quinta-feira, 13 de julho de 2023

Os projetos beneficentes na história da música popular


 

 13 de julho é o dia "mundial" do rock. As aspas no "mundial" é porque, de fato, de mundial não tem nada. Apenas um país comemora essa data como dia do rock: o Brasil, desde 1985, mais ou menos. E, obviamente, não tem nada a ver com a data de lançamento de músicas da Sister Rosetta Tharpe ou do Ike Turner, nem do Bill Haley ou do Elvis Presley ou Beatles, e sim de um certo evento chamado Live Aid, que ocorreu em especial nos EUA e na Inglaterra (mas também em alguns outros países) nessa data de 1985.

Mas para chegarmos nesse festival é necessário voltarmos ao tempo. Não exatamente em 1971, quando John Lennon e Yoko Ono lançaram a politizada, porém genial "Happy Xmas (War is Over)" como protesto contra a guerra do Vietnã, mas também usando o Natal como forma de fazer as pessoas pensarem, Bob Geldof, vocalista da banda irlandesa The Boomtown Rats e principal astro do filme "The Wall", começaria, junto com o músico e produtor Midge Ure, um projeto chamado Band Aid. Esse projeto, no natal de 1983, lançaria a canção "Do They Know It's Christmas?", com vistas a arrecadar fundos para os etíopes que passavam muita fome naquela época (curiosidade mórbida: entre 1983-1985 a Etiópia foi governada por um regime comunista ateu, logo eles nem comemoravam natal...). Entre os artistas que participaram desse projeto, nomes como Paul McCartney (ex-Beatles e Wings), Bono Vox (nosso representante cristão, da U2), Sting (The Police), Adam Clayton (também do U2), Tony Hardley (Spandau Ballet), George Michael (Wham!), Boy George (Culture Club), dentre muitos outros. O Band Aid teria ainda mais algumas versões (II em 1989, 20 Years, 30 Years) e geraria reflexos mundo afora.

Alguns desses reflexos foram canções como "Tears are not Enough", do Canadian Northern Lights, "Cantaré, Cantarás", de um supergrupo de músicos latinos e espanhóis chamados de Hermanos, "Éthiopie" da francesa Chanteurs Sin Frontièries, "Les Yeux de la Faim" pela Fondation Québec-Afrique, e a mais famosa de todas, "We Are the World", do USA For Africa (ilustrado no início dessa matéria).

Esse grupo, comandado por Michael Jackson, Harry Belafonte, Quincy Jones, Lionel Richie e Ken Kragen, recrutou diversos artistas da época (dentre eles, Bob Geldof, o mesmo do Band Aid), como Bruce Springsteen, os declaradamente cristãos Michael Omartian, Bob Dylan e Ray Charles, The Pointer Sisters, boa parte da família do Michael Jackson, Kenny Rogers, Kenny Loggins, Diana Ross, Cyndi Lauper, Stevie Wonder, Tina Turner, Huey Lewis, Al Jarreau e vários outros. Até brasileiro apareceu no instrumental: o percussionista Paulinho da Costa. Teria uma continuação 25 anos depois, em 2010, em homenagem ao falecimento recente do Michael Jackson e em ajuda às vítimas de um terremoto no Haiti, contando principalmente com artistas de rap e R&B dessa vez.

Outros projetos similares apareceriam, como o Forente Artister da Noruega e o Hear 'n Aid, projeto capitaneado por Ronnie James Dio (Dio, ex-Black Sabbath, Elf e Rainbow) e Rob Halford (Judas Priest, Halford, ex-2wo e Fight). Juntando uma pá de headbangers de diversas bandas como a atualmente cristã W.A.S.P., Iron Maiden, Yngwie Malmsteen, Blue Öyster Cult, Dokken, Queensrÿche e várias outras bandas do gênero. Além do atualmente cristão Blackie Lawless, o também cristão (já a época) Tommy Aldrigde participou, ambos fazendo backvocais.

Vários desses projetos acabariam por aparecerem justamente no dia 13 de julho de 1985 no gigantesco evento Live Aid, um megaevento que ocorreu simultaneamente nos EUA e no Reino Unido, além de países como Japão, Canadá, Áustria, Austrália, a ainda dividida Alemanha Ocidental e, pro espanto de muitos, as então existentes Iugoslávia e União Soviética. Vários artistas fizeram apresentações marcantes nesses eventos, como Queen, Sting, U2, USA for Africa, Led Zeppelin (apresentação especial com Phil Collins na bateria), o próprio Phil Collins solo, Band Aid, David Bowie, Elton John, The Who, Joan Baez (com uma belíssima interpretação de "Amazing Grace"), Black Sabbath (com o Ozzy Osbourne nos vocais, Geezer Butler no baixo e Bill Ward na bateria junto com o guitarra Tony Iommi), Judas Priest, Run-DMC, Madonna, Carlos Santana (cristão inclusive), Cliff Richard (também cristão) e vários outros - bota vários nisso! O projeto anos mais tarde teve uma nova edição chamada Live 8.


Apesar de criticismos (como o da banda Chumbawamba) e de suspeitas de que os valores arrecadados nesses tantos projetos para ajudar a Etiópia foram desviados por governantes corruptos de lá, o esforço desses tantos artistas (e de várias outras causas - já que até hoje têm muitos eventos e músicos que se unem em causas assim) deveria sim ser aplaudido. E, porque não, imitado por grupos cristãos. 

E, olha só, muitos de fato fizeram isso!

Vou aqui abaixo elencar três casos notórios:



The Cause (1985)

Sim, em pleno ano de 1985, diversos artistas da gravadora Sparrow Records e de algumas outras se uniram por Uma Causa: ajudar pessoas do mundo todo (pouca coisa!) Tanto que C.A.U.S.E. era a sigla para Christian Artists United to Save the Earth (Artistas cristãos unidos para salvar a Terra). Então, conectado com o projeto Compassion International, Steve Camp chamou uma galera com a ideia de também, como família de Cristo, ajudar a galera passando fome na África. 

E é muito bom ver rostos como o do pai do rock cristão Larry Norman, Amy Grant, Phil Keaggy, Eddie DeGarmo e Dana Key (DeGarmo & Key), Bill Gaither, Steve Taylor, Russ Taff, David Meece, Rick Cua, Evie, Connie Scott, Matthew Ward, Sandi Patty, Glenn Kaiser (REZ Band), Kathy Trocolli e vários outros, todos unidos para fazer a diferença, "fazer algo agora", como a música mesmo falava, "Do Something Now!"




SOS Vida - Adeus Drogas, Há Deus! (1991)


Organizado pelo pastor, cantor, radialista e político Paulo César Graça e Paz (conhecido também pelo programa "Música Viva" que apresentava vários artistas "pouco convencionais" da época em RJ, como Comunidade S8, Maurão, Grupo CAFE, Edson & Tita Lobo, Sinal Verde, Sinal de Alerta e... Rebanhão, obviamente!), esse projeto, gravado nos estúdios da gravadora Line Records, rendeu um single com duas canções, mais o playback da música principal, SOS Vida - Adeus Drogas, Há Deus!. O projeto visava recuperar pessoas do mundo das drogas, algo similar ao que a Comunidade S8 já vinha fazendo desde os anos 1970 por iniciativa inclusive da classe política da cidade de Nova Iguaçu. 

Dentre os artistas reunidos, vários rostos bem conhecidos da música cristã, e até do rock "gospel", como Carlinhos Félix (na época ainda no Rebanhão), Mattos Nascimento (que chegou a fazer umas pontas como banda de apoio dos Paralamas do Sucesso), J. Neto, Shirley Carvalhaes, Ed Wilson (sim, aquele que fora antes um astro da Jovem Guarda), Sérgio Lopes (já em carreira solo após sair do Altos Louvores), Cristiane Carvalho e Natan Brito (Banda & Voz), só para exemplificar alguns.

Não estou bem certo, mas é provável que o S.O.S. da Vida, evento da Igreja Renascer em Cristo de SP, que começou a ser realizado naquele mesmo ano de 1991, pode ter tido seu nome influenciado (ou até "roubado" mesmo xD) desse projeto do saudoso Graça e Paz.






VINDE - Atitude e Solidariedade (1993)

Aliás, falando em Renascer, a Gospel Records, junto com o projeto VINDE, do pastor Caio Fábio d'Araújo Filho e o antológico - e ainda existente - Ação da Cidadania Contra a Fome e a Miséria e Pela Vida do saudoso Herbert "Betinho" de Souza, organizaram-se com diversos artistas cristãos para mais uma vez arrecadar alimentos através de um álbum musical, e dessa vez foi literalmente um DISCO INTEIRO! Inclusive já até falamos disso aqui no blog NESTE LINK. Além de várias músicas com artistas como João Alexandre e Tirza Silveira (Muito Mais), Asaph Borba (Crianças de Ninguém) e uma união épica de Zé Bruno (Resgate), Manga (Oficina G3) e Brother Simion (Fé e Obras, que aliás depois seria a faixa título de outra coletânea da Renascer), a canção principal, Atitude e Solidariedade, escrita e musicada por Josué Rodrigues e Caio Fábio, teria a participação de diversos artistas das mais diversas gravadoras, aliás gravado nos estúdios da Line Records (de novo!). Alguns dos conhecidos na canção são os já citados Josué Rodrigues, Manga e Brother Simion, além de Mattos Nascimento (que no clipe do natal de 1995 seria substituído por Armando Filho), João Marcos, Carlinhos Félix (de novo!), Quarteto Vida, Natan Brito (de novo!), Adhemar de Campos, Jerusa Liasch (Banda Rara), Expresso Luz, Paulo César (Grupo Logos), Paulo César Graça e Paz (olha ele aí de novo! Inclusive ele gravaria uma versão solo no seu álbum lançado pela MK, "Teus Altares") e vários outros.

Como dito acima, teria uma versão da música cantada para uma campanha de natal do Ação e do VINDE juntos em 1995, com algumas mudanças pontuais, mas com muita gente ainda, que apareceu bastante na saudosa Rede Manchete.




Pra quem quiser ouvir o disco completo, AQUI dá pra se encontrar.

CURIOSIDADE "meio mórbida" até: Carlinhos Brown, em sua malfadada apresentação no Rock in Rio III, teria começado a apresentação dele justamente cantando Atitude e Solidariedade. Ah esses "roqueiros do bem" que (contém ironia) respeitam as apresentações dos diferentes deles...

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Bem, depois desses exemplos antigos, vem a pergunta da banda Louvor, Arte e Cia: E NÓS NO PRESENTE, O QUE ESTAMOS FAZENDO? Pois é, acho que foi o próprio Caio Fábio que questionou uns anos atrás, revisitando o Atitude e Solidariedade, onde está essa união dos artistas cristãos que DEVERIAM ser irmãos em Cristo, uma família, como dizia a galera do CAUSE. Pois é, cadê a gente? O que estamos fazendo? Olhando e não vendo?

Como diria o primeiro artista cristão da CCM que de fato se preocupava com os necessitados, o saudoso Keith Green, parece que estamos "adormecidos na luz". Enquanto Keith nem lucrava com seus discos, doando vários deles para ajudar pessoas, parece que prêmios e cachês mais altos são nosso anseio. A vontade de encher-se de fãs, curtidas e seguidores no Insta e canal no YouTube parece ter se tornado a essência do povo dito "cristão". A politicagem e a ideologização "à direita" da igreja em geral, tanto nos EUA como no Brasil, praticamente removeu da mente de boa parte da Igreja o desejo de ajudar às pessoas necessitadas, e pior, simplesmente dizer que todo que pensa em ajudar pessoas na verdade é "esquerdista" e dizer que cristãos não têm de ajudar os necessitados, cuspindo no nome e no ministério não só de Cristo (mas principalmente Dele né, porque né...), mas dos diáconos originais da Igreja, que seu propósito principal era ajudar os necessitados.

O que estamos fazendo? Vamos continuar a só fazer isso? Só vamos ficar de "saudosismo" barato com os do passado?

Que Deus nos acorde!

domingo, 28 de maio de 2023

A História Esquecida do Rock Cristão pelos irmãos Lytle

 


Tradução da série original de posts que podem ser acompanhados AQUI nesse link ao lado.

Introdução
por Michael Lytle

Ao escanear o dial do rádio FM em qualquer cidade dos Estados Unidos, você encontra uma grande variedade de estações. Na minha cidade, se eu quiser ouvir músicas antigas dos anos 50 e 60, tenho algumas opções. Também posso ouvir rock clássico dos anos 70, rock moderno, rock alternativo/indie, top 40 pop e hip-hop e, claro, uma variedade de opções country. Se estou me sentindo particularmente aventureiro, posso verificar as estações de mixagem que tocam músicas populares das últimas quatro ou cinco décadas. Se eu quiser ouvir música cristã, também tenho várias estações para escolher. Infelizmente, todos eles basicamente tocam as mesmas músicas novamente e todo o seu catálogo parece ser escolhido a partir de músicas lançadas nos últimos seis a doze meses. É como se houvesse uma tentativa deliberada de fingir que a música cristã não existia antes do ano passado. Também parece haver um mandato para tocar um número muito limitado de artistas que, na maioria das vezes, tocam o mesmo estilo genérico de música pop de adoração. Essas estações têm muito orgulho do fato de que sua música é edificante, otimista, positiva, encorajadora e segura para toda a família. Apenas não procure nada desafiador, convincente, original ou instigante, porque essas qualidades podem afastar alguns de seus ouvintes mais facilmente ofendidos. Por que as estações de rádio cristãs evitam qualquer coisa desafiadora? Por que eles gravitam em torno de músicas fáceis e seguras? E mais importante, por que as estações de rádio cristãs e até mesmo os ouvintes de música cristã querem ignorar sua história? Independentemente de você ser um fã da música que continua a ser lançada nos gêneros Christian Rock ou CCM, é fundamental reconhecer que há muita música cristã excelente que foi feita nas últimas décadas. Infelizmente, quase toda essa música foi esquecida ou ignorada. Queremos fazer nossa parte para lançar alguma luz sobre essa música negligenciada. Decidimos que a melhor maneira de fazer isso é uma série de artigos curtos destacando diferentes períodos de tempo e estilos de rock cristão. Estamos incluindo uma lista de reprodução do Spotify em cada artigo apresentando algumas das músicas de cada época. Essas listas de reprodução não são exaustivas. Embora o Spotify tenha uma vasta biblioteca de álbuns e músicas, eles não têm tudo o que gostaríamos de incluir. Esperamos que você goste de lê-los tanto quanto nós gostamos de escrevê-los. Sem mais delongas, apresentamos "A História Esquecida do Rock Cristão".

Parte um: Por que o diabo deveria ter toda a boa música?
por David Lytle

Década de 1960 até o final da década de 1970

Leia OUVINDO! Rock 'n' Roll era rebelião - rebelião contra a conformidade social, rebelião contra os padrões morais, rebelião contra a igreja. Certos artistas como Elvis Presley, Jerry Lee Lewis e Chuck Berry infundiram o blues com os sons do black gospel e do sul, mas o resultado estava longe da música do santuário. Era a música da noite e da boate. À medida que os rebeldes dos anos 1950 davam lugar aos hippies dos anos 1960, essa rebelião se tornava cada vez mais clara. Rock 'n' Roll era pecaminoso. Tanto a igreja quanto o artista concordaram. Foi rítmico, sexual e quebrou todas as tradições. Adolescentes giravam e gritavam, enquanto pregadores fundamentalistas fumegavam. Quando John Lennon comparou a popularidade dos Beatles com a de Jesus, ele fez mais do que uma observação - ele traçou linhas de batalha. Não é surpresa que esse mesmo homem mais tarde tenha achado tão fácil imaginar um mundo onde não existe céu. Era um mundo que os cristãos achavam inimaginável. Mais importante, o Rock 'n' Roll foi a alma de uma geração. Que geração foi aquela! Seus pais cresceram durante a Grande Depressão e sacrificaram a saúde mental e física para derrotar as máquinas de guerra da Alemanha e do Japão. Eles estavam amadurecendo nos subúrbios que brotaram no solo desse boom econômico do pós-guerra. Quanto mais velhos os baby boomers ficavam, mais ficava claro que eles não eram seus pais. A música deles, mais do que tudo, era o que os tornava diferentes. Nesse contexto, um punhado de jovens experimentou a ideia do Rock ‘n’ Roll que era sobre Jesus. Essa primeira geração de roqueiros cristãos enfrentou um sério dilema - o dilema da existência. Como a música rock poderia ser cristã? Como poderia um cristão tocar rock? Para a maioria das igrejas, era fácil descartar o rock como pecaminoso, mas havia uma minoria que entendia que o Rock n' Roll era a linguagem do coração da nova geração. Eles entenderam que a rebelião de alguns dos valores de seus pais (ou seja, materialismo e segregação racial) poderia ser virtuosa. Eles entenderam que Jesus transcendeu a expressão cultural. Eles eram o Movimento de Jesus. Alguns tentaram localizar a origem do movimento em uma igreja, como a Calvary Chapel de Chuck Smith em Costa Mesa, CA, ou em um artista, como Larry Norman. No entanto, as origens do Jesus Rock, como as origens do Rock 'n' Roll, são muito mais difíceis de definir. Por todo o país músicos fundiam a mensagem de Jesus com a música da época. Embora minoritárias, as igrejas em várias partes do país encorajaram os cristãos a resgatar o Rock 'n' Roll. Da mesma forma, muitos artistas abandonariam um estilo de vida de promiscuidade sexual e drogas para um relacionamento radical com Jesus Cristo. Eles eram conhecidos como Jesus Freaks. Seu movimento: o Movimento de Jesus. Sua música: Jesus Music. Elton John até cantou sobre eles. Eles eram hippies cristãos. A mensagem deles era sobre salvação, mas sua música ainda era rock. Bem, seria uma espécie de rock. O fato é que grande parte da música rock cristã dos anos 1960 nunca foi gravada. Os custos de gravação eram proibitivos e a qualidade era baixa. A baixa qualidade foi especialmente um problema para a música mais pesada do final dos anos 60. Não importa, a música folk estava onde estava de qualquer maneira. Esta foi a era de Bob Dylan, Neil Young e David Crosby. Muito do memorável rock cristão desta época reflete essas influências. Love Song, Sweet Comfort Band, 2nd Chapter of Acts, Randy Stonehill e Larry Norman são apenas alguns exemplos. Falando em Larry Norman. Norman é para o rock cristão o que Elvis Presley é para o rock n' roll. Ele não foi o primeiro, mas é impossível contar a história sem ele. Ele, mais do que ninguém, está associado às origens do rock cristão. Seu "Por que o diabo deveria ter toda a boa música?" (Why Should the Devil Have All the Good Music?) tentou conciliar o dilema do Cristianismo e do Rock. Sua “Doce Canção de Salvação” (Sweet Sweet Song of Salvation) tornou-se o hino do Movimento de Jesus e seu “Grande Romance Americano” (Great American Novel) é um desafio contundente aos valores americanos na era da corrida espacial na tradição de Bob Dylan. Em meados da década de 1970, a música cristã baseada no folk estava bem estabelecida e até aceita em alguns círculos. Rock n 'Roll, no entanto, ficou mais ousado. Era hora do rock cristão realmente rock. Era hora de Petra e da Banda da Ressurreição. Essas bandas tentaram pregar o evangelho com o blues-rock dos Rolling Stones e Led Zeppelin. Ambos tiveram carreiras notavelmente longas e, embora seus estilos tenham mudado com o tempo, eles consistentemente fizeram suas músicas sobre o evangelho de Jesus. Petra faria seu nome sinônimo de rock cristão ao longo dos anos 80 e 90. Eles também continuariam a balançar.
 
A primeira geração de Christian Rockers enfrentou oposição de todos os ângulos. Eles foram desprezados pelo mainstream por causa de seu compromisso com Jesus e sua denúncia de drogas e sexo ilícito. Eles foram repreendidos por grande parte da Igreja por tentarem redimir a música do mundo. Ainda assim, eles mantiveram a mensagem. Eles se concentraram principalmente na salvação e na mudança trazida por Jesus. Como pode ser visto na lista de reprodução, também parece haver um interesse significativo pela escatologia, aparentemente causado pelo medo da bomba atômica. A vontade de resgatar o Rock n' Roll tornou necessária a criação de um subgênero musical em que as letras separassem o Rock Cristão do “secular”. Embora isso tenha criado uma falsa dicotomia entre o sagrado e o secular que os artistas cristãos ainda enfrentam hoje, seu foco singular em Jesus tornou seu movimento um sucesso. Milhares chegaram a uma fé salvadora através do Movimento de Jesus. Hoje os instrumentos e ritmos do Rock podem ser ouvidos na maioria das igrejas do país. Esta é certamente uma época digna de nota na história da igreja cristã. Para aqueles cristãos que gostam de rock, esta é a sua história. Esperamos que você goste desta lista de reprodução nada exaustiva. Infelizmente, devido à idade dessas gravações e outros problemas, muitas músicas e artistas excelentes não estão disponíveis no Spotify. Fizemos o melhor que pudemos com o que tínhamos disponível. Por favor, procure esses artistas e bandas pioneiros que destacamos acima. Compartilhe esta série de artigos. Não esqueçamos nosso passado. ______________

Parte Dois: Pastor de Jovens Aprovado
por Phill Lytle

Década de 1980 até o início da década de 1990

LEIA OUVINDO! O cabelo era longo e solto. As roupas eram brilhantes e berrantes, com néon, pastéis e elastano fazendo aparições frequentes. A música era grande e ousada - bateria alta, grandes vocais, guitarras épicas e teclado e sintetizador generosamente espalhados em boa medida. Os primeiros dias de pioneirismo e rebelião se foram. Os porta-estandartes da criatividade e da superação de limites estavam operando sob o radar. A música que capturou e definiu o zeitgeist da cena do rock cristão nos anos 80 era assumidamente religiosa e inequivocamente popular. Era um rock and roll seguro, mas com força suficiente para manter um elemento de perigo e o fascínio da inconformidade. Para o jovem pastor legal, foi um sonho que se tornou realidade. Como visto na Parte Um, os anos 60 e 70 tiveram os apaixonados pioneiros Larry Norman e Keith Green. Na Parte Três, falaremos sobre a cena da música cristã underground com gênios da contracultura como The Call, The Choir e The 77s. Enquanto essas bandas e muitas outras como elas estavam trilhando seus caminhos por meios diferentes, o ponto focal do Christian Rock estava acontecendo ao ar livre para todo o mundo ver. Bandas como Petra e Stryper rotineiramente lotavam arenas que antes eram consideradas fora de alcance. As bandas estavam vendendo centenas de milhares e, em alguns casos, até milhões de discos, sendo tocadas nas rádios cristãs tradicionais e não eram mais vistas como párias pela igreja como um todo. E a música deles deixou claro que a união do rock and roll com o ministério cristão era a fórmula que funcionava. A maioria das bandas populares desta geração eram abertamente religiosas, evitando a sutileza em favor de mensagens diretas. Esta não é uma crítica per se, simplesmente uma observação sobre a verdade fundamental das bandas que alcançaram a maior popularidade durante esta época. Eles proclamaram Jesus, a Bíblia e a fé cristã sem medo, sem hesitação e sem reservas. Para alguns, não representava a vida real em toda a sua feiura e complicações. Mas para muitos, essa música foi um para-raios para sua fé – um reforço violento e encorajador para sua jornada espiritual. Esta era produziu alguns dos artistas e bandas mais longevos da história da música cristã. DeGarmo e Key. Mylon e Broken Hearts. Whiteheart. Foi uma época em que bandas cristãs como Idle Cure e Allies continuaram no caminho traçado pelos padrinhos do gênero. Estes e muitos outros eram rock and roll o suficiente para os jovens se reunirem em massa, enquanto ainda mantinham um senso de firmeza espiritual que os fazia sentir mais seguros do que qualquer coisa que o mundo tivesse a oferecer. Para ser claro, as bandas que prosperaram nesta época não o fizeram com total aceitação pela igreja. Ainda houve muitos que atacaram e criticaram as bandas por seus cabelos, roupas e músicas. Eles foram criticados do púlpito por mais de um pregador televisionado nacionalmente. Embora seu caminho fosse mais fácil do que o da geração anterior, eles ainda fizeram muito para facilitar o caminho para as gerações seguintes de músicos cristãos. Eles pegaram as fundas e flechas de um grupo pesado e inaceitável de crentes e continuaram se movendo, criando e realizando. Fazemos bem em lembrar as contribuições durante esta época. Nossa Igreja e herança musical exigem tanto. Aproveite esta lista de reprodução que servirá como um instantâneo rápido dos sons e estilos das bandas cristãs mais populares desta época. Em particular, preste atenção especial à musicalidade e à arte em jogo em muitas dessas canções – algo que parece estar faltando em grande parte da atual cena da música cristã. Finalmente, esperamos que você permita uma pequena indulgência. Incluímos algumas músicas de Rich Mullins nesta lista de reprodução, embora percebamos que ele não se encaixa exatamente no perfil das bandas e artistas que abordamos no artigo. Acreditamos fortemente que sua música merece ser lembrada e esta lista de reprodução foi a mais adequada. ___________

Parte Três: Os Demolidores Subterrâneos
por Phill Lytle

Do início dos anos 80 até o início dos anos 90 Leia OUVINDO!

Não houve discos de platina. Não houve arenas lotadas. E a menos que sua estação cristã local seja excepcionalmente “pronta para uso”, você raramente ouve essa música tocando no rádio. No entanto, para muitos, se você fosse identificar uma era da música que justificasse a existência do rock cristão, seria esta. Ao longo dos anos 80 e início dos anos 90, um grupo de cantores, poetas, contadores de histórias e artistas remodelou a forma como experimentamos a música “cristã”. Eles o viraram de cabeça para baixo e abriram um novo mundo para os crentes, amantes da música e buscadores espirituais. Era a época dos pioneiros do underground. Na parte dois, examinamos as bandas que tiveram maior sucesso e popularidade durante os anos 80 e início dos anos 90. Bandas como Petra, Whiteheart e DeGarmo and Key. Enquanto essas bandas tocavam em arenas cheias de grupos de jovens, igrejas e crentes, havia outro movimento acontecendo fora do mainstream cristão. Lá fora, bandas como The Call, Daniel Amos, The Prayer Chain e muitas outras cantavam sobre relacionamentos rompidos, problemas conjugais, política e dúvidas. Lá fora, suas canções eram iradas e frustradas, alegres e esperançosas, pontiagudas e proféticas. A música era enigmática – menos definível. Era apaixonado, confuso e cheio de vida. Eles evitaram os sons pop rock de seus contemporâneos mais aceitos, escolhendo, em vez disso, abrir suas trilhas com estilos e sons próprios. Esta era da música produziu algumas das músicas mais aclamadas pela crítica na história do rock cristão. Muitos dos álbuns lançados durante esse período ainda são considerados alguns dos melhores lançamentos cristãos de todos os tempos. Circle Slide por The Choir. Sticks and Stones do 77's. Reconcilied por The Call. Esses e outros ultrapassaram os limites e expandiram o que se acreditava ser possível para a música “cristã” naquela época. A música deles nunca foi fácil. Seja Steve Taylor cantando satiricamente sobre um entregador de sorvete enlouquecido explodindo uma clínica de aborto para preservar seu sustento, ou The Choir lutando contra a dor de um aborto espontâneo, essas bandas fizeram seus fãs lutarem com grandes ideias e reações emocionais complicadas. De certa forma, eles cortejavam a controvérsia, não para chamar a atenção tanto quanto para chocar seus ouvintes de seu conforto e estagnação. A cada passo, parecia que essas bandas não conseguiam pegar sua grande chance. Em um mundo perfeito, muitos deles seriam nomes conhecidos – a música deles era muito boa. Isso não quer dizer que essas bandas não tenham influência nas futuras gerações de músicos e criadores. Os membros dessas bandas formaram gravadoras de sucesso que deram à música cristã uma de suas maiores bandas em Jars of Clay. Eles passaram a produzir álbuns para bandas de muito mais sucesso, como Sixpence None the Richer e The Newsboys. Eles eventualmente escreveram e criaram canções que são cantadas em cultos de adoração em todo o mundo, como Deus das Maravilhas. Sem dúvida, seu legado musical inspirou muitas bandas que tocam nas rádios hoje. Embora poucos deles tenham alcançado o tipo de sucesso e reconhecimento que mereciam na época, nossa herança musical seria muito mais pobre sem suas contribuições. Como afirmado anteriormente, a lista de reprodução acima é apenas uma seleção de algumas das melhores músicas desta época. Destina-se a capturar o som e o espírito deste momento crucial na música cristã. Por favor, dedique algum tempo para ouvir e apreciar a música que lançou as bases e desempenhou um papel tão monumental em nossa história. ------

Parte Quatro: A Estrada Menos Percorrida
por Michael Lytle

Final dos anos 90 até início dos anos 2000 Leia OUVINDO! O final dos anos 1990 e o início dos anos 2000 foram um momento crucial para o rock and roll cristão. Embora possa não ter sido óbvio ou mesmo uma escolha consciente, havia uma batalha acontecendo para saber para onde a música cristã iria no futuro. Por um lado, alguns dos artistas mais criativos e aclamados pela crítica, como Jars of Clay, Sixpence None the Richer e Switchfoot também foram os artistas que venderam mais discos. Isso não era necessariamente verdade na década de 1980, onde a aclamação da crítica e o sucesso comercial nem sempre pareciam andar de mãos dadas. A ascensão de gravadoras independentes como Tooth and Nail/BEC e Five Minute Walk/Sarabellum impulsionou artistas como Dimestore Prophets, Dryve, Starflyer 59 e Plankeye, que estavam trilhando seus próprios caminhos e não simplesmente seguindo o que era popular na música secular. Essas gravadoras também estavam atingindo um público mais jovem, com o qual os grandes nomes dos anos 80 estavam começando a lutar. Ao mesmo tempo, a ascensão da música pop/adoração moderna estava começando a ganhar impulso. Se Petra e seu álbum de 1989, Petra Praise: The Rock Cries Out, eram o John Wycliffe dessa nova música de louvor e adoração, então Delirious? foi o seu Martinho Lutero. (Sob essa analogia, Hillsong seria Zwinglio.) Os meninos do outro lado da lagoa criaram o projeto que ainda está sendo seguido, para o bem ou para o mal, até hoje. Enquanto nós aqui na REO (site original da publicação) somos certamente muito a favor de cantar louvores e adorar nosso criador, o foco das gravadoras e estações de rádio na música de “adoração” não foi totalmente positivo. Letras que tratavam de lutas pessoais, questões sociais, dinâmica familiar e vida em geral foram rapidamente descartadas em favor de canções que se dirigiam diretamente a Deus. Novamente, cantar canções para Deus não é uma coisa ruim, mas perdemos algo ao longo do caminho quando outros tipos de canções foram descartadas. Hoje raramente ou nunca ouvimos canções como a satírica La La Land do All Star United, que visava o movimento gospel de saúde, riqueza e prosperidade. É mais difícil encontrar vozes como Steve Hindalong do The Choir reconhecendo a tensão que uma mudança cross-country de Los Angeles para Nashville colocou em seu casamento em Never More True. Nós nos afastamos de bandas como Plankeye escrevendo sobre a separação da banda e a incerteza que isso criou em Goodbye. O rádio esqueceu artistas como The Waiting, que se inspirou no parágrafo de abertura de Moby-Dick de Melville para escrever sobre as andanças do povo escolhido de Deus no Antigo Testamento na música Israel. Se você for a uma livraria cristã ou ouvir uma rádio cristã hoje, é fácil ver quem venceu a batalha. A música de adoração moderna domina a paisagem, enquanto os artistas mais criativos estão mais uma vez indo para a clandestinidade e usando métodos alternativos para levar sua mensagem ao público. Continuaremos essa discussão na parte cinco de nossa série. O objetivo da lista de reprodução a seguir é destacar alguns dos artistas que, em nossa opinião, elevaram o nível de criatividade e originalidade do rock and roll cristão durante o final dos anos 1990 e início dos anos 2000. Percebemos que muitos desses artistas teriam se assustado ao serem rotulados de “banda cristã”. Eles teriam preferido ser chamados de uma banda de rock formada por cristãos. Pode ser difícil de acreditar agora, mas essa distinção realmente foi importante para alguns durante o período coberto neste artigo e na lista de reprodução. Embora possa ser um artigo interessante em algum momento, este não é o artigo. Tentamos destacar principalmente artistas que nunca tiveram o que merecem, mesmo naquela época, ou que podem ter sido populares na época, mas saíram do radar desde então. Todas as músicas desta lista de reprodução foram lançadas entre 1994 e 2005. Como sempre, há outras músicas que teríamos incluído se estivessem disponíveis no Spotify. Agora reunimos quatro listas de reprodução para esta série de artigos. Esperávamos que as listas de reprodução com músicas mais recentes fossem mais fáceis de montar do que aquelas com músicas de várias décadas atrás. Este não foi realmente o caso. Muitos grandes artistas dos anos 1990 e início dos anos 2000 não estão no Spotify. Alguns de nossos favoritos que estão faltando incluem Dimestore Prophets, The Listening, Reflescent Tide e Room Full of Walters.


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Parte cinco: Para onde vamos a partir daqui?
por Phill Lytle

De meados/final dos anos 2000 até o presente

Leia OUVINDO! Qual tem sido o objetivo desta série? Por que passamos o último mês escrevendo mais de 4.000 palavras e criando playlists com centenas de músicas? Lembrar. É realmente muito simples. Como nosso escopo tem sido focado no gênero rock, percebemos que isso deixa muitos artistas inexplorados. Muitos grandes artistas que correm o risco de serem esquecidos tanto quanto as bandas que tocamos. Há toda uma outra série que precisa ser escrita sobre aquelas bandas, cantores e artistas maravilhosos da história da música cristã que não se encaixavam exatamente no que estávamos fazendo. Talvez um dia abordemos esse tema. Por enquanto, agradecemos todos os comentários, perguntas e sugestões que recebemos à medida que lançamos cada novo capítulo desta série. Nossa esperança é que nós, no mínimo, tenhamos iniciado uma conversa. Por razões que nunca entenderemos, o mundo da música cristã é aparentemente o único que esquece ativamente sua história. Isso precisa parar. Com base na reação massiva que recebemos desta série, fica claro que muitos outros se sentem da mesma maneira. Isso nos leva aos nossos próximos passos. Para onde vamos daqui? Em vez de escrever mais 1.000 palavras sobre as bandas e artistas cristãos que atualmente estão fazendo o que consideramos ser a melhor música, preferimos deixar a música deles falar por si. Também gostaríamos de convidá-lo a se juntar a nós, contando-nos sobre seus artistas favoritos que não se encaixam nos moldes do CCM. Todos nós conhecemos os Hillsongs, os Casting Crowns, os Toby Macs do mundo. Queremos sair desse espaço e mostrar a você um mundo de música criado por artistas, poetas e visionários que irão desafiar e inspirar. Artistas como Andrew Peterson, John Mark McMillan, Josh Garrels e muitos mais. Esses artistas carregam a bandeira escolhida pela primeira vez por Keith Green, Petra, The 77's e The Call. Eles carregam o legado de excelência, arte e criatividade. Vamos fazer o nosso melhor para não esquecer esta música incrível simplesmente porque ela não é tocada na estação FM local. ---------------------- Sobre os autores: Michael Lytle

Eu moro em Ashland City, TN. Eu sou um pai casado e feliz de três filhos. David Lytle

Atual professor de história, ex-missionário e pastor de jovens, viúvo enlutado, pai dos três rostos mais fofos da criação e marido vertiginoso de uma noiva radiante. Eu também cantei "I'm too sexy" no karaokê uma vez. Havia uma multidão. Meu único conforto é que os telefones não faziam vídeos naquela época. Phill Lytle

Eu amo: Jesus, minha esposa, meus filhos, minha família, meus amigos, minha igreja, J.R.R. Tolkien, C.S. Lewis, rock dos anos 80, Tennessee Titans, livros de Brandon Sanderson, Band of Brothers, comida tailandesa, música, livros, filmes, TV, escrita, pizza, férias, etc...