sexta-feira, 31 de janeiro de 2020

Rótulos, "clones", imitações e plágios...


Ah, os rótulos! Se há uma coisa ingrata para todo revisionista de música (e acho que na arte em geral) é a necessidade (embora não tão necessária realmente assim) de tachar. De encontrar similitudes entre bandas e artistas, chegando ao extremo em muitos casos de fazer listas do gênero "artista tal é semelhante ou igual a tal". E no mundo cristão é uma parada que me incomoda sobremaneira, essa mania bizarra que alguns têm de querer desesperadamente encontrar uma banda cristã que seja parecida ou idêntica a um grupo não-cristão que ele curte, supostamente com o intuito de "deixar de curtir" (mais uma consequência da hipocrisia do "ouvir música mundana faz mal pra vida espiritual bla bla bla mimimi hurdur texto fora do contexto pretexto pra heresia capítulo 6 versículo 66").

Quando comecei a me especializar no rock cristão, confesso que foi um alento pra mim ver listas como as dos sites Metal for Jesus, Rad Rockers e o saudoso Metal for the King daqui do Brasil mesmo. Foram ótimos guias de comparação de bandas, que de certo modo deu uma ajuda pra identificar um pouco influências musicais de cada uma. Até hoje ainda uso um pouco essas listas, até por uma questão de saudosismo, e porque quer queira quer não são um bom guia - até as usei por um tempo quando era um dos administradores do saudoso fórum CMFreak, quando estávamos tentando fazer uma lista definitiva de bandas cristãs e similares seculares (ou foi no grupo Christian Oldschool do Face? Enfim...). Porém... não te parece algo limitante demais ficar o tempo todo tentando achar a "Dire Straits cristã"? (Aliás, vale a nota, até hoje nunca vi!)

Também nunca vi uma Jethro Tull gospel, uma Genesis cristã, uma Alice in Chains cristã, uma Kiss cristã... então né. Isso significa que a música cristã não é capaz de fazer um som como o dessas bandas? Não exatamente. Apenas Deus dá os dons dele a cada um como Ele quer. Sendo assim, sim, Mark Knopfler, Ian Anderson, Peter Gabriel, Phil Collins, Jerry Cantrell e Gene Simmons, cada um deles têm seus dons musicais por uma dádiva divina (a forma e motivação que usam é problema deles) e não é algo genuinamente adequado para os cristãos insistirem nessa mania de imitar eles ou procurar bandas similares, com medo de se não tiver acabar por continuar a ouvir tais bandas e assim "não vou me converter de verdade" blá blá blá.

Você sabe o quão esse lance de ficar atrás de banda parecida é perniciosa e criadora de rótulos e acusações de "plágio" quando vê o caso do Catedral. É óbvio que a banda se inspirou em, entre outras bandas, no Legião Urbana (e a voz de Kim se assemelhar absurdamente com a do saudoso Renato Russo ajuda nessa conclusão). Mas procurar a banda unicamente por essa particularidade é uma tremenda furada. Aliás foi com pensamentos assim que Ricardo Alexandre, então repórter do finado site Usina do Som em 2001 sabotou deliberadamente (e confessadamente inclusive em seu livro Cheguei Bem a Tempo de Ver o Palco Desabar) uma entrevista com a banda Catedral, no intuito de os rotular de meras cópias do Legião Urbana e também sujar a carreira deles ante o público cristão. Foi também assim que forçaram até o extremo a imagem da banda Yunick como o "Restart gospel" (e em entrevistas a banda jamais endossou esse rótulo, embora obviamente o visual da banda nos primórdios evocasse essa influência da cena happy rock). Até hoje a única banda que conheço que nunca fez questão em negar suas influências claras e até mesmo em se dizer como o "AC/DC cristão" foi a X-Sinner, que dizia isso até no próprio site da banda (e pelo que eu soube por alto, o Rex Scott não curtia nada essa comparação kkkkk). Mas até eles eram bem superiores musicalmente ao AC/DC. Com o passar dos anos e audições passei a repudiar falas como "Barren Cross é o Iron Maiden cristão" ou "Sacred Warrior é o Queensrÿche cristão". E o Bloodgood é o que? Afinal, taí uma banda de metal que nunca vi nenhuma "secular" sequer parecida. O Oficina G3 mudou tanto sua sonoridade ao longo dos anos, seriam o que? O Rebanhão então, quem no secular fazia um som igual ao deles? Vamos descartar talentos assim por não se parecerem com banda nenhuma secular? Ou vamos só continuar procurando a versão cristã do Cradle of Filth?

A verdade é que dá pra entender quando novos convertidos ficam nessa paranoia de procurar uma banda cristã similar ao som da sua banda secular predileta. Mas chega a ser infantil quando um marmanjo velho na fé continua nesse tipo de enumeração por medinho do contato com a "terrível música secular". Enquanto não evoluirmos nesse aspecto, seremos meninos pra sempre, quando já devíamos ser adultos no entendimento e largar as meninices tolas que ainda aprisionam muitos de nós (I Coríntios 13.11).

Soli Deo Glori.

quinta-feira, 30 de janeiro de 2020

Ezra (Reino Unido)




Hard Rock/AOR do Reino Unido de curta vida, Ezra (Esdras em inglês) teve várias bandas homônimas nos EUA, todas mais voltadas pro metal. Já eles faziam uma pegada bem mais simples, na linha de bandas como Yesterday and Today (antes de virarem Y&T), Journey, REO Speedwagon e Foreigner. Era formada por Howard Andersen (vocais adicionais e guitarra), Jeff Chubb (bateria), Greg Lambas (baixo, violão e vocais adicionais), Thomas Potter (vocal principal e teclados), Terry McNab (bateria adicional) e Andy Allen (vocais adicionais) - esses dois últimos apenas músicos de estúdio.


The Key (1991)

01 - Key to Heaven
02 - Frontline
03 - Listen to the Heart
04 - Shadow of the Son
05 - Carry Me Home
06 - The Return
07 - Here for You
08 - That's Right
09 - Take Me

Poucas bandas fizeram um som tão na linha do AOR clássico dentro da música cristã como o Ezra. Em alguns momentos lembram o Kansas na fase de John Elefante (Shadow of the Son lembra bastante essa fase ou o Mastedon), noutros me remete a bandas como Foreigner, Toto e Journey. Os vocais de Tommy Potter evocam bem essa linha melódica, bem como seus teclados e os arranjos musicais. As baladas como "Listen to the Heart" e "Carry me Home" levam essa conclusão ainda mais longe. A arte de capa fantástica com a chave e o símbolo da triqueta (que causa polêmica até hoje pra muitos fundamentalistas antissimbolismo) é de John Shaffer, responsável por capas de outros artistas, como X-Sinner, Rick Wakeman e Daniel Amos, dentre outros. Uma pérola musical perdida no tempo que vale a pena procurar.

Ezra (USA)




O nome Ezra (Esdras em inglês) evoca várias bandas (só nos EUA são 4, três delas cristãs, sendo essa de Power Metal de Denver, Colorado, a mais famosa - as outras duas, a de heavy de Indiana e a de deathrash de Lincoln, Nebraska, não fizeram muita fama, e sei pouco da de heavy de Detroit, sequer sei se eram cristãos - e no Reino Unido mais uma, essa relativamente mais famosa). A de Denver, que falaremos aqui, foi formada por Tim Morrow (baixo e vocais), Kent Verbal (bateria e vocais), Dale Cox (guitarra e vocais) e Bibi McGill (guitarra e vocais). Em algum momento contou com um vocalista solo, mas não tenho informações sobre esse (por isso na foto aqui da banda aparecem com cinco integrantes). Infelizmente tiveram vida curta, lançando unicamente uma demo.


The Choice (demo, 1988)

01 - The Choice
02 - Behold, He Reigns Again
03 - The Crucifixion
04 - Nocturnal
05 - M.O.S.H. (March On Satan's Head) (instrumental)




O power metal versão USA (que muitos preferem dizer ser mais um speed metal com vocais melódicos do que propriamente power metal como nos moldes germânicos) trouxe muitos trampos de qualidade inquestionável, apesar de muitos desses trabalhos terem sido curtos. É o caso da banda Ezra. Com essa única demo, tinham tudo pra emplacar. Musicalmente falando é uma boa variação de faixas, entre algumas mais power metal clássico, outras, como a balada "The Crucifixion", um heavy metal mais simples e consistente. Eis um trabalho clássico perdido no tempo que vale a pena procurar. Nada excepcional, mas a qualidade dos arranjos e riffs já garante uma ótima ouvida pros fãs de um bom heavy metal tradicional.

Yunick




Eu tenho que admitir que o trabalho de um resenhista de bandas e discos tem uma coisa meio ingrata: a mania de rotular. A mídia em si parece que implora pra que tenhamos essa atitude. E o mercado gospel em si sempre busca se adaptar às tendências e modas. Não a toa uma banda como Yunick foi rapidamente tachada de "o Restart gospel". A sonoridade pop/rock, os nomes dos integrantes (Dé, Thi, Lukee e Bruh) e o visual da banda fez essa comparação com bandas de "happy rock" (ou "rock colorido") como Restart, Strike e Cine serem ainda mais fortes. Mas também é uma boa forma de espantar alguns dos típicos "radicais tr00s" que rolam no meio cristão. Eu mesmo demorei muito tempo pra decidir dar ouvidos ao som deles e perceber que, bem diferente do que o rótulo sugere, a banda vai muito além de um "Restart gospel", conseguindo trazer uma qualidade boa pro som que fazem.

A matéria no jornal postada acima resume bem a história da banda, não preciso entrar tanto em detalhes, mas liricamente pode ter certeza, são uma banda muito boa e perfeita pra quem quer cantar louvores a Deus num som mais pop/rock e "emocore" (sendo que a definição de emocore dos anos 2000 é bem errônea).

É lamentável que muitos amigos meus - e eu me incluo também - foram na "crista da onda" em criticar a banda pelos rótulos colocados que nem a própria banda fez o menor esforço para receber, muito pelo contrário.


Deus está no Controle (2010)

Não sei a ordem correta das músicas, logo vai assim em ordem alfabética:

- Com Você
- Deus Está no Controle
- Espelho
- Feliz mais uma Vez
- Geração de Davi
- Meus Segundos
- Não Vou Desistir
- Pensamentos
- Princesa dos Meus Sonhos
- Viver

Não há como negar nesse disco as influências óbvias de bandas como Cine e Restart. Porém é necessário observar que a banda, a despeito da rotulação, conseguiu trazer arranjos muito mais variados e criativos. Um exemplo disso é a música "Espelho". Algumas faixas lembram bastante a fase do início dos 2000 do emocore, como a secular CPM 22, como é o caso de "Feliz mais uma Vez". Além de músicas sobre a fé cristã, tem faixas românticas muito boas.


Tudo que há em Mim (2012)

01- Tudo que há em Mim
02 - Melhor Amigo
03 - Parei pra Pensar
04 - Brilha em Mim
05 - Minha Fé
06 - Geração de Davi
07 - Saudades
08 - Único Capaz
09 - Os que confiam (regravação)
10 - Nem Olhos Viram

Com um visual bem mais sóbrio, distanciando-se bastante do papo de "Restart gospel", a banda traz um pop/rock muito bem construído, com letras realmente para adoração a Deus. Um som muito suave, não é um rock forte, mas passa longe de ser um som meloso ou um "louvor jovem".

OBS: algumas versões vem com as faixas "Geração de Davi" e "Meus Segundos" do disco anterior, além de uma versão remix de "Deus está no Controle" e um cover de "Sou Humano" da cantora gospel Bruna Karla.

Singles:






Chryztyne


Banda de metal melódico de Karlsruhe, Baden-Württemberg, Alemanha, Chryztyne (referência à personagem Cristã - ou Cristine - dos romances "O Peregrino" e "A Peregrina" de John Bunyan) acabou sendo uma banda de curta duração, estando em atividade apenas de 1990 até pouco depois de 1998, e lançando apenas um disco. Entre seus membros contavam o baterista Lars Nippa (da secular Zar), o vocalista Frank Schepp (ex-Saint Attack) e o mais famoso vocalista, Olaf Hayer (das bandas Lord Byron, Treasure Seeker e do projeto do músico secular Luca Turilli, dentre outras).


Tales of Paradise (1993)

01 - For You
02 - Tell Me Why
03 - Remember You
04 - Mama Doesn't Know
05 - Stay With Me
06 - All That You've Got
07 - All Day All Night
08 - Never
09 - Born in the Fire
10 - In The Darkness of Night
11 - Danger


O que aconteceria se o Helloween fase "Chameleon" (a fase mais melodic rock do Helloween) se fundisse com um vocalista mais próximo dos vocais de Bon Jovi? É isso que acontece nesse disco. Frank Schepp tem os vocais perfeitos pra uma banda de hard rock, mas conseguindo fazer bonito também nessa banda mais próxima do som power germânico (embora sem nenhuma música veloz, bem mais melódica nesse sentido). O trabalho dos instrumentistas é fenomenal, e o teclado de Thomas Kessel garante bem essa qualidade inspirada no AOR. Sem dúvidas um clássico cult que vale a pena ser conhecido.


quarta-feira, 29 de janeiro de 2020

Retrieve




2010-2020. Dez anos de história, foi isso que a Retrieve construiu no rock cristão de Recife, Pernambuco, Brasil. Formada por Juninho Lima (guitarra), a banda começou mais próxima do pop/rock com influências do rock progressivo. A guinada da banda se deu na segunda metade dos anos 2010, quando a banda começou a fazer uma sonoridade mais moderna, metalcore, mas sem seguir de maneira "clonada" de muitas bandas do gênero, fazendo um som muito próximo de bandas como as seculares Trivium e Bullet for my Valentine, e as cristãs August Burns Red e Bloodlined Calligraphy (essa última muito por também possuir um vocal feminino). A banda evoluiu muito ao longo de sua existência, tendo participado de diversos festivais (inclusive vencendo o D'Rock anos atrás) e lançado um fantástico EP, além de uma sequência de videoclipes muito bons. A última formação contava, além de Juninho, com Rafaela Priscila (vocais limpos), Marquinhos Xavier (guitarras), Luiz Felipe (baixo e vocais guturais) e André Lucas (bateria).

Retrieve é uma palavra em inglês que significa "Recuperar", e isso é explicado bem numa música de mesmo nome da demo.


Demo (2011)

01 - Vem Meu Filho
02 - Redenção
03 - Nosso Senhor
04 - Retrieve
05 - Porque

Recebi essa demo no ano que foi lançada pelo então tecladista deles Sidney Andrade. O som, visivelmente, é mais próximo do que bandas de pop/rock gospel faziam, principalmente naquela época, com o sucesso de discos do Oficina G3 com uma pegada mais prog. A gravação é competente, conseguindo ir muito além da qualidade esperada pra uma demo. Já nesse tempo mostravam que tinham talento pra ir além. Basta ver o peso da faixa final, "Porque", uma fantástica canção próxima do metal alternativo/progressivo, e com uma letra contestadora (algo que tornar-se-ia uma constante por parte da banda).


Convicções (EP, 2016)

01 - Intro (instrumental)
02 - Não Temas
03 - Tua Palavra
04 - Sacrifício
05 - Ele Virá
06 - Mártir
07 - Epílogo (instrumental)




Nova formação, nova sonoridade, a mesma qualidade. Não é qualquer banda que se modifica pra um estilo "da moda" que consegue ir além de uma "cópia mal feita". Retrieve conseguiu ir muito além disso. Os arranjos vocais (muito mais enfocados na voz limpa de Rafaela) e instrumentais trazem uma banda que fundiu bem as tendências do metal alternativo, progressive metal e metalcore. Não a toa rapidamente tornou-se um fenômeno musical de Pernambuco. Letras focadas na Bíblia e na fé cristã, entre elas a fortíssima "Mártir" e a desafiadora "Sacrifício". "Ele Virá", com uma pegada mais nu metal, é a mais diferenciada do disco inteiro, mas o EP é muito variado, bem diferente da tendência de muitas bandas do gênero de você ouvir a discografia da banda toda e acha que tá ouvindo uma música só (kkkkkkkkkk). Esse EP é uma obra de arte fantástica do rock cristão, não só de Pernambuco ou Brasil, mas a nível mundial (sei que vão dizer que é exagero, não importa).

Singles:



Single do final de 2017. Aqui uma novidade, Rafaela finalmente mandando ver nos vocais guturais (!)



Último single lançado oficialmente pela banda. Os vocais guturais de Luiz ganharam um protagonismo maior dessa vez, sem remover o vocal limpo e bem trampado de Rafaela. Essa música acabou sendo lançada também na coletânea "The Gates of Brazilian Metal Scene Vol. III" de 2019 pela MS Metal Records. Haviam planos de relançar o EP pela gravadora com as duas singles como bônus, mas acabou não rolando (infelizmente).

Traição (single, nunca lançado oficialmente)

01 - Traição

Lamentavelmente a banda acabou antes que esse single pudesse ser devidamente masterizado e lançado (agradecimentos ao Juninho por ter confiado a mim ouvir essa peça rara com exclusividade). Rafaela mais uma vez fazendo ambos vocais, me lembrando muito os vocais de Alissa White-Gluz (das seculares Arch Enemy, Kamelot e ex-The Agonist) e Nina Cislaghi (da Bloodlined Calligraphy). Os arranjos instrumentais mais progressivos do que nunca evidenciam uma banda que ainda tinha muita palha pra queimar. Mas enfim, um dia quem sabe veremos mais dessa turma, seja como Retrieve ou novos projetos, pra glória de Deus.

sábado, 25 de janeiro de 2020

Lust Control




"A pior banda da década de 1990!" - HM Magazine

OLHA QUE IRONIA, UMA BANDA DE ROCK QUE COMBATIA O ABORTO!!! ACHO QUE SEU DANTE MANTOVANI PRECISA REVER SEUS CONCEITOS SOBRE ROCK LEVAR AO ABORTO KKKKKKKKKKKKKK


Sem dúvidas a banda mais CONTROVERSA do punk cristão, Lust Control é uma banda que surgiu em 1988 em Austin, Texas, EUA e seguiu até 1995, voltando à ativa em 2011 e seguindo até hoje. Ok. era uma banda meio "forçada" pela revista HM (haja vista que o vocalista e líder da banda é Doug Van Pelt "Gene", o criador da Heaven's Metal Magazine) e na época ladeado pelo pastor de jovens Maury Millican "Duane" (baixo), Phillip Owens "George" (bateria) e Paul Q-Pek "Stanley" (guitarra, também da One Bad Pig). Usavam máscaras de ski e pseudônimos por conta da temática pesada que a banda sempre se guiou a fazer até aos dias de hoje: a sexualidade. Mas antes que alguém ache que "opa, a banda incentiva sexo livre e coisa assim?" Não não, amigo, pelo contrário, eles batiam na tecla da abstinência e combate a comportamentos sexuais, pornografia, aborto, além de bater de frente contra alguns líderes de movimento ateísta como Madolyn Murray O' Hair, dentre outros.  Acredita-se que o Lust Control foi a precursora do movimento XXXChurch (aqui no Brasil chamado de SexxxChurch), que faz um trampo evangelístico forte em especial na indústria pornográfica.


This is Condom Nation (Demo K7, 1988)

01 - Grace!
02 - Rude Awekening
03 - Madolyn Murray O'Hair
04 - Wretched
05 - Apocalyptic Nightmare
06 - I Want to Die
07 - Mad at the Girls
08 - The Big "M"
09 - You Make Me Puke
10 - There is a Fountain/Grace Reprise

Hardcore/thrashcore que remete bastante a fase mais HC do Ramones. Uma música mais porrada que a outra. Mas as letras deixaram os cristãos legalistas de direita americanos apavorados. Afinal não era todo dia que se via uma banda cristã fazer uma música como "The Big 'M'", em que esse "M" aí é MASTURBAÇÃO(!), ou uma música como "You Make me Puke" que era um tapa na cara dos santarrões de igreja que seguiam o princípio de vida dupla (o "crente raimundo, um pé na igreja, outro no mundo"). "Apocalyptic Nightmare" faz uma representação bem curiosa do retorno de Jesus e o arrebatamento da igreja, e "Madolyn Murray" (que inclusive foi parar na coletânea Heavy Righteous Metal II de 1990) é sobre a ativista ateia Madalyn Murray O'Hair que foi fundadora e presidente da American Atheists e chegou a ser defensora da campanha a presidência dos EUA de 1984 de Larry Flynt, dono da publicação pornográfica Hustler (curiosamente ela e parte de sua família foram sequestrados, mortos, esquartejados e ocultados em 27 de agosto de 1995 por um dos empregados da American Atheists que também roubou os fundos financeiros da organização).

The Big "M" ganhou um bizarro videoclipe, o primeiro de uma série de videoclipes insanos da banda.



Dancing Naked (K7, 1989)

01 - Rebuke
02 - Jesus Washed His Feet
03 - Dancing Naked
04 - What About Your Wife?
05 - Fun, Fun Feeling
06 - Living in the New Age
07 - Witch Hunt
08 - What's Goin' On?
09 - Say It Like a Rock Star
10 - Big Bang!
11 - Deliverance
12 - John Styll
13 - Operation Rescue
14 - That Groove Thing
15 - You Too
16 - Planned Parenthood/Grace Reprise

"Dançando desnudo ante o Senhor, dançando desnudo quando seu espírito foi purificado, dançando desnudo, ele não se envergonha, dançando desnudo, ele estava adorando o nome do Senhor!" Essa letra fala de quando Davi dançou ante a Arca da Aliança, que no Primeiro Testamento representava a presença de Deus, quando esta voltou para a Terra de Israel, e essa dança foi tão intensa que ele acabou praticamente desnudo ante todo o povo (2 Samuel 6.12-23). Mas tenho certeza que muita gente com cara de anjo não percebeu a referência e acusou a banda de estimular o nudismo (nada a ver, pra uma banda que pregava contra a sexualidade pervertida!). E sem dúvidas esse disco trazia um monte de tapas na cara, como "Living in the New Age" (sobre o patriotismo fingido dos estadunidenses), "Jesus Washed His Feet" (posteriormente renomeada pra "Jesus Washed Judas's Feet", pra falar sobre perdoar seus inimigos), "Planned Parenthood" (contra as ideias de "planejamento familiar" que tentavam aprovar nos EUA que estimulava o sexo livre e o aborto), dentre outras. A sonoridade seguia sendo um pouco de Ramones HC com The Clash - mas com uma pegadinha mais thrash -, e mantinham algumas músicas minúsculas como Witch Hunt e John Styll, além de experimentações como "Say It Like a Rock Star" e "Fun, Fun, Feeling".

Cheap Alternatives to Empty-Vee (VHS, 1990)
Não tenho informações precisas desse material.
CORREÇÃO: Achei no canal do Doug Van Pelt a VHS completa,
basicamente é um material com clipes, apresentações e uma entrevista com a banda.



Fun Fun Feeling (compilação, 1991)

01 - Rebuke
02 - Big Band
03 - Fun, Fun Feeling
04 - Jesus Washed Judas' Feet
05 - Dancing Naked
06 - John Styll
07 - That Groove Thang
08 - Say It Like a Rockstar
09 - Swimsuit Edition Wallpaper
10 - You Too
11 - Circumcised, Baptized, & Moon Pies
12 -
Living In The New Age
13 - Witch Hunt
14 - What About Your Wife?
15 - What's Goin' On
16 - Madolyn Murray O' Hair
17 - Apocalyptic Nightmare
18 - Rude Awakening
19 - I Want to Die
20 - Wretched
21 - There is a Fountain/Grace Reprise
22 -
Madolyn Murry O'Hair (Cornerstone Live Version)
23 - Dancing Naked (Cornerstone Live Version)

Basicamente um compilado com as melhores das duas K7s, mais três faixas novinhas em folha ("Swimsuit...", "You Too" e "Circumcised..."), além de duas faixas ao vivo gravadas no Cornerstone (acredito que o de 1989 ou 1990, já que as versões lembram muito o que aparece na VHS "Cheap Alternatives..." de 1990).


We Are Not Ashamed (1992)


01- Grace
02 - Leave Amy Alone
03 - You Make Me Puke
04 - Return to Vomit
05 - Planned Parenthood
06 - The Big "M"
07 - Deliverance
08 - If You Fail
09 - Virginity Disease
10 - The Secret
11 - Real Men Cry
12 - Pray for the City
13 - Mad at the Girls
14 - Speaking in Tongues
15 - Get Married
16 - Operation Rescue
17 - Victim of Revolution/Grace Reprise

Disco mais insano do início dos anos 1990 na música cristã, pela banda mais bizarra da história da música cristã até então. Algumas músicas já eram velhas conhecidas, com uma melhor gravação e qualidade de arranjos (além de que Grace, a clássica música da banda, ficou ainda mais rápida aqui). Letras abordando a luta da banda contra a sexualidade "livre", as "leis LGBTX" (na época chamadas de "Gay Rights"), contra a pornografia, masturbação, o "ficar" (Mad at the Girls), o machismo (Real Men Cry) e o sexo fora do casamento (essa última bem representada por "Virginity Disease" e "Get Married", essa última dona de um dos muitos clipes que esse disco ganhou). Mas se tem uma música que eu fiquei bem encantado foi "Leave Amy Alone", contra as pessoas que criticavam a vida da Amy Grant (à época Amy, tal qual Michael W. Smith e Michael English, tentavam expandir suas carreiras pra além das fronteiras da música cristã, o que causou muitas críticas imbecis de legalistas de plantão - isso incrivelmente não mudou muito, se uma banda cristã se declara "secular" já chegam uma chuva de dedos tolos apontando). Lust Control, na contramão dessa turma, aconselha a galera a orar por ela e a deixar em paz. "Victim of Revolution" rola até um rap!


Capa da versão da Roxx de 2019
Feminazi (EP, 1994)

01 - Feminazi
02 - Don't Kill You
03 - Temptation
04 - I Blew the Clinic Real Good (Steve Taylor cover)
05 - Apocalypic Nightmare (live)
06 - Real Men Cry (live)
07 - Thermo Sermo

(A versão de 2019 vem com várias faixas bônus).

Antes do termo "feminazi" virar modinha, a Lust Control já usava, nesse EP bem mais thrash metal do que Punk/HC. Contra aquelas feministas filhinhas de Simone de Bevoir e similares que hoje em dia abundam por aí, invés de lutarem pela igualdade feminina, lutam por "direitos" como aborto livre e outras aberrações do gênero, e se acham "donas da verdade", criando vocabulários como "mansplaining", "empoderamento" e outras coisas do gênero que na verdade são outra forma de opressão disfarçada, já que se alguma mulher se recusar a viver nos padrões determinados pelas Feminazis como os "certos" já são vistas como "machistas" (what that hell?). Enfim, é um disco bem louco, em especial pela versão da música do Steve Taylor. Recomendo muito, é o mais pesado até então do grupo. Lamentavelmente o último por muitos anos.



Worst of Lust Control (coletânea, 2001)
Coletânea com músicas das duas K7s dos anos 80 e algumas do EP Feminazi

We Are Not Ashamed: Get it Right Second Time (2006)
Constitui-se de todo o disco We Are Not Ashamed, mais uma penca de faixas-bônus,
dentre elas faixas não usadas no disco original, a primeira K7 completa,
rádio spot de lançamento do disco, comentários e faixas ao vivo.
Nessa época a banda fez uma curta aparição no Cornestone Festival, que dá pra achar no Youtube.
O disco vinha com quatro opções de capa, inclusive uma bem controversa:
uma foto de um cocô de cachorro. É sério kkkkkkkkk

Capa alternativa
Tiny Little Dots (2013)

01 - Finger
02 - Bully Bully
03 - Sheepeater
04 - Dear John (Butch)
05 - When Dan Was In the Band
06 - Make Money and Die
07 - As I Lay Crying
08 - Faith Don't Fail Me Now
09 - Fire Ants
10 - There Go I
11 - Meat
12 - Tiny Little Dots (Oh Baby)
13 - G.D.P.


Depois de anos sumidos da cena e com Doug Van Pelt mais preocupado com a HM Magazine e posteriormente com a Heaven's Metal Fanzine, ele decidiu enfim retomar o projeto, aos poucos no início dos anos 2010, e enfim lançando o "Tiny Little Dots", com sua capa polêmica ao extremo (algo que nem é mais novidade em se tratando deles) e sua capa alternativa fazendo uma óbvia brincadeira com a capa "censurada" de "To Hell With the Devil" (1987) do Stryper (já que o Stryper também passara por uma censura na capa original do THWTD, como a maioria deve saber bem). Musicalmente a banda não mudou em nada seu estilo thrashcore/crossover, inclusive colocando vocais bem pesados em alguns momentos, como nas faixas "Sheepeater" e "Dear John". A nova formação do grupo trouxe mais qualidade, um pouco de influências do hardcore melódico e até do metalcore são audíveis aqui. As letras seguem com seu tom ácido e crítico, falando até de temas como bullying, ganância por dinheiro e sucesso e até uma homenagem (eu acho) de levis pro As I Lay Dying - e provavelmente fazendo menção à prisão do Tim Lambesis naquele ano -, e acho que também uma zueirinha com o ex-baterista deles, Dan Poole (o "Matt"). "Dear John (Butch)" é cantada pelo baixista John Wilson "Butch", que já toca na banda desde 1990. Já "Faith Don't..." é um rastapunk (reggae com punk), algo que a banda ainda não tinha explorado até então. O disco foi produzido por entre outros Rocky Gray (Living Sacrifice, Soul Embraced, Evanescence).

Realmente um retorno digno da "pior banda dos anos 1990". E como sempre, muita polêmica voluntária por parte desses malucos com máscaras de ski, os "Josh McDowell do rock cristão", o "Spinal Tap cristão", seja lá como você quiser definir, eles seguem fazendo uma música insana, porém com uma mensagem forte, as vezes bem polêmica, porém impossível de ser ignorada.








E aí, será que esse rock é "ofensivo"? Só se for pros falsos moralistas!

Rage of Angels





De Stamford, Connecticut, costa leste dos EUA, surgiu a Rage of Angels. Na ativa entre 1987 e 1989, a banda lançou apenas duas demos e um disco auto-intitulado, que inclusive saiu quando a banda já estava inativa. O som da banda é uma fusão impressionante de heavy metal e rock melódico, que remete bastante ao estilo de bandas seculares como Dokken e Skid Row. Os vocais de Dan Mariano (futuro Pyn Siren) são até hoje altíssimos, juntamente com as guitarras de Frank DiCostanzo (que entre outras bandas chegou a tocar na secular Steelheart) e Greg Kurtzman, o baixo de Dale Glifort e a batera do saudoso John Fowler (que também tocou na Steelheart, dentre outras bandas de hard, rock e metal), formavam um time incrível. Os motivos da separação nunca ficaram muito claros, mas logo após o fim do grupo Fowler e DiCostanzo foram formar a Steelheart.


Demo (1988)

01 - Leave You or Forsake You
02 - Rock for the Rock
03 - Reason to Rock
04 - Not Late for Love

Muito mais pesado que o que veríamos no disco full da banda, um som bem mais próximo de bandas de metal clássico, apesar do vocal de Dan estarem já muito melódicos e fortes. As versões aqui apresentadas iriam dar uma "amansada" nos próximos trabalhos, mas mantiveram uma personalidade incrível.

Essa versão de "Rock for the Rock" aparece também na coletânea "Heavy Righteous Metal" de 1988.

R.E.X. Demos (1989)
01 - Never Leave You
02 - Reason to Rock
03 - Somebody's Watching You

Muito mais melódico, mas ainda mantendo a personalidade heavy metal, muito mais perto do estilo de um Skid Row nos seus momentos mais pesados, já também dando um spoiler do som que futuramente a também secular Steelheart faria. Algumas diferenças sensíveis notam-se do material dessas demos pro material final que sairia ainda nesse ano, como os vocais extras em Reason to Rock (em especial no final da música). Afora isso, um trabalho com qualidade bem próxima de um disco oficial, com uma produção bem melhor que a da demo anterior. Essa versão de Reason to Rock foi usada na coletânea "East Coast Metal" (1989), que já fiz review aqui nas reviews das coletâneas da Regency Records.

OBS: A capa aqui apresentada acredito ser unicamente uma capa feita na internet, não sendo realmente original do material.

Rage of Angels (1989)

01 - Leave You or Forsake You
02 - Reason to Rock
03 - It's  Not Late for Love
04 - Somebody's Watching You
05 - Hooked on a Good Thing
06 - Do You Still Believe In Love?
07 - Rock for the Rock
08 - Are You Ready For Thunder?
09 - Don't Give Up

Essa banda realmente merecia muito ter ido além desse disco. A qualidade musical deles é impressionante, superior a muito do que se fazia não só na cena cristã como na secular de sua época. Riffs e solos extremamente bem trabalhados, bateria e baixo fazendo uma cozinha fenomenal e um vocal que, se o Sebastian Bach (ex-Skid Row) chegou a ouvir, ficou com inveja. Mixado por Doug Mann (embora alguns digam que na verdade os irmãos Dino e John Elefante - ex-Kansas e Mastedon - fizeram uma nova mixagem porque a banda não curtiu o resultado final, apesar de não terem o trampo creditado), é difícil escolher só uma faixa pra chamar de "a melhor" do disco, pois desde as rápidas "Leave You or Forsake You" e "Hooked on a Good Thing", as icônicas "Reason to Rock" e "Do You Still Believe in Love?" e a mais hard rock "Somebody's Watching You", são verdadeiras obras de arte do metal mundial, que acabaram tornando essa banda um clássico cult eterno pros apreciadores que tiveram acesso ao material deles.

Algumas faixas aqui foram parar em várias coletâneas da época, mas curiosamente a banda em si não viveu o suficiente nem pra fazer turnê de lançamento do disco, já que antes mesmo do lançamento já haviam encerrado as atividades. O disco ainda foi relançado em 1990 numa versão específica pro Reino Unido.

Curiosidade (não dos discos, da banda): Pouco depois deles, em 1991, uma banda de Salem, Massachusetts, também nos EUA, assumiu o mesmo nome, lançando uma EP chamada Time and Space em 1993, porém não tenho muitas informações acerca da banda nem de seu trampo. Mais recentemente, em 2011, uma nova Rage of Angels apareceu por aí, tendo lançado os discos "The Devis's New Tricks" e "Dreamworld", mas não tenho certeza se têm alguma relação real com o cristianismo ou mesmo com a Rage of Angels aqui citada.


sexta-feira, 24 de janeiro de 2020

"Nem só de rock vivo eu, mas de todo som que glorifica a Deus"



Rock é sem dúvida um estilo fantástico (se eu dissesse o contrário seria uma contradição com o blog kkkkk), e seus pais negros (spiritual, gospel, jazz, blues, R&B, soul) e brancos (country, southern gospel, pop) e suas muitas vertentes e subvertentes do punk, hardcore, metal, gótico, alternativo, indie; fusões e filhotes como funk, rap, reggae, eletrônica e outros; todos são verdadeiros gêneros fantásticos, muito embora em alguns casos sejam mal vistos, mal quistos e interpretados pela sociedade, ou mal executados por seus amantes. Sempre vou amar o som criado pelos riffs de uma guitarra, uma bateria forte e arranjos criativos. As vezes uns anárquicos também, como a turma do grindcore, noise, raw black metal, post-rock, post-metal, avantgarde e similares, mas em geral a harmonia mais direta de estilos que são sim cultura, arte e criação divina - ao contrário do que uns elitistas tolos, religiosos hipócritas e conspiracionistas psicóticos andam falando por aí afora.

Mas é necessário abrir um parêntesis aqui, pois que Deus é autor de tudo e de todas as coisas, portanto todas as criações divinas, e tudo o que elas produzem (em especial o que nós, coroa da criação divina, produzimos) podem ser usadas pra Sua Soberana Glória, eu acho lamentável quando escuto ou leio declarações de pessoas que se dizem "roqueiros cristãos" dizendo que "ah, samba e pagode é um lixo", "brega é ritmo ridículo", "funk é coisa de marginal", "música clássica e música da harpa é música de funeral", dentre outras declarações que até eu mesmo já me peguei falando. É verdade que muitos estilos "da mídia" por exemplo possuem letras "depravadas" e que incitam diversas coisas ruins e pecaminosas, mas isso não é algo inerente ou exclusivo de um estilo, tal como isso não impede o uso de quaisquer estilos pra glória de Deus (como disse acima, Deus pode usar toda forja humana pra sua soberania, já que somos sua criação, e nossa inteligência também é uma dádiva dele mesmo, bem como nossa criatividade). Veja o rock por exemplo, ele é acusado pela ignorância de muitos como incitador ao aborto, drogas e satanismo, isso porque a própria mídia gosta de enfatizar esses elementos no rock por puro preconceito e interesses midiáticos (já que em períodos em que o estilo esteve em alta no Brasil, como na jovem guarda e no BRock oitentista, os artistas muitas vezes eram blindados pela mesma mídia que posteriormente os regariam à obscuridade e ao desprezo). Então, se nós usarmos esse tipo de arma, a de expor os supostos defeitos dos outros estilos (que na verdade não são dos estilos e sim de muitos de seus intérpretes), que moral teremos nós pra tentar nos defendermos quando pessoas como Dante Mantovani e "puritanos da moral e bons costumes" como ele se levantam contra nosso estilo?

Certa feita estava eu ouvindo "Voz e Violão" (1996) de João Alexandre quando eu morava ainda no Arruda, Recife, a mais de dez anos atrás, quando meu líder de células (Pedrito) da igreja que eu fazia parte chegou e ficou "abestalhado" em ver que estava eu ouvindo MPB cristã. Daí soltei uma versão da frase que dá título a esse post, parafraseando a declaração bíblica usada por Jesus contra satã "nem só de rock vive João Dias, mas de todo som que glorifica a Deus!" Ele curtiu muito a frase, pois percebeu bem que eu não era desses "roqueiros radicais". Pena que eu vez por outra cairia nesse conceito com alguns estilos, sem perceber que na verdade o mal não está num estilo ou outro, ainda que não seja o estilo do meu agrado ou que mexa comigo, não tenho direito de "cagar-regra" e definir tolamente que "quem ouve esse estilo é idiota". Na existência humana temos um costume travesso de manter argumentações de criança o resto da vida. Argumentos como "fulano quem mandou", "mas sicrano faz também", "beltrano fez primeiro e ninguém disse nada" são tão infantis e tolos quanto os xingamentos e "apelidos" que por vezes quando crianças usamos com a intenção de se achar melhor por agredir o outro (bullying em geral é praticado por pessoas tão ou mais inseguras que as que sofrem o bullying, e fazem tal prática no intuito de esconder seus defeitos e inseguranças). Então, esse bullying infantil persiste inerente no interior de muitos de nós, ao ponto de usarmos isso em discussões de internet, em debates e propagandas políticas (aliás pense num lugar onde são especialistas nisso e parecem não mudar nunca, esse ano vem uma chuva de debates onde propostas serão o que menos veremos, entretanto o "apelo ao ridículo" e ao ridicularizar pra tentar diminuir o adversário baseados nos defeitos dele invés de se fiar nas próprias qualidades - que normalmente inexistem ou são inválidas/inúteis/não importam na ocasião - pra tentar superar o adversário; ah, pode ter certeza que esse tipo de "debate" é garantido!) e até mesmo pra justificar seus gostos ou suas crenças pessoais.

Jesus jamais na Bíblia vemos utilizar-se de argumentos no intuito de enfatizar os erros dos adversários, fazendo mais por mostrar suas próprias qualidades, a validade de suas palavras, a coerência com o que a Lei e os Profetas - Primeiro Testamento - diziam, dentre outros (só em casos muito pontuais Jesus enfatizou os defeitos dos adversários, quando realmente foi preciso os expor). No livro de Jó vemos um exemplo inverso, os amigos de Jó tentando usar exemplos pontuais de pessoas que pecavam e por isso sempre que alguém sofria automaticamente era consequência do pecado, já Jó percebia claramente que nessa vida em que vivemos tentar determinar a justiça ou impiedade de alguém por existência ou falta do sofrimento é uma redução ao absurdo, pois não só ele sofria sem uma motivação pecaminosa, como sabia bem que muitos injustos nessa vida aparentemente triunfam. Asafe chegou a questionar Deus sobre a aparente manutenção firme de vida feliz dos ímpios (Salmos 73), ao passo que Jesus alertou que os seus discípulos sofreriam nesse mundo sim (João 16.33).

Denegrir a imagem de algo utilizando erros ou falhas desse algo não tornarão nunca outra coisa melhor de verdade enquanto tal coisa não mostrar suas qualidades. E no quesito musical, bem como em toda forma artística, isso vai mais além, já que arte por si só é neutra, guiada pelo gosto pessoal (que não faz algo melhor porque é ouvido ou gostado pela elite, por pessoas intelectuais, pelo "povão", pela "maioria", muito menos por você ou eu) e pela vida e experiência do artista - e aí sim talvez possamos dar uma qualificação dependendo da mensagem passada (se é que há alguma realmente) e sempre cuidando de não generalizar nem o estilo que tal artista desempenha ou faz parte, nem sua obra completa, já que não é por trazer erros ou coisas inaceitáveis em algumas peças ou obras dele que tudo que ele faz é inútil, ruim ou inadequado. Um bom exemplo: há um certo grupo de louvor conhecido como Diante do Trono, que já fez uma música chamada "Vitória de Cristo" que contém um relato muito famoso de que após a morte de Cristo o diabo e o inferno teriam feito uma festança, algo que não faz realmente sentido, haja vista que Cristo no instante seguinte ao de sua morte já esmagou o diabo e tomou dele as chaves da morte e do inferno. Ok, essa letra é herética portanto? Sim, não há como defendê-la, bem como algumas outras. Mas isso torna tudo do Diante do Trono inútil? Não, ou você vai dizer pra mim que canções como "Manancial", "Aclame ao Senhor", "Ao Cheiro das Águas" e "A Ele a Glória" (essas duas diretamente tiradas de passagens bíblicas) são ruins ou heréticas também? Só se você for desses chatolas que dizem "eca, é worship, é ruim!" Outro exemplo: sim, tem muita música "pentecostal" que irrita muito não só pelas letras como pelo ritmo de marcha e forró, mas isso significa que o mal tá no forró, no estilo? Não! Pode estar em algumas letras que forçam "movimento" e coisas do gênero, mas definitivamente se há uma música que eu curto muito é "A Fornalha" de Sandra Lima, e olha que é um forró pentecostal daqueles, mas a letra é animadora pra nos mantermos firmes na fé, ao falar do exemplo de Hananias (Sadraque), Mizael (Mesaque) e Azarias (Abedenego), que sem saber se sobreviveriam ou não à punição do rei Nabucodonozor, mantiveram-se firmes em só adorar ao Senhor e foram pra fornalha sem medo. Também curto muito "Seu Nome é Já" de Raquel Silva, outra ótima cantora pentecostal, com uma letra que realmente atinge e fortalece a fé em saber que o Senhor está conosco em todo lugar e situação (inclusive falando também da passagem de Daniel 3).

Sendo assim, dá pra perceber que devemos entender que não é porque não gostamos de um estilo ou outro, ou por curtimos mais um estilo ou outro que devemos desprezar todo o resto, considerar mau, ruim ou até mesmo diabólico, ou desprezar quem goste de tais estilos. Eu mesmo já tive minha fase "Johnnÿ Underground" inimigo de tudo que era "modinha" e que não fosse metal, mas a vida faz a gente mudar, e mesmo que continue não gostando de certos estilos - não, não dá pra eu virar eclético, não é meu perfil kkkkk - eu respeito bastante o gosto das pessoas (claro que isso não me impede de criticar certas músicas e artistas por aí afora, mas mantendo em mente que o gosto de cada um é de cada um). Eu mesmo amo ouvir música clássica, um bom reggae, alguns raps, muita MPB e música nordestina, alguma coisa de funk - mesmo o carioca inclusive - e até mesmo uns sambas e bregas. E isso independente de ser de lírica cristã ou não. Logo, devemos sim manter o respeito e nunca agredir estilos ou tentar ditar normas de radicalistas que acham que esse ou aquele estilo é inválido para um cristão. Quem fala esse tipo de asneira, principalmente se for um dito "roqueiro cristão" ou algo do tipo, não tem moral NENHUMA quando chegar algum irmão e dizer "teu som é do diabo, rock não pode ser usado em igreja" e coisas do tipo. Amemos uns aos outros, independente de nossas diferenças, Deus não fez todos iguais, pelo contrário, Ele nos fez diferentes para percebermos que sempre precisaremos de alguém para sermos completos, sempre precisamos uns dos outros e ao ver a complexidade de nossas ideias, percebermos que isso é só uma fagulha ante a infinitude do nosso Eterno Deus.

Soli Deo Glori e até a próxima matéria!


_____________________________________________________________
Adendo: Pra quem quer umas recomendações cristãs de outros estilos, vamo lá:

- Funk BR: Kyriostron, Cesarel o Pregador, Yehoshua, Yerusalém
- Disco music: Eliã, Disco Praise, Deliverance (Canadá)
- Rap: DJ Alpiste, Gospel Gangstaz, Se7e, Apocalipse 16, Juízo Final, Relato Bíblico, Perbony, Biorki, dentre muitos outros
- Reggae: Christafari, Salomão do Reggae, La Petra, Nengo Vieira, Sarepta e mais um monte
- Brega: Fornalha
- Axé: Banda Nova, Banda Canal
- Música Clássica: Handel e Bach são os principais, mas a maioria dos compositores clássicos faziam peças cristãs.
- Samba e pagode: Maurão, F.O., Razão Gospel, Radicais na Fé/Divina Inspiração, Bezerra da Silva (sim, no último disco do mestre).
- MPB e Bossa Nova: Vencedores por Cristo, MILAD, João Alexandre, Grupo Logos, Guilherme Kerr Neto, João Inácio & Ranúzia, Quarteto Vida, Edson & Tita Lobo, Expresso Luz, Baixo & Voz, Josué Rodrigues e muitos outros.
- Sertanejo & Country: Canário & Canarinho, Alma & Lua, Zé Marco e Adriano, Irmãos Levitas, Os Peregrinos, Marcelo Aguiar, dentre outros.
- Sacra: Creuza de Oliveira, Luiz de Carvalho, Feliciano Amaral, Ozéias de Paula, Leonor, Cecília de Souza, Denise Carvalho e uma infinitude de outros.
- Pentecostal: Shirley Carvalhaes, Armando Filho, Waldeci Aguiar, Sandra Lima, Raquel Silva, Mattos Nascimento, Tuca Nascimento, Marcelo Nascimento e uma pá de outros.
- Louvor & Adoração (ou Worship and Praise): Comunidade da Graça SP (Adhemar de Campos), Ronaldo Bezerra, Renascer Praise, Diante do Trono, Comunidade da Graça de Uberaba, Koinonya, Altos Louvores, Comunidade de Nilópolis, Comunidade Zona Sul, Igreja Bíblica da Paz, Comunidade Carisma, Daniel de Souza, Ministério Life (Asaph Borba), Igreja Batista do Morumbi, Asas da Profecia, Asas da Adoração, dentre muitos outros.

Tá bom de dica, façam suas próprias pesquisas e sempre guiados pela Bíblia e bom senso, pois variar os ouvidos não faz mal pra seu ninguém nem arranca orelha ou fura tímpano de ninguém (kkkkk)!

quarta-feira, 22 de janeiro de 2020

Elephant Watchtower






O Canadá é um país que não tem uma gama enorme de bandas de metal, mas as que tem são impressionantes. As seculares Rush, Triumph, Sacrifice e Anvil, e as cristãs Daniel Band e Angelica são bons exemplos disso. Elephant Watchtower é um impressionante projeto de um homem só, Peter Watson. O músico de Toronto tá desde 2018 na cena, e trouxe consigo um projeto que faz um fantástico progressive death metal raro de se ouvir, além de letras desafiadoras, que criticam certas questões da igreja.


The Church is at Fault (EP, 2019)
01 - Sin of the Third Circle
02 - Psalm of Indoctrine
03 - The Church Is at Fault
Brutal do começo ao fim, com suas três músicas apenas (mas enormes três músicas!), confesso que quando o Abel Martins me apresentou o projeto no seu canal Undermartyrs (confiram o vídeo depois de ver a review pra conhecer melhor essa e outras bandas) eu estranhei muito o nome da banda e a capa. Mas o fato é que o som é algo alucinante mesmo. A primeira música insere até mesmo elementos de música latina (eu tenho certeza que ouvi algo parecendo um sambinha inclusive kkkkk), e assim as músicas colocam também elementos de jazz, metal melódico/power metal, música mid-oriental, num nível que só tinha visto até então a secular Atheist fazer. Definitivamente não é um disco pra quem curte só ouvir zoada death suja e rápida, já que a menor música, a "Psalm of Indoctrine", tem 7 minutos e três segundos (a última, a faixa-título, tem mais de 12 minutos!), mas pra os apreciadores de sons complexos e bem trabalhados, é um prato cheio.

Curiosidade pessoal: Eu vim ouvir por pura curiosidade o EP hoje pela primeira vez sem nenhuma pretensão de fazer review, mas o disco tá tão bom que eu não resisti kkkkkkk



Coral Jovem de São Paulo



Com a regência do maestro estadunidense Roger Cole (que posteriormente coordenaria o Som Maior com alguns dos jovens que faziam parte do Coral Jovem de SP) e maioria dos membros vindos do Coral Jovem Batista de SP, o Coral Jovem de São Paulo trouxe pro Brasil elementos que já vinham do Jesus Movement, com grupos como The Imperials e os corais de Ralph Carmichael (esse também já devidamente introduzido no Brasil pelos Vencedores por Cristo) e Otis Skillings. Essa galera do Coral Jovem de SP trazia não só cantores de igrejas do local como hippies recém-convertidos, o que tornava esse projeto ousado demais pra época, com os elementos de pop psicodélico e jovem guarda.


Boas Novas (1972)

01 - Boas Novas
02 - Chegamos Nós
03 - Eu Estou Aqui Esperando
04 - Vivo Sempre Cantando
05 - Domingueiro
06 - Acorda Já!
07 - Acordei
08 - Maravilhado
09 - Sou Rebelde
10 - Tudo isso vai Mudar!
11 - Bravo e Viva
12 - Vem Viver
13 - Se Lá Vi Viver
14 - Se Lá Vou Viver Amanhã
15 - Um Milagre de Verdade e Luz
16 - Testemunho / Se Eu Não Testemunhar / Queres Aceitar?
17 - Boas Novas Final

Com a participação do saudoso Darcy Gonçalves (ex-Cantores do Ébano, grupo secular dos anos 1960) e vários hippies convertidos ao Evangelho. Essa cantata/opera rock tornou-se famosa e muito executada em igrejas nos anos 1970, inclusive muitas tradicionais. Embora a linguagem seja por vezes um tanto datada, a mensagem é muito forte e tem muito de atual sim. Tem até música falando dos "domingueiros" (crentes que só são quando estão na igreja no domingo, em outros lugares não manifestam nada de sua fé) e "Sou Rebelde" (falando dos hippies). A mensagem é bem natalina mesmo, por falar da chegada de Jesus na Terra, sua missão, morte e ressurreição.


Vida (1973)

01 - Vida
02 - Contagia
03 - Vida Reprise I
04 - Renascer
05 - A Resposta
06 - Só Uma Vez Sou Jovem
07 - Falso
08 - O Que os Outros Vão Pensar?
09 - Experimenta
10 - O Poder de Escolher
11 - Ele é o Caminho, a Verdade e a Vida
12 - Vida Reprise 2
13 - Vida Nova
14 - Atual
15 - É Já
16 - Cada Vez Melhor
17 - Vida (Final)

Versão completa em português do disco "Life: A Young World Musical" (1971) de Otis Skillings, agora sob a coordenação de Roger Cole e dos brasileiros Almir Rosa e Leo Peracchi (esse último responsável por inserir alguns arranjos mais brasileiros ao som original da versão de Otis) e supervisionado por Zelinda C. O. Cárnio, as interpretações em português tornaram o projeto ainda mais impressionante, e se desde o disco anterior o grupo já participava de programas de TV, aqui eles foram mais além. A tradução da mensagem que Otis e cia já levavam nos EUA da maneira jovial pra época impactou bastante a geração dos anos 1970 das igrejas que levaram esse som em suas cantatas. Em 1974 ganhou uma nova prensagem, com poucas modificações na capa.

Em 1975 Roger Cole decidiu dar um passo adiante e formaria com músicos mais comprometidos o Som Maior, mas isso é papo pra outro post...




Obrigado Lawrence Cole (acredito que filho do mestre Roger Cole) por esse vídeo!

Otis Skillings



Tal como Ralph Carmichael, Otis Skillings (1935-2004) foi um dos primeiros maestros e líderes de grupos de música cristã "jovem" no final dos anos 1960 e durante a década de 1970 com diversos Rock Operas que foram inspiração pra diversos grupos, como os brasileiros Os Ligados e Coral Jovem de São Paulo. Sua obra será visitada aqui nesse post.

The Otis Skillings Singers - Young World (1969)

01 - Young World
02 - The Lord Above
03 - God Is
04 - I've Got a Reason to Sing
05 - Talk to the Lord About It
06 - Come Along With Me
07 - Listen
08 - A World Without Love
09 - The Answer
10 - Now Walk with Lord

Diversos momentos de sonoridade extremamente fantástica, seguindo os passos de Ralph Carmichael e The Imperials, lembrando muito o som aqui no Brasil de artistas como os Golden Boys ou Renato & Seus Blue Caps. Influências do pop rock e rock'a'billy, além de blues. A capa foi reutilizada tempos depois pelo grupo cristão Os Ligados no seu disco "Atual" (que é uma versão do próprio Otis Skillings) de 1973, nesse disco também fizeram versão pra "I've Got a Reason to Sing" (Achei Razão para Cantar). A faixa The Answer voltaria no disco seguinte.


Life: A Young World Musical (1970)

01 - Life (Theme)
02 - Contagious
03 - Life (Reprise)
04 - Born Again
05 - The Answer
06 - Young Once
07 - A Phony
08 - What Would Other People Think
09 - Try It
10 - The Power to Choose
11 - He Is The Way (He Is The Truth; He Is The Life)
12 - Life (Reprise 2)
13 - You Can Experience
14 - Relevant
15 - Right Now
16 - It's A Thing That Grows
17 - Finale

Primeira das Operas Rock comandadas pelo maestro. Fundindo elementos de música coral gospel sulista, jazz, psicodelia e pop rock, além de momentos com narrações, esse disco é sem dúvidas a obra prima de Otis. A faixa "Relevant" acabou virando "Atual" nas mãos do grupo Os Ligados em 1973 (inclusive dando nome ao disco deles desse ano) - eles também fizeram versões pra You Can Experience e Life nesse disco -, ao passo que o Coral Jovem de São Paulo em seu segundo e último disco antes de transformarem-se no embrião do Som Maior decidiram fazer uma releitura completa em português desse disco, o chamando de "Vida" em 1973.

A história basicamente é alguém apresentando a vida em Cristo Jesus e os questionamentos que muitos fazem como "ah, eu vou na igreja nas festividades, Jesus tem um lugar bom pra mim", "esse papo de Bíblia é coisa do passado", "e o que as outras pessoas vão pensar", entre outros que incrivelmente parece tão persistentes na mente de muitos. Mas do início ao fim respostas são apresentadas enfaticamente para cada questionamento desses.


Love: A Young World Musical (1971)

01 - Love Can Work a Miracle
02 - A World Mixed-Up
03 - Man is A-Searching
04 - Love is a Man
05 - Dialogue
06 - Things Have Changed
07 - God Never Changes
08 - Love is a Soul Thing
09 - In Other Words, Love
10 - Your Invitation
11 - Receive Him Now
12 - Thank You, Lord
13 - Now That You Have Found This Love
14 -
Reach Out And Touch
15 - The Bond of Love
16 - Finale


Segundo opera rock de Otis, já começa com a enorme "Love Can Work a Miracle", um som com influências de coral, psicodelia pop e rock progressivo, uma das mais geniais canções de todos os tempos, com contação de história, ruídos de estradas. O disco em si fala da verdadeira natureza do que é o amor, diferente dos conceitos humanos e mutáveis de amor.

(Entre 1971 e 1974 Otis fez diversas parcerias com músicos como Lost & Found, The Tempo Singers, Jimmy Owens, Harold Myra e Paul Johnson. Nesses lançou os discos "Lost & Found", "A Christmas Festival", "The Carpenter" e "A Celebration for Hope", dos quais achei poucas informações na internet).

The Otis Skillings Orchestra & Chorus - Sing Now (1973)
Só encontre a capa, nada de sons =(



The Otis Skillings Orchestra - Joyful (1974)
01 - It is Well With My Soul
02 - Now Walk With God
03 - Joyful, Joyful We Adore Thee
04 - Ten Thousand Angels
05 - Hear them Bells
06 - All Hail the Power
07 - All That Thrills My Soul
08 - The Happy Side of Life
09 - When God Speaks
10 - Lord, We Praise You



Muito mais orquestrado do que os lançamentos de 1969-1971, a orquestra de Skillings (que também fez discos com The Hawaiians e com o Tempo Singers) é visivelmente um grupo erudito, que entretanto trabalha com arranjos que remetem ao som mais "atual" pra época (inclusive fazendo uma releitura de Now Walk with God do primeiro disco de Otis). Não tenho duvidas do quão fantástico é ouvir um disco de música clássica cristã como esse. Vocais aparecem aqui apenas em alguns momentos, tornando essa experiência suave e doce o suficiente para apreciadores de canções as mais diversas (inclusive logo logo vou fazer um post sobre "sons além do rock que eu curto"). Uma versão fantástica de "Joyful" aparece aqui também, uma das mais belas canções cristãs clássicas.

The Day That Never Ends... (1979)

Christmas... in Splendor & Majesty (1984)



Outros lançamentos:

Lost and Found, com o Lost & Found (1971)
A Christmas Festival, com Jimmy Owens e Tempo Singers (1972)
The Carpenter, com Jimmy Owens e Harold Myra (1972)
A Celebration of Hope, com Paul Johnson (1972)
Christmas Aloha, com The Hawaiians (1975)
Tell the World, com Tempo Singers (1975)
Sunday Symphony, com Larry Mayfield (1979)
The Happy Side, com The Spurrlows (algum ano de 1970)