Testemunho

Minha história no cristianismo começou em 1998, quando eu tinha dez anos. Sendo um filho de pais que foram a diversas religiões e que em determinado momento viu seu núcleo familiar se desfazer quando seu pai separou-se de sua mãe e pouco depois converteu-se ao Evangelho, eu rapidamente considerei o meu pai um grande hipócrita. Poucos meses depois, minha mãe, cansada da vida tola que estava vivendo sem Deus, foi à igreja e lá Deus a resgatou também. Eu obviamente cético quanto a tudo isso, entretanto quando Deus nos escolhe é impossível fugir. E assim Ele me abraçou em um culto de algum dia de setembro/outubro de 1998 (o dia eu não me recordo mais) ao som de "Te Encontrar" de Gerson Cardozo, já evidenciando meu amor pela música.

Àquela época eu até gostava de música, mas não exatamente de rock. Até ouvia dos LPs de mainha discos de Jovem Guarda, Creedence Clearwater Revival, Beatles, Elvis, até nas rádios uns hard rock como Scorpions, Bon Jovi e Guns n'Roses, mas não era aquilo que você poderia chamar de roqueiro, punk, gótico ou "metaleiro". Na verdade apesar de seu amor pelo Rock e MPB, minha mãe nunca foi também uma roqueira de fato, e assim pode até parecer curioso que eu comecei a gostar de verdade de rock no final de 1999, quando minha mãe começou a ouvir muito uma rádio chamada Manchete Gospel FM Recife, na época com o dial 94,3, rádio essa ainda sob o controle da Renascer em Cristo (aquela igreja que eu mais novo via as vezes com um programa "estranho" quando eu era criança na extinta TV Manchete chamado "De Bem com a Vida" e que tocava umas bandas "esquisitas" lá). Foi ouvindo a rádio que minha mãe e eu passamos à membresia da igreja e lá ficamos até 2005. Foi nessa época que ouvi bandas como Katsbarnea, Resgate, Oficina G3, Catedral, Bride, Petra, Fruto Sagrado, Candelabro, Calvário D.C., Troad, Rebanhão, RM6, Tempus, Código C, Praise Machine, dentre outras. Comecei a gravar K7s (até hoje as guardo - se ainda funcionam é um mistério que um dia vou resolver quando pegar de novo um aparelho com K7 huaheueahuhe) para suprir a dificuldade da época de comprar CDs, mas que com o tempo ainda assim fui comprando muitos discos, em especial da Gospel Records, mas depois fui conhecendo outras bandas, outras gravadoras, e fui construindo minha coleção (atualmente na data desse testemunho já tenho por volta de 1000 discos - nem todos de rock e nem todos cristãos, mas é uma bela coleção).

Em 2005 tive minha virada de sonoridade em definitivo. Desde 2001 eu conhecia um programa chamado CMF (que na realidade era um ministério da Renascer - originalmente era independente e em meados dos 1990 foi incorporado pela igreja) e já tinha ouvido falar de uma tal Comunidade Zadoque (atual Crash Church) em SP, afora que na Renascer Beberibe (entre 2002 e 2010 vivi não em Rio Doce, Olinda, e sim no Arruda, Recife) já tinha visto uns eventos com umas bandas locais mais "pesadas" como Nephesh, Resurrection e Godside - afora nas Marchas, em que vi outras bandas mais pesadinhas -, mas foi no Recife Agosto de Rock VI de 2005 no Clube Português que tive meu primeiro contato real com a galera da Zadoque Recife (atualmente essa galera se reúne em dois ministérios diferentes: Crash Church Recife e Comunidade Extrema Unção) e com a galera da ARCA (antigos Skatistas de Cristo). Fui ao show pra ver duas bandas que amava a anos: Oficina G3 e Bride, mas confesso que a Holokausto (daqui de PE) e a Trino de ES me conquistaram de imediato. Depois daquele show eu nunca mais consegui parar de curtir heavy metal cristão. Eu tinha 17 anos. Foi ali que Deus me fez querer de vez seguir esse caminho. O retorno à Rio Doce no final de 2009/início de 2010 foi um isolamento necessário, pois na realidade me fez acumular mais material (eu sou formado em História, o que explica esse meu amor por informações) e o contato com a galera do finado fórum CMFreak e o também extinto grupo de missões urbanas VER - Vidas Em Revolução me deram um enfoque definitivo na minha vida para missões urbanas. De lá pra cá tive algumas tentativas frustradas de bandas (as únicas que eu fui mais longe foi a Desolate Death - meu projeto de grind noise solo e sem "rótulo" cristão; e quando fui vocalista da Desinfernality em 2015 a 2016), ingressei na Comunidade Extrema Unção no final de 2016 e também ajudo muito na divulgação de bandas, eventos e etc, tudo para a glória de Deus. Ele está no controle do meu ministério, e se Ele decidiu tornar um ser improvável como eu não só um cristão como também alguém que saiu da calmaria para o underground, que Ele me guie no que virá pela frente.

Sim, eu sou um cristão que virou underground, e diferente da maioria que veio de lá e abandonou o underground, que era cristão e quando virou underground abandonou a fé ou que veio do underground e virou um cristão, mas continuou na cena, eu sou um dos raros casos que DEUS colocou no underground e manteve a fé. Só Ele mesmo explica. Ele faz coisas "loucas" para confundir a "sabedoria" humana. Glória ao Senhor pra sempre!

Soli Deo Glori

João "Johnnÿ" Dias

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