslo (que gerou o CD e DVD The Day of Total Armageddom Holocaust) com os membros da banda Drottnar ajudando nos outros instrumentos que não a bateria e vocais, em 2010 quando tocou num festival na Alemanha, e em 2012 em outra apresentação. Apesar dessa quase "inexistência", a banda ajudou a cunhar todo um movimento, como disse Jayson no documentário Nemesis Divina, com o objetivo de "lançar luz em meio às trevas" que ele via no movimento norueguês - entretanto, muitos da cena lá decidiram até ameaçar a Nuclear Blast por ter tido a coragem de lançar esse disco da banda!

Vamos seguir com a missão metálica analisando os discos, pois independente das oposições, seguimos na fé em Cristo através do rock, punk e metal!

Curiosidades: Por anos não se soube que Anonymous era o Jayson Sherlock, o que causou uma viagem insana em muitos que se opunham ao projeto tentando descobrir quem era o indivíduo. Na mesma época, surgiu na Austrália uma banda chamada Vomoth, comandada por um certo Unsadisticoth, que só lançou uma música na coletânea Australian Metal Compilation II: The Raise the Death, a faixa Beyond the Gates. Até hoje muitos creem que Jayson também seria o responsável por essa misteriosa banda (que ganhou um cover posteriormente da brasileira Devotam). Por fim, uma banda brasileira de Amazonas chegou a usar o nome Hellig Usvart, mas não sei muito por onde andam atualmente.


Hellig Usvart (1994)

01 - A Church Bell Tolls Amidst The Frozen Nordic Winds (intro)
02 - Blasphemous Abomination of the Satanic Pentagram
03 - Behold, The Rising Of The Scarlet Moon
04 - Thine Hour Hast Come
05 - Release and Clothe The Virgin Sacrifice
06 - Drink From the Chalice of Blood
07 - Silence The Blasphemous Chanting
08 - Invert the Inverted Cross
09 - An Abandoned Grave Bathes Softly In The Falling Moonlight
10 - Crush the Bloodied Horns of the Goat
11 - Weak, Feeble and Dying Antichrist
12 - The Day Of Total Armageddon Holocaust
13 - Mine Heart Doth Beseech Thee (O Master) (bônus edição 10 anos de 2004)

O impacto dessa obra é impossível de ser mensurado por completo. Basicamente forjou todo o movimento. Com músicas de títulos enormes - quase impossível qualquer um de nós realmente decorar na ordem cada título desses kkkkkkkk - e letras em geral voltadas pra guerra contra satã, de certo modo "estereotipou" bandas advindas principalmente da América do Sul (a brasileira Antidemon também ajudou a ampliar esse estereótipo de letras "morte a satã"). Musicalmente existe várias camadas de som diferentes, desde uma meio "grindcore" como "Blaphemous Abomination...", algumas mais black metal tradicionais como "Behold, the Rising..." (considero essas duas, com a intro, uma das melhores sequências de músicas de abertura da história) e outras faixas meio ambient black metal, como "Release and Clothe...". A brutalidade é do início ao fim, e é impossível ficar parado ou indiferente quanto ao peso desse som. A capa, uma foto preto e branco de uma catacumba (espécie de cemitério muito comum nos tempos do Império Romano e que eram muito usadas como esconderijo pelos antigos cristãos durante os tempos de perseguição) aumenta o clima soturno do disco, e sem dúvidas é uma das peitas mais amadas por fãs do gênero para usar como camisetas.


The Day of Total Armageddon Holocaust: Alive in Oslo (CD e DVD, 2007)

01 - A Church Bell Tolls Amidst The Frozen Nordic Winds
02 - Blasphemous Abomination Of The Satanic Pentagram
03 - Behold, The Rising Of The Scarlet Moon
04 - Thine Hour Hast Come
05 - Release And Clothe The Virgin Sacrifice
06 - Silence The Blasphemous Chanting
07 - Invert The Inverted Cross (feat. Pilgrim from Crimson Moonlight)
08 - An Abandoned Grave Bathes Softly In The Falling Moonlight
09 - Crush The Bloodied Horns Of The Goat
10 - The Day Of Total Armageddon Holocaust


Pra quem nunca esperava ver o projeto ao vivo, Anonymous chegou a tocar em 3 oportunidades. Essa foi a primeira, que teoricamente deveria ser a única segundo ele, no Nordic Fest de 2006 (mas acabou por tocar mais duas vezes anos mais tarde). O registro desse show histórico saiu em CD e DVD, e não apresenta de músicas nada de novo, além de que os arranjos são praticamente os mesmos da versão de estúdio das músicas. Obviamente Jayson aqui só se concentrou nos vocais e na bateria (usando seu insano manto que inspirou até a mim no meu projeto de grindcore/black metal Clavis Det Mortis), deixando os instrumentos pros membros da Drottnar Bøddel (guitarra), Kvest (guitarra) e Gestalt (baixo). A melhor parte sem dúvidas é quando Pilgrim Bestiarius (o insano vocalista da Crimson Moonlight) sobe ao palco para cantar a clássica Invert the Inverted Cross ("This time to summoning PILGRIM!"), que em seus vocais ficou ainda mais fantástica. Um clássico eterno do gênero.

domingo, 20 de outubro de 2019

Novo Som



Uma das raras bandas cristãs que surgiu no início dos anos 1980 e que segue firme até os dias de hoje sem interrupções, Novo Som é um conjunto de pop/rock nascido em 1982 como um grupo de louvor da Igreja Batista de Padre Miguel, RJ. Só gravou seu primeiro disco em 1988, e seguiu carreira dentro do movimento gospel fundindo letras de fé cristã com romantismo, em especial as letras de Lenilton, ex-baixista da banda - e originalmente bateria (!) (posteriormente na banda Rota 33 e KLSV - projeto dele com Marcos Kinder, Sergio Knust e Val Martins). Já passou por várias mudanças e saídas de integrantes, mas o núcleo-base da banda a anos é Alex Gonzaga (vocais, originalmente também baixo), Geraldo Abdo (bateria, ex-Conjunto Sonoros) e Mito Pascoal (teclados). Já passaram pela banda os guitarristas Joey Summer, Natinho e o saudoso Sérgio Knust (ex-Yahoo), além do também falecido tecladista Ney Rodrigues e o tecladista Leandro Silva do grupo de louvor Toque no Altar.

Curiosidade: Em 1987 um conjunto homônimo lançaria o disco "Palavra de Deus", mais voltado pro louvor e adoração.



Versão em CD lançada anos mais tarde
Um Novo Som Para Cristo (1988)

01 - Novo Som
02 - O Mundo se Esqueceu
03 - Jesus Cristo Vem
04 - Meu Nome é Jesus
05 - Eu Preciso
06 - Deste Sentido ao Meu Viver
07 - Procurando a Paz
08 - Me Ensina a Te Amar

A formação mais gigantesca do grupo (bota gigante nisso!). O uso de instrumentos como guitarra e bateria por incrível que pareça foi um dos motivos pra muitos na época estranharem o disco, mas logo o estranhamento mudou para coragem, haja vista a qualidade do disco, que foi eleito anos mais tarde pelo Supergospel o 84º melhor disco da música cristã. Nada mal pra um disco de estreia em que o vocal de Alex Gonzaga está bem grave, dividindo com Adenilton Rodrigues (que saiu pouco depois) e Andreia Gina (na faixa título), bem diferente do que estamos habituados, além de sons muito mais focados no louvor e adoração, apesar de letras bem criativas, como "Me Ensina a te Amar", "Meu Nome é Jesus" (ambas de Lenilton) e "Jesus Cristo Vem" (essa de Alex Gonzaga). Sóbrio e simples, mas bem criativo, com um leve toque pop, é um bom começo pra banda sem dúvidas.

Curiosidade: Único disco da banda lançado pela Favoritos Evangélicos. Depois a banda criaria seu próprio selo, NS Records, onde lançariam todos seus discos dos anos 1990.


Pra Você (1990)

01 - Pra Você
02 - Aleluia
03 - Olhando Estrelas
04 - Amar Assim
05 - Certeza da Vitória
06 - Pai
07 - Autor da Verdades
08 - Jesus Eu Te Amo

Muito mais pop que o primeiro disco, e que bela capa haha. Uma lástima que o Novo Som poucas vezes investiu tanto em capas. O disco é bem equilibrado, ainda focando mais em worship, mas a lírica de Lenilton aqui se aperfeiçoou bastante, e seu estilo de letras ficou bem definido a partir desse, em especial graças à faixa-título, um sucesso arrebatador lembrado até hoje. Vale salientar também a mudança no vocal de Alex, finalmente mais agudo como nós conhecemos.

Informação extra: Ao contrário do que muitos dizem (inclusive na Wikipédia), o guitarrista nesse disco foi Marcio Antunes, não Natinho, que só entraria no disco seguinte.


Passaporte (1992)

01 - Passaporte
02 - Viver e Não Sonhar
03 - Celebrai
04 - Acredita
05 - Dose Maior
06 - Tu És Soberano (Koinonya cover)
07 - Elo de Amor
08 - Em Nome da Paz

OBS: A versão CD contém as faixas "Pra Você", "Certeza da Vitória", "Pai" e "Autor da Verdade"


No quesito sonoro esse disco é o primeiro a incluir mais elementos de R&B e AOR (a faixa título deixa isso claro). Letras poéticas brilhantes como "Viver e Não Sonhar" e a emocionante "Acredita", mostram a evolução da banda. Um raro cover feito por eles é "Tu És Soberano", com uma mudança sutil na letra, ao invés de "E apesar dessa Glória que Tens...", eles cantam "MAS apesar dessa Glória que Tens...", além de uma mudançazinha de levis no arranjo. "Dose Maior" é um caso curioso de faixa falando do perigo das drogas. Sem dúvidas um clássico. Minha predileta sem dúvidas é o R&B/Charme com pegada AOR "Elo de Amor".


Luz (1993)

01 - Luz
02 - Deste Sentido ao Meu Viver
03 - Para Sempre
04 - Rap 396 (versão do hino 396 do HCC, "Cegueira e Vista"/"Foi na Cruz"/"Conversão" - esse tem um monte de títulos diferentes kkkk)
05 - É Assim
06 - Jesus Cristo Vem
07 - Eu e Você
08 - Meu Nome é Jesus

QUE CAPA! Não a toa tá na minha lista das 100 melhores do rock cristão mundial (depois procurem na seção de textos e estudos). Aliás, não fui só eu que percebeu essa belezura: eles ganharam um prêmio de 1994 como melhor capa de LP. Musicalmente eles evoluíram absurdamente. Três faixas foram regravações do primeiro disco (Deste Sentido..., Jesus Cristo Vem e Meu Nome é Jesus), mas numa qualidade absurdamente superior. Pegada muito mais técnica, com influências de R&B, Charme e AOR mais fortes (as guitarras de Natinho e os teclados de Ney seguiram bem nesse pique). A letra da faixa título faz uma bela alegoria unindo os elementos trem da vida, vida sem Deus e a luz divina no fim do túnel, numa pegada visivelmente inspirada em Roupa Nova. Rap 396 é uma releitura bem corajosa de um hino do HCC (na Harpa Cristã é o hino 15), algo parecido com o que Juízo Final faria anos depois com "Chuvas de Graça". Eu e Você marca como a primeira canção romântica da banda, algo que tornar-se-ia bem comum e uma marca definitiva na carreira da banda.

Luz / Passaporte (coletânea, ano desconhecido)


Ao Vivo Vol. 1 (1994)

01 - Abertura / Passaporte
02 - Jesus Cristo Vem
03 - Viver e Não Sonhar
04 - Acredita
05 - É Assim
06 - Eu e Você
07 - Elo de Amor
08 - Autor da Verdade
09 - Pra Você
10 - Certeza da Vitória
11 - Deste Sentido ao Meu Viver
12 - Para Sempre

Gravado na grande casa de shows Rio Sampa em RJ, mostra um resumo da qualidade sonora que a banda chegou àquela época. Também é meio que uma passagem de bastão, já que foi o último disco com Ney Rodrigues, que já estava um bocado adoentado à época e faleceu antes do lançamento do disco (que é dedicado a ele), e o disco com o retorno de Mito Pascoal (que só tinha tocado o primeiro disco da banda), que não sairia mais dos teclados da banda até hoje. A qualidade desse ao vivo é realmente inquestionável - apesar de eu preferir um bocado mais o segundo ao vivo.



De Coração (1995)

01 - Escrevi
02 - De Coração
03 - Deixa Brilhar a Luz
04 - Confie em Mim
05 - Além do Céu Azul
06 - Folha Solta
07 - Te Amo
08 - Novo Amanhecer



Dedicado a Ney Rodrigues também (a faixa título é em homenagem a ele), esse possivelmente foi o primeiro disco de estúdio do Novo Som que muita gente ouviu na vida - não foi meu caso, mas sei de muita gente que depois do ao vivo nem pestanejou quando esse chegou e foi comprar. Todo gravado nos estúdios da Tabernáculo de Davi (igreja e ministério musical de Cláudio Claro - aquele da música "Videira"), mantém a qualidade musical pop da banda, mais próxima ainda do estilo das bandas Roupa Nova e Yahoo. O solo de "Deixa Brilhar a Luz" foi feito por Cláudio Gurgel, o que deu uma pegada muito AOR pra essa canção. Estranhamente "Te Amo" é uma rara canção romântica da banda que não ficou muito marcada, diferente de todas outras, enquanto que "Escrevi" (que não é romântica, apesar de por anos eu achar que era kkkkkkkkkk) tornou-se imortal, aparecendo inclusive num pequeno EP especial de natal da NS Records no final de 1995. Foi o último disco da banda a genuinamente investir em capa, a partir do próximo disco iriam adotar um padrão de capas com fotos da banda, algo que os aproximariam mais de bandas de pop/AOR brasileiras já citadas acima do que qualquer outra coisa.

Curiosidade: Regravações posteriores de Deixa Brilhar a Luz mudariam um trecho sensível, pois na primeira estrofe eles cantavam que quando deixamos a emoção tomar a decisão, QUASE SEMPRE isso não é bom, mas decidiram alterar para COM CERTEZA isso não é bom, provavelmente para desencorajar quem pudesse os acusar de heresia na letra.



Meu Universo (1997)

01 - Meu Universo
02 - Não Me Deixe te Deixar
03 - Nova Estrada
04 - Nossa História
05 - Liberdade
06 - Não Vivo Sem Você
07 - Na Batida do Seu Coração
08 - Vai Com Você



Antes de fazer a review, não é curioso que os discos de estúdio da banda costumavam ter só 8 músicas? HAHA. Vamo seguir. Meu Universo foi um sucesso absoluto sem sombra de dúvidas, marcou a carreira da banda, chegando ao 51º lugar de melhor disco da música cristã brasileira pelo Supergospel, e a faixa-título tornou-se um verdadeiro hino imortal, aparecendo inclusive na coletânea Gospel Top Hits da gravadora Aliança de 1999 (aliás foi com essa coletânea que eu conheci muito cantor bom, infelizmente é difícil encontrar ela hoje em dia). Além de Meu Universo, diversos hits nasceram aqui, como "Não Me Deixe te Deixar" (que a banda tocaria em 1999 no último Canta Rio dos anos 1990 pela MK), "Nova Estrada", "Na Batida do Seu Coração" e a melosa, manjada, até irritante (kkkkkkkkkkkkkkkkkk), porém inegavelmente bela canção romântica "Nossa História", que inclusive teve algumas versões posteriormente. Um fato no mínimo curioso entretanto é que, embora na formação, ter participado das fotos do disco e do início da turnê do disco, Natinho praticamente não gravou aqui, sendo que as guitarras ficaram a cargo do primeiro de muitos guitarras contratados pela banda, o mítico e saudoso Sérgio Knust. Aliás, tendo esse disco sido gravado nos estúdios Yahoo, serviu pra aproximar muito a banda dos talentos de Sérgio e Val Martins, que teriam carreira cristã sólida a partir de então, e Val inclusive também tornar-se-ia um parceiro de composições com Lenilton tal qual Mito já tinha se tornado.

OBS: Já vi algumas fontes dizerem que esse disco originalmente saiu pela MK Publicitá, mas até hoje não vi nenhum exemplar dele lançado pela gravadora, no que considero portanto uma informação meio deslocada por parte dos que a propagaram. Meu exemplar - único disco até hoje que tenho original dos caras =( - é de uma tiragem bem antiga da NS, logo acredito que só saiu por ela mesmo.


Ao Vivo no Imperator (DVD, gravado em 1997 mas só lançado em 2005)
Originalmente era um VHS privado da banda só para avaliar sua performance,
mas em 2003 acabou sendo negociado para outras gravadoras, e a Art Gospel
lançou em 2005 para DVD 2.0
Bom resumo da carreira da banda com músicas do primeiro disco
até o Meu Universo.

15 Anos (1998)
Sucessos escolhidos do disco "Pra Você" até o "De Coração".



Não é o Fim (1999)

01 - Venha Ser Feliz
02 - Por Um Mundo Melhor
03 - Bandido ou Herói
04 - No Meu Coração
05 - Não é o Fim
06 - Fonte de Amor
07 - Semente de Deus

08 - Estou Aqui
09 - Pra Não Esquecer
10 - No Jardim do Coração

OBS: As faixas em itálico posteriormente saíram do disco num relançamento feito às pressas. Abaixo falarei os motivos.

O MELHOR. Ok, muitos críticos podem discordar (tanto que aparece abaixo do Meu Universo na lista do Supergospel em 67º lugar, mas o próprio site coloca esse e não o Meu Universo na lista dos melhores dos anos 1990, em 39º lugar!). Esse foi o disco que eu conheci Novo Som, e realmente é um disco inesquecível. Todas as faixas que saíram na versão 2 do disco tocaram em rádios cristãs e algumas tocam até hoje. A polêmica da primeira versão (as duas faixas que "sumiram") vem por conta de que Serginho Knust teria usado uma fonte "duvidosa" na composição de "Fonte de Amor" e "Semente de Deus", sendo que a primeira é inegavelmente uma oração de Allan Kardec (a Prece de Cáritas). Uma lástima, a faixa é fantástica, mas devido vir de uma fonte tão "díspar" da fé cristã preferiu-se por remover ("Semente de Deus" inclusive foi solapada no meio da polêmica e perdeu-se um hard/AOR de primeira!). A nota triste foi que isso levou à saída abrupta de Sérgio da banda, além de muita gente falando asneiras sobre a fé da banda, blá blá blá os cães ladram, a caravana passa, e até hoje todas as canções da segunda versão desse disco tocam em rádios cristãs, mesmo após mais de 20 anos do lançamento. O dinamismo sonoro nesse disco é tão brilhante que nos traz power ballads como "Por Um Mundo Melhor" junto a um R&B/Pop envolvente de "Bandido ou Herói". Marco eterno na história da música cristã!

O grupo Voices posteriormente coverizaria "No Meu Coração".




Ao Vivo Vol. 2 (1999)

01 - Deixa Brilhar a Luz
02 - Bandido ou Herói
03 - Além do Céu Azul
04 - Meu Universo
05 - Luz
06 - Nova Estrada
07 - Por Um Mundo Melhor
08 - Venha Ser Feliz
09 - Na Batida do Seu Coração
10 - Nossa História
11 - Escrevi
12 - Não me Deixe Te Deixar

Gravado em Vitória (ES), é um disco ao vivo marcante pela quantidade de hits nele contido (por isso pra mim é meu preferido). Apesar disso a qualidade de captação de áudio deixa um bocado a desejar. Duda Nascimento toca magistralmente bem as guitarras nesse, substituindo meio as pressas o Sérgio Knust. Uma curiosidade meio boba é que aparentemente fizeram uma inserção logo no início do disco de Alex Gonzaga declarando um "aleluia, glórias a Deus" que na verdade pertence ao final da música Bandido ou Herói (tanto que reaparece ali também). O porquê disso eu não faço a menor ideia, mas é notório que ficou um Frankenstein logo no início do disco kkkkk. Mas afora isso e o problema de captação de áudio é um senhor álbum ao vivo. Marcou sem dúvidas o fim da década, com vistas ao que seria a década seguinte (bem menos interessante no meu ver, mas vale a pena obviamente pincelarmos a seguir).


Herói dos Heróis (2000)

01 - Pra te Conduzir
02 - Herói dos Heróis
03 - Encontrei a Luz
04 - Tudo é Nada Sem Você
05 - Deixa Rolar
06 - Meu Sonho
07 - O Segredo
08 - Num Brilho Eterno
09 - Muito Além da Emoção
10 - Só pra Dizer: Te Amo
11 - Longe do Amor (África)


O sucesso da década anterior se amplificou ainda mais a partir desse disco, o primeiro da banda por uma gravadora major do mundo gospel, a MK. O sistema de divulgação e distribuição da gravadora eficazes levou a banda ao seu primeiro disco de ouro com mais de 100 mil cópias vendidas só nos primeiros anos de lançamento. Entretanto a partir desse preciso confessar que meio que fui perdendo o interesse na banda (muito por conta da minha entrada num lance mais... "roqueiro" por assim dizer, além de que passei muito tempo priorizando lançamentos da Gospel Records - bairrismo imbecil da minha pessoa kkkk). Enfim, besta fui eu, porque esse disco tem só a faixa mais HARD ROCK da banda - sem zueira, a faixa título é uma power ballad muito influenciada pelas bandas de glam oitentistas. Dudu Ramos fez um excelente trabalho nas guitarras como convidado. De resto é um disco na linha do pop clássico da banda, com a qualidade de sempre. Destaque positivo para a última faixa, uma belíssima homenagem ao povo africano. Graças à MK e a seu programa Conexão Gospel foi aí que a banda lançou seus primeiros videoclipes, o belíssimo clipe de "Pra te Conduzir" e o (me desculpa, mas é isso mesmo kkkk) bizarro clipe de "Meu Sonho". Foi mal, mas o clipe tinha um clima romântico bem tosquinho kkkkkk. Herói dos Heróis ainda ganharia um remix irado no projeto de Wagner de Carvalho Arrebatados Remix em 2002.

Em 2001 Alex começaria sua carreira solo em paralelo com a banda com o disco tributo "Canções Eternas Canções", mas em nada comprometeria sua agenda com a banda nem os projetos como o disco seguinte, que sairia no início de 2002...


Um Dia a Mais... (2002)

01 - Um Dia a Mais
02 - Voz do Coração
03 - Infinitamente...
04 - Só Depende de Você
05 - Sempre é Possível
06 - Renascer
07 - Não Vou Desistir
08 - Deixa Deus te Amar
09 - É tão pouco dizer que te amo
10 - Eu tenho você


O último disco do Novo Som que eu REALMENTE tive interesse em ouvir à época e o último que ouvi inteiro em anos (os três seguintes que irei analisar só ouvi para a review), Um Dia a Mais também foi o último da banda com a participação de Lenilton no baixo. A participação de Joey Summer na guitarra e composições deu um gás muito bom pra banda, sendo Joey um guitarrista com marcas bem hard rock, como dá pra ver no AOR da faixa título, ou nos arranjos da romântica Voz do Coração. Aliás, AGORA SIM um clipe bom pra essa faixa romântica, embora relativamente simples. Infinitamente também ganhou destaque, já que também ganhou seu videoclipe. Outras faixas marcantes desse trabalho são "Sempre é Possível" e "Não Vou Desistir".

A polêmica saída de Lenilton ainda na turnê do disco em 2002 até hoje é cercada de mistérios, mas pelo o que o músico relatou em 2015 após a turnê de reunião de 25 Anos da banda, problemas de ordem de sua relevância na banda, somada a atritos possivelmente com Mito e Abdo o motivaram a sair da banda, e mesmo o retorno pra turnê de 25 anos esses atritos retornaram - atingindo também o Natinho. No fim, a banda perdeu um grande músico e letrista - embora ele ainda tenha dado uma força em composições em discos posteriores, depois de 2015 quando a relação se deteriorou de vez Lenilton chegou a proibir o uso de suas composições por parte da banda! Uma lástima.

Curiosidade mórbida: É a partir desse disco que Alex começaria a aparecer com uma bandana meio que escondendo sua calvície crescente (kkkkkkkkkk). Ainda bem que no fim ele desistiu de ser um "careca cabeludo" e ficou 100% carequinha de vez.


Vale a Pena Sonhar (2004)

01 - Águas
02 - O Jovem Rico
03 - Vale a Pena Sonhar
04 - Por Um Segundo
05 - Teu Choro
06 - O Número Um
07 - Teu Perdão
08 - O Que Passou Passou
09 - Nas Mãos do Pai
10 - Um Olhar
11 - É Só Acreditar
12 - Gesto de Amor
13 - Eu Sei

Demorei anos pra ouvir esse disco. Pra mim o Novo Som sem Lenilton não era bem o Novo Som e sim Alex Gonzaga + Mito + Geraldo Abdo. Mas a verdade é que, agora ouvindo o disco, me dei conta que é um disco bom, com saídas bem diferentes pra banda. Vários compositores, uma sonoridade mista, incluindo elementos mais fortes de AOR (os teclados de Mito aqui dominam), mas também R&B, Soul, Funk americano e Black Music, como a faixa título evidencia bem. Ainda assim, uma produção surpreendentemente sólida pra uma banda que praticamente perdeu seu principal compositor pouco tempo antes. Ter no time de novos compositores (além de Mito e Joey Summer) galeras como os irmãos Wagner e Cristiane Carvalho, Davi Fernandes e Ed Wilson já mostra que fizeram ótimas escolhas. O resultado é um disco bem sólido, para minha surpresa inclusive.


Na Estrada (CD e DVD, 2007)
Ao vivo em Manaus, focando nos discos lançados até então pela MK

Estação de Luz (2009)

01 - Verdadeiro Amigo
02 - Janela da Vida
03 - Na Tua Direção
04 - Recomeçar
05 - Guarda-me
06 - Desacreditado
07 - Tua Força
08 - No Seu Amor
09 - Estação de Luz
10 - Te Agradeço
11 - Se Eu For
12 - A Beleza do Teu Olhar
13 - Acredita em Mim
14 - Especial


Último disco da banda pela MK, numa época em que visivelmente a Novo Som estava em baixa no que tange a vendas. Isso não impediu desse disco ser um ótimo álbum, com mais um leque de compositores brilhantes, incluindo até mesmo Lenilton com a romântica "A Beleza do Teu Olhar". Duas músicas românticas que já haviam aparecido nas coletâneas Amo Você da MK (Acredita em Mim e Especial) fecham o álbum (o maior número de músicas românticas da banda fora de uma coletânea ou show ao vivo), que traz ainda músicas compostas por Davi Fernandes (Primeira Essência), Natan Brito (Banda & Voz), David Fantazzini (ex-Praise Machine) e Anderson Freire (ex-Banda Giom), dentre outros. Uma nota triste: esse é o último disco também a contar com os talentos de Joey Summer nas guitarras e Charles Martins no baixo. A faixa-título, apesar de pela capa fazer-nos lembrar de "Luz" de 1993, não remete-se dessa vez a uma estação de metrô, e sim estações do ano, em especial da primavera, a "estação de luz, do amor e da alegria", comparando ao renascimento das flores nesse período com o renascimento em nossas vidas promovido pelo Senhor.

Curiosidade: Essa capa me faz lembrar vagamente da capa do primeiro disco da Rota 33. Coincidência? Bem, mas também é uma óbvia referência a faixa "Luz", lançada anos antes, e que já fazia essa comparação de Cristo com uma Estação de Metrô iluminada.


Falando de Amor (2010)
Uma das várias coletâneas da MK com esse nome lançadas em 2010
Enfatiza canções românticas da banda, embora também algumas
não exatamente românticas.

Em 2011 Lenilton lançaria "Para Sempre: Lenilton e Amigos", reunindo clássicos do Novo Som cantados por artistas como Leonardo Gonçalves, Álvaro Tito, Rota 33, Raquel Mello, Marquinhos Gomes, dentre outros. Falarei mais no artigo sobre Rota 33.


Em 2013 a banda fez uma parceria com Catedral chamada Mais que Amigos = Irmãos. Falarei acerca disso numa seção especial.

Para Sempre (3 Volumes, 2013)
Músicas de todos os discos e fases da banda aqui nessas coletâneas.
Marcou a breve reunião da formação clássica da banda que durou até 2015/6.



25 Anos Escrevendo Histórias (2016)
Juntamente com coletâneas comemorativas, veio esse show,
reunindo a formação clássica (com o breve retorno de Natinho e Lenilton)
Teve uma faixa inédita "Espelho" e participação de Mattos Nascimento
na faixa Herói dos Heróis.
OBS: Na contracapa a aparição de só três membros já mostra que
mesmo durante as comemorações já havia um racha de novo na banda =(


Depois da segunda saída de Lenilton, perdi o interesse pela banda. Sei que lançaram um EP chamado Deus é Mais em 2018, mas nunca tive muito interesse em ouvir. Quem sabe um dia.


OBS: Por favor, Alex Gonzaga, NUNCA MAIS FAÇA PARCERIAS COM A PÂMELA! Obrigado, de nada =P

sábado, 12 de outubro de 2019

Emerald



Emerald é um dos casos mais curiosos dentro da cena do metal cristão, haja vista ser uma banda que foi formada em 1978 e NENHUM dos membros da banda eram cristãos, pelo menos não até o lançamento do seu único disco até o momento, o EP Armed for Battle (a exceção talvez de Roger Dale Martin, que posteriormente tocaria nas bandas Vengeance Rising, Die Happy, Holy Right, Sanctuary Celebration Band e Once Dead). Os membros fundadores Dave Enos (guitarra) e Larry Phillips (vocal) não eram cristãos, mas o testemunho de Roger (que sairia da banda ainda em 1986) acabou os afetando significativamente, ao ponto de quando Armed for Battle saiu em 1987 ter letras genuinamente cristãs. Ainda em 1987 participariam da coletânea California Metal II, com duas faixas, ambas enfatizando a fé cristã. Infelizmente em 1988 eles terminaram com a banda, e por mais de 20 anos permaneceram em silêncio. Enos e Phillips foram pra Seventh Sign após isso. Para alegria nossa, em 2019 a banda voltou, com Roger Martin (baixo), Dave Enos, Kyle Morrett (bateria e teclado) e o novo vocalista, Mike Vaught.


Armed for Battle (EP, 1987)
01 - Armed for Battle
02 - Teenage Suicide
03 - We Attack
04 - Look to the Stars
05 - Winds of Doom
06 - Judgement Day

Versão da split com a banda Oracle (2001)

07 - Traitor
08 - Born to Die

(OBS: Outros relançamentos incluíram faixas como "Vengeance is Mine", "King of the Universe" e "Battleground" (as duas últimas demos de 1984).

Heavy e Power Metal americano de qualidade inquestionável, sem dúvidas um dos melhores discos na linha oitentista. Suas faixas trazem sonoridade impecável. Phillips traz vocais muito bons. Uma curiosidade é que o disco foi gravado entre 1986 e 1987, com isso quatro faixas o baixo ficou com Roger Martin e duas com Joe Palma. Isso não comprometeu o resultado final, que ficou impecável. Na versão da split as duas últimas faixas também ficaram a cargo de Palma (bem como Vengeance is Mine, nas versões posteriores).

Curiosidade: O último relançamento de 2019 saiu em vinil especial amarelo.


Selah / Armed for Battle (split com Oracle, 2001)


Bootlegs: Demos 1984-1986

terça-feira, 8 de outubro de 2019

Estudos da Comunidade Extrema Unção

Finalmente disponibilizando aqui no Blog alguns estudos da minha igreja, Comunidade Extrema Unção de Recife, sobre a fé cristã em geral e também sobre particularidades do underground e do rock, além de questões sobre cultura e "usos e costumes".

Para os interessados, minha pasta com todos os estudos está AQUI! Só clicar e desfrutar, seja virtualmente ou baixando.

Deus os abençoe, até a próxima!

sábado, 5 de outubro de 2019

Tempus



Poucas bandas de pop/rock cristão foram tão pops e ao mesmo tempo tão impactantes quanto a Banda Tempus. Seguindo a cartilha que suas contemporâneas Raízes, Novo Som e Primeira Essência, Tempus era, como diria um velho amigo meu chamado Givanildo Jr, "o verdadeiro Roupa Nova da música cristã". Surgiram em Rio de Janeiro, RJ em 1991 formada por Marcelinho (voz), Beto (baixo), Marcelo Magrão (guitarras, posteriormente substituído por Odair) e Marquinhos (bateria) (e posteriormente Felipe no teclado), nesse tempo até 1996 foram cinco anos tocando muito mais pra igreja que congregavam que de fato profissionalmente. Tudo mudou em 1996, quando foram chamados para cantar numa coletânea chamada "Amém Gospel", coletânea que também contou com os também do rock cristão Dico Parente e Luciane Cardozo (Cyane), e que era capitaneada por ninguém mais ninguém menos que Marlene Mattos, à época a grande empresária da "rainha dos baixinhos" Xuxa Meneghel. Tocaram então em programas como o Xuxa Hits e o Xuxa Park, e assim seguiram carreira até hoje.

Curiosidade: Houve outra banda chamada Tempus no Brasil, que lançou o disco "Apenas mais uma canção", porém essa acredito que não era cristã haha.



Luz das Nações (1998)
Versão de relançamento

01 - Jerusalém
02 - Minha Adoração
03 - Eu Te Amo
04 - Fiel Amigo
05 - Amigo Maior
06 - Segura Na Mão de Deus (tradicional)
07 - Luz das Nações
08 - Com o Mestre Jesus

Bônus de relançamento: as faixas da coletânea Amém Gospel de 1996:

09 - Deixa Deus Trabalhar
10 - Cidadão do Céu

Pop/rock na linha dos mestres do Roupa Nova e da banda Rádio Táxi. Indubitável a qualidade sonora da banda, além da belíssima produção da gravadora Unno Records (curiosamente de curta duração). Parece meio tolo, mas pra mim as duas melhores faixas são justamente as que não fazem originalmente parte do trabalho: Cidadão do Céu, um pop bem extasiante; e "Deixa Deus Trabalhar", o maior clássico sem dúvidas da banda. Entretanto "Luz das Nações" (a música) também é fantástica, uma balada muito bem trabalhada e com uma letra fantástica. A nova roupagem de "Segura Na Mão de Deus" também é digna de nota por ter sido muito bem feita.

Curiosidade: O disco também foi lançado pro mercado latino-americano com o título "Jesus, La Luz de Las Naciones", com as oito músicas originais em espanhol (infelizmente não achei nem em mp3 pra ouvir, sorry).

A versão em espanhol.




A Verdade e a Vida (1999)

01 - Todo o meu amor
02 - Confiança
03 - Deixa vir a mim as crianças
04 - A Verdade e a Vida
05 - Tempus
06 - A Paz do Senhor
07 - A Festa
08 - Senhor da Guerra
09 - Não Posso Viver sem Jesus
10 - Glória e Majestade

Seguindo no pop/rock básico e coberto de baladas, "A Verdade e a Vida" em nada deve ao primeiro disco, sendo uma sólida continuação do clássico. A participação de Serginho Knust (Novo Som, Yahoo) nas guitarras solo das faixas 02 e 10 dão uma tônica ainda melhor pro disco, que em si só possui uma sonoridade simples e genial, além de letras diretas sobre o amor de Cristo e seu desejo de mudar nossas vidas, uma proposta evangelística sem rodeios. A música "A Festa" marcou minha juventude, cantava muito pela simplicidade de mostrar um convite para a igreja.

Curiosidade: Possui uma faixa interativa com curiosidades sobre a banda, um pouco de sua trajetória, pequena entrevista, fotos, etc.


Sorria com Jesus (2003)
Não encontrei mp3 dessa obra pra ouvir
Uma lástima não ter comprado na época que vendia por aqui =(


Mudando o Rumo de Uma História (2006)

01 - Despertar
02 - Anjo Caído
03 - Sodoma e Gomorra no Planalto Central
04 - Verdadeiro Amor
05 - Rico Opressor
06 - Rumo de Uma História
07 - Julgamento
08 - Gratidão
09 - Homem de Deus
10 - Quero Rock 'n Roll


Primeira reação que eu tive quando comprei esse disco "mas o que aconteceu aqui?" Seguindo os passos de bandas como Khorus, que também migraram do pop/rock pro rock mais pesado e até pro heavy metal e grunge, Tempus aqui traz um disco genuinamente ROCK, com muitas influências de nu metal. Chega a ser curioso e cabuloso ouvir Marcelinho mudar seus vocais mais melódicos e pops por um vocal mais drive, as vezes bem gritado, como em "Anjo Caído", onde ele inclusive dá uns urros a lá Marco Antônio do Fruto Sagrado na fase nu metal da banda. Wagner Carvalho (ex-Rebanhão e Primeira Essência e atual Arrebatados Remix) toca bateria como nunca aqui, pedais duplos. "Sodoma e Gomorra no Planalto Central" tem alguns arranjos meio nordestinos no início, mas depois vira um hardcore/crossover tão veloz que até assusta. Passado o susto inicial, é um ótimo trabalho da banda, embora sem dúvidas se saísse com outro nome que não Banda Tempus faria até mais sentido. É a mesma estranheza que as vezes sinto quando escuto os discos mais pesados da banda Khorus - nada contra, até porque são mais no estilo que eu realmente curto, mas ainda assim soam bem diferentes do que se imaginaria feito pelas bandas em questão. Única faixa que me faz relembrar que estou ouvindo Tempus é "Gratidão", uma power ballad que ainda assim é bem mais hard rock do que "Deixa Deus Trabalhar" ou "A Verdade e a Vida". No geral, um baita disco.



Antes de Nascer o Sol (coletânea, 2012)
Após seis anos de silêncio, a banda lança essa coletânea, com regravações de seus sucessos.





Rock "cristão" ou "feito por cristãos"?


A alguns anos atrás a CCM americana (e posteriormente na versão BR, a saudosa CCM Brasil, na edição 09 de janeiro de 2000) saiu uma matéria interessantíssima a respeito de artistas cristãos como Sam Phillips, The Alpha Band, U2, Steve Taylor, King's X, Jars of Clay, The Call e outros que por muitas vezes não seguem as "regras" do "gospel" ou largavam a carreira religiosa, bem como artistas supostamente "não-cristãos" como Joan Osbourne e Prince que por vezes trilhavam os caminhos da música religiosa. Algum tempo antes a mesma CCM (matéria que sairia na edição 08 de dezembro de 1999 da CCM Brasil) falava da dificuldade de rádios "cristãs" passarem músicas, mesmo de artistas declaradamente cristãos, mas que porventura tivessem enveredado pra outras temáticas que não a fé cristã, por exemplo a explosiva "Baby Baby" de Amy Grant ou "Kiss Me" de Sixpence None the Richer. Em 2001 fãs de "rock gospel" ficaram atônitos com supostas declarações da banda Catedral acerca da igreja e do público "gospel" - declarações essa diga-se de passagem já comprovadamente falsas, manipuladas ou inventadas pelo então repórter do site Usina do Som responsável pela desastrosa entrevista -, e muitos abandonaram a banda, já contrariados desde que eles assumiram em 1999 que iriam tocar "para todo mundo" e não só para o público cristão. Curiosamente no mesmo ano um cantor cristão por nome Robinson Monteiro explodia no Programa Raul Gil, à época na Rede Record, com versões de cantores seculares como Whitney Houston e Crowded Horse, lançando um disco de grande sucesso nacional, "Anjo" (música do Roupa Nova que acabou virando o apelido do cantor), com a grande maioria de suas canções de autoria secular. Desde meados dos anos 2000 bandas como Palavrantiga, Aeroilis, Tanlan e Crombie, debaixo de um manto chamado de "Novo Movimento" (ou "Crossover") vem desafiando os limites do que é música e lírica cristã.

Essa discussão sobre os limites do que um cantor cristão pode fazer é tão antigo que muitos creem vir de bem antes do cristianismo. Como falei no texto que também dá pra encontrar aqui no Blog acerca da linha do tempo da história da música cristã, acredita-se que o Rei Davi chegou a usar canções da época como base instrumental para alguns de seus salmos. Salomão fez uma canção de amor para uma de suas esposas fantástica que todos conhecemos como Cantares (ou Cântico dos Cânticos) de Salomão e que está presente tanto na bíblia hebraica (só o antigo testamento) como nas de qualquer vertente do cristianismo. Martinho Lutero, o reformador da igreja, usou canções usadas em campos de cevada para criar cânticos que levaram diversas pessoas a se arrependerem verdadeiramente ao Evangelho, para desespero de muitos de seus opositores que diziam que "as canções de Lutero 'destruíram' (crivo meu) mais corações que suas pregações e livros". O "Saltério de Genebra", primeiro hinário oficial da igreja calvinista, foi encomendado pelo Jean Calvino em pessoa para Louis Bourgeois, que pediu ajuda a Clement Marot, poeta francês que usou canções francesas populares para fazer a métrica dos cânticos, muitas dessas para entretenimento do rei francês Francisco I, uma situação que levou Marot a fugir dos católicos franceses furiosos e se abrigar em Genebra pra não ser morto (!). Séculos mais tarde os irmãos Wesley (John e Charles), fundadores do metodismo, criaram as canções evangelísticas, feitas com o intuito direto de trazer pessoas a Cristo, mas usando canções populares e folclóricas de origem germânicas, como a famosa "O Dia de Descanso e Júbilo", que originalmente chamava-se Mendebras e é cantarolada até hoje por qualquer um que trabalhe nos campos de cevada alemães. William Booth, criador do Exército da Salvação, foi o maior criador dos hinos de marcha, usando marchas populares de exércitos e hinos como o "Battle Hymn of Republic" para fins evangelísticos (esse último no Brasil é conhecido como "Vencendo Vem Jesus" ou "Glória Glória Aleluia"). Na primeira metade do século XX o famoso evangelista Billy Sunday usou de expedientes similares aos de D.L. Moody e outros já citados, e vários cantores como Joshua White, Blind Willie Johnson, Rosetta Tharpe, Mahalia Jackson e Gary Davis fizeram carreiras paralelas cristãs e seculares, encontrando pouca ou nenhuma oposição em alguns momentos dentro da igreja, algo bem diferente do ocorrido com os primeiros roqueiros, como Elvis Presley, Chuck Berry, Sly Stone, Carl Perkins, Jerry Lee Lewis, B.B. King e Johnny Cash, que enfrentaram severa repressão por parte do mundo cristão. No final dos anos 1960 o Jesus Movement tentou levar ao público jovem de seu tempo uma música mais contemporânea, o que levou à fúria de muitas igrejas conservadoras. Aqui no Brasil a oposição ao "rock cristão" (quem nunca ouviu Lourival Freitas tocando seu country - olha que ironia - "Tem Roqueiro na Igreja" dizendo que "se você não for bem crente dar vontade de dançar", que "seus barulhos não têm nada de Evangelho" e que os pastores deixam tocar na igreja com medo de "logo se desviarem e virarem vagabundos") já provinha desde os precursores dos anos 1970, piorou quando o Janires e o Rebanhão com suas letras geniais e sonoridade bem variada levou eles a acusações de conter "mensagens subliminares" em seu disco de estreia "Mais Doce que o Mel" de 1981, entre outros; e piorou ainda mais com o "movimento gospel" do final dos anos 1980 até o final dos anos 1990. Bem, esse último até quebrou no fim de sua jornada como movimento muitos preconceitos acerca do rock, porém acabou gerando um efeito colateral bem curioso: a rejeição a toda música "secular".

A aversão à "música do mundo" obviamente precede o movimento gospel, e já era famosa a muito uma frase: "queria que meu vizinho virasse crente pra me dar todos os discos dele!", já que não era incomum esse ato (minha mãe mesmo fez isso - e se arrepende amargamente faz tempo haha). Porém o gospel sem querer acabou criando uma barreira de separação: agora existe a música "gospel", cristã, boa, adequada (apesar de muitas terem heresias terríveis) e a música "secular", "mundana", corrupta, feita por "servos do diabo" e que não trazem nada de bom, cantar essas músicas feitas por eles, mesmo as que supostamente falam bem de Deus ou ouvir versões que eles porventura façam de canções cristãs vai enfiar na sua cabeça e na sua vida demônios e etc e tal. Colocaram que se o movimento gospel trouxe a abertura para outros ritmos, agora tornava-se desnecessário completamente ouvir, comprar, assistir ou ter quaisquer coisas "seculares", sob pena de estar sustentando "adoradores do demônio". Alguns pastores chegam até a afirmar aquela velha teoria que muitos teólogos mais atenciosos já descartam completamente de que satã quando ainda era um querubim era regente dos corais celestes e que levou todos os instrumentos e ritmos com ele pro inferno (esse é "o bichão" mesmo hein cara! Roubou o que é de Deus na cara dura). Com isso, artistas cristãos que fazem covers de bandas seculares ou que decidem se aventurar numa carreira mais "mainstream" ou similar são chamados de traidores, vendidos, mundanos ou falsos cristãos. A situação é tão ridícula que já vi cantores e bandas como Novo Som e João Alexandre serem xingados por cantar canções românticas. Esse último chegou a declarar que não fazia "música gospel", o que causou certo celeuma no cenário. Algo parecido pode ser dito sobre o termo "white metal" (inventado pela gravadora Metal Blade unicamente pra banda Trouble - formada por cristãos, mas nunca declaradamente "gospel" e que odiava o rótulo "white metal" - pra separar de bandas que cantavam sobre o demo, as "black metal" antes do termo designar um estilo), termo inventado por uma gravadora não cristã e que acabou por rotular, segregar e virar chacota no meio "secular" - principalmente no Brasil, onde o nível de intolerância chega a estados alarmantes, em especial quando enfiam ideologia no meio da parada (o termo "unBlack metal" acabou caindo na mesma situação inclusive). Rebelando-se contra esse termo, Claudio Tiberius e cia, fundadores do C.M.F. (Christian Metal Force) e da DevilCrusher, acabaram encerrando a banda e criando a Berith, uma das mais polêmicas bandas cristãs brasileiras por justamente em meio aos anos 1990 se recusar a se identificar como "white metal" e tocar em todos lugares e com as mais diversas bandas, chegando a tornar-se amigos íntimos da banda secular Torture Squad.

Nesse retrospecto todo, fica ainda aquela situação, em que muitos contestam bandas como Stryper e Ultimatum, que não têm nenhum problema em fazer covers de bandas seculares - chegando a deixar claro, como no caso da Stryper, que não são uma banda "cristã" e sim feita por cristãos. Contestam bandas como Midnight Oil, Rodox, Moby, Aunt Beans, Alice Cooper, Bruce Cockburn, Tonio K., P.O.D., As I Lay Dying, Pat Boone, Mark Heard, Megadeth, Bob Dylan, Catedral e U2, formadas por cristãos, mas que não se comprometem diretamente com a música cristã. Contestam cristãos como Nicko McBrain (Iron Maiden), Tom Araya (Slayer), Cleberson Horsth e Serginho Herval (Roupa Nova) e o saudoso Serginho Knust (Yahoo) por tocarem em bandas seculares. Contestam bandas como Palavrantiga, Circle of Dust, Argyle Park, Pimentas do Reino, Crombie, Marcela Taís, Resgate e Lorena Chaves por letras "pouco claras" acerca da sua fé. Exigem um padrão de lírica sempre "gospel", querem que se fale o tempo todo de "Jesus Cristo te ama, te salva" ou "Glória a Deus" o tempo inteiro. A questão é que mesmo a Bíblia - que tem como centro e âmago Jesus Cristo, indubitavelmente - não se basta nos temas relacionados à louvor e adoração a Deus ou proclamação do Evangelho da Salvação. Até mesmo dentro da Palavra de Deus é possível ver cânticos com temáticas e motivos variados, que no fim todos são pra glória de Deus. O exemplo do livro de Cantares é bem importante pra mostrar que é possível cantar sobre as belezas da criação e do amor entre um homem e uma mulher pra adorar a Deus, mas além disso, há outros exemplos, como todo o livro de Lamentações de Jeremias, cânticos feitos como lamento pelo estado de Jerusalém antes e depois de sua queda pelas mãos da Babilônia, mas não se restringe a este: o salmo 88 de Hemã é sem dúvidas o salmo mais "gótico" da Bíblia, terminando de maneira bem críptica e dura. Jeremias mesmo fez lamentação sobre o rei Josias por ocasião de sua morte (2 Crônicas 35.25). O salmo 73 é mais um hino de denúncia das injustiças sociais do que um simples louvor a Deus. Em Josué 6 foi mandado o povo tocar trombetas não em louvor a Deus, mas como um clamor de guerra, e o mesmo pode ser visto em Juízes 7.8, 16-22 e em 2 Crônicas 20.21-22. Cânticos na Bíblia aparecem para os mais diversos motivos, mas na história da música cristã também foi assim, como por exemplo "Quão Grande És Tu", de Stuart Hine, que nasceu enquanto ele andava por um bosque e via a grandiosidade da criação divina. Sim, cantar sobre as belezas criadas por Deus é uma forma de louvar ao Criador. Então é algo bem complicado persistir em xingar pessoas cristãs que escutam secular ou que cantam letras "pouco religiosas". Primeiro porque não se pode julgar temerariamente pra não sermos julgados, pois a medida que julgamos indevidamente voltará contra nós (Mateus 7.1-2), quem somos nós pra definir se as pessoas são ou não de Deus baseados em aparências e regrinhas tolas da nossa "cultura cristã" (termo ridículo inclusive, já que o cristianismo não é uma cultura e sim uma fé transcultural que pode muito bem se manter dentro de qualquer cultura, obviamente removendo aquilo dentro da cultura que desagrada a Deus). Além disso, a Bíblia não estabelece regras realmente sobre o serviço ou o louvor a Deus, exceto uma: deve ser "em Espírito verdadeiro" (João 4.23-24). Como diria Lutero a um sapateiro que lhe perguntou como faria pra servir bem a Deus: "faça um bom sapato e venda-o por um preço justo". Todas nossas atividades devem ser pra glória de Deus, devem ser atos de louvor e adoração a Deus, e isso não só em cânticos "gospel". Será que estamos tentando fazer o papel de juízes na Terra de maneira indevida? Pois é, pensemos nisso.

Deixo pra finalizar o cântico "Falso Véu" de João Alexandre que ele fez pro Vencedores por Cristo que representa muito essa piração toda por parte de alguns hipócritas que precisam ser mais adeptos do "misericórdia quero e não sacrifícios" (Oséias 6.6 e Mateus 9.13).

Quem é que pode te garantir
Que este teu jeito
De servir a Deus
Seja o melhor
Seja o mais leal
Um padrão acima do normal?

De onde vem tanta presunção
De ser mais santo
De ser capaz
De agradar a Deus
Crente nota dez
Superior acima dos fiéis

Pobre este entendimento
Que não vem de céu
Fraco discernimento
Frágil, falso véu
Tenta encobrir em vão
Teu lado animal
Luta, perseguição
Tanto desejo mau
Confusão
Divisão

Se alguém quer mesmo
Agradar a Deus
Saber das coisas
Compreender
Mostre em mansidão
De seu caminhar
Ser gentil no gesto e no olhar
E a diferença que existe em nós
Poeira vinda do mesmo chão
É somente o amor
Que nos alcançou
Graça imensa
Imenso perdão
É somente o amor
Que nos alcançou
Graça imensa
Imenso favor


Que Deus nos abençoe e esse texto foi mais uma reflexão e não um "faça exatamente igual a mim". Ninguém é obrigado a seguir o que seu irmão segue, mas deve-se haver respeito, não o ataque às diferenças tão singelas. Sei que existem casos reais de cristãos que vendem seu chamado pro pecado, mas muitos desses curiosamente persistem a estar no mercado "gospel". Curioso não? Pensemos e oremos uns pelos outros e deixemos o dedo pra "furar bolo" invés de apontar!

quarta-feira, 2 de outubro de 2019

Mark Farner

Antes & Depois

Lendas do rock existem diversas. Mas Mark Fredrick Farner (nascido a 29 de setembro de 1948) é simplesmente um mestre do hard rock e do funk rock, com a mítica Grand Funk Railroad, que ele montou em 1969 tocando guitarra e cantando junto com Don Brewer (bateria e vocais), companheiro da banda Terry Knight and the Pack, e Mel Schacher (baixo), ex-Question Mark and the Mysterians. Durante anos foram um dos maiores representantes do chamado "Rock de Detroit e cercanias" (ou "Rock de Michigan"), já que advinham de Flint, cidade próxima a Detroit e que seguia o mesmo som de bandas como MC5, Stooges, Ted Nugent & Amboy Dukes e Alice Cooper, dentre outros, o chamado "Garage Rock", só que eles foram além, colocando elementos do hard rock e do funk americano, tornando-se uma das precursoras do funk-o-metal. A banda seguiu lançando grandes discos até o ano de 1976, quando a "banda americana" acabou pela primeira vez. Assim Mark começou sua carreira solo, interrompida em 1981 com o retorno breve do GFR. Em 1983 o grupo acabou mais uma vez, e na segunda metade dos anos 1980 aconteceu um milagre na vida de Mark, O maior de todos: sua salvação. A partir daí ele faria três álbuns solo com letras cristãs, além de participações como no disco "Cornerstone Blues Jam" do Larry Howard de 1992. Chegou a voltar pro GFR entre 1996 e 1998, mas desde então segue em carreira solo, embora sem muita ênfase em sua carreira cristã desde então.

Na revistas Roadie Crew 150, Mark ficou entre os 100 maiores músicos da história do rock.


Just Another Injustice (1988)

01 - Airborne Ranger
02 - Judgement Day Blues
03 - Isn't It Amazing
04 - Come to Jesus
05 - Give me the Works
06 - An Emotional Look at Love
07 - Workin' for the Winner
08 - Just Another Injustice
09 - The Writing on the Wall
10 - Only You


A cruz na bandeira já diz tudo. Esse disco traz elementos do som clássico de Mark, com alguns elementos do blues e do gospel (como é possível notar em "Come to Jesus"), além de baladas geniais como "Give me the Works". Um disco fantástico pra começar sua carreira. Um raro disco da Frontline Records que NÃO era de metal nem hardão glam - apesar do Mark Farner no GFR ter feito uns hard rock, eram setentistas, bem diferentes da trupe do glitter que dominava os anos 1980. As letras cristãs aqui são inquestionáveis, basta ver a beleza de "Working for the Winner" ou da faixa título por exemplo.

A capa é muito no estilo clássico das capas da GFR, algo muito irado por sinal.


Wake Up... (1989)

01 - Wake Up...
02 - Into the Light
03 - New Age
04 - Come to Me
05 - In Your Sight
06 - Upright Man
07 - Rocco
08 - If It Wasn't For Grace
09 - Love Power
10 - Role Model
11 - Like I Was Before


Continuando sua jornada na música cristã, Mark Farner segue fazendo o seu som, nesse disco seguindo com influências do hard rock, southern rock, blues, gospel e funk. A faixa título já é um baita cartão de visitas, um southern rock daqueles, antecipando todo o resto do disco. Envolvente e irado, é sem dúvidas um clássico setentista em plenos anos 1980, com a voz simplesmente genial de Mark. Demorei anos pra ouvir esse disco, e valeu muito a pena. Além dos sons mais rockers, também não faltam boas músicas melódicas como "Come to Me" e baladas geniais como "In Your Sight". Também tem faixas mais variadas, como "If It Wasn't For Grace", bem pop.

Curiosidade: "Rocco" é uma homenagem ao cantor Rocco da banda Vision.

Nota de editor: Tô pensando seriamente em tirar alguma capa daquelas 100 da lista que fiz aqui pro blog pra colocar essa, que capa irada!


Some Kind of Wonderful (1991)

01 - Some Kind of Wonderful
02 - Love for Above
03 - Without You
04 - Not Yet
05 - Attitude of Gratitude
06 - All the Way
07 - With Me Anywhere
08 - Conflict
09 - The Vision
10 - Well Done


Transformar músicas "seculares" em músicas de adoração a Deus não chega a ser novidade - nem mesmo um "plágio" como alegado por alguns babacas por aí afora. Lutero pegou várias canções dos cantos de cervejaria e transformou em cânticos que levaram pessoas ao cristianismo verdadeiro. O mesmo foi feito por diversos missionários e artistas por aí afora, como o William Booth que transformou marchas de exércitos em cânticos para o Exército da Salvação evangelizar e acolher pessoas. Alguns pesquisadores de música cristã, judaica e bíblica acreditam que Davi em pessoa fez isso em alguns dos seus salmos que possuem melodias de acompanhamento relatadas no texto bíblico.

Tendo dito isso, raros são os compositores (ou intérpretes nesse caso) ORIGINAIS de uma canção secular que a reescrevem para fins de adoração a Deus. Mark Farner assim o fez, ao pegar simplesmente um dos MAIORES SUCESSOS da Grand Funk Railroad e reaproveitar, mudando completamente a letra de uma letra em veneração a uma bela mulher pra aquele que é sem sombra de dúvidas algo muito, mas MUITO MARAVILHOSO! A letra virou uma adoração suprema a Deus, além de inserir muitos elementos de gospel aqui - incluindo um baita coral negro no refrão. Cara, é fantástico simplesmente ouvir Mark invés dos gritinhos de "MY BABY MY BABY" cantar "MY JESUS, MY JESUS!" Fantástico simplesmente. E, claro, o disco não é formado só por essa música, e aqui o Mark seguiu com uma pegada um pouco mais puxada pro gospel e pra balada. Attitude of Gratitude por exemplo segue bem essa cartilha. All My Way já tem uma pegada mais AOR, uma das poucas menos setentista da carreira do Farner. Fantástico!

Curiosidade: ADVINHA SÓ, o mestre na arte de falar mal do rock cristão Terry Watkins em seu site que presta um desserviço ao cristianismo mete o pau nessa música, só que no texto dele ele faz o leitor acreditar que o Mark simplesmente pegou a música original - que inclusive nem tem nada demais, diga-se de passagem - e colocou sem mudar nada. Mentira e falar mal do irmão é pecado!


Close to Home (coletânea, 1992)
Contém várias faixas dos três discos acima.
Curiosamente apareceu junto a Wake Up naqueles 2 em 1 da KMG,
uma parada que sempre considerei meio "encaixando nas coxas",
já que os outros dois discos já apareciam numa compilação similar.

From Grand Funk to Grace (2001)

01 - Glory Bound
02 - No False Idols
03 - I Bind You
04 - Isn't It Amazing
05 - Judgement Day Blues
06 - Make Me Whole
07 - Doin' It Right
08 - Oh Dear Jesus
09 - Truly Satisfied


Não sei muitas informações desse disco, aparentemente é um disco bônus.


N'rG Band Live!! (2003)
Contém sucessos dos tempos do GFR, da carreira solo secular e cristã

In Concert! (DVD, 2004)
Não tenho certeza se é o mesmo show acima, mas a setlist é bem parecida.

If It Wasn't for Grace (compilação, 2006)
Mais uma coletânea enfocando as canções da fase cristã de sua carreira.

terça-feira, 1 de outubro de 2019

Indwelling




Indwelling (habitação em inglês) foi uma banda de technical death metal de Chandler, Arizona, EUA. Uma das raras bandas do subgênero dentro do cristianismo, existiu somente entre 2000 e 2004. Seu nome é inspirado na música homônima da banda Living Sacrifice e obviamente é uma referência ao fato de sermos habitação do Espírito Santo.

Demo '01 (2001)

01 - Through my Weakness
02 - Your Gaping Wounds

Não possuo informações acerca dessa demo.


And My Eye Shall Weep (2003)

01 - Hymn
02 - And My Eye Shall Weep
03 - Whited Sepulchre (instrumental)
04 - Throats As Open Graves
05 - Through My Weakness
06 - Decay
07 - The Breath of He Who Kills
08 - Famine
09 - Wrath
10 - In Your Protection (instrumental)



Indwelling segue bem a escola do death metal técnico de bandas como Separatist e Desinfernality, além das seculares Death e Atheist. Brutal e técnico ao mesmo tempo, traz uma salada de influências musicais que vão muito além do death metal simples, sem dúvidas. Liricamente a banda fala abertamente do cristianismo, sem rodeios, algo admirável sem sombra de dúvidas trazer tanta técnica e uma mensagem forte acerca da fé.