quinta-feira, 12 de setembro de 2019

Sacred Warrior





Os anos 1980 foram profícuos num gênero musical que estava surgindo: o Power Metal. Naquela época surgiram oficialmente duas vertentes do gênero: a europeia (ou germânica, já que a maioria das bandas do gênero surgiram na Alemanha), seguindo o estilo de Helloween, Running Wild e Mercyful Fate, dentre outras; e a americana, que ia desde alguns atos de speed metal com power (como Attacker e Warrior), power/thrash (como Metal Church, Metallica no início e Pantera nos primeiros discos) e o power/progressivo. Esse último teve diversas representantes, tanto seculares como Queensrÿche (a principal banda dessa trupe e uma das que mais inspiraram, com os vocais impressionantes de Geoff Tate), Fates Warning, Screamer e Crimson Glory, como cristãs, tais quais Haven, Recon, Malachia/Vision, Siam, Veni Domine (essa última na Suécia e com influências também do doom metal épico do Candlemass), mas sem sombra de dúvidas a mais afamada de todas foi e é até hoje a Sacred Warrior. Formada em 1986 em Chicaco, Illinois, a banda ganhou fama na década como a definitiva "Queensrÿche" cristã. Os vocais de Rey Parra (que posteriormente também cantaria nas bandas Recon, Worldview e Deny the Fallen) tavam a tônica pra banda, juntamente com Tony Velasquez (bateria), Bruce Swift (guitarras), Steve Watkins (baixo) e o saudoso Rick Macias (teclados, posteriormente substituído por Joe Petit). Em meados dos anos 1990 a banda deu uma parada, voltando em 2001 e chegou a mudar de vocalista com a chegada de Eli Prinsen (que também canto na The Sacrificed e se apresentou ao vivo as vezes na Deliverance), mas logo os vocais clássicos de Rey estariam de volta.



Demo (ou 12 Track Demo, 1987)

01 - Intro
02 - Heavens are Calling
03 - Nailed Down
04 - Master of Lies
05 - Instrumental
06 - Spiritual Warfare


Heavy melódico na medida certa, essa demo já mostra a qualidade sonora da banda, duas dessas faixas acabariam sendo reaproveitadas pela banda no álbum seguinte. Um ótimo começo sem sombra de dúvidas.


Demo 2 (1987)

01 - Heaven's Are Calling
02 - Stay Away from Evil
03 - Rebellion


Não consegui muitas informações sobre essa demo.


Versão de 2009 da Retroactive
Rebellion (1988)

01 - Black Metal
02 - Mad, Mad World
03 - Stay Away from Evil
04 - He Died
05 - Children of the Light
06 - Rebellion
07 - Day of the Lord
08 - The Heaven's Are Calling
09 - Famine
10 - Master of Lies
11 - Sword of Victory

Bônus da demo de 2001 pra versão de 2009:

12 - Day by Day
13 - Prince of Peace

A sonoridade era bem na linha do disco "The Warning" do Queensrÿche, uma qualidade musical fora de série. Destoando de tudo que rolava no cenário cristão à época (as bandas nesse tempo iam muito num som mais hard glam e heavy tradicional, como Stryper, Guardian, Bloodgood e Whitecross; ou numa pegada mais thrash como Deliverance, Heaven's Force, Believer e Vengeance Rising), "Rebellion" influenciou toda a cena com um som que fundia elementos de metal melódico e rock progressivo, tal qual a trinca do metal progressivo americano dos anos 1980 (Queensrÿche, Crimson Glory e Fates Warning - Dream Theater só apareceria de verdade em 1989 com uma pegada bem mais progressiva que power). A única música desse disco que eu não curto tanto assim é He Died, apesar da letra fantástica falando da morte de Cristo, eu achei uma balada melosa até demais da conta. As outras faixas seguem com a qualidade esperada pro Sacred Warrior, dando gosto demais de ouvir desde músicas mais prog como a faixa título e Mad, Mad World, até faixas mais velozes como Master of Lies, Heaven's Are Calling e Black Metal (essa última inclusive foi a primeira música dessa banda que ouvi na vida, na coletânea Trendsetters Metal de 2000), bem mais próximas de um Metal Church. Liricamente não há nem o que se falar, a banda foge de temas de fantasia ou "satanismo de feira" e mostra sua fé corajosamente, sem dar nenhuma folga pra turminha "du devil". Foi elencado em 39º lugar nos 100 melhores do metal cristão da Heaven's Metal.


Versão Bootleg, não sei o ano kkkk
(mas amei essa capa, na boa!)
Master's Command (1989)

01 - Intro/Master's Command
02 - Beyond the Mountain
03 - Evil Lurks
04 - Bound in Chains
05 - Unfailing Love
06 - Paradise
07 - Uncontrolled
08 - Many Will Come
09 - Onward Warriors (instrumental)
10 - The Flood (feat. Roger Martinez e Larry Farkas)
11 - Holy, Holy, Holy

Rey Parra e Roger Martinez cantando "The Flood"

Sem dúvidas esse disco é um massacre sonoro! Muito melhor que o primeiro disco, com um pouco mais de inclusão dos teclados (porém nada invasivo, dá pra notar na intro, em Paradise e na faixa Evil Lurks durante o solo), e o trabalho da banda em arranjos deu uma evoluída fora de série. Faixas como Bound in Chains mostram isso, com mudanças de tempo e quebradas bem acertadas. A faixa título é outro ótimo exemplo da evolução sonora (a segunda música que ouvi da banda na vida, e a que fez eu me apaixonar de vez por eles), mais na linha de um Rage from Order do Queensrÿche. A instrumental é mais uma prova do talento inigualável da banda no que tange a qualidade musical deles. Unfailing Love é a balada da vez, e essa eu considerei bem mais consistente que He Died. Holy Holy Holy é aquele canto tradicional "Santo, Santo, Santo", só que em estilo power/prog. O ponto forte para os fãs de um som mais variado por parte da banda é The Flood, com os vocais mais thrash/death de Roger Martinez e o auxílio da guitarra de Larry Farkas, ambos à época no Vengeance Rising. Deram uma pegada um pouco mais death pra faixa, meio a lá Children of Bodom (banda que nem existia naqueles tempos inclusive haha), apesar que os vocais eram divididos com o Rey Parra, mantendo portando o lado mais power/prog em atividade plena. Sem dúvidas o melhor disco da banda.


Wicked Generation (1990)

01 - No Happy Endings
02 - Little Secrets
03 - Standing Free
04 - Are You Ready?
05 - Minister by Night
06 - Miss Linda
07 - In The Night
08 - Warriors
09 - Wicked Generation
10 - War Torn Hero


Mais pesado que os outros discos, Wicked Generation consegue tornar até a balada do disco "Miss Linda" num petardo progressivo aos moldes de "Eyes of a Stranger" de Queensrÿche, mas sem dúvidas os momentos mais pesados ficam por conta de "Are You Ready", "Warriors" e "Minister by Night", verdadeiros speed metal em meio ao som mais elaborado e cheio de camadas progressivas desse discaço. O disco é um dos primeiros álbuns conceituais do metal cristão, tendo como temática básica a vida de um jovem que seguiu os passos dessa "geração perversa" do título do disco, e assim segue até perceber seu engano e voltar-se para Deus (numa comparação, se os anteriores foram o "The Warning" e o "Rage for Order", esse sem dúvidas foi o "Operation: Mindcrime" kkkk). Esse disco tem simplesmente minha faixa predileta do SW: "No Happy Endings", com sua letra cabulosa sobre as consequências de uma vida sem Deus e os atos cometidos em meio a essa busca insana por felicidade onde não há. Nesse disco incorporaram pela primeira vez backvocais femininos (cortesia de Kristi Pollock e Alyssa Villareal), que deu um lado ainda mais melódico ao som da banda em momentos como Miss Linda, Little Secrets e Wicked Generation. Esse foi o último disco a contar com os teclados de Rick Macias, que não mais retornaria a banda, infelizmente (nos deixou para a Glória Celeste em 2009).

"Eles não são filhos de Satanás, são aquilo que nós criamos!"


Obsessions (1991)

01 - Wings of a Dream
02 - Sweet Memories
03 - Turning Back
04 - Obsessions
05 - Kamikazi
06 - Remember Me
07 - Fire from Heaven
08 - Temples on Fire
09 - Mad Man



Pra muitos o melhor disco da banda (chega a figurar em SÉTIMO LUGAR na lista dos 100 maiores discos de metal cristão da HM Magazine), é o mais melódico de todos (mais uma vez numa comparação com o Queensrÿche, ele poderia ser o irmão gêmeo do "Empire", já que inclusive saiu com apenas um ano de diferença). Nesse disco os teclados aparecem bem menos (o baixista Steve Watkins assumiu essa função também aqui com a saída de Macias), e a banda ganhou o acréscimo do guitarrista John Johnson fazendo dobradinha com Bruce Swift. Com praticamente todos os membros da banda fazendo vocais de apoio (menos John Johnson) e mais um time de SETE backvocais, Obsessions se tornou realmente o disco mais melódico da banda. Com letras abordando desde uma fé sólida no poder Divino até outras mostrando a louca jornada do homem em busca de saídas e riquezas fora dos caminhos de Deus, Obsessions mantém a qualidade que cabe ao Sacred Warrior. Perfeição total! Cabendo até um flerte com o hard'n'heavy em Mad Man!


Classics (1993)

01 - Temples on Fire
02 - Rebellion
03 - Master's Command
04 - Wicked Generation
05 - Obsessions
06 - He Died
07 - Beyond the Mountain
08 - Minister By Night
09 - Sword of Victory
10 - Evil Lurks
11 - Sweet Memories
12 - Bound in Chains
13 - Warriors

Ótima compilação da Intense Records, porém sem nenhuma faixa bônus (salvo engano em 1991 numa compilação chamada Art for the Ears saiu uma faixa chamada Sacred Warrior, mas essa nunca reapareceu em nenhum outro disco da banda). Eu trocaria fácil He Died por Unfailing Love, e ainda acho que faltaram faixas como The Flood e No Happy Endings, porém de resto é uma boa forma de conhecer o básico do básico do som da banda. Para os que estão chegando agora, recomendo muito.


New World Order (EP, 1994)

01 - C'Mon
02 - Day By Day

Embora tenha saído em 1994, a banda encerrou suas atividades no ano anterior. Nunca encontrei informações sobre a capa desse EP (a tiragem deve ter sido bem escassa naquela época). Se a banda tivesse seguido nesse ponto iríamos ver uma banda bem curiosa: C'Mon tinha uns sons mais funk'o'metal, já Day By Day remete mais ao som clássico da banda, apesar que o tom das guitarras me fez lembrar das bandas de prog rock/metal de Seattle e Texas (King's X, Tinnitus, Atomic Opera e Galactic Cowboys). Um EP bem legal para dar adeus - ou um até logo, já que os veríamos de volta em 2001.


Live at Cornerstone (2001)

01 - Intro
02 - Children of the Light
03 - Remember Me
04 - Rebellion
05 - Holy Holy Holy
06 - Little Secrets
07 - Wicked Generation
08 - Heavens are Calling
09 - Come On
10 - Day by Day
11 - Prince of Peace
12 - Temples on Fire

Live At Cornerstone 2001 sem dúvidas foi um projeto fantástico da M8. Faz falta projetos como esse. Sacred Warrior mandou o seu - uma coisa curiosa é que até então o SW nunca tinha lançado nenhum disco ao vivo. O melhor sabe é ouvir que a voz de Parra continuava maravilhosa, e muito forte, em nada lembrando por exemplo o "Live Evolution" do Queensrÿche (um disco que saiu no mesmo ano e que vimos que o vocal do Tate estava uma porcaria, totalmente burocrática). O som está sem dúvidas fantástico, a banda fez um baita setlist, incluindo aí inclusive as faixas do EP New World Order, que ficaram fantásticas ao vivo, sem falar claro das faixas clássicas dos quatro discos de estúdio.


2001 Demo (2001)

01 - Come Save the Day
02 - Come On
03 - Day by Day
04 - Prince of Peace
05 - Dawn me Closer




Demo fantástica, apesar de nem de longe mostrar quais rumos a banda iria tomar a seguir - devido a mudança de vocalista que ocorreria pouco depois. As versões novas pra Come On e Day by Day e a versão de estúdio de Prince of Peace ficaram fantásticas, bem como as duas novas canções. Uma continuidade do trampo da banda em ótima qualidade como sempre.




Waiting in Darkness (2013)

01 - Desperately Wicked
02 - Waiting in Darkness
03 - Sinking Sand
04 - In Dust and Ashes
05 - Fallen Hero
06 - Fear Me
07 - Long Live the King
08 - Jealous Love
09 - Living Sacrifice
10 - Day of the Lord 2013
11 - Temples on Fire 2013

Joe Petit, Bruce Swift, Steve Watkins,
Eli Prinsen e Tony Velasquez
Um álbum aguardado ansiosamente pelos fãs - inclusive por mim -, Waiting in Darkness marcou o retorno em definitivo da SW. No entanto foi um choque e tanto pra muitos de nós quando as notícias da produção foram chegando e soubemos que o vocalista Rey Parra estava se ausentando da banda, com vistas a entrar na também mítica Recon (no fim esse projeto também não foi bem sucedido e ele formou a Worldwide) e em seu lugar entraria Eli Prinsen, vocalista da banda cristã de power/thrash metal The Sacrificed. Com isso, o resultado final no disco foi bem mais agressivo que o estilo melódico clássico da banda - sem entretanto perder o lado mais melódico, afinal a formação do resto da banda era exatamente a mesma desde os tempos do álbum Obsessions, logo não havia tanto o que mudar aqui. A produção mais apurada desse disco em comparação com os clássicos quatro primeiros discos de estúdio foi um ponto fantástico, pois deixou ainda mais claro a pegada da banda no estilo deles mesmos, sem nenhum tipo de "novidades" ou "misturebas" com outros gêneros aos quais eles não estavam habituados. Nesse ponto os anos de silêncio da Sacred Warrior foram bem mais úteis pra imagem da banda do que curiosamente foram os anos de sua "contraparte" secular, a Queensrÿche, que desde 1997 até justamente o mesmo ano de 2013 estavam numa sequência enorme de trabalhos de qualidade que ia do irregular, passando pelo medíocre até mesmo o duvidoso e o inaceitável (Dedicated to Chaos ARGH!). Só em 2013 quando Geoff Tate - o arrumador de encrencas e que tava aparentemente sendo o culpado dessa bagunça sonora toda - foi substituído pelo ex-Crimson Glory Todd La Torre que as coisas se acertaram enfim pra banda. Curiosamente não só o SW lançou no mesmo ano enfim um novo disco de estúdio como também mudou de vocalista - coincidências loucas do destino. Musicalmente "Waiting in Darkness" em nada deixa a desejar os discos anteriores, muito embora a extensão vocal de Eli não chegue a notas tão altas quanto o Rey Parra, o que faz com que o disco em muitos momentos soe mais como The Sacrificed do que como SW - mas isso mais na parte vocal mesmo, já que o instrumental não nega as raízes. Liricamente a banda persiste em letras diretas de louvor a Deus, sem nenhum rodeio, mesmo em anos como os nossos, onde vários projetos preferem ir numa linha mais "subliminar", eles preferem seguie um rumo realmente nu e claro do que acreditam, e isso não é negativo (na verdade não acho errado nenhum dos caminhos que uma banda venha a levar, desde que, caso vão pro lado do subliminar não se distanciem da Palavra ao ponto de negar a fé; e se numa mensagem mais clara, ela seja criativa e não velhos clichês repetidos como um mantra ou pior, com letras heréticas se passando por cristãs). A cereja do bolo vai para as novas versões de "Day of the Lord" e "Temples on Fire", que ficaram fascinantes e sempre é bom conferir quando rolam essas mudanças de vocalista como os clássicos soam em sua voz.


Slave (single, 2016)
Marcando o retorno de Rey Parra (ainda como vocal convidado).
Uma letra fortíssima contra a exploração e abuso sexual de crianças e adolescentes.
Um fantástico grito de guerra contra essa prática pecaminosa E CRIMINOSA
que é a pedofilia.
Foi feita dedicada a uma campanha de fundos para a Casa Naomi em Chicago
que acolhe vítimas desse terrível crime.

Blood River (single, 2019)
Fantástica letra falando dos tormentos de nossa alma tendenciosa ao pecado,
ao mesmo tempo assinalando o caminho da Salvação no Sangue de Cristo,
o Sacrifício Perfeito!

Aguardando o novo full da banda!

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Sacred Warrior participou de algumas compilações, futuramente abordarei elas.

Ver também:

Recon
Worldwide
Deny the Fallen
The Sacrificed
Sealed Fate






(Odeio meu cachorro, sempre estragando minhas gravações kkkkkkkkkkkkk)

Um comentário:

  1. Show de bola,o Eli Prince,após ter criticado o vocal do Rey Parra,ao vivo se mostrou muito fraco,tem videos dele no Cornerstonne,os classicos chegam a irritar..Quanto ao Rey ,acho que anda desviado dos caminhos do Senhor,pelo estilo de videos e postagens suas do facebook..

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