quinta-feira, 11 de julho de 2019

The Predators


Em geral os fãs de punk cristão atribuem a Scaterd Few ou a Altar Boys a primazia no estilo, mas não há dúvidas que lá na Inglaterra já tinha uma banda seguindo os passos de bandas como Sex Pistols, The Clash, Television, Elvis Costello e Blondie, só que com temática cristã. The Predators foi uma banda diferente de tudo que até então havia surgido dentro do Jesus Movement da década de 1970, tendo surgido em 1979 e seguindo em atividade até 1989 tocando diversos gêneros, como punk rock, new wave, reggae, hard rock e AOR. O estilo fora de série de Kevin Smith (voz), Kelvin Allwood (guitarra), Chris Thompson (baixo, em 1982 substituído por Andy Rayner) e Fran Johnson (bateria) (posteriormente o tecladista Brian Westhead entraria na banda em 1983) tornou eles uma banda precursora na cena, mas também polêmica e curiosamente obscura. Hoje é o dia de conhecermos melhor essa banda.


The Predators (1982)

01 - Sunday Boy
02 - Man of the War
03 - Don't Burn the Cross
04 - Don't Mess Around
05 - Maybe Tomorrow
06 - Never Say a Word
07 - Plastic Surgeon
08 - Emotional Upset
09 - Where You're Going
10 - You Better Run
11 - Drift Away


Depois do single "Don't Mess Around" de 1981 (com as faixas "Plastic Surgeon" e "Do You Wanna Dance?" no lado B), de participar da coletânea Shot in the Dark de 1981 (que revelou, além deles, as bandas de punk rock, pós punk, gótico e new wave cristãs The Graphics, The Stares, Crowd Control, Mystery Guest e The Magnetics - todas de curta duração) e da coletânea gigantesca The Four Side Saga de 1982 (com um monte de bandas e cantores de rock cristãos dos mais diversos gêneros), The Predators estreou com esse disco, auto-intitulado. O reggae está fortemente representado aqui, como em faixas tais quais "Don't Burn the Cross" (uma crítica ao Ku Klux Klan) e "Where You're Going?", a new wave em "You Better Run", o AOR em "Drift Away" e o som mais punk em "Sunday Boy" e na polêmica "Plastic Surgeon", maior sucesso da banda, mas que chegou a ser citada no livro "Pop Goes to the Church" ("Rock in Igreja?" aqui no Brasil) de John Blanchard, como uma faixa sem sentido com a descrição parabólica de um cirurgião plástico usando cianureto para modificar nossa vida espiritual (o que eu achei uma ótima ideia). Um clássico esquecido, sem sombra de dúvidas.

Social Decay (1983)

01 - Jack
02 - Free World
03 - Man in the Room
04 - Stand Up and Be Counted
05 - Lost at Sea
06 - Two Out of Seven
07 - One More Time
08 - Wipe the Tears
09 - Nasty Video
10 - Never Say Die
11 - Time and Time Again
12 - Never Let You Down
13 - Part Time Soldiers


Seguindo de perto o som do seu antecessor, porém bem mais apurado, "Social Decay" traz uma banda mais focada na new wave e na AOR, com alguns lampejos de punk e reggae. Musicalmente o disco lembra bastante a banda secular americana The Knack, com os vocais remetendo em alguns momentos aos de Bill Walden (vocalista da cristã Undercover). As fortíssimas faixas Jack, Never Say Die e Stand Up and Be Counted são sem dúvidas as melhores do disco, bem como a curiosa Nasty Video, uma faixa que curiosamente trazia uma mensagem contra os filmes de terror da época, lembrando que no ano seguinte no Reino Unido surgiria uma lei que enquadrou 72 filmes como os "video nasties", tornando esses proibidos de serem comercializados, veiculados, alugados ou qualquer forma de exposição em todo o país, independente da violência ou sexualidade e até mesmo qualidade desses filmes. Como sou extremamente anti-censura (mesmo daquelas porcarias sonoras que fazem principalmente aqui no Brasil e entupidas de sexualidade e blasfêmias), acho que nesse ponto a banda fez um desserviço (tal qual o grupo Vida Abundante daqui do Brasil faria com a faixa "A Televisão" de 1987, colocando a TV inteira como "arma do diabo"), mas enfim, os tempos e cultura de cada cristão devem ser respeitados - ainda que não necessariamente endossados por mim, não sou obrigado =P (P.S.: Mas ao menos o som da música é legal kkkk).

Curiosidade: Acredite se quiser, a capa desse disco rendeu à banda ser censurada e não conseguir vender esse álbum em diversas lojas cristãs. Daí você vê o nível praticamente anormal de religiosidade da galera naquela época!

Offensive (1987)

01 - Your World
02 - No Connection
03 - Fallen Angel
04 - Nothing at All
05 - Built on Sand
06 - Love You to Death
07 - Dead on Arrival
08 - Lies
09 - Don't Laugh at Me
10 - Rescue Me


Menos conhecido dos três discos da banda (nem no Discogs tem kkkkkk), foi lançado muitos anos após a última single, "I'll Never Let You Down/Time and Time Again", mas mantém uma qualidade sonora muito boa, apesar de musicalmente a banda ter nesse disco resvalado praticamente por completo pra AOR. É um som agradável, sem dúvidas, embora com alguns momentos ainda meio que remetendo ao passado punk/new wave da banda, como Nothing at All (uma faixa bem agitada por sinal). Liricamente a banda segue com letras bem legais e falando de Deus sem nenhum medo. Curioso o nome do disco, provavelmente uma "afronta" aos que criticavam a banda à época, mas também uma mensagem baseada nas temáticas que aparecem nos recortes da capa do disco, como "abortion" por exemplo.


Bem, da banda soube que em 2011 estavam novamente na ativa e até preparavam um disco chamado "Roundabout" que sairia a 04/07/2011, mas faz um tempo que não soube mais nada. Possivelmente eles acabaram desistindo novamente. Pena.

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Posteriormente comentarei aqui da coletânea Shot at the Dark e das coletâneas da Buzz Magazine. Aguardem!

Um comentário:

  1. Fala João, muito boa a postagem. Não conhecia essa banda, depois vou sacar mais do Punk Cristão Inglês, valeu pela dica.

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