sábado, 2 de novembro de 2019

Oil



Em meados dos anos 1990 nascer uma banda de thrash metal puro e sem rodeios nos EUA era algo inacreditável. Nesse tempo as bandas que surgiam por lá preferiam fazer uma pegada mais puxada pro alternativo, metalcore, groove metal ou até o mais extremo death metal. Até as grandonas do Big 4 fugiam do estilo: Metallica fazia um rock alternativo cada vez mais distante do estilo que ajudaram a criar, o Megadeth se aprofundava num heavy metal/hard rock meio comercial, o Anthrax caia num groove metal meio enjoado nos vocais de John Bush (Armored Saint) e até o Slayer, a "reserva moral do thrash metal", parece insano que em 1998 fariam algo como "Diabolus in Musica", um disco bem aquém do thrash insólito que faziam, com pegadas modernas demais. Até no lado cristão a coisa tava assim: O Believer e a Vengeance Rising estavam mortas, Living Sacrifice a muito tinha se enfiado num death metal cavernoso e posteriormente cairia no groove/metalcore, a Deliverance fazia discos com um som prog/gothic (!) bem afastados do thrash/speed, Tourniquet com "Crawl to China" parecia ter chutado o thrash metal pra bem longe com seu hard rock estranho, dentre outras bandas que ou já tinham saído das turnês, ou não lançavam mais nada, ou simplesmente abandonaram o som clássico nascido na Califórnia no início dos 1980. Sendo assim, nada foi menos esperado pela galera que uma banda como Oil. Surgida em 1997 e comandada por ninguém menos que Ron Rinehart (o lendário vocalista da Dark Angel, uma das míticas bandas de thrash seculares que corriam por fora do circuito da Big 4). No tempo em que existiram lançaram um EP, um CD e um disco ao vivo. Tristemente em 2004 após Ron sofrer uns problemas na coluna a banda encerrou suas atividades por não encontrar um novo vocalista. Embora a Dark Angel também tenha por um tempo terminado e posteriormente voltou inclusive com o próprio Ron de volta aos vocais, Oil nunca mais se viu. Uma lástima, porque o som deles era muito irado pra época que surgiram.



Oil (EP, 1997)

01 - When No One Cares
02 - Last Breath
03 - Searching from Heaven
04 - Numbers
05 - Day or Light






Fusão de Metallica das antigas com a Dark Angel (óbvio que os vocais do Ron contribuíram muito pra essa segunda parte), esse EP tem uma qualidade técnica muito boa (apesar do som um pouco abafado - talvez um recurso pra emular a sonoridade dos anos 1980, não sei). Só a capa não me agradou muito, ficou bem confusa e com uma diagramação de cores estranha de dois extratores de óleo. Mas quem vê capa não vê o livro, e sendo assim o EP tem momentos pesadíssimos e um thrash mais calmo na faixa final que muito me faz me recordar o disco "Ride the Lighting" do Metallica.



Refine (2000)

01 - Divided
02 - Waiting There
03 - Scream
04 - Life Addiction
05 - Lost
06 - Open Wound
07 - Struggle
08 - S.I.N.+
09 - I Won't Give In
10 - Chopping Block


Fusão perfeita de thrash com heavy metal, Refine é provavelmente o disco mais famoso da banda aqui no Brasil (acredito que o único que foi lançado por essas bandas de maneira oficial pela O Levita em parceria com a Salmus), o disco ainda contém algumas octanagens de groove metal (dá pra ver isso nos arranjos de guitarra de Blake Nelson em "Scream") e de grunge (vide a pegada de "Lost" por exemplo) e stoner rock (vide "S.I.N.+"). Apesar desse lado mais "moderno", esse disco é inquestionavelmente thrash. As letras são bem interessantes e até perturbadoras, porém com uma perspectiva cristã, diferente das conclusões sobre os mesmos temas que se via nos discos da Dark Angel. A faixa que fecha o disco é sem dúvidas a mais legal, pesada e thrasher na linha do DA sem tirar nem por.


Choice Cuts Off the Chopping Block (live, 2003)

01 - Intro
02 - Drown
03 - Life Addiction
04 - Struggle
05 - S.I.N.+
06 - Waiting There
07 - Walls
08 - After
09 - Picture This
10 - Divided
11 - When no one Cares
12 - Chopping Block
13 - This is my Prayer (acoustic studio)
14 - Medicine Man (acoustic studio)

Muito mais modernoso que tudo que fizeram antes, esse disco ao vivo da ainda novata Roxx Records traz consigo um Oil mais próximo do som das modernas Disturbed e Mudvayne (notável nas faixas novas "Drown", "Walls" e "After"), mas com muito mais presença das guitarras, pois Blake Nelson não tinha medo de solar (mesmo inclusive sendo o único guitarra e isso deixando um semivazio de ritmo na hora dos solos - apesar do baixista Matt Joy fazer um ótimo trabalho com seu baixo). É muito bom ouvir uma banda que consegue captar bem sua energia ao vivo. Os momentos em que Ron fala acerca de sua fé e da necessidade que precisamos de Deus (na intro de S.I.N.+ principalmente) mostram uma conversão sincera e um compromisso real com o Senhor. Acredito que mesmo que ele tenha aposteriori retornado ao Dark Angel isso não comprometeu em nada sua fé. As faixas acústicas no final são um ponto fora da curva no disco, mas vale a pena também dar uma sacada.

Oil ainda participou de uma coletânea chamada 2000 - A Second Coming e num tributo à Deliverance.

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