domingo, 29 de março de 2020

Especial Gospel Records (e os primórdios do movimento gospel no Brasil)


É IMPOSSÍVEL falar da história do rock cristão no Brasil sem citar a grande contribuição que a Gospel Records deu pra cena. Já fiz um post ano passado sobre gravadoras que lançaram bandas cristãs de rock, mas acho importante dar destaque especial a esta que mais que qualquer outra contribuiu significativamente pro gênero ser desenvolvido na música cristão nacional, e não só o rock, diga-se de passagem, já que a gravadora deu espaço pra diversos gêneros como rap, MPB, axé, samba & pagode, Worship & Praise, black music, reggae, sertanejo & country, forró, dentre outros gêneros.

A Gospel Records é fruto da Igreja Renascer em Cristo, fundada na Rua Ônix, nº 46, Parque Esmeralda, Barueri - SP, na residência à época do casal Estevam e Sônia Hernandes. Advindos da Presbiteriana, tendo passagem também pela Cristo Salva do Tio Cássio (que curiosamente também começou o ministério na sala de sua casa). Lá se reuniam vários jovens egressos de vida em drogas e sem esperança, dentre os quais podemos citar o Simion (futuro Brother Simion), Paulinho Makuko, Cláudia Bastos e Tchu Salomão, que junto a outros músicos fundariam, com o apoio do Estevam Hernandes, a banda Katsbarnea em 1988. Os ensaios no porão da Rua Vergueiro (acredito que era a do bairro de Cursino, em São Paulo capital) atraiam mais jovens, e logo surgiu o desejo de lançar um disco. A princípio lançaram um K7 chamado "O Som que te Faz Girar" em 1989, de maneira independente (ainda lançariam o primeiro LP "Katsbarnea" em 1990 por um pequeno selo chamado New Voice), mas logo Hernandes, junto a Antônio Abbud, começaram a organizar as famosas "Terças Gospel" na casa de shows Dama Xoc, em São Paulo, famosa por ser palco pra diversas bandas da revolução do BRock oitentista.


O desejo de reunir esses talentos que participavam de seus shows, advindos de diversos locais do Brasil, para realmente revolucionarem a música brasileira, foi assim que em 1989 ainda nasceria a Gospel Records. Antes desse ano, poucas gravadoras cristãs se atreviam a lançar música cristã contemporânea no Brasil, como a Bompastor e a Doce Harmonia, ficando os músicos a lançarem de maneira independente, em selos pequenos como Arca Musical, Music Maker e Pioneira Evangélica, ou em gravadoras seculares como Polygram, Continental, Som Livre e Califórnia. Já de cara lançariam o álbum "Princípio" do Rebanhão em 1990 (nada mais justo que a grande precursora ser a primeira a lançar pela gravadora), dando o pontapé inicial no chamado "movimento gospel" no Brasil (embora hoje em dia o movimento seja mal visto - não pelos mesmos motivos que naquela época, já que se outrora criticavam os estilos musicais e o suposto comprometimento com o "mundo", hoje é mal visto por ter virado algo "comercial demais" - ele ajudou a desenvolver mais a música cristã no Brasil e abriu as portas pra muitas bandas e músicos cristãos até hoje). Só em 1990 mais seis álbuns sairiam: "Arte Final" do Complexo J (banda de RJ de pop rock que já havia lançado o disco independente e o relançou pela gravadora), "Partiu do Alto" de Edson e Tita Lôbo (casal que fazia bossa nova cristã desde os anos 1980), "Humanidade" da Banda Rara (grupo de black music da Igreja Pedra Viva em SP), "Ao Vivo" do Oficina G3 (dispensa apresentações essa né? Mas à época ainda faziam parte da igreja Cristo Salva e fazia um som mais hard rock meio "white metal" - sim, esse era outro nome que hoje em dia quase ninguém por aqui gosta muito de usar kkkk), "Corsário do Rei" da Livre Arbítrio (banda de Brasília que fazia um hard rock bem fascinante, meio progressivo) e "Simplesmente João", disco de estreia da carreira solo de João Alexandre (outro que dispensa apresentações). Em 1991 relançaram o disco do Katsbarnea homônimo, além dos discos "À Capela" do Quarteto Vida (grupo vocal feminino de MPB), "Vida, Jesus e Rock 'n' Roll" (relançamento) do Resgate (banda de rock que vinha da Igreja Batista e que hoje dispensa também apresentações), "Luz no Olhar" de Genésio de Souza (cantor cristão da Igreja Quadrangular, famoso por "Seja Engrandecido"), "Pé na Estrada" do Rebanhão e "Águas" da Troad (grupo de black music e pop rock dos irmãos Mayer advindo de Alphaville). Só nesses dois anos foram treze discos, boa parte de rock. Ampliando sua atuação, a igreja Renascer e a gravadora logo lançariam dois projetos, o primeiro deles uma programação especial só de bandas gospel na rádio Imprensa FM em SP.


O programa Imprensa Gospel, que duraria de 1989 até aproximadamente 1994 (quando a Renascer já transmitia sua programação na saudosa Manchete FM) rendeu uma divulgação maior da cena, além de festivais, como os festivais de música gospel de novas bandas (pela Imprensa Gospel foram salvo engano três festivais, que renderiam até coletâneas - futuramente falarei das coletâneas da Gospel Records que tive contato ao longo da vida). As vencedoras assinavam com a gravadora e participariam do festival maior que estavam organizando (a vencedora de 1992, vale a lembrança, foi a banda Louvor, Art e Cia, com a canção "Criação"). Esse festival beneficente se chamaria:

Folder promocional da segunda edição do festival, em 1992,
saída na Revista Veja de agosto (só não sei precisar a edição)
O S.O.S. da Vida Gospel Festival (um dia falarei acerca dos festivais de música cristã, aguardem!) revolucionou a forma de fazer eventos cristãos no Brasil. Aqui em Pernambuco por exemplo chegou a ter o "S.O.S. Gospel", precursor do S.O.S. da Vida que só pintaria por aqui em 2000 e em 2001. A primeira edição contou com Oficina G3, Resgate e Katsbarnea de São Paulo e Catedral e Complexo J de RJ (todas as apresentações, menos o Complexo J, dá pra encontrar no Youtube). Em 1992 vieram as primeiras atrações internacionais: Recess, Sam Baker, David Quiñones e Melissa Parrick (que inclusive tiveram seus discos - Weird Things, God's In Control, Mi Vida e Breaking the Ice respectivamente - lançados no Brasil pela gravadora em edição especial). Isso se repetiria ao longo dos anos com outros artistas que vieram pro Brasil, como por exemplo o lançamento de "Snakes in Playground" do Bride em 1993, ano em que a banda de heavy metal/hard rock americana aportaria na nossa terrinha pela primeira vez de muitas, maioria delas em S.O.S. da Vida. Inclusive esse, junto com a coletânea importada "Metal Praise", foram os dois primeiros lançamentos de metal cristão em disco no Brasil (nesse mesmo ano a Calvário lançaria pela secular Aqualung o primeiro disco de uma banda brazuca de metal, o "IXOYE" - embora o grupo Pedra de Esquina também já havia lançado um som meio metálico nos anos 1980, até informações precisas desses discos são complicadas de se achar hoje em dia).



A partir de 1992 a Gospel Records praticamente lançaria um disco por mês ou mais. Em 1993 sairia o primeiro de mais de vinte discos do grupo de louvor da Renascer, o Renascer Praise, à época formado por integrantes das bandas Troad, Oficina G3, Katsbarnea, Resgate e Actos 2 (futuro Kadoshi), além da cantora Faty. O grupo de louvor originalmente lançava seus discos em estúdio (os dois primeiros foram assim), mas posteriormente, tal qual outros grupos já existentes à época, como Comunidade da Graça de SP, Comunidade Evangélica de Nilópolis, Comunidade Zona Sul, Projeto Vida Nova de Irajá e Ministério Koinonya de Louvor (das Comunidades Cristãs de Goiânia e Brasília), dentre outros, lançariam só discos ao vivo. Se tornariam também o único grupo presente até hoje em todas edições de um evento importado da Inglaterra que até hoje rola no Brasil - a despeito de algumas críticas sobre o formato dele por parte de alguns setores cristãos até hoje: a Marcha para Jesus.

Disco pra primeira Marcha, em 1993. Ao longo dos anos a Gospel Records
lançaria outros discos, além de um pela Top Music (da sexta edição, em 1998, saído também em DVD!)
e um pela Revista Gospel em 2002 pra décima edição.
Em 1994 a gravadora foi responsável pelo lançamento do disco "Vinde - Atitude e Solidariedade", um projeto que uniu artistas cristãos e não-cristãos, junto ao pastor Caio Fábio e o saudoso ativista Betinho, como parte do projeto "Ação contra a Fome". Diversos artistas, não só da gravadora como de outras gravadoras, participariam do projeto. A partir de 1995 a gravadora passaria a não mais lançar em LP (algo natural pra época - os K7s também sairiam de linha pouco depois), e foi nesse ano que vieram alguns de seus maiores lançamentos, como "On the Rock" do Resgate, "Jeová Jirê" da Banda Canal (banda de axé e música nordestina de Natal, RN), "Juízo Final" da Juízo Final (precursora do rap cristão no Brasil), "Transformação" do DJ Alpiste (dispensa comentários né!), "Sempre te Amarei" de Xand (Alexandre Canhoni, ex-Paquito da Xuxa), "Armagedom" do Katsbarnea e "O que a gente faz fala muito mais do que só falar" do Fruto Sagrado (banda carioca de hard rock que também dispensa apresentações). No início de 1996 ainda viria mais um fenômeno: "Indiferença" do Oficina G3, além do volume III do Renascer Praise, primeiro do grupo ao vivo. Em 1998 viria a edição nacional da CCM, a CCM Brasil (já fiz um artigo sobre revistas e zines cristãs), que vinham com coletâneas de vários artistas, boa parte da própria gravadora (em 2001 ainda lançariam mais uma, a Revista Gospel, e acho que entre 2003 e 2004 viria o Folha Gospel, um semanário em formato jornal). Seguiriam pelo resto da década lançando discos, sendo que em 1999 já tinham lançado mais de 100 títulos, entre artistas da gravadora, relançamentos (como os discos da Hosanna Music lançados por eles) e coletâneas. Nesse ano começaram a lançar discos comemorando os 10 anos da gravadora, os chamados "Série Ouro".

O do Resgate
Diferente das "Seleções de Ouro" da Line Records, que são coletâneas de artistas, a Série Ouro da Gospel Records eram relançamentos dos primeiros discos da gravadora em formato CD e remasterizados. Foram sete contemplados: "Vida, Jesus e Rock'n'Roll" do Resgate, "Ao Vivo" do Oficina G3, "À Capela" do Quarteto Vida, "Humanidade" da Banda Rara, "Luz no Olhar" do Genésio de Souza, "Simplesmente João" do João Alexandre, e pela primeira vez em CD e com o selo da gravadora, "O Som que te faz Girar" do Katsbarnea. Diversos vocalistas e músicos do Renascer Praise nesse ano de 1999 também seriam estimulados a lançar discos solo, como foi o caso de Maurílio Santos com "Um Novo Tempo" (embora esse seja o segundo solo dele), Ana Raia com "Infinito", Jimena (Rhimena) Abécia com "Olhe para o Céu", Benner Jacks com "Rei dos Reis" e Déio Tambasco com "Além do Céu". Com a aquisição - ainda que temporária - da Manchete Gospel FM (atualmente apenas Gospel FM) nesse ano, a rede de divulgação do ministério Renascer Praise, bem como dos artistas da gravadora, ampliou-se significativamente.


Diversos programas ficariam eternizados em nossa memória, como o Overgospel (com lançamentos do Brasil e do exterior), Alô Alô da Manchete (ligava, dava seu recado e pedia música), "Sem João Com Jesus" (só tinha na retransmissora de Pernambuco, a 94,3, posteriormente 91,3 e atualmente inativa), o Programa do CMF (Christian Metal Force, grupo surgido no final dos 1980 por Claudio Tibérius e que nos anos 1990 foi incorporado pela Renascer em Cristo, voltado pra turma do metal, punk, hardcore e gótico - já postei aqui no blog o livro que compilei do Cláudio Tibérius com a história do CMF nos tempos dele, e futuramente farei um post sobre a história do grupo até os dias atuais), o Memória Gospel (que era mais voltado pra sons mais antigos lançados entre os anos 1980 à primeira década de 1990, posteriormente abrangeria toda a década de 1990). Foi nesse ano que eu ingressei à Renascer e conheci muito som cristão que eu jamais imaginaria que existiria. Nesse ano também sairia o que provavelmente foi o disco de maior sucesso da gravadora, a versão ao vivo do acústico do Oficina G3, acredito que até hoje a maior vendagem da Gospel Records. Também nesse ano uma nova campanha surgiria e seria bastante veiculada pela Gospel Records: o "Sou Careta Drogas Bah!"

Nunca tive uma camisa dessas infelizmente, mas ainda descolo uma haha

Essa campanha, que contou até com artistas famosos da TV como Felipe Camargo, Alessandra Scatena, e até o saudoso Gugu Liberato, era um estímulo pra juventude dizer não às drogas. A banda Troad no disco "Por Um Fio", junto com Amaury Fontenele, lançou a faixa "Eletricidade", que fez parte do projeto, inclusive sendo inclusa na coletânea "Show Careta Drogas Bah! 1999" (aliás, esse festival ainda rolaria por anos a fio), e assim o "Sou Careta..." foi uma continuação do que a Renascer já vinha fazendo desde 1993 na Renascer Copan, localizada no Edifício de mesmo nome, em SP. Em 2000 a gravadora daria, através do Renascer Praise, dois passos incríveis: o primeiro disco de um ministério de louvor em espanhol (Ao Vivo La Unción, gravado em 1999 junto com o Renascer Praise 6 - A Pesca) e o primeiro grupo cristão brasileiro a gravar em teatro aberto em Israel (Renascer Praise 7 - Ressurreição, que se não me falha a memória também foi o primeiro lançamento em DVD da música cristã nacional). E continuariam a dar espaço a diversos artistas de rock cristão, incluindo seus medalhões como Resgate e Katsbarnea - apesar disso, músicos como Fruto Sagrado, Brother Simion e Oficina G3 sairiam dos quadros da gravadora e pouco depois ingressariam na MK Publicitá (atual MK Music).


O primeiro acústico de rap da história, em 2004
Os anos 2000 não foram dos melhores pra gravadora, a despeito de ainda ter rolado muitos lançamentos nesse período, dentre eles o primeiro trabalho acústico de rap do Brasil, o acústico do DJ Alpiste (saído pouco antes de Marcelo D2 lançar seu Acústico MTV - e basicamente o do D2 nem é rap realmente, é uma mistureba doida lá kkkk) em 2004. Problemas internos da igreja Renascer, bem como prioridades de investimento bem diferentes do usual (como a torre da TV Gospel - emissora que eles já idealizavam desde os tempos da saudosa TV Manchete, onde eles também apresentaram programas como o Clip Gospel, o Espaço Renascer e o De Bem com a Vida), além do crescimento de concorrentes como MK, Salmus, Top Gospel, Zekap e Line Records, foram minando a quantidade de artistas na gravadora. Lembro que no meu último ano de Renascer em 2005 nos cultos de Oficiais eu ia na banca de CDs da saudosa Renascer Boa Viagem na Rua dos Navegantes 1401 (atualmente um terreno baldio restou do lugar :/ ) e via muitos CDs de ministrações do Estevam Hernandes saindo com o selo da Gospel (só não sei se tinham codificação, contando como parte da discografia da gravadora). Apesar disso, a gravadora continuou até 2010, meio que se arrastando e com pouquíssimos lançamentos, até que encerrou oficialmente as portas nesse ano com o lançamento do CD, Playback e DVD do Renascer Praise 15, muito devido também à pirataria que abatia-se sobre o mercado cristão também (o surgimento do selo Sony Gospel - que curiosamente foi inaugurado pela banda Resgate, ex-Gospel Records - pra mim foi a última pá de cal da gravadora). Infelizmente o fim abrupto da gravadora bem antes da era das plataformas digitais como Spotify, Bandcamp, Youtube Music e Deezer nos privou de muitos discos de bandas e grupos já extintos e discos de circulação limitada ou que venderam pouquíssimo.

Louvor, Art & Cia, um dos muitos grupos revelados pela Gospel Records
quando se apresentaram no Jô Soares Onze e Meia (1992)

Bandas de rock cristão já conhecida que lançaram álbuns pela Gospel Records: Fruto Sagrado, Complexo J, Átrios, Rebanhão, Actos 2, Virtud, Metal Nobre, Paulinho Makuko, João Inácio & Ranúzia, Rod Mayer, Raízes, CUSM, Stauros, Bride (relançamento), Metal Praise (relançamento), Recess (relançamento), Fighter (relançamento), Wayne Watson (relançamento), Newsboys (relançamento).

Bandas de rock cristão reveladas pela Gospel Records: Oficina G3, Katsbarnea, Resgate, Livre Arbítrio, Karpos, F.O., Juízo Final, Praise Machine, Louvor Art & Cia, Anistia, Metanoya, Subsolo Trio, Déio Tambasco, Aghus, Getsêmani, Eliezer Rodrigues, Fernando Cester (ex-Veste Branca), Estação Céu, Troad, Amaury Fontenele, Brother Simion, Patmus, Código C, Rhimena Abécia, RM6, Dose Certa, Militantes e provavelmente diversas outras que participaram de coletâneas ou discos que não tenho em catálogo.

Para conferir um catálogo aproximado de discos lançados pela gravadora, recomendo o trabalho do site Flashback Gospel do meu amigo Lindomar Lemos (lista que eu ajudei a compor) ou o trampo feito por mim em outro blog (lista mais atualizada).


"Gravadora Todo Som"??? kkkk

Curiosidades:

- Até hoje nunca ninguém conseguiu me dar uma explicação do porquê os discos da gravadora começam a ser catalogados com o número 100 (Princípio, do Rebanhão). Originalmente colocavam "LP 100", "CD 100" ou "K7 100", mas posteriormente passaram a usar o código GR antes, pelo que vi apenas nos CDs (tipo GRCD 156, código do "Armagedom" do Katsbarnea), isso até 1998 aproximadamente (último disco que vi com esse código foi o GRCD 171, "Proteção" do RM6, que também creio que foi o primeiro a usar regularmente - tirando relançamentos - o novo código, ERNCD - que seria de Editora Renascer). O último foi o 377, o Playback do Renascer Praise 15. Aliás, isso dá pra fazer outra curiosidade...
- Diferente da MK e da Line Records, os DVDs e Playbacks da gravadora saiam como discos separados, com código diferente. Sendo assim, o Renascer Praise 15 por exemplo foi o 375, o DVD foi o 376 e o Playback foi o 377. Playbacks aliás só Renascer Praise, Soraya Moraes e Marcelo Aguiar acredito que lançaram pela gravadora. DVDs tiveram de diversas bandas, como Oficina G3, Resgate, Renascer Praise, Soraya Moraes, DJ Alpiste, enfim, confiram nas listas que citei acima pra mais informações. Também rolou uns VHS, mas nenhum codificado pelo que vi.
- Algo curioso foi que entre 1995 e 1997 existiu um selo alternativo chamado "Todo Som" (mesmo nome de uma música do Resgate). Nunca foi exatamente explicado o porquê dessa parada. Possivelmente era pra lançar artistas novos, ou algo assim. Por lá passaram Juízo Final com seu disco de estreia, DJ Alpiste com o Transformação, Alan (nem sei quem é esse cara kkkk) com "O que é Viver", Anistia (banda que se não me engano venceu o terceiro concurso de bandas da Imprensa Gospel) com "Vôo Livre", Cidade Levita (axé bem bizarrinho kkkk) com "Poderoso Jeová" e Stauros (genial banda de metal cristão BR) com "O Sentido da Vida" - esse o primeiro disco de metal cristão protestante lançado por uma major cristã (é que Rosa de Saron lançou por uma gravadora católica em 1995 o "Diante da Cruz"). Acredito também que o relançamento de "Vento Forte" do Stauros foi por esse selo. Acredito que por volta de 1998-2000 os discos desse selo foram todos relançados já com a label da Gospel Records. Algo engraçado também era a codificação, que sempre era GRCD 950X, tipo o "Sentido da Vida" da Stauros, que era o 9509. Não sei bem o porquê de começar com um código tão grande, mas como o selo começou em 1995, vai ver relacionaram com o ano e botaram o 95 pra distinguir dos lançamentos da Gospel Records.
- Outros selos curiosos da Gospel Records foi o SCDB (Sou Careta Drogas Bah), como a coletânea Show Careta Drogas Bah 1999 (SCDB 003), RGCD (Revista Gospel), usado pras coletâneas da revista. Teve outros casos que podem ser explorados no meu artigo de listas.
- Endereços da Gospel Records ao longo dos anos: Rua Lisboa, 347; Rua Barata Ribeiro, 246; Rua Pequetita, 145; Rua Helena, 175; Avenida Lins de Vasconcelos, 998 - pertinho da sede da Renascer. Tudo em São Paulo capital.
- A logo original da gravadora (a que aparece acima na postagem) seguiu até 1999 com esse visual curioso, de um disco em vermelho e o nome Gospel estilizado em azul. Em 2000 a logo foi substituída por uma versão que parecia um pássaro branco num retângulo preto. Em 2001 mudou pra um CD azul e o nome Gospel Records na frente, creio que ficou assim até 2005 mais ou menos, quando o disco ficou mais "estilizado", em transparência, sem nenhuma cor além do branco, e ficou assim até 2010, quando a gravadora acabou.
- Alguns artistas participaram também de cargos de direção na gravadora, como Zé e Jorge Bruno (Resgate), Paulinho Makuko (Katsbarnea) e Reynaldo Mayer (o violoncelista pai dos irmãos Mayer da Troad e sogro do Antonio Abbud - casado com a Rosana Mayer Abbud). Mas os mais importantes que passaram pela gravadora foram sem dúvidas Antonio Abbud, Estevam Hernandes e seu saudoso filho primogênito Felipe "Tid" Hernandes.

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Futuramente falarei um pouco mais da história do movimento gospel no Brasil de maneira mais ampla, afinal sigo uma visão similar a de Salvador de Souza de que o movimento existiu de fato por apenas 10 anos (1989-1999), e posteriormente "gospel" passou a ser mais um lance mercadológico mesmo. Enfim, espero que tenham curtido, Soli Deo Glori!

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