sexta-feira, 12 de julho de 2019

F.O.



Frutos da Oliveira (ou F.O.) é um grupo muito diferente de música cristã dos anos 1990, sendo formado em sua maioria por membros da família Oliveira (entre eles Elias, Charles, Claudinei e Rogério). O som da banda é uma fusão bem curiosa de estilos: samba-rock (na linha do mestre Jorge Ben Jor), funk americano, reggae, samba e pagode. Pode parecer no mínimo estranha a inclusão de uma banda assim num blog de rock, mas eles realmente fizeram história com suas músicas, como "Habite", "Cristo Há de Voltar", "Maluco Beleza", "Altar", "Andava Perdido", "Criança" e a mais famosa de todas, "Imagem". Embora meio sumidos da cena, ainda seguem esporadicamente fazendo seu som.

Imagem (1994)

01 - Criança
02 - Andava Perdido
03 - Habite
04 - Pelo Vento
05 - Princípio
06 - Imagem
07 - Cristo Há de Voltar
08 - Chorar
09 - Valeu, Oh! Deus





Com uma formação absurdamente enorme (ONZE INTEGRANTES, um verdadeiro time de futebol!), F.O. no seu primeiro disco trouxe clássicos inesquecíveis, como os reggaes "Criança" (falando da inquietude e medo da realidade da vida) e a faixa-título (figurinha fácil em alguns acampamentos evangélicos com sua letra anti-idolatria e seu coro de "O PAPA JÁ PAPOU, JÁ PAPOU, JÁ PAPOU E JÁ MORREU TAMBÉM!"). Os pontos fortes para os fãs de rock entretanto são os samba-rocks/funks "Andava Perdido", "Habite" (baseado no texto de Colossenses 3:16-17) e "Cristo Há de Voltar". As letras evangelísticas do álbum são fantásticas, além dos arranjos dos metais e dos saxes, que tornam esse álbum fascinante demais. As baladas "Pelo Vento" e "Chorar" chamam atenção até hoje. Obviamente os roqueiros puristas devem ter repúdio por faixas como "Princípio" e "Valeu Oh! Deus" (essa última parecia ser feita pelo saudoso mestre do samba e pagode Bezerra da Silva devido ao lado meio malandro contido nela), mas quem tem mente aberta decerto vai curtir até mesmo essas faixas. Os saudosos do movimento gospel também vão amar sempre ouvir esse clássico.

CRISTO HÁ DE VOLTAR E VEM PARA ME LEVAR, UH!

Radical Mudança (1996)

01 - Decadência
02 - Poder
03 - Grande Alegria
04 - Doce
05 - Maluco Beleza
06 - Sai Daqui!
07 - Altar
08 - Baião (cover do Rebanhão)
09 - Mudança
10 - O que Dirá?

Lembro quando eu era um pirralhinho na antiga Renascer Boa Viagem e olhava pr'aqueles CDs já com um pouco do sonho de colecionador (curiosamente ainda não consegui comprar esse que vou fazer a análise agora, embora possua o anterior acima). E a primeira coisa que disseram sobre esse disco pra mim, meio que pra dissuadir de comprar: "Ah, é só um disco de pagode!" Eu fiquei meio cabreiro mesmo kkkkk admito, naquela época não conhecia bem F.O. como aconteceria pouco depois.

Dizem por aí que o que vale mesmo é ouvir o disco antes de seguir opiniões dos outros. E, bem, o que se vê em "Radical Mudança" na realidade é uma melhoria sonora absurda em relação ao disco anterior. Já de cara a faixa Decadência (com uma letra bem crítica sobre o abandono social) mostra que não, não é um disco de pagode - embora possua esse som também. A faixa de abertura traz um funk americano iradíssimo, seguido pelo reggae "Poder", e assim o disco segue de maneira divertida por diversos estilos. "Grande Alegria" já vai pro samba-exaltação com um pouco de pop, um estilo que curiosamente é pouco explorado até hoje na chamada "cena gospel". O pagodão mesmo da vez é "Maluco Beleza", uma faixa antidrogas muito boa por sinal, apesar de que decerto causará estranheza em fãs radicais e mentecaptos de rock que acham que outros estilos são ruins (kkkk ainda bem que larguei dessa bolha). O cover de Baião ficou curioso, embora nada muito excepcional (Carlinhos Félix em carreira solo, Paulo César Baruk e as bandas Azul, Accord Final e MPC mandaram bem melhor nessa música). A balada "Doce" é uma das melhores faixas do disco sem sombra de dúvidas. Recomendado pros que curtem desbravar bandas com sonoridade diferenciada, ainda que ligadas de alguma forma ao rock.

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Posteriormente falarei das coletâneas da Gospel Records, onde a F.O. participou de duas: o I Festival de Novas Bandas da Imprensa Gospel e Copan: Um Novo Coração.

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