quinta-feira, 9 de janeiro de 2020

Larry Norman


O rock como ritmo teve diversas origens - sendo a mais forte a da Sister Rosetta Tharpe -, mas após anos de contribuição de outros como Ike Turner, Bill Haley, Fats Domino e Chuck Berry, o ritmo precisou de um Elvis Presley para popularizar de vez o som. Bem, enquanto isso o rock com temática cristã foi meio que jogado no escanteio pelo preconceito de muitos cristãos. Em meados dos anos 1960 alguns corajosos como o Sound Generation, o As I Die, The Crusaders, The Sons of Thunder, Mind Garage e Love Song foram tentando galgar espaço pro gênero dentro da fé cristã. Nesse meio, um grupo secular chamado People! contou com um membro que já era cristão e que era o principal compositor, tendo feito uma música que por pouco não virou o título do disco mais famoso do grupo, "We Need a Whole Lot More Jesus (and A Lot Less Rock'n'Roll)", mas acabou que o disco de 1968 saiu com o título de um cover do The Zombies, "I Love You". Esse cara saiu do grupo pouco antes do lançamento do disco (apesar de retornar de vez em quando pro grupo). Esse cara se chamava Larry Norman (08/04/1947 - 24/02/2008), o "Elvis Presley" do rock cristão, ou o "pai do rock cristão" pra muitos.

Desde pequeno ele foi membro da Southern Baptist Church com seus pais. Em 1950 a família mudou-se pra San Francisco, onde passaram a participar de uma igreja pentecostal voltada pro público negro e posteriormente em uma igreja batista, onde enfim com cinco anos Norman aceitou a Cristo. Ao longo dos anos pelos colégios que passou Larry mostrou um talento incrível para música e tornou-se um multi-instrumentista, apesar de nunca ter sido capaz de escrever ou ler uma partitura na vida (história da minha vida kkkkk). Chegou a montar um grupo chamado The Back Country Seven com sua irmã Nancy Jo e seu amigo Gene Mason, e em 1966 passou a integrar o People!, onde ficou até onde citei mais acima, tendo tocado junto a diversos artistas seculares como The Animals, Them, Jimi Hendrix, The Doors, Janis Joplin, The Who, entre outros. O disco "I Love You" chegou a ser lançado até aqui no Brasil, fazendo um sucesso moderado à época. Após sua saída ele recebeu uma iluminação do Espírito Santo e a princípio virou um pregador nas ruas de Hollywood, também escrevendo para peças de teatro musicais como Alison e Birthday for Shakespeare. Rejeitando a proposta de participar da rock opera "Hair", ele montou uma própria chamada "Lion's Breath" e um musical chamado "Love on Haight Street", o que lhe assegurou um contrato com a Capitol com total controle de sua carreira, lhe permitindo dar o passo seguinte em 1969: o marco zero do rock cristão pra muitos, "Upon this Rock".

O disco causou controvérsia entre os cristãos mais conservadores, mas foi o início de uma carreira solo fantástica e profícua, com quase setenta títulos (alguns dizem mais de cem!) entre discos de estúdio, ao vivo, singles e coletâneas, além de parcerias com vários músicos do chamado Jesus Movement que Larry ajudou a abalizar, sendo a mais notória com Randy Stonehill, mas Larry chegou a ajudar também músicos como o grupo Daniel Amos e Bob Dylan em sua carreira cristã. Larry também organizou o primeiro festival cristão de rock, o Explo'72 (chamado de Woodstock cristão na época), participou do filme "Son of Blob" (Filho da Bolha), teve sua música "I Wish We'd All Been Ready" como parte da trilha sonora do filme "Um Ladrão na Noite" (cantada pelo grupo fictício The Fishmarket Combo), criou dois selos (o de curta duração One Way e o bem mais longo Solid Rock), gravou sua famosa trilogia dos três tempos ("Only Visiting this Planet" - presente -, "So Long Ago the Garden" - passado -, e "In Another Land" - futuro) e diversos outros discos dele como um disco conceitual chamado "Something New Under the Son" e o de covers "Streams of White Light in Dark Corners", além de produzir discos de outros artistas. Teve um acidente seriíssimo em 1978 de avião, em que sofreu um abalo cerebral muito grande, porém seguiu em frente gravando discos e tocando em diversas ocasiões, como em 1979 diante do então presidente americano Jimmy Carter na Casa Branca. Em setembro de 2007 numa entrevista ele revelou que amava a Deus, porém que não vivia aprisionado às organizações "religiosas" ocidentais, numa clara crítica a diversos momentos claros de hipocrisia que a igreja institucional realmente viveu e vive até hoje. Ele também criticava muito músicos cristãos que não tinham coragem de tocar em qualquer lugar ou concerto (cristão ou secular) e mostrar sua fé nesses lugares, bem como criticou muito o comercialismo barato da música cristã na América" e os direitos de licença e copyright. Sem dúvidas um polemista que nunca escondeu isso em músicas como The Great American Novel, U.F.O., Reader's Digest, dentre outras.

Norman faleceu em 2008, tendo executado seu último show em 07/08/2007, alguns meses antes do seu falecimento, devido a problemas cardíacos que ele já sofria desde 1992 quando teve seu primeiro ataque cardíaco. Recebeu diversos prêmios e influenciou uma gama enorme de artistas, inclusive não-cristãos como Black Francis do Pixies. Não a toa, mais de 300 artistas fizeram covers dele até hoje, sendo impossível contabilizar com precisão todos eles. Apesar de um documentário um tanto quanto nebuloso chamado "Fallen Angel" ter saído pouco depois de sua morte tentando mostrar um "lado negro" da vida do Larry, o mesmo jamais foi capaz de abalar de fato a imagem do guerreiro espiritual que ele foi, e que expor seus erros ou supostos erros - em especial depois de morto - não tornam nenhum de nós melhores que ele foi, na verdade deveria é nos tornar mais alertas que todos nós somos necessitados de estar Upon the Rock!

Agradecimentos a Robert Termorshuizen por sua compilação fantástica sobre os lançamentos do Larry.


Upon this Rock (1969)

Lado A: 01 - Prelude (1969 mix)
02 - You Can't Take Away the Lord
03 - I Don't Believe in Miracles
04 - Moses in the Wilderness
05 - Walking Backwards Down the Stairs
06 - Ha Ha World
Lado B: 07 - Sweet Sweet Song of Salvation
08 - Forget Your Hexadram
09 - The Last Supper
10 - I Wish We'd All Been Ready
11 - Nothing Really Changes
12 - Postlude

OBS: A versão CD Duplo de 2002 inclui no primeiro disco versões demo de "You Can't...", "Ha Ha World", "I Don't...", "Nothing..." e mais duas não incluídas: "The Day That a Child Appeared" e "Country Church Country People", além de no segundo disco mais algumas faixas tiradas de duas entrevistas, "The Powerline" de 1970 e "The Lion's Breath" de 2001 (essa última com canções do final dos 1960 nunca lançadas como "Strong Love, Strange Peace", "Lost Kids (Song for the Runaways)", "We All (The Crash Pad)", "The Prayer Meeting", "I'm so Glad I Know You", "Clean Lennon" e "Is God Dead?"

Difícil fazer análise desse disco, porque ele praticamente é a perfeição em pessoa. Não a toa é o disco que deu o start em todo o universo do rock cristão. Vou usar a definição da Encyclopedia of Evangelicalism: "O Sgt. Peppers do rock cristão". Ponto. Foi chocante - tão chocante que ganhou de críticos como Jimmy Swaggart e Jerry Falwell (bem como o posteriormente arrependido Bob Larson) nomes como "nova pornografia", "comprometimento com a perversidade sexual" e até umas críticas perversas de parte da crítica musical, porém em geral conseguiu um impacto devido, virando um cult classic, apesar de a Capitol ter considerado as vendas na época fracas o suficiente pra romper o contrato com o Larry, alegando não haver mercado pro som que ele fazia ("Eu era religioso demais pro mercado rock, e rock demais pro mercado religioso", diria Larry em 1972). Curiosamente, como todo clássico cult, não demorou pra mostrar a que veio e em 1971 as vendas dele subiram bastante quando finalmente lojas cristãs aceitaram o disco. Não a toa ganhou alguns relançamentos por outros selos, inclusive o de 2002, mais extenso, pela Solid Rock.

E o que dizer das músicas? Liricamente é óbvio o comprometimento com a fé cristã, além de temas que batiam com a época, como o misticismo (Forget Your Hexadram) e a falta de fé (I Don't Believe...) e a continuidade das coisas desse mundo (Nothing...). A volta de Cristo iminente também aparece em "I Wish...". O som funde influências do folk rock de Simon & Garfunkel com pegadas do rock psicodélico e do nascente rock progressivo (esse último visível em "Last Supper"). Os backing vocals são um show a parte, com os corais The Inspirations, The Dannie Belles e o trio de irmãos do 2nd Chapter of Acts. Realmente um clássico sem tamanho, merecedor de muito mais reconhecimento na história do rock em geral do que costumam dar.

As faixas demo e extras achei perfeitas inclusões bônus. Os comentários de Larry acerca de boa parte delas achei uma adição importantíssima, em especial da interview de 1970, numa época em que o artista ainda sofria bastante rejeição por parte do público cristão pelo seu ritmo. Entre as faixas inéditas, "Clean Lennon" pra mim é uma das mais desafiadoras, ao bater de frente com os conceitos anticristãos que Lennon em vida muitas vezes expressou; e "Is God Dead?" não é exatamente sobre a declaração de Nietzsche e sim uma releitura de William Shakespeare.



Street Level (1970)

01 - Poem "The First Time That I Went to Church" (ou First Day in Church)
02 - Peace, Pollution, Revolution (ou Peacepollutionrevolution)
03 - Right Here in America
04 - I Wish We'd All Been Ready
05 - I Am the Six O'Clock News
06 - She's a Dancer
07 - I Don't Wanna Lose You
08 - The Price of Living
09 - Sigrid Jane
10 - Baby Out of Wedlock
11 - One Way
12 - Blue Shoes White
13 - I've Searched All Around the World
14 - No More LSD For Me
15 - Jim Ware's Blues

OBS: Originalmente saiu em um LP duplo, em que as quatro primeiras faixas (tiradas de um concerto em Hollywood) eram o Lado A de ambos LPs. Da faixa 5 à 9 compunham o Lado B do primeiro disco gravadas em estúdio, e as outras eram o Lado B do segundo disco, com o nome "Larry Norman and White Light". Na época várias versões diferentes desse disco saíram, tornando-o um dos lançamentos mais confusos da carreira do Larry Norman (!)

Não há muito o que comentar acerca desse disco, embora muitas faixas sejam exclusivas dele, inclusive o curioso poema que abre ambos os LPs na versão original. Nesse disco pela primeira vez a faixa "I Am the Six O'Clock News" aparece. "Right Here in America" é uma crítica datada apenas pelos personagens políticos nela citados, porém é bem atual, poderiam trocar Kennedy por Obama e Nixon por Trump (ou por Lula e Bolsonaro, à sua escolha) que não faria diferença alguma, uma crítica ao envolvimento promíscuo da igreja com a política não para melhorar a vida de ninguém e sim pra estar no poder unicamente - enquanto isso em países como China e Cuba os cristãos continuam sofrendo, tal como foi cantado lá em 1970, sem a ajuda real dos cristãos que estão "no poder" humano. "No More LSD..." não precisa de explicação né haha. "One Way" virou o lema do Jesus Movement. "Jim Ware's Blues" é uma versão demo de "Why Don't You Look Into Jesus", uma das mais famosas canções do Larry.

Curiosidade: As faixas do Lado B do primeiro disco e mais algumas das faixas do segundo CD do relançamento de "Upon this Rock" fazem parte da ópera rock "Lion's Breath" do próprio Larry.


Bootleg (1972, gravado entre 1968-1972)

Disco um: The Early Tapes (1968)/The One Way Sessions (1969)

Lado A:
01 - I Think I love You
02 - Walking Backwards
03 - Ha Ha World
04 - Classic Mandolin
05 - I Don't Believe in Miracles
06 - The Day That A Child Appeared
Lado B: 07 - What Goes Through Your Mind
08 - No Change Can Attend
09 - One Way
10 - A Song Won't Stop The World
11 - Blues Shoes White
12 - 666 (The Anti-Christ)
13 - Taking My Time
14 - I've Searched All Around The World

Disco dois: Mixed Media (1970-1)/Maranatha Sessions (1971-2)

Lado A: 01 - Television Interview
02 - Let the Lions Come (Speech to Russia for Christ)
03 - Jesus and the Movies
04 - Addressing the National Youth Workers Convention
Lado B: 05 - When I First Meet You
06 - Without Love You Are Nothing
07 - A Love Like Yours
08 - You Can Save Me
09 - Even If You Don't Believe
10 - UFO
11 - Why Don't You Look Into Jesus
12 - Song for a Small Circle of Friends

Um daqueles raros casos de um "bootleg oficial", na verdade uma coletânea de diferentes gravações, desde sessões demos até entrevistas (e um caso curioso de um discurso feito pelo Larry pra igreja Christ Ministries of Russia, do pastor David V. Benson). A curta instrumental com um mandolin (que antecipa uma versão muito raiz de "I Don't Believe in Miracles") é outro ponto genial desse disco duplo, na verdade é muito legal ver ainda nos primórdios da carreira do Larry e com apenas um disco de estúdio e um "meio" ao vivo ele já manda um disco duplo de gravações raras. Isso também ilustra a capacidade inacreditável de criação do pai do rock cristão ainda lá nos primórdios. Algumas dessas faixas apareceram em discos oficiais de estúdio como "I Don't Believe...", "Without Love...", "Why Don't You Look...", "UFO", "Ha Ha World" e "Walking Backwards", já a grande maioria só aqui mesmo.

A TRILOGIA



Only Visiting this Planet (1972)
Versão de 2004

Lado A: 01 -  I've Got to Learn to Live Without You
02 - The Outlaw
03 - Why Don't You Look Into Jesus?
04 - Righteous Rocker #1 (Without Love You're Nothing)
05 - I Wish We'd All Been Ready
Lado B: 06 - I Am the Six O'Clock News
07 - The Great American Novel
08 - Pardon Me
09 - Why Should The Devil Have All The Good Music?
10 - Reader's Digest
11 - Oh, How I Love You (Postlude, não-listada no LP original)

Versão de 1992:

12 - Peacepollutionrevolution (1971 Single)
13 - Righteous Rocker (Rough Mix)
14 - The Outlaw (Demo)
15 - Digest (Rock Version)
16 - The Great American Novel (Unreleased Version)

OBS: A versão de 2004 possui algumas faixas bônus com versões de gravação alternativas, como "Six O'Clock News" em dois fade-outs diferentes da original.

Se é difícil analisar o primeiro disco do Larry, o que dizer de analizar o MELHOR DISCO dele? Considerado o segundo melhor disco de música cristã contemporânea (pela CCM americana) e nos anos 1990 eleito como O MELHOR por muitos leitores da mesma revista, e sendo o primeiro disco de rock cristão a compor a lista da livraria do Congresso Nacional dos EUA de Registro de Gravações Nacionais. É pouco pra você? Pois é, esse registro feito pela AIR de Londres (gravadora de sir George Martin - sim, aquele produtor dos Beatles...) e com o ilustre baixo de John Wetton (que tocou e tocaria entre outras bandas na King Crimson, Uriah Heep, Asia, Wishbone Ash e Roxy Music, dentre outras de rock secular famosas) e os amigos Rod Edwards (piano, backvocais) e Roger Hand (backvocais), ambos do projeto Edwards Hand, além do mestre de guitarra britânico Gordon Giltrap, e com o engenheiro sonoro Bill Price (que trabalhou e trabalharia com artistas do porte de Mott the Hopple, Jesus and Mary Chain, Sex Pistols, The Clash e Guns and Roses dentre outros); com um time desses, só poderia sair uma obra prima do rock. E realmente, o trampo é tão impressionante que a melhor análise só pode ser feita ouvindo mesmo.

A ideia desse disco é dar start no projeto de trilogia do Larry, e esse enfatizando o presente, com letras falando de um mundo sem esperança, cheio de monolitos e arranha-céus e vazio de Deus. Algumas das letras trazem um lado mais crítico, como "The Great American Novel" e "I am the Six O'Clock News", além da polêmica "Reader's Digest", que ironiza a frase "os Beatles são mais populares que Jesus" dita por John Lennon, e o Larry pergunta "quem é mais popular agora?" (lembrando que em 1972 faziam dois anos que os Beatles tinham oficialmente acabado) e até uma brincadeirinha com as novas músicas da carreira solo do Paul McCartney, sugerindo que "talvez ele esteja realmente morto" (referência a uma lenda urbana que surgiu ainda nos tempos dos Beatles que Paul teria morrido em um acidente de moto e a banda teria trocado ele por um sósia).

Righteous Rocker e em especial Why Should the Devil Have All the Good Music tornaram-se hinos e resposta clara aos críticos do rock cristão. Essa última tomou emprestado uma declaração de Martinho Lutero para mostrar que Deus não se incomoda com ritmos e sim com o coração, pois "Jesus é a Rocha e rolou (rock 'n' roll) nossa tristeza (blues) pra longe!" Sem dúvidas um disco impossível de não ser reouvido infinitas vezes até pra você que curte um rock mais "pesado" (principalmente se você pegar a versão de 1992, que "Digest" aparece como bônus mais hard rock do que a original que era mais folk).


A capa da discórdia!
So Long Ago the Garden (1973)

Lado A: 01 - Meet Me At The Airport (Fly, Fly, Fly)
02 - It's the Same Old Story
03 - Lonely by Myself
04 - Be Careful What You Sign
05 - Baroquen Spirits
Lado B: 06 - Christmas Time
07 - She's a Dancer
08 - Soul Survivor
09 - Nightmare No. 71

OBS: Existem várias versões com faixas bônus. Aqui vamos analizar a de 1993, com as seguintes faixas:

10 - Up in Canada (1973 single)
11 - If God Is My Father (Rough Mix)
12 - Dear Malcolm, Dear Alwyn (Demo)
13 - Soul Survivor (Alternate Version, Never Released) (with Randy Stonehill)

Faixas de 1980 (Phydeaux)

14 - It's The Same Old Story [Remix] (re-recorded vocals)
15 - Christmas Time [Remix] (re-recorded)
16 - Nightmare [Remix] (re-recorded vocals e com um novo fade-out)

(Existem outras versões, com faixas como Butterfly, I Hope I'll See You In Heaven, Amen, dentre outras, em ordens as mais diversas - ESSE É O DISCO MAIS CONFUSO DO LARRY, TALVEZ O MAIS CONFUSO DA HISTÓRIA DA MÚSICA, nem os lançamentos dos Beatles britânicos/americanos ou os do AC/DC australianos/ocidentais são tão confusos!)

O "passado" na trilogia decidiu levar muito a sério o "passado" no Jardim do Éden, na opinião de alguns que viram essa capa na época - tanto que ela foi censurada, cortando a barriga e abdômen do Larry em edições posteriores. As letras também foram um enigma pra muitos cristãos - e a MGM ainda piorou vetando faixas como Butterfly, Kulderachna e I Hope I'll See You in Heaven, deixando só faixas mais "seculares" como "Fly, Fly, Fly" (que já inclusive tinha saído em single). Algumas dessas sairíam no relançamento "Almost... So Long Ago the Garden and the MGM Singles" de 1980. Apesar disso, acabou criando um clima de "passado da existência humana" com o secularismo do disco, ainda que polemizado, já que muitos críticos passaram a acusar Larry de ter se vendido em busca de fama e fortuna. Obviamente nada disso era verdade, mas naquela época era fácil tentar acusar músicos cristãos assim, com o intuito de desacreditar da fé deles e assim livrar-se do "maldito" rock cristão. Enfim, voltando-se pra música, esse disco mantém a qualidade pop rock dos anteriores, incluíndo novos instrumentos como gaita harmônica e um mellotron em Lonely by Myself (o mesmo usado pelos Beatles em "Strawberry Fields Forever"). Nightmare #71 cita o ator Elmo Lincoln, mas não conheço bem os trabalhos de cinema mudo pra poder entender essa conexão - inclusive vou até procurar assistir depois disso - além de citar John Wayne e Billy Graham numa mesma frase! Christmas Time é uma nova versão de uma faixa já gravada pelo amigo de Larry, Randy Stonehill, no seu primeiro trabalho, Born Twice.

A polêmica sobre o conteúdo e a capa do disco deu o que falar: lojas cristãs recusaram-se a vender o disco, shows dele foram cancelados - ele só voltaria ao stage 18 meses após o lançamento de "So Long..." graças a um convite de Noel Paul Stookey (do trio Peter, Paul and Mary) - e rompimento de contrato com a MGM Records, que segundo Larry estaria interferindo diretamente - e erradamente - no seu trabalho, em especial pro disco seguinte (pouco depois a MGM iria enfrentar problemas financeiros e pedir concordata - ora ora!)

OBS: Entre as faixas bônus tem uma especial: Dear Malcolm, Dear Alwin, dedicada à dupla de músicos cristãos ingleses - originalmente saiu numa coletânea chamada "Jubilation" de 1975.

In Another Land (1976)

01 - The Rock That Doesn't Roll
02 - I Love You
03 - U.F.O.
04 - I've Searched All Around
05 - Righteous Rocker #3
06 - Deja Vù part 1: If God is my Father
07 - Deja Vù part 2: Look into Jesus
08 - I am a Servant
09 - The Sun Began to Rain
10 - Shot Down
11 - Six Sixty Six
12 - Diamonds
13 - One Way
14 - Song for a Small Circle of Friends
15 - Hymn to the Last Generation

Bônus da versão 30 anos:

16 - Looking for the Footprints
17 - Turning Up
18 - Dreams of a Grey Afternoon
19 - Six Sixty Six (alternative take)

(existem outras versões com outras faixas bônus como Delta Day Jam e Eternal Struggle)

Primeiro disco lançado pela Solid Rock, gravadora do próprio Larry, e o disco mais vendido do cantor, com isso um dos mais lembrados da carreira dele com clássicos como a faixa de abertura, I Love You e Six Sixty Six (essa última coverizada por Black Francis do Pixies em um trabalho solo dele). Disco gravado com a ajuda de diversos amigos, dentre eles os músicos Randy Stonehill (guitarra e backs) e John Michael Talbot (banjo), tornou-se uma fábrica de hits. Enfatizando o tempo futuro "a nova terra", as faixas falam bastante da volta de Cristo (vide "Hymn to the Last Generation") e até do anticristo (Six Sixty Six). Deja Vu (originalmente uma faixa única na versão LP) é um medley de If God is my Father e "Why Don't You Look Into Jesus?". Shot Down foi feita como resposta aos críticos do Norman, em especial os que diziam que seu disco anterior teria sido um disco em que ele "se vendeu" para conquistar dinheiro e fama. Righteous Rocker #3 retoma o primeiro RR (curiosamente nunca ouvi falar de um RR #2... estranho mesmo kkkkk - correção, ela existe, aparece num disco de 1977 raríssimo). Uma muito legal desse disco sem dúvidas é UFO, numa época em que ufologia estava muito em alta entre os hippies e aposteriori, comparar o Senhor com um "objeto voador não-identificado" quando Ele voltar foi uma sacada brilhante.

__________________________________+______________________________________

Streams of White Light into Darkned Corners (1977)

Lado A: 01 - Spirit in the Sky (Norman Greenbaum cover)
02 - Put Your Hand in the Hand (Anne Murray/Ocean cover)
03 - Bridge over Troubed Waters (Simon & Garfunkel cover)
04 - Let it Be (Beatles cover)
05 - My Sweet Lord (George Harrison cover - modificado)
06 - Presence of the Lord (Blind Faith cover)
Lado B: 07 - I Think He's Hiding (Randy Newman cover)
08 - He Gives Us All His Love (Randy Newman cover)
09 - Stranger In A Strange Land (Leon Russell cover)
10 - Prince Of Peace (Leon Russell cover)
11 - Song For Adam (Jackson Browne cover)
12 - Shine A Light (Rolling Stones cover)

Extras (versão CD):

13 - The Road And The Sky (Jackson Browne cover)
14 - I Am Waiting (Rolling Stones cover)

Embora não seja o primeiro disco com a proposta de ser um disco totalmente cover com faixas de artistas seculares com temática religiosa ou próxima disso (essa honra coube ao The God Squad e seu disco "Jesus Christ Greatest Hits" de 1971 - que inclusive inclui algumas faixas aqui revisitadas), sem dúvidas é o disco mais famoso com essa proposta. Originalmente seria em três partes, mas por prováveis problemas com a trupe do "deixa-disso" acabou ficando só nesse mesmo - ou algum outro motivo nunca explicado. Na capa Larry mostra que esse disco seria um "documentário musical" mostrando a ascensão e queda do rock "religioso" dentro dos "chars" de rádios pops seculares (ou, como diz abaixo da legenda da capa, "O Evangelho Segundo a Rádio KRLA"). A ideia é interessantíssima, principalmente por notar traços de fé e religiosidade em artistas do quilate de Beatles e Rolling Stones. A versão modificada de "My Sweet Lord" também merece destaque (no lugar dos gritos de "Hare Khrisna" aparecem só "Holy, Holy!"). O porquê de as rádios pop terem passado a rejeitar esse tipo de mensagem é um mistério - em especial porque outros artistas como Black Sabbath e Queen nos anos 1970 mesmo fariam letras falando da fé, e diversos outros como U2, Midnight Oil e Lenny Kravitz prosseguiriam com essa proposta. Sem dúvidas esse disco foi uma crítica bem humorada ao fato de o rock sempre andar de braços dados com a fé cristã, e a rejeição a artistas como Larry pela mídia secular é uma estupidez completa - e infelizmente ainda presente...

Curiosidade: O bem humorado DJ "The Surf Duke" na verdade é o Randy Stonehill. Duas faixas de Judee Sill, "My Man On Love" e "Jesus Was a Cross Maker", foram gravadas pra esse projeto, mas nunca lançadas nem em relançamentos - apenas em coletâneas, com os nomes mudados pra "One Star Remains" e "Sweet Silver Angels". Também aparentemente músicas de Bob Dylan e James Taylor estavam nos planos de Norman (ele cita o nome dos dois usando o nome de dj "The Big Bomber"), mas não sabemos se realmente ele falava sério ou não.


Larry Norman (ou Starstorm) (1977)

01 - I Don't Want To Lose You (Starstorm)
02 - Song for Pamela (Fly Fly Fly)
03 - I've Got to Learn to Live without You (Starstorm)
04 - The Same Old Story
05 - The Great American Novel
06 - Christimastime
07 - Pardon Me
08 - Righteous Rocker #2
09 - Be Careful What You Sign
10 - If God is My Father (rough mix)

Quase uma coletânea de músicas da trilogia dos tempos lançada unicamente na Austrália pelo selo Starstorm e pela Rhema Records (posteriormente em 2000 lançada oficialmente pelo Larry Norman com o título "Starstorm"), não fosse o fato de ter algumas versões raras de músicas (as duas que estão com o nome "Starstorm" entre parêntesis, Song for Pamela e a raríssima Righteous Rocker #2). De resto são canções que aparecem exatamente como nos discos de origem - incluíndo o rough mix de "If God...", que já havia aparecido em versões de relançamento do "So Long Ago The Garden". Afora tudo que falei, nada demais nesse disco que eu já não tenha mencionado nos anteriores.



Larry Norman & People! - The Israel Tapes 1974 A.D. (1980)
01 - Fly Fly Fly
02 - I Love You (1967)
03 - I Love You (1971)
04 - I Am the Six O'Clock News
05 - Lonely by Myself
06 - Baroquen Spirits
07 - You Knew What You Were Doing (Baby Out of Wedlock renomeada)
08 - Forget your Hexadram
09 - I've Searched All Around The World
10 - Sweet Song of Salvation


Na época Larry estava se recuperando do seu terrível acidente aéreo, que interrompeu em parte seus trabalhos. Esse momento curioso de um retorno de Larry pro People! em 1974 na Universidade da California (U.C.L.A.), onde eles tocaram não só músicas do People! mas também da carreira solo do Larry. Um ótimo trabalho ao vivo, apesar da qualidade de gravação um tanto quanto lo-fi. As duas versões de I Love You aqui presentes, uma é a do The Zombies coverizada pela People! e a outra é do Larry composta junto com Randy Stonehill anos mais tarde.

Curiosidade: Erroneamente a segunda versão de I Love You (gravada a primeira vez pelo Randy no disco Born Twice) é de 1971, porém na capa do disco ela aparece como se fosse de 1974.


Shares His Heart Live in Holland (1980)

01 - The Dog and the Flower (preach)
02 - The Preacher and the Rock 'n' Roll
03 - I'm in the Mood for Love (preach)
04 - If I Got My Ticket (preach)
05 - Swing Low Sweet Chariot (tradicional hymn)

EP curioso de uma apresentação do Larry na Holanda (acredito que em 1980 mesmo). Ele só canta uma música, o hino tradicional "Swing Low Sweet Chariot" (e trechos de "If I Got My Ticket"). Todas outras faixas são partes de uma pregação que ele fez falando sobre sua missão através do rock 'n' roll e também ironizando críticos, como os que dizem que se expor um cachorro ou uma flor ao som do rock por algumas horas o cão enlouquece e a flor murchará, dentre outras teorias loucas lançadas por religiosos. Sem dúvidas um disco bem curioso e legal de se ouvir, e a defesa feita por Larry, bem como ele traçar a origem do rock da igreja e dos cristãos negros norte-americanos é fantástico.


Rock Away the Stone (and Listen to the Rock) (1980)

01 - Johny's Blues (instrumental)
02 - Why Don't You Look Into Jesus
03 - The Rock That Doesn't Roll
04 - I've Searched for All Around the World
05 - Watch What You're Doing
06 - Soul on Fire
07 - Shot Down
08 - Song for a Small Circle of Friends
09 - Why Should the Devil Have All the Good Music
10 - Let the Tape Keep Rolling
11 - I Wish We'd All Been Ready

Mais uma gravação ao vivo lo-fi do Larry, provavelmente gravado em 1980. Não há muita novidade aqui, vale a pena mais pela coleção.


Something New Under the Son (1981)

01 - Hard Luck Bad News
02 - Feeling So Bad
03 - I Feel Like Dying
04 - Born to be Unlucky
05 - Watch What You're Doing
06 - Leaving the Past Behind
07 - Put Your Life in His Hands
08 - Larry Norman's 97th Nightmare
09 - Let that Tape Keep Rolling ('69 Bio Version)

Bônus do CD:

10 - Twelve Good Men (demo) - do nunca lançado "Voyage of Vigilant"
11 - Deep Blue (rough mix) - do nunca lançado "Island in the Sky"
12 - It's Only Today that Counts (rough mix) - do nunca lançado "Orphans from Eden"

Gravado em 1977 e só lançado em 1981 por problemas com gravadoras para distribuir o material, Something New Under the Son (sim, é meio um trocadilho com a fala de Salomão em Eclesiastes de "nada há de novo debaixo do sol", só que nesse caso há algo de novo debaixo do Filho - de Deus, claro). A sonoridade é toda baseada no blues rock, e é um disco conceitual (originalmente seria em três lados, mas acabou ficando só em dois mesmo). O conceito básico do álbum é relatar a jornada do Peregrino (sim, similar ao Peregrino de John Bunyan), inspirado bastante no disco "Bringing it All Back Home" de Bob Dylan e um pouco de Exile on Main Street dos Rolling Stones. Homenagens aparecem em vários momentos, como em "Watch What...", onde ele homenagea claramente Stump Johnson, "Nightmare" pega um "falso início" similar a "Bob Dylan's 115th Dream" e "Let that..." ele paga homenagem a Mick Jagger e Van Morrison. "Put Your Life..." ele repete um trecho de "Why Should the Devil...", a frase "Jesus is the rock what roll my troubles away" acabou virando vítima da crítica ácida de John Blanchard em seu livro "Pop Goes to the Church" ("Rock in Igreja" no Brasil) (pelos motivos de pura bobagem de achar que seria um "desrespeito" com a pessoa de Jesus fazer esse tipo de comparação). Essa faixa aparece na coletânea "Saga dos 8 Lados" da revista inglesa Buzz.


Larry Norman & His Friends on Your (split com Alwyn Wall e Norman Barratt, 1981)

Lado A: 01 - The Only Way (Norman Barratt)
02 - Not the Way (Norman Barratt)
03 - I'm Alright Jack (Alwyn Wall)
04 - Hold On (Alwyn Wall)
05 - Dreams on Sand (Alwuyn Wall)
Lado B e bônus do CD: 06 - I Feel Like Dying
07 - Leave the Past Behind
08 - Why Can't You Be Good
09 - A Note for Mr. God
10 - Put Your Life Into His Hands
11 - I Wish We'd All Been Ready
12 - Everybody Work (bonus)
13 - Stop this Flight (bonus)



Normalmente não posto splits na seção de um artista só, mas nesse caso abro uma exceção, em especial porque tecnicamente o disco é muito mais do Larry do que de seus amigos Norman Barratt (Barratt Band) e Alwyn Wall (da dupla Malcolm & Alwyn). Esse show foi no Dominion Theatre em Londres, terra da Barratt Band e de Alwyn Wall. As faixas deles no lado A do disco mostram o estilo clássico de suas bandas (BB mais pro lado new wave e Alwyn com uma pegada mais rock/new wave do que nos seus tempos de M&A). No lado B a banda e Alwyn passam a acompanhar Larry, num dos shows mais legais da história do pai do rock cristão. As músicas de seu setlist (exceto as bônus) são velhas conhecidas, a exceção de "A Note for Mr. God" (uma canção que lembra um bocado aqueles easy listenings do tipo Frank Sinatra). Ótimo disco para fãs que curtem um ao vivo bem gravado, além de ser um dos discos da "Invasão Britânica 'gospel'" incentivada pelo Larry Norman (como ele faria num promo-LP chamado "Barking at the Ants" naquele mesmo ano, com artistas como Sheila Walsh, Mark Willamson, Alwyn Wall, Barratt Band, Steve Scott e Bryn Haworth participando dessa coletânea).



Letter of the Law (tributo a Tom Howard, 1982)

01 - I Found Love
02 - Shine Your Light
03 - I Am Your Friend (feat. Sarah Finch nos vocais)
04 - Danger in Loving You
05 - Iron and Steel
06 - Show me My Sheppard
07 - Strong Love
08 - Whenever Sarah Cries



Tributo fantástico a Tom Howard (que eu nem conhecia muito até ouvir esse disco). LP raríssimo, com uma pegada bem pop/rock. Vale muito a pena procurar o som desse disco, ainda que seja no relançamento "bArcheology" de 1984.

Labor of Love (tributo a Tom Howard 2, 1982)

01 - Where His Soul Touches Down
02 - Let The Master Make It Right
03 - Waystair To Venhea
04 - Come On In
05 - Piano L'etude
06 - Mansion On The Sand
07 - Zone L'etude
08 - Higher Calling
09 - Jesus Is The Song
10 - Drum L'etude
11 - One More Reason
12 - Farther On

Mais um tributo a Tom Howard, porém com estudos instrumentais no meio, todos compostos e executados por Larry Norman. Vale também pela raridade.


Quiet Night (1984)

01 - Iron and Steel
02 - Shine Your Light
03 - I Found Love
04 - Let the Master Make it Right
05 - Piano L'etude
06 - Sigrid Jane
07 - Strong Love
08 - Farther On
09 - Come On In
10 - Drum L'etude
11 - I Don't Wanna Lose You
12 - Jesus is the Song Inside of Me

Basicamente uma compilação dos dois discos acima citados, mais uma versão diferente de Sigrid Jane. Não tem muita novidade aqui.


bArchaeology (coletânea de 3 LPs, 1984)
Diversas gravações raras de Larry: Street Level, Letter of the Law e Labor of Love


Home at Last (1989)

01 - Lonely Boy
02 - My Feet are on the Rock
03 - Country Church, Country People
04 - Sitting in my Kitchen
05 - Camel Through's a Needle's Eye
06 - Nightmare #49 (part 1)
07 - Oh, How I Love You
08 - Queen of the Rodeo
09 - He Really Loves You
10 - Here Comes the King
11 - Letters to the Church (feat. Sarah Finch)
12 - We Three Together
13 - Somewhere Out There
14 - Selah
15 - Nightmare #49 (part 2)
16 - Letters to the Church (live)
17 - Camel Through's a Needle's Eye (live)
18 - Here Comes the King (live)
19 - Shake your Rattler and Crawl (live)

Depois de vários anos com lançamentos de coletâneas, discos com músicas de amigos e shows, finalmente um disco de inéditas dele mesmo. Uma década de idiossincrasias que sempre lhe foram típicas, é verdade. Home At Last tem uma pegada bem familiar, no estilo próprio de Larry. Letras autobiográficas como "Sitting in my Kitchen", a crítica "Camel Through's..." (baseada numa fala de Jesus sobre a dificuldade dos ricos entrarem no reino dos Céus) e a romântica (porém um tanto corajosa) "Somewhere Out There" mostram um disco variado, com influências do rock originárias (country, blues, gospel), que dividiu críticos (pra mim entretanto é um ótimo disco). Ter letras como "Letters to the Church" (cantada com sua então esposa Sarah Finch) é uma das melhores razões pra se ouvir essa beleza.


Stranded in Babylon (1991)

01 - Oh Lydia (intro)
02 - God Part III
03 - Come Away
04 - Hide His Heart
05 - Step into the Madness
06 - Love is a Committment
07 - I Will Survive
08 - All the Way Home
09 - Baby's Got the Blues
10 - A Dangerous Place to Be
11 - White Trash Stomp
12 - Let the Rain Fall Down
13 - Under the Eye

No que tange a qualidade, Stranded in Babylon dá de dez a zero no antecessor "Home at Last". Muito mais consistente, com o estilo clássico de pop/rock de Larry, adicionado de uma qualidade e frescor de novidades e produção muito boa, ainda mais pra um disco totalmente familiar, em que Larry e seu irmão Charlie (The Albino Brothers, como eles se definiam à época) tocam todos os instrumentos. Gravado e produzido na Suécia e na Noruega entre 1988 e 1991, o disco carrega consigo uma qualidade impressionante. Acredito eu que God Part III seja uma continuação lógica da "God Part II" do U2 (que já era uma resposa à desaforada "God" de John Lennon).Por essa época Bono Vox e Larry Norman vez por outra andavam juntos (só não tenho certeza quanto a fazerem shows juntos - mas não duvido), "Come Away" fala de uma prostituta que ele conheceu em 1973 chamada Holly Valentine (que inclusive tempos depois se converteu ao Evangelho), e o disco termina com mais uma autobiográfica, "Under the Eye", que enfatiza alguns momentos difíceis da vida do Larry, incluindo aí seu acidente de avião em 1978 e os problemas cerebrais que ele acarretou. Em 1993 saiu uma edição especial americana com título levemente modificado: Stranded in Babylon: The American Re-Mix.


Versão original da capa
Children of Sorrow (ou "The C.C.P.C. Concert") (1994)

01 - Song for a Small Circle of Friends
02 - "Talk"
03 - Why Don't You Look Into Jesus
04 - My Feet are on the Rock
05 - A Woman of God
06 - Miracles
07 - UFO
08 - Sweet Song of Salvation
09 - "Talk"
10 - Walking Backwards
11 - Baby Out of Wedlock
12 - A Note from Mr. God

Gravado ao vivo no programa de Forster Care (The C.C.P.C.) em 1991. Basicamente é uma apresentação acústica, parte com Larry fazendo só voz e violão, parte com Charly Norman (violão e guitarra) e Dan Cutrona (piano). As músicas são velhas conhecidas, nenhuma nova aqui.


Totally Unplugged (1994)

01 - Introduction / Watch What you're Doing
02 - Texas and Me (White Trash Stomp)
03 - Step into the Madness
04 - Why Should the Devil Have All the Good Music?
05 - Weight of the World
06 - Baby's Got the Blues
07 - I Hope I'll See You in Heaven
08 - A Woman of God
09 - Let The Rain Fall Down On Me
10 - All the Way Home
11 - I Will Survive

Um disco completamente acústico - acústico mesmo! Num tempo em que os Unpluggeds MTV ainda eram uma novidade, um disco totalmente acústico, voz e violão somente do Larry é de empolgar. Gravado num concerto, provavelmente em Texas, 1992, a maior parte das músicas vinham do último disco de estúdio "Stranded in Babylon", além de duas que só aparecem na versão K7 (UFO no início da fita e "Song for a Small Circle of Friends" no início do Lado B, antes de "Baby's Got...". "Weight of the World" é a novidade aqui, totalmente inédita em gravações.


A Moment in Time (1994)

01 - Radio Spot (narração de Larry Norman contra a pornografia infantil)
02 - Down the Line
03 - Long Hard Road
04 - When the Son Comes Back (Darkness all Around)
05 - Elvis Has Left the Building
06 - Lay My Burden Down (God is in the House)
07 - Toxic Tea and Toast
08 - You Shall Be Saved (One Foot Toward the Grave)
09 - The Children of Ninrod
10 - The Solid Rock
11 - Leave it up to God to Handle
12 - Right Here in America (live)
13 - Goodbye, Farewell (K7 apenas)

OBS: Os títulos em parêntesis são exclusivos da versão K7 desse disco.

Gravado entre 1993/1994, quando Larry se recuperava do ataque cardíaco que o acometeu em 1992, tem um início curioso com Larry expressando seu apoio às leis do Estado de Oregon para combater a pornografia infantil. A guitarra e a composição de Long Hard Road (um hard rock bem irado do Larry) foi obra de Dizzy Reed (que toca teclado desde 1990 na secular Guns 'N' Roses!). Aliás, isso é uma coisa bem legal desse disco, é um dos mais "ROCK" do Larry, pois logo após Long Hard Road vem um hard blues do nível de "When the Son..." e a instrumental "Lay My Burden Down". "Elvis Has Left..." é um clichê que rolava muito nos anos 1970 quando por algum problema Elvis saia de um show antes de terminar, um dos muitos que perseguiram a carreira do rei do rock. Enfim, é um ótimo disco fundindo elementos de hard rock e blues bem demais. A exceção é Children of Ninrod, um rock latino de primeira qualidade.

Footprints in the Sand (compilação, 1994)
Músicas de discos mais recentes do Larry, do "Home at Last" em diante,
mais algumas raridades de projetos não lançados dele.
Em 1998 foi relançado junto com o disco "Home at Last" na íntegra



Copper Wires (1998)

01 - I Love You (cover de Zombies/People!)
02 - In the Garden (How it Could Have Been)
03 - Heaven Wants to Bless You
04 - Oh Little Sister
05 - Protect my Child
06 - People Get Ready (cover de Curtis Mayfield and Impressions)
07 - Turn, Turn, Turn (cover de Pete Seeger)
08 - Oil in my Lamp (tradicional)
09 - I am a Pilgrim (tradicional)
10 - Sleepwalk (cover de Santo & Johnny, instrumental)
11 - When He Returns (cover de Bob Dylan)
12 - Woman of God
13 - Watch What You're Doing
14 - Why Don't You Look Into Jesus
15 - Why Should the Devil Have All the Good Music/Feed the Poor

Mais um clássico de Larry, seguindo sua variação musical fantástica, sempre mantendo a qualidade e a sonoridade sessentista que lhe é própria. Uma particularidade desse é a quantidade de covers e releituras de músicas dele que ele executou, todos fantásticos sem dúvidas, com destaque pra "People Get Ready", que ficou fantástica. Uma nova versão da clássica "I Love You" da época do Larry na People. Uma curiosidade é que as faixas 12-15 foram registradas no aniversário de 50 anos de Larry comemorado via internet em 1997, e da 01-11 foram em 1998, agora na festa de 51 anos. Ambas festas ocorreram no cyber café Street Level Cafe. As faixas tradicionais cantadas pelo Larry no disco já receberam covers de diversas bandas, dentre elas a secular The Byrds (que também conseguiu um hit com sua versão de "Turn Turn Turn").


Father Touch (1999)

01 - Father of All
02 - Dark Passage
03 - I Need a Touch
04 - Feed the Poor (completa)
05 - Rock the Flock
06 - Jesus Freak (dc Talk cover)
07 - Friendship's End (Joel Pierce cover)
08 - When All My Dreams Are Ending
09 - Near
10 - Iron Man Takes the "A" Train (instrumental)
11 - Deja Vu (instrumental)
12 - The Future is Here (instrumental)
13 - Breathe In (instrumental com vozes de fundo)
14 - Are You Breathing? (instrumental)
15 - Veja Du (instrumental)
16 - You'll Never Guess (instrumental)

(OBS: No CD dois há duas entrevistas de Larry, uma de 1999 pra Godspeel, e uma de 1998 pra WZZD, com trechos de canções dele).

Um disco financiado e ajudado por fãs, algo bem comum na atualidade, com campanhas de arrecadação virtuais pra lançar trampos de bandas. O "Phydeaux Phan Klubb" ajudou bastante Larry com esse lançamento. Várias canções aqui são peças instrumentais, além de duas faixas do aniversário de 1997 que só apareceram aqui (no caso de Feed the Poor, pela primeira vez completa e listada, no caso de Rock the Flock realmente é inédita). Duas faixas pinçadas de coletâneas tributo aparecem aqui bem demais, em especial "Jesus Freak". De resto, é o mesmo Larry de sempre, inovativo (vide Deja Vu e sua quase espelhada - porém mais lenta - Veja Du) e clássico.

A capa, bem como a contracapa, contam com fotos de Larry com seu único filho, Michael David Fariah Finch Norman, fotos bem tocantes por sinal.




Tourniquet (2001)

01 - Turn
02 - Endless Life of Dreams
03 - Center of my Heart
04 - Rock the Flock
05 - It's All Right
06 - Love is the Reason
07 - Feed the Poor
08 - Father of All
09 - Near (instrumental)


Um velho Larry Norman pra um novo século. Ou não tão velho assim... Tourniquet traz logo na faixa de abertura que o pai do rock cristão, tal qual o quase inimitável (e também saudoso como ele) David Bowie fez (e como o Brother Simion faria aqui no Brasil), estava disposto a inserir a tecnologia e a música eletrônica. Assim, esse disco traz um renovado artista, que entretanto manteve sua personalidade, algo suficiente para podermos dizer que não é mais uma "modinha" que ele entrou (na realidade, algo característico das obras de Norman é sua capacidade de, parafraseando Caetano Veloso, entrar em todas as estruturas e as fazer implodir. Ele nunca se perdeu em tendências, sempre se renovou sem virar modinha). Até as releituras como Rock the Flock, Near e Feed the Poor ganharam novo fôlego nesse trabalho.

Na versão CD-r têm algumas faixas bônus como Lugoj e Dark Passage, mas nada de muito relevante.


Sucessos de discos como "Upon this Rock", "So Long Ago the Garden",
"Bootleg" e "Something New Under the Son"
Tem outra capa alternativa, acredito que a foto é com os pais do Larry junto a ele.
(ou com algum casal de britânicos que eu não pude identificar kkkk)

Sucessos dos discos "Bootleg", "Home at Last", "Footprints in the Sand", dentre outros.
Na capa, Larry junto com o "Elvis britânico" Cliff Richard (que à época já era cristão e
fazia carreira cristã havia algum tempo.)

Quatro CDs! Com diversas gravações de bootlegs de Larry ao longo dos anos.
As apresentações foram todas em Belfast ou em Dublin, nas Irlandas.



American Roots (2003)

01 - Rubie - My Feet are On the Rock
02 - Down the Line
03 - Jesus on the Mainline
04 - Country Church
05 - Leave it Up to God to Handle
06 - Swing Low Sweet Chariot
07 - Lord, If I Got My Ticket, Can I Ride
08 - Turn, Turn, Turn
09 - Put Your Life in Jesus Nail Scarred Hands
10 - Man of Constant Sorrow
11 - We Three Twogether
12 - People Get Ready
13 - When He Returns
14 - Right Here in America

Mais do que uma coletânea, American Roots é uma homenagem a músicas clássicas dos Estados Unidos. Várias já haviam sido lançadas anteriormente em outros discos ou coletâneas que Larry participou, mas basicamente faziam parte de uma ideia que ele tinha, chamada "The Red, White and Blues Trilogy". As músicas seguem os estilos que deram origem ao rock, variando entre o country, o blues e o gospel. "Put Your Life in Jesus Nail Scarred Hands" é "Put Your Life in His Hands" com novo título.

________________________________________________________


Larry lançou ainda um monte de discos ao vivo e coletâneas, como "Live at Cornerstone", "Sessions", "Come as a Child", "White Blossoms From Black Roots", "Dust on Rust", "Hattem" e "Safecracking", dentre muitos outros - ser-me-ia impossível ouvir todos, principalmente porque muitas obras são raras e bem difíceis de encontrar atualmente. Alguns discos dele são verdadeiras gravações misteriosas, como "X-Mass" e "Vox Populi". Provavelmente Larry deixou muitas pérolas pouquíssimo conhecidas por nós até aos dias de hoje, mesmo passado mais de uma década de sua morte. One Way, One God!


________________________________________________________

Artistas que fizeram covers de Larry Norman (tirando óbvio o álbum tributo a ele):

"I Wish We'd All Been Ready" - Fishmarket Combo, Randy Matthews, dc Talk (com o próprio Larry), Cliff Richard, Anthony Burger (com uma narração irada de rádio bem ao estilo "Notícia" do Khorus, mostrando de maneira aproximada o caos que o mundo virará quando Jesus voltar), Anthony Flake, Jesus is the Bridge
"Why Should the Devil..." - Geoff Moore
"Why Don't You Look Into Jesus" - Randy Stonehill, Holy Soldier
"Forget Your Hexagram" - Randy Stonehill
"Christmastime - Randy Stonehill
"Sweet Sweet Song of Salvation" - Commom Bread, Dick Hoopes, The Brethen
"You Can't Take Away the Lord" - The Brethen
"Walking Backwards Down the Stairs" - The Livery Ones
"The Rock That Doesn't Roll" - Cliff Richard

_________________________________________________________

Ver também:

Larry Norman & Randy Stonehill

Ver na seção de tributos: "One Way: The Songs of Larry Norman" (1995).

Nenhum comentário:

Postar um comentário